Jogos Olímpicos do Greenwash? Público aponta o dedo para a Coca-Cola sobre resíduos plásticos nas Olimpíadas

Gigante das bebidas sob fogo por uso excessivo de garrafas e copos, apesar da promessa dos organizadores de Jogos mais verdes de todos os tempos

coke parisBizarro’: Coca-Cola sendo despejada de uma garrafa de plástico em um copo de plástico em um dos muitos estandes da Coca-Cola em Paris 2024. Fotografia: Ed Alcock/The Guardian 

Por Angelique Chrisafis, em Paris, para o “The Guardian”

As Olimpíadas de Paris prometiam ser os Jogos mais ecológicos da história, reduzindo pela metade a quantidade de plástico de uso único em comparação com Londres 2012.

Grupos ambientais franceses, no entanto, criticaram o que chamaram de uma visão “bizarra” e “surreal” em barracas de bebidas de certos locais administradas pelo patrocinador principal, a Coca-Cola. Os garçons podem ser vistos enchendo copos plásticos reutilizáveis, os chamados “eco-copos”, de garrafas plásticas de 50cl, acumulando sacos de garrafas vazias para reciclagem.

Os ativistas ambientais disseram que milhões de garrafas plásticas de bebidas sendo despejadas desnecessariamente em milhões de copos plásticos eram um uso duplo de plástico e equivaliam a “greenwashing”.

Reciclar e reutilizar… a piscina Georges Vallerey, que será usada para treinamento de natação, foi equipada com um novo teto retrátil de madeira.
Assentos de garrafas plásticas e piscinas de madeira: Paris pode proporcionar as Olimpíadas mais enxutas e verdes até agora?

A Coca-Cola, gigante americana de bebidas que é uma das maiores produtoras de plástico do mundo, é uma das principais patrocinadoras olímpicas e a única empresa que fornece 18 milhões de bebidas nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris , incluindo Coca-Cola, Fanta e Sprite, que são vendidas aos espectadores pagantes e fornecidas aos atletas na beira do campo.

A empresa disse em uma declaração que “apoia as ambições dos Jogos de reduzir o plástico de uso único” e estava comprometida em reduzir o desperdício. Ela disse que mais da metade de suas bebidas nas Olimpíadas – 9,6 milhões – eram “sem plástico de uso único” depois que instalou 700 fontes de refrigerante e trouxe garrafas de vidro.

No entanto, a empresa disse que, onde as fontes de refrigerante não pudessem ser instaladas, cerca de 6,2 milhões de bebidas seriam servidas ao público a partir de garrafas plásticas recicladas, que seriam despejadas em copos reutilizáveis. A Coca-Cola ficaria com as garrafas plásticas vazias para garantir que todas fossem recicladas. A empresa disse que não poderia instalar fontes de refrigerante em todos os locais dos Jogos para atender às “melhores condições de segurança e qualidade dos alimentos”, devido a restrições técnicas e logísticas.

Em locais de jogos que vão do polo aquático no Centro Aquático ao tênis em Roland Garros, ou atletismo no Stade de France, quando os espectadores receberam um copo de plástico que poderia ser devolvido para resgatar um depósito de € 2, muitos ficaram surpresos ao vê-lo cheio de uma pequena garrafa de plástico.

Uma lixeira enche em um dos locais de alimentação olímpicos
Uma lixeira cheia de garrafas plásticas. Fotografia: Ed Alcock/The Guardian

Ingrid Vanhée, da associação de biodiversidade Noé, postou fotos de copos e garrafas de plástico no Stade de France dizendo que sentia que os espectadores estavam sendo “tomados por idiotas” e que a empresa estava tentando “ganhar a medalha de ouro por greenwashing”. O deputado centrista Philippe Bolo postou de um evento de handebol perguntando por que, se copos reutilizáveis ​​estavam sendo usados, eles não estavam sendo enchidos em fontes.

“Esta não é uma boa vitrine para a França ou para a Coca-Cola”, disse a conselheira regional e porta-voz do Partido Verde Francês, Sophie Bussière, sobre as garrafas plásticas sendo despejadas em copos plásticos.

“Nós realmente não podemos continuar a estragar momentos magníficos de celebração coletiva como as Olimpíadas com esse tipo de comportamento de delinquentes ambientais.”

Marine Bonavita, líder do projeto na ONG Zero Waste France, disse: “Pegar uma garrafa de plástico e despejá-la em um copo plástico reutilizável não é nossa visão de plástico zero não é chocante apenas para as ONGs, mas para os cidadãos, e é por isso que as pessoas estão postando sobre isso nas redes sociais.”

Antes dos Jogos, a Zero Waste France, a France Nature Environnement e outras ONGs alertaram sobre o “greenwashing” em torno das bebidas nos Jogos. Os refrescos para muitos atletas serão servidos em garrafas plásticas recicladas, descartáveis ​​e lacradas para proteção contra potencial “doping de sabotagem” – para evitar que as bebidas sejam adulteradas. Isso exigiu uma isenção por motivos de saúde pública da lei antidesperdício da França , que proíbe a distribuição de garrafas plásticas descartáveis ​​em locais abertos ao público. As ONGs escreveram às autoridades do governo francês para questionar essa isenção e pedir detalhes completos, mas disseram que não tiveram uma resposta adequada.

Também estão sendo feitas perguntas sobre os 13 milhões de copos plásticos reutilizáveis ​​disponíveis para os espectadores nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos – que podem ser devolvidos mediante um depósito de € 2.

Dois espectadores em um dos muitos estandes da Coca-Cola que podem ser encontrados em instalações olímpicas ao redor da cidade de Paris
A Coca-Cola é a única fornecedora de bebidas nos Jogos. Fotografia: Ed Alcock/The Guardian

Muriel Papin, da associação No Plastic in My Sea, disse que era “surreal” ver bebidas de garrafas plásticas despejadas em copos plásticos, descrevendo isso como “heresia, perda de tempo e dois plásticos em vez de um”. Ela disse que, como os copos reutilizáveis ​​são vistos com a marca das cores da Coca-Cola específicas para os Jogos de Paris, alguns espectadores podem vê-los como itens de colecionador e não devolvê-los.

“Se as pessoas não devolverem os copos reutilizáveis, se os levarem para casa e os colocarem num armário ou os jogarem num caixote do lixo na rua, é desperdício”, disse ela.

No Stade de France, várias pessoas bebendo dos copos plásticos reutilizáveis ​​que receberam em uma barraca de bebidas da Coca-Cola disseram que não sabiam que poderiam devolvê-los. Outros disseram que os guardariam como lembranças. Rikke, um gerente de marketing da Dinamarca, assistindo ao atletismo, disse: “Gostei do design do copo, tenho copos Hard Rock em casa e vou adicionar isso a eles.”

Nathalie Gontard, diretora de pesquisa do Instituto Nacional Francês de Pesquisa em Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente e autora do livro sobre resíduos plásticos, Plastique, Le Grand Emballement , disse que despejar plástico de garrafas plásticas em copos plásticos era “uma maneira um tanto bizarra de lidar com a questão da poluição plástica”.

“O público não é estúpido e todos se sentem decepcionados”, disse Gontard, acrescentando que deveria haver bebedouros em todos os locais e copos lavados e reutilizados no local. Ela disse que a reciclagem de plástico – que consome muita energia e é limitada em quantas vezes pode ser feita – “deveria ser uma solução apenas para plásticos absolutamente essenciais, o que estes não são”.


Fonte: The Guardian

O momento bolsonarista de Randolfe Rodrigues foi uma verdadeira bola fora

festa dos deusesMostrando a costumeira ignorância bolsonarista, Randolfe Rodrigues criticou o suposto uso do quadro “Santa Ceia” na abertura dos Jogos Olímpicos de Paris que, na verdade, retratava a “Festa dos Deuses” do pintor holandês Jan Harmensz van Bijlert.

O agora senador petista Randolfe Rodrigues vem se tornando um contumaz reprodutor de gafes com verniz bolsonarista, mas agora ele se superou. É que se unindo a políticos bolsonaristas, Randolfe decidiu usar a sua conta no “X” para mostrar toda a sua ignorância ao afirmar que a suposta reprodução do quadro “Santa Ceia” de Leonardo da Vinci (1452-1519) teria sido uma “bola fora” (ver imagem abaixo).

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O problema é que a bola fora foi de Randolfe Rodrigues e de seus colegas bolsonaristas que mostram a costumeira ignorância não se informaram para saber que a abertura dos Jogos Olímpicos estava reproduzindo outro quadro, o “Festa dos Deuses”, do pintor holandês Jan Harmensz van Bijlert (1571-1628) (ver imagem abaixo).

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Afora a grosseira demonstração de ignorância sobre a arte renascentista, Randolfe Rodrigues errou de forma grotesca ao escolher o alinhamento com a reação equivocada dos bolsonaristas, provavelmente tentando ganhar alguns pontos com o eleitorado de direita.

E esse é o problema não apenas de Randolfe Rodrigues, mas de todo o PT, pois ao buscar angariar apoio no eleitorado de direita, o que se tem é que não apenas se igualam ao que a extrema-direita entende e reproduz em relação a temas dos mais variados, mas especialmente na pauta de costumes, há uma completa perda de diferenciação que só traz prejuízos.

Alguém deveria dizer para Randolfe que não vai ser assumindo as pautas e as ideias da extrema-direita que o Brasil vai poder deixar de ser, por exemplo, um dos países onde mais assassina homossexuais no planeta.  Além disso, poderia se aproveitar para dizer para que ele se informe um pouco mais antes de postar coisas no “X”, pois assim ele evitaria cometer gafes vexaminosas como o caso aqui tratado.

Em suma: Randolfe, leia e se informe antes de postar. Essa é uma regra básica para todos os que postam conteúdos nas redes sociais, a exceção, é claro, da extrema-direita.

Por detrás da imagem oficial, as Olimpíadas são um megaevento que esmaga os pobres

rio legado

Os prometidos “legados olímpicos” são difíceis de encontrar. Rio. Imagem: Dany13 / Flickr.

As cenas de exaltação dos poucos atletas brasileiros que vencem o descaso oficial estão sendo repetidas à exaustão pela empresa que retransmite a atual edição dos Jogos Olímpicos que ocorre na cidade de Tókio servem para obscurecer algo que deveria ser muito óbvio.  O fato obscurecido é que este megaevento é mais um produto comercial que nos é empurrado para que tantos outros produtos sejam colocados no mercado. Para entender isso, bastaria ver a lista dos patrocinadores oficiais que inclui algumas das principais corporações mundiais, o que implica o investimento de US$ 3,1 bilhões que a edição de Tóquio recebeu.

Mas como na edição anterior realizado no Rio de Janeiro cujo “legado olímpico” é destrinchado no livro “O jogo continua: megaeventos esportivos e cidades” que teve como um dos seus organizadores o precocemente falecido geógrafo Gilmar Mascarenhas,   os jogos em curso em Tóquio também cenas subliminares que explicitam o seu caráter excludente, a começar pelo “desaparecimento” dos moradores de rua das vistas de jornalistas estrangeiros e atletas (ver vídeo abaixo).

A verdade é que, apesar da tendência de nos entusiasmar com as poucas medalhas do Brasil em nome de um país que podia dar certo e não daquele que efetivamente temos, não podemos esquecer com o que estamos defrontados. E esse megaevento denominados de “Jogos Olímpicos” não passa de uma máquina de fazer dinheiro que não possui qualquer compromisso com a melhoria da qualidade de vida, nem do avanço da igualdade em qualquer esfera que seja, inclusive a esportiva.

Assim, ainda que não tenhamos como deixar de vibrar por todos os atletas brasileiras que venceram ou ainda vencerão em Tóquio, apesar do descaso total que cerca o esporte olímpico brasileiro, o fato é que não se pode esquecer a verdadeira natureza desse megaevento, sob pena de nos tornarmos cúmplices dos seus reais objetivos e significados. 

Finalmente, voltando ao meu colega de mestrado Gilmar Mascarenhas que foi brutalmente morto por um ônibus enquanto pedalava pelas ruas do Rio de Janeiro, é lamentável que o tenhamos perdido tão cedo, pois isto acabou nos privando de um pesquisador que, como poucos, se colocou a estudar meticulosamente os impactos dos megaeventos esportivos sobre as populações pobres das cidades que os acolhem.

Negacionismo olímpico e o que isso nos diz dos atletas brasileiros que recusaram a vacina?

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A notícia de que 10% dos atletas que compõe a delegação brasileira se recusarem a serem vacinados antes de se dirigem para o Japão para participar dos “Jogos Olímpicos” está passando de forma quase que batida pela mídia corporativa  brasileira. Mas isto não me impede de dizer que essa posição dessa minoria é escandalosa e representa uma falta de responsabilidade grotesca. 

É que um evento de menor envergadura como foi a Copa América (ou seria Cova América?) que foi recentemente realizada no Brasil trouxe pelo menos uma nova variante da Sars-Cov-2  vinda da Colômbia para dentro do território nacional, uma adição completamente desnecessária para um cenário já complexo  que é marcado pela presença de várias cepas que, inclusive, podem estar se recombinando.

A posição do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), como era de se esperar, tem sido também de “passar o pano” e isentar esses atletas negacionistas de qualquer tipo de punição, já que o Comitê Olímpico Internacional (COI), não coloca a obrigação de vacinação como uma condição que os atletas participem das Olímpiadas. Esse movimento do COI só pde ser explicado pelos seus interesses comerciais junto aos patrocinadores desse mega evento esportivo.

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A verdade é que a realização das Olimpíadas em um momento em que diversos países estão em meio a um crescimento desenfreado da pandemia da COVID-19 já seria escandaloso. Ao permitir que que parte dos atletas participe sem ser vacinada, o COI acaba transformando o seu megaevento em uma poça biológica de onde poderão ser transportadas para todo o planeta cepas que estão confinadas em determinadas áreas. E isso com a colaboração direta dos atletas negacionistas.

O que deveria ser feito no momento de retorno da delegação brasileira seria colocar todos os atletas em um período de confinamento obrigatório para evitar que eventuais portadores do coronavírus possam passar da condição de atletas para a de difusores de coronavírus. Mas sabemos que isso não irá ocorrer dada frouxidão que está sendo observada em relação aos negacionistas da vacina.

Uma coisa curiosa é que o último levantamento pelo DataFolha mostrou que 6% dos brasileiros não querem se vacinar contra a COVID-19, um valor muito próximo do total dentro da delegação olímpica brasileira que se recusa a ser vacinada. 

Finalmente, para surpresa de ninguém, já se sabe que o hotel que hospeda a delegação brasileira  de judô que está no Japão para participar das Olimpíadas se transformou no foco de um surto de COVID-19. É quase certo que os  judocas negacionistas estejam sendo os primeiros a ser infectados, mas certamente não serão os únicos, o que apenas reforça a irresponsabilidade com que eles trataram o cuidado com seus colegas de delegação.

Jogos Olímpicos: a ressaca depois da festa e as dívidas impagáveis

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O jornal inglês “The Guardian” publicou hoje uma ampla matéria escrita pelo cientista político Luís Eduardo Soares sobre a ressaca que inapelavelmente se abaterá sobre o Rio de Janeiro após o encerramento dos Jogos Olímpicos  (ver imagem monstrando uma reprodução parcial da matéria).

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A abordagem tomada por Luís Eduardo Soares vai além dos clichês patrióticos que ressaltam uma suposta capacidade do brasileiro em produzir grandes coisas, desafiando desconfianças que apenas refletiriam um suposto complexo de vira lata no plano interno, e de um imperialismo cultural no plano externo.

Luis Eduardo Soares também vai além ao colocar a herança problemática para além das dívidas impagáveis quando ressalta o tipo de transformação segregacionista que foi operada na cidade do Rio de Janeiro, deixando como resultado uma cidade ainda mais dividida e, pior, sem liderança ou direção a seguir. 

Luis Eduardo Soares encerra dizendo que  o Rio de Janeiro é bom quando apresenta sua face espetacular, mas com problemas graves no seu cotidiano. E essa característica, somadas todas as dívidas e obras inacabadas é que seriam a base de uma ressaca que começará já nesta segunda-feira.

Quem desejar ler a matéria completa, basta clicar (Aqui!)

Nissan, a dos Jogos Olímpicos, e as “generosidades fiscais” do (des) governo Pezão

Nissan cars at the Rio 2016 Olympic fleet / Credit: Nissan

O blog Transparência RJ revelou ontem (16/8) outra generosidade de 50 anos que foi concedida pelo (des) governo Pezão à uma das principais fornecedoras da montadora Nissan (Aqui!)

O pessoal do Transparência RJ nos lembra que novamente uma montadora de automóveis e empresas a elas ligadas (no caso em tela se trata da PPG Industrial do Brasil Tintas e Vernizes Ltda) são agraciadas com um benefício que gerará um prejuízo enorme na arrecadação de ICMS para o estado e municípios do Rio de Janeiro por um grande período de tempo (ver extrato abaixo).

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Outro aspecto que foi apontado é que, coincidências das coincidências, a Nissan é a patrocinadora oficial dos veículos dos Jogos Olímpicos que estão realizados na cidade do Rio de Janeiro.

Particularmente acho escandaloso que se distribua mais essa “generosidade fiscal” enquanto escolas, hospitais e universidades continuam sendo relegadas a um processo de sucateamento total. Isto sem falar na situação dos salários de servidores da ativa, aposentados e terceirizados.

De toda forma, quando a coisa voltar a esquentar após o recesso da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), pelo menos não teremos que ouvir a ladainha de que a crise financeira envolvendo o tesouro estadual é por causa da redução nas receitas do petróleo. É que está mais do que claro que a raiz da crise está firmemente presa nessa política de isenções fiscais que abrem mão do principal elemento de receita por exatas cinco décadas!

Ah, sim, toda vez que virmos um desses eventos do megaevento esportivo do COI, há que se lembrar que a Nissan é quem está ganhando a medalha de ouro das generosidades fiscais do (des) governo Pezão/Dornelles.

TsuLama: 9 meses de impunidade para a Vale e a BHP Billiton

Coincidência ingrata maior seria impossível. Enquanto hoje é aberto o megaevento bilionário do Comitê Olímpico Internacional (COI) na cidade do Rio de  Janeiro, os moradores das comunidades atingidas pelo TsuLama da Samarco (Vale + BHP Billiton) sofrem com uma inteira gestação de descaso e impunidade dos responsáveis pelo maior incidente ambiental em escala mundial da mineração nos últimos 300 anos!

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Não esquecer desse megadesastre é uma obrigação, especialmente num país onde as corporações mineradoras continuam reinando livremente. Se não for cobrada a devida responsabilidade da Vale e da BHP Billiton, uma coisa é certa: outros tsulamas virão! E o reservatório de Candonga está ai para nos lembrar dos riscos que persistem.

Copa e Olimpíada deixarão Rio endividado por 10 anos, diz estudo

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© Fornecido por New adVentures, Lda.

Qual o legado que a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos deixarão para a cidade do Rio de Janeiro?

 O pesquisador suíço Christopher Gaffney, da Universidade de Zurique, levantou esse questionamento em um novo estudo, entitulado “Transforming Rio – for the benefit of whom?”, em que revela que a dívida deixada por esses grandes eventos demorará 10 anos para ser paga pela cidade.

Segundo o pesquisador, o modelo de negócios desses grandes eventos precisa mudar para se adequar à realidade da população local, que acaba sofrendo com a dívida deixada.

Gaffney conta que o Comitê Olímpico Internacional e a FIFA oferecem às elites locais grandes promessas ao sediar tais eventos, no entanto, ao contrário do que parece, não conseguem entregar infraestruturas úteis aos moradores desses países.

FONTE: http://www.msn.com/pt-br/esportes/olimpiadas/copa-e-olimp%C3%ADada-deixar%C3%A3o-rio-endividado-por-10-anos-diz-estudo/ar-BBvgwlH?li=AAggXC1

Divulgando a Jornada de Lutas contra os Jogos da Exclusão  de 01 a 05/08 na cidade do Rio de Janeiro

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A Rio 2016 já vai começar e o (não)legado está claro. Uma cidade segregada, na qual bilhões são gastos, com qual resultado? Juventude negra sendo morta nas favelas, colapso do transporte, Estado quebrado sem pagar salários e golpe no governo federal para garantir ainda mais dinheiro na repressão.

A lista de violações é grande, mas a resistência também será! Na Copa das Confederações em 2013 e na Copa do Mundo em 2014 estávamos nas ruas e agora voltaremos à luta contra todas as violações cometidas em nome dos megaeventos!

De 1 a 5 de agosto: JORNADA DE LUTAS CONTRA RIO 2016, OS JOGOS DA EXCLUSÃO.

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Serão cinco dias intensos de atividades, culminando em um grande ato no dia da abertura dos Jogos.

Abaixo a programação que começa na segunda- feira (01/08) c0m a Vigília da Dignidade, que ocorrerá das 14h às 21h, no Centro do Rio, e continuará no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da UFRJ de 02 a 04/08

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E lembrando que, no dia 05/08 haverá o Ato “Rio 2016 – Os Jogos da Exclusão”

Em uma cidade onde o abismo da desigualdade cresce cada vez mais, a base de tratores, tiros e bombas, é fundamental prosseguir e avançar na luta pelo direito à cidade, pela democracia e pela justiça social.

Vamos denunciar este projeto de cidade segregada, Rio Olimpíada 2016: os Jogos da Exclusão!

FONTE: https://www.facebook.com/events/1763662637246720/

Três matérias que mostram que no Rio de Janeiro se concentram todos os aspectos mais tenebrosos do mundo neoliberal: poluição, segregação, violência contra os pobres, e apropriação privada do Estado

Vivendo ao longo de quase quatro décadas no estado do Rio de Janeiro, vivo sempre dividido entre a admiração pelas suas maravilhas e seu povo generoso e o pasmo com a capacidade de suas elites políticas e econômicas de transformá-lo em um imenso caldeira de injustiças sociais, econômicas e ambientais.

Mas seja pela crise financeira em que o Neoliberalismo de oportunidades seletivas que os sucessivos (des) governos do PMDB criaram ou pela visibilidade cada vez mais das impressionantes distorções de investimentos que o megaevento de propriedade do Comitê Olímpico Internacional (COI) ajudou a desvelar sobre nossa situação catastrófica, estamos sendo expostos à situação como ela  realmente é por diferentes matérias jornalísticas e informações vindas da chamada blogosfera.

Como exemplo inicial a matéria assinada pelo jornalista David Goldblatt para o jornal britânico “The Guardian”  (Aqui!) cujo subtítulo diz que “as preparações (Jogos Olímpicos) tem sido muitas vezes uma bagunça, mas a do Rio de Janeiro poderá ser a mais desordenada da história, e não importa quão especial seja o evento, um desastre de proporções inéditas já ocorreu“. Mas para quem acha que Goldblatt se ocupou apenas de desancar a bagunça reinante na edição dos jogos que começará no dia 05 de Agosto, na verdade ele produziu uma Raio X inclemente do significado social do megaevento a partir do que ocorreu em diferentes edições em termos de violência, deslocamentos forçados, massacres de ativistas e gentrificação. E Goldblatt vaticina que no Rio de Janeiro todos esses males foram combinados e potencializados.

O segundo exemplo que seleciono para mostrar essa convergência de males é um novo velho escândalo que ocorre sob os narizes cúmplices das autoridades e teima em chover sobre as cabeças dos moradores da Zona Oeste do Rio de Janeiro.  Falo aqui da escandalosa situação envolvendo a Companhia Siderúrgica do Atlântica do grupo alemão ThyssenKrupp que vem funcionando com base numa fictícia licença de pré-operação, a qual não possui guarida legal.  Em função disso, como a agência Reuters informou ontem (Aqui!) que o Ministério Público do Rio de Janeiro iniciou uma ação para impedir que a TKCSA possa continuar operando sem que sejam feitas análises sobre os impactos da poluição que ela sabidamente emite, de modo a garantir que sejam feitas modificações nos sistemas emissores de rejeitos que sabidamente são ineficientes. O verdadeiro escândalo aqui é que a TKCSA vem operando sem a requerida Licença de Operação desde 2010! De lá para cá, sabe-se lá quantas pessoas adoeceram (ou até morreram) por causa de suas emissões poluentes, enquanto o (des) governo do Rio de Janeiro assiste impassivelmente à violação das leis ambientais que ele deveria fazer observar por esse grupo multinacional.

O terceiro exemplo que, para mim, sintetiza as interrelações pouco republicanas que dão margem a que literalmente quase tudo possa ser permitido aos detentores do capital no Rio de Janeiro vem do blog Transparência RJ que nos informa que a concessão da operação do Teleférico do Alemão será entregue a uma empresa do Sr. Tiago Cedraz que, por sua vez, é filho do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz (Aqui!). E a equipe de responsáveis do Transparência RJ também nos informa que a empresa do Sr. Cedraz também já opera o teleférico do Morro da Providência, tornando-o basicamente um monopolista deste serviço nas comunidades que possuem este tipo de serviço de transporte. 

O que esses três exemplos mostram mais uma vez é que não apenas a aludida crise em que o Rio de Janeiro está imerso é extremamente seletiva em termos de ganhadores e perdedores, mas que se examinarmos com um mínimo de cuidado, veremos que muitos dos personagens estão bem juntos e misturados numa busca pela maximização dos ganhos econômicos, normalmente com a transferência dos ônus resultantes de suas operações para os mais pobres e politicamente desempoderados.

E se olharmos tudo isso pelo prisma do que o presidente interino Michel Temer que impor nos próximos meses, veremos que o Rio de Janeiro foi transformado num imenso laboratório de medidas cujo intento é fazer o Brasil regredir ao Século XVI. Simples assim!