Fogo na Terra Indígena Yanomami cai 62% no primeiro bimestre

Operação que retomou a presença do Estado e expulsa garimpeiros da região é um fator que pode explicar queda na área queimada

queimada floresta

A Terra Indígena Yanomami apresentou queda de 62% na área queimada em janeiro e fevereiro de 2023, em comparação ao primeiro bimestre do ano passado. O número é do Monitor do Fogo, iniciativa do MapBiomas em parceria com o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia). Para especialistas, a redução está ligada à operação que retomou a presença do Estado, expulsando garimpeiros e invasores da terra indígena.

“Normalmente, janeiro e fevereiro são meses de muita chuva no Brasil. Mas, existe um lugar onde a chuva chega mais tarde e esse lugar é Roraima. Segundo o Monitor do Fogo, apesar de o estado ter sido o que mais queimou a Amazônia no período este ano, houve uma redução que foi ainda maior na terra indígena Yanomami. É possível avaliar essa mudança como uma consequência do reaparecimento do Estado na região e de uma governança que foi reinaugurada para o cumprimento da lei”, diz Ane Alencar, diretora de Ciência no IPAM e coordenadora do MapBiomas Fogo.

Dados divulgados essa semana pelo Monitor do Fogo mostram que a Amazônia foi o bioma mais queimado no Brasil nos dois primeiros meses do ano, e que Roraima, Mato Grosso e Pará foram, respectivamente, os estados com maior área atingida. Ainda assim, o estado de Roraima teve uma queda de 44% no fogo em comparação com o ano passado: foram 259 mil hectares em 2023, ou 48% de toda a área queimada no Brasil. Em janeiro e fevereiro de 2022, haviam sido 470 mil hectares.

“A redução dos focos de queimadas na Terra Indígena Yanomami é a comprovação de que a presença do governo federal é fundamental para a proteção dos territórios indígenas. Somente a atuação firme do Estado pode garantir a proteção e segurança dos povos e seus territórios e, a partir da fiscalização e devida punição aos criminosos ambientais, assegurar também a preservação de nossas florestas”, afirma a ministra dos Povos Indígenas Sonia Guajajara.

A Terra Indígena Yanomami chegou a ser uma das com maior área sob invasão do garimpo na Amazônia, entre elas, também com presença de povos indígenas em isolamento voluntário, as terras Kayapó, Munduruku e Sawré Muybu, no Pará. Um estudo publicado pelo IPAM e pela COIAB (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), em janeiro deste ano, mostrou que Terras Indígenas com isolados são metade de todas as atingidas pelo garimpo e têm maior área (10,9%) com sobreposição de registros ilegais no Cadastro Ambiental Rural do que as sem isolados (7,8%).

No total, a área queimada no bioma Amazônia no primeiro bimestre de 2023 equivale a quatro vezes a capital paraense Belém e representa 90% de tudo o que queimou no país. O Brasil teve 536 mil hectares queimados nos dois meses, uma área 28% menor do que a registrada no mesmo período em 2022.

Amazônia concentra 90% da área queimada no Brasil no primeiro bimestre de 2023

Foram 487 mil hectares queimados no bioma; confira os dados do Monitor do Fogo divulgados nesta segunda-feira (13)

Fire Monitoring in the Amazon in July, 2021Monitoramento de Queimadas na Amazônia em Julho de 2021

Queimada feita em uma área de desmatamento recente na Amazônia

A Amazônia foi o bioma mais queimado no Brasil nos dois primeiros meses do ano, com 487 mil hectares atingidos pelo fogo. A área equivale a quatro vezes a capital paraense Belém e representa 90% de tudo o que queimou no país no período. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (13) pelo Monitor do Fogo, iniciativa do MapBiomas em parceria com o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).

“O principal fator para o fogo na Amazônia nesse período é a ocorrência do fogo em formações campestres, principalmente ao norte do Bioma. Ainda que seja um número alto para a época de chuvas, é 25% menor que os 654 mil hectares que pegaram fogo no bioma em janeiro e fevereiro do ano passado”, comenta Vera Laisa Arruda, pesquisadora no IPAM responsável pelo Monitor do Fogo.

Entre os estados em todos os biomas, Roraima foi o que mais queimou nos meses de janeiro e fevereiro. Foram 259 mil hectares, ou 48% de toda a área queimada no Brasil. Roraima, Mato Grosso e Pará, os últimos com 90 mil e 70 mil hectares queimados, concentram 79% do fogo ocorrido no Brasil no período.

“O padrão de área queimada em Roraima pode estar relacionado a características climáticas e ambientais únicas do estado. Roraima está localizado no hemisfério norte, enquanto a maior parte dos demais estados se localiza no hemisfério sul. Dessa forma, enquanto o período de seca em boa parte do país ocorre entre os meses de maio a setembro, em Roraima os meses de seca ocorrem entre dezembro e abril”, explica Felipe Martenexen, pesquisador no IPAM e responsável pelo mapeamento da Amazônia no Monitor do Fogo.

Campos, como os lavrados roraimenses, foram o tipo de vegetação mais afetado: na Amazônia, os 266 mil hectares que pegaram fogo entre janeiro e fevereiro de 2023 eram de formações campestres, ou 55% da área queimada no bioma; no Brasil, a proporção chega a 84% .

“As vegetações campestres têm um papel fundamental na manutenção dos ciclos naturais essenciais para a vida, como o do carbono e do nitrogênio, além de contribuírem para a absorção e distribuição de água pelo solo. Por essa relação interdependente e complementar, medidas de proteção da biodiversidade devem considerar ecossistemas como um todo para serem efetivas”, acrescenta Vera Arruda.

O Cerrado foi o segundo mais queimado em janeiro e fevereiro, com 24 mil hectares atingidos pelo fogo. A época de chuva em regiões do bioma dificulta o alastramento dos incêndios. No total, o Brasil teve 536 mil hectares queimados nos dois meses, uma área 28% do que a registrada no mesmo período em 2022

Brasil em chamas: queimadas em novembro quase dobram em relação a 2021

action-sn-blog-forest-burning-brazil

Dados do Monitor do Fogo do MapBiomas confirmam a escalada da destruição ambiental nos últimos meses do governo Bolsonaro. A área queimada em novembro em todo o território nacional — 775 mil hectares — foi 89% superior ao registrado no mesmo mês de 2021. Desse total, 81% (627 mil hectares) foram queimados na Amazônia.

A maior parte da área queimada (58%) no mês passado foi em vegetação nativa, sendo que mais de um terço (35%) atingiu formações florestais. Dentro os tipos de uso agropecuário do solo atingidos, as pastagens se destacaram, representando 38% da área queimada em novembro. Os estados líderes em extensão destruída pelo fogo foram Pará, Mato Grosso, Rondônia e Amazonas. Os municípios de Querência (MT), Lábrea (AM), Pacajá (PA) e Porto Velho (RO) foram os que tiveram maior área queimada.

“Os dados do monitor do Fogo de área queimada em novembro só vêm confirmar o que já tinhamos visto com os focos de calor. Logo após o segundo turno das eleições houve um aumento da área queimada em um mês que normalmente não teríamos muito fogo por conta das chuvas. Trata-se claramente de uma reação à expectativa de políticas mais efetivas de combate ao desmatamento e queimadas por parte do novo governo”, analisa Ane Alencar, Coordenadora do Mapbiomas Fogo e Diretora de Ciência do IPAM.

Uma nova funcionalidade do Monitor do Fogo são as áreas queimadas por Unidades de Conservação e Terras Indígenas. Ela mostra que em novembro as UCs que mais queimaram foram RESEX Chico Mendes, RESEX do Rio Cajari e RESEX Verde para Sempre. No caso das Tis, o ranking é liderado pela Parque Indígena do Xingu, TI Paresi e TI Capoto/Jarina.

Com os números de novembro, o acumulado desde janeiro alcançou 15,9 milhões de hectares, uma área maior que a soma dos territórios da Escócia e da República Tcheca. Esse número é 13% maior do que o registrado no mesmo período em 2021 — uma diferença de 1,8 milhão de hectares a mais. A grande maioria (70%) da área queimada foi em vegetação nativa, principalmente em formações savânicas e campestres. Porém foram as florestas que tiveram maior aumento em relação ao ano passado: 86%, ou cerca de 2,7 milhões de hectares. Desse total, 85% ocorreram na Amazônia. Entre janeiro e novembro, as florestas da Amazônia queimaram quase o dobro do que foi queimado em florestas na região no ano inteiro de 2021. Um terço (30%, ou 2,3 milhões de hectares) do que foi queimado na Amazônia afetou florestas, sendo incêndios ou desmatamento seguido de fogo.

Quase metade do fogo registrado no período (48%, equivalentes a 7,7 milhões de hectares) ocorreu no bioma Amazônia. Em segundo lugar vem o Cerrado (46%, equivalentes a 7,3 milhões de hectares). “Vale destacar que nos últimos dois anos o Cerrado havia queimado mais que a Amazônia, porém nesse ano a Amazônia ultrapassou o Cerrado”, ressalta Ane. O Pantanal apresentou a menor área queimada nos últimos quatro anos, com 86% de redução de 2022 para 2021 em relação à área queimada de janeiro a novembro.

As Unidades de Conservação que lideram o ranking de área queimada de janeiro a novembro de 2022 são Parque Nacional do Araguaia, Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins e Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba. No caso das Terras Indígenas, as que mais queimaram no período são Parque Indígena do Araguaia, TI Raposa Serra do Sol e Parque Indígena do Xingu.

Dentro os tipos de uso agropecuário queimados em 2022, as pastagens se destacaram, representando 25% da área queimada nos onze primeiros meses de 2022.

O estado que mais queimou entre janeiro e novembro deste ano foi Mato Grosso: 3,6 milhões de hectares, extensão equivalente a países como Taiwan ou Guiné Bissau. O estado foi responsável por quase um quarto do que foi queimado no Brasil nesse período. Pará e Tocantins ocupam o segundo e o terceiro da posição no ranking, com 2,7 milhões de hectares (equivalente ao território do Haiti) e 2,2 milhões de hectares (mais que todo o País de Gales), respectivamente. Juntos, esses três estados representaram 57% da área queimada total no período.

Destaques Amazônia

  • A área queimada entre janeiro e novembro de 2022 na Amazônia já é superior em 49% ao que foi queimado em 2021.
  • Os três municípios que mais queimaram no Brasil em novembro de 2022 estão na Amazônia: Querência (MT), Lábrea (AM) e Pacajá (PA).
  • Os três municípios que mais queimaram no Brasil de janeiro a novembro de 2022 estão na Amazônia: São Felix do Xingu (PA), Altamira (PA) e Porto Velho (RO).
  • A formação florestal foi o tipo de vegetação nativa que mais queimou na Amazônia, 30% da área queimada entre janeiro e novembro de 2022.
  • 627 mil ha queimaram na Amazônia em novembro de 2022, com um aumento de 106% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
  • A pastagem foi a classe de uso da terra que mais queimou, com 46% da área total queimada na Amazônia em novembro de 2022.

Destaques Cerrado

  • 7,3 Mha foram queimados no Cerrado entre janeiro e novembro de 2022, com aumento de 18% em relação ao mesmo período do ano anterior.
  • Os estados que mais queimaram no Cerrado foram Mato Grosso, Tocantins e Maranhão, entre janeiro e novembro de 2022.
  • Quase metade da área queimada no Cerrado entre janeiro e novembro de 2022 ocorreu em formação savânica (3,5 Mha, 48%).
  • Apesar da área queimada em Novembro ter diminuído em relação aos meses anteriores, ainda assim foi 249% maior comparado a Novembro de 2021 (ou 83 mil ha a mais)

Destaques demais Biomas

  • No Bioma Mata Atlântica apesar da área queimada nos 11 primeiros meses de 2022 ter sido a menor nos últimos 4 anos, a área queimada em novembro foi de 6.695 hectares, 55% a mais que novembro de 2021 (ou 2.379 ha a mais)
  • No verão de 2022 no Pampa foi registrada uma área recorde de queimadas no Pampa, com 28.039 ha. Por outro lado, no período entre março e novembro a área queimada total foi de 1.260 ha, bem abaixo do que foi registrado para esse mesmo período nos três anos anteriores.
  • Toda a área queimada no Pantanal em 2022 vem sendo a menor nos últimos 4 anos, com 6.632 hectares queimados em novembro de 2022.
  • A Caatinga vem seguindo o mesmo padrão do Pantanal, com áreas queimadas inferiores aos anos anteriores e com 18.589 hectares queimados em novembro de 2022.

Sobre o Monitor do Fogo

O Monitor do Fogo é o mapeamento mensal de cicatrizes de fogo para o Brasil, abrangendo o período a partir de 2019, e atualizados mensalmente. Baseado em mosaicos mensais de imagens multiespectrais do Sentinel 2 com resolução espacial de 10 metros e temporal de 5 dias. O Monitor de Fogo revela em tempo quase real a localização e extensão das áreas queimadas, facilitando assim a contabilidade da destruição decorrente do fogo. Acesse o Monitor do Fogo e o Boletim Mensal de novembro.

Sobre o MapBiomas

O MapBiomas é uma iniciativa multi-institucional, que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia, focada em monitorar as transformações na cobertura e no uso da terra no Brasil, para buscar a conservação e o manejo sustentável dos recursos naturais, como forma de combate às mudanças climáticas. Esta plataforma é hoje a mais completa, atualizada e detalhada base de dados espaciais de uso da terra em um país disponível no mundo. Todos os dados, mapas, métodos e códigos do MapBiomas são disponibilizados de forma pública e gratuita no site da iniciativa.

Queimadas em outubro atingiram área 66% maior do que em 2021

Área de florestas queimada de janeiro a outubro de 2022 foi 80% superior ao total registrado nos 12 meses de 2021

queimadas

O mês de outubro não foi quente apenas por causa do primeiro e do segundo turno das eleições, que aconteceram no começo e no final do mês. Entre o dia 1 e o dia 30 do mês passado, as queimadas no Brasil aumentaram 66%, segundo dados do Monitor do Fogo, do MapBiomas. Em apenas 30 dias, 3,4 milhões de hectares foram queimados — 1,3 milhão de hectares a mais do que no mesmo mês de 2021.

Nenhum bioma queimou tanto em outubro como o Cerrado, onde a área afetada quase triplicou em relação ao mesmo mês do ano passado. 1,8 milhão de hectares foram atingidos pelo fogo no bioma — um crescimento de 196% em relação a outubro de 2021. O aumento das queimadas na Amazônia também foi superior à média nacional: 74% a mais que no mesmo mês de 2021. A área queimada em outubro deste ano nesse bioma totalizou 1,3 milhão de hectares.

Os números entre janeiro e outubro deste ano, por sua vez, mostram que 15,2 milhões de hectares foram atingidos pelo fogo no Brasil — uma área maior que o estado do Ceará. O crescimento em relação aos 10 primeiros meses de 2021 foi de 11%, ou 1,5 milhão de hectares a mais. A maior parte da área consumida pelo fogo (72%) foi de vegetação nativa — em sua maioria, formações savânicas e campestres. As pastagens responderam por 24,5% da área queimada nos dez primeiros meses de 2022. Porém um crescimento expressivo foi observado em florestas: cerca de 2,4 milhões de hectares de florestas foram queimados no Brasil de janeiro a outubro de 2022 — um aumento de 80% em relação ao total registrado nos 12 meses de 2021.

A Amazônia concentrou 85% dos incêndios florestais nos 10 primeiros meses deste ano. Nesse período, as florestas da Amazônia queimaram quase o dobro do que foi queimado em florestas na região em todo o ano de 2021. Quase um terço (29%, ou dois milhões de hectares) do que foi queimado nesse bioma afetou florestas, sendo incêndios ou desmatamento seguido de fogo. Esse número foi mais que o dobro, 111% maior do que a área de floresta afetada por fogo no bioma no mesmo período em 2021 (976 mil ha). Considerando a área total queimada na Amazônia, e não só a de florestas, o crescimento em relação ao ano passado foi de 34%.

Mas o bioma mais afetado pelo fogo no Brasil nos dez primeiros meses de 2021 é o Cerrado. Metade da área queimada no país entre janeiro e outubro (48%, ou 7,2 milhões de hectares) fica no Cerrado. Embora este bioma tenha metade da extensão da Amazônia, ele praticamente empata com ela em área queimada: a Amazônia respondeu por 47% da extensão queimada nos 10 primeiros meses do ano (7,1 milhões de hectares). O aumento na área queimada no Cerrado nesse período foi de 17%.

Sozinho, o Mato Grosso respondeu por um em cada quatro hectares queimados no Brasil entre janeiro e outubro deste, ou 3,4 milhões de hectares. Pará e Tocantins ocupam o segundo e o terceiro lugar no ranking, com 2,5 milhões de hectares e 2,2 milhões de hectares, respectivamente. Juntos, esses três estados respondem por mais da metade (54%) de toda a área queimada no Brasil este ano até outubro.

Os três municípios que mais queimaram este ano ficam na Amazônia: São Félix do Xingu (PA), Altamira (PA) e Porto Velho (RO). Juntos, eles respondem por 1,1 milhão de hectares queimados, ou 8% do total nacional). Trata-se de um crescimento de 131% em relação aos 495 mil hectares queimados no mesmo período de 2021. Esse aumento reflete o avanço do desmatamento no oeste do Pará e em Rondônia.

Boas notícias vieram da Mata Atlântica e do Pantanal. Este último apresentou a menor área queimada nos últimos quatro anos no período entre janeiro e outubro deste ano. O Monitor do Fogo contabilizou uma queda de 87% em relação aos dez primeiros meses de 2021. O mês de outubro, no entanto, trouxe uma área queimada equivalente ao dobro do total queimado nos meses anteriores. A Mata Atlântica, por sua vez, teve a menor área queimada desde 2019, com exceção dos primeiros meses do ano (janeiro e fevereiro), devido a uma queimada na região próxima ao Parque Nacional Ilha Grande.

Outros destaques de outubro de 2022

  • 76% da área queimada em outubro de 2022 foi em vegetação nativa, a maioria em formações savânicas e campestres.
  • Dentre os tipos de formações naturais, as formações savânicas foram as mais afetadas pelo fogo, 37% da área queimada em outubro de 2022.
  • Dentro os tipos de uso agropecuário, as pastagens se destacaram, representando 21% da área queimada em outubro de 2022.
  • Em outubro de 2022, os estados que mais queimaram foram Mato Grosso, Maranhão e Piauí.
  • Os municípios de Cocalinho (MT) e Novo Santo Antônio (MT) foram os que tiveram maior área queimada.

Outros destaques da Amazônia — janeiro a outubro de 2022

  • A formação florestal foi o tipo de vegetação nativa que mais queimou na Amazônia: 29% da área queimada entre janeiro e outubro de 2022.
  • A pastagem foi a classe de uso da terra que mais queimou, com 48% da área total queimada na Amazônia em outubro de 2022.

Outros destaques do Cerrado — janeiro a outubro de 2022

  • Quase metade da área queimada no Cerrado entre janeiro e outubro de 2022 ocorreu em formação savânica (3,5 Mha, 49%).
  • Os estados da região do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) são os que tiveram maior ocorrência de fogo no mês de Outubro no bioma Cerrado.

Destaques do Pampa — janeiro a outubro de 2022

  • No verão de 2022 foi registrada uma área recorde de queimadas no Pampa, com 28.039 ha.
  • Por outro lado, no período entre março e outubro a área queimada total foi de 1.117 ha, bem abaixo do que foi registrado para esse mesmo período nos três anos anteriores.

Destaques da Caatinga — outubro de 2022

  • Na Caatinga, o mês de outubro foi o que apresentou maior área queimada para todo o ano de 2022, com 300 mil ha queimados e com aumento de 134% em relação ao mês de setembro

Sobre o Monitor do Fogo:

O Monitor do Fogo é o mapeamento mensal de cicatrizes de fogo para o Brasil, abrangendo o período a partir de 2019, e atualizados mensalmente. Baseado em mosaicos mensais de imagens multiespectrais do Sentinel 2 com resolução espacial de 10 metros e temporal de 5 dias. O Monitor de Fogo revela em tempo quase real a localização e extensão das áreas queimadas, facilitando assim a contabilidade da destruição decorrente do fogo. Acesse o Monitor do Fogo e o Boletim Mensal de Outubro 

Sobre MapBiomas

Iniciativa multi-institucional, que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia, focada em monitorar as transformações na cobertura e no uso da terra no Brasil, para buscar a conservação e o manejo sustentável dos recursos naturais, como forma de combate às mudanças climáticas. Esta plataforma é hoje a mais completa, atualizada e detalhada base de dados espaciais de uso da terra em um país disponível no mundo. Todos os dados, mapas, métodos e códigos do MapBiomas são disponibilizados de forma pública e gratuita no site da iniciativa.

Monitor do Fogo: Amazônia e Cerrado foram os biomas mais queimados em agosto

Amazônia teve 1,7 milhões de hectares atingidos pelo fogo no mês e Cerrado 1,2 milhões; o Monitor do Fogo faz o mapeamento mensal das cicatrizes de fogo no Brasil. Dados de agosto para todos os biomas foram lançados nesta terça (20)

sad cerrado

Amazônia teve 1,7 milhões de hectares atingidos pelo fogo no mês e Cerrado 1,2 milhões; o Monitor do Fogo faz o mapeamento mensal das cicatrizes de fogo no Brasil. Dados de agosto para todos os biomas foram lançados nesta terça (20)

A Amazônia e o Cerrado foram os biomas mais atingidos pelo fogo em agosto. É o que mostra o Monitor do Fogo, produto da iniciativa MapBiomas em parceria com o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), com os novos dados divulgados nesta terça-feira (20). O Monitor do Fogo divulga, mês a mês, um mapeamento das cicatrizes de fogo no Brasil.

Foram 1.699.993 hectares queimados na Amazônia em agosto. No Cerrado, foram 1.190.352 hectares no mesmo mês. Outros biomas também foram mapeados: Mata Atlântica (47.401 hectares), Caatinga (31.554 hectares), Pantanal (19.867 hectares) e Pampa (58 hectares).

Os estados mais afetados pelo fogo em agosto e as respectivas áreas queimadas foram: Pará (869.462 hectares); Mato Grosso (657.342 hectares); Tocantins (421.997 hectares); Amazonas (303.088 hectares); e Maranhão (246. 325 hectares), todos contemplando os biomas da Amazônia e Cerrado.

Aumento do fogo no Pará

O estado do Pará teve aumento de 110% nas queimadas em relação ao mês de agosto do ano anterior. Os municípios paraenses mais afetados em agosto deste ano foram: São Félix do Xingu, com 202.828 hectares queimados; Altamira, com 197.292 hectares queimados; e Novo Progresso, com 130.787 hectares queimados.

Pesquisador no IPAM e no Monitor no Fogo, o cidadão altamirense Felipe Martenexen compartilha como as queimadas afetam a vida de quem mora na cidade. “A gente acaba sentindo na pele todo o efeito dessas áreas queimadas, a gente sente a fumaça. Quando eu acordo, a área de casa está cheia de cinzas. Imagine o ar que a gente está respirando! É algo que compromete a nossa saúde e assusta bastante a população. Nosso papel aqui é produzir os dados para que a comunidade possa usar e aproveitar da melhor maneira possível”, comenta.

Desmatamento e queima de pastagens

De janeiro a agosto de 2022, o Brasil teve uma área total queimada de 5.924.418 hectares, e os principais tipos de vegetação nativa e uso da terra atingidos pelo fogo foram: formações campestres (26,8%); pastagens (24,4%); formações savânicas (16%); formações florestais (14,5%); campos alagados e áreas pantanosas (10,3%).

“O período seco ainda está muito forte, com ondas de calor atingindo regiões onde a chuva não cai há muito tempo. Isso, de fato, gera a possibilidade de incêndios. Quando a gente fala de fogo na Amazônia, a gente está falando, principalmente, de fogo de desmatamento, em um processo que finaliza o desmatamento. Tem também o fogo que é para queima de pastagem, as pessoas usam o fogo para manejar a pastagem que está com arbustos, por exemplo, que não são plantas para o gado comer. O interessante é que o Monitor do Fogo traz esse dado, mostrando que grande parte do que queimou no Brasil de janeiro a agosto é pastagem. A gente vê que, de fato, há um investimento”, diz Ane Alencar, diretora de Ciência no IPAM e coordenadora do Monitor do Fogo.

O que está por vir em setembro

Agosto e setembro são os meses em que ocorre o auge da estação seca em algumas regiões do país. Pesquisadores antecipam que os números do próximo mês podem ser ainda maiores para os biomas Amazônia e Cerrado.

“Apesar da área queimada de janeiro a agosto no Brasil ter sido menor que a área queimada em 2021 no mesmo período, infelizmente, estamos esperando uma área ainda maior atingida pelo fogo no país para o mês de setembro, novamente na Amazônia e no Cerrado. Confirmaremos essa projeção nas próximas semanas com o mapeamento do Monitor do Fogo para o mês de setembro”, indica Vera Laísa Arruda, pesquisadora no IPAM e no Monitor do Fogo.

Sobre o Monitor do Fogo

Monitor do Fogo é a primeira versão do mapeamento mensal de cicatrizes de fogo para o Brasil, abrangendo o período a partir de 2019, baseado em mosaicos mensais de imagens multiespectrais do satélite Sentinel 2 com resolução espacial de 10 a 20 metros. Todo o processo foi realizado de forma colaborativa entre as instituições da rede MapBiomas e utilizando algoritmos de aprendizado de máquina (deep learning) por meio da plataforma Google Earth Engine e Google Cloud Storage que oferecem imensa capacidade de processamento computacional e em nuvem.

O MapBiomas é uma rede de instituições que envolve ONGs, universidades e empresas de tecnologia dedicadas a mapear e entender a dinâmica do uso da terra no Brasil. Para o Monitor do Fogo, o IPAM realizou o desenvolvimento tecnológico e operacional. Equipes de especialistas em cada bioma realizaram amostragem, avaliação e refinamento do mapeamento: IPAM para os biomas Amazônia e Cerrado; SOS Pantanal/ArcPlan para o bioma Pantanal; Geodatim para o bioma Caatinga; SOS Mata Atlântica/ArcPlan para o bioma Mata Atlântica; e Geokarten para o bioma Pampa.