Faça o que eu falo, mas não o que eu faço. Ou como a oposição foi o maior aliada de Wladimir Garotinho

falo faço

Por Douglas Barreto da Mata

Este texto não procura diminuir as qualidades eleitorais e da gestão municipal, apesar de eu achar que há muita coisa a ser feita.  Nada disso.  No entanto, não é possível ignorar a capacidade de articulação política do atual prefeito, a forma como entendeu a carência deixada pelo seu antecessor, Rafael Diniz, O Incapaz, e mais, como dominou a comunicação de si mesmo, e do seu governo.

Não posso afirmar se Getúlio (Vargas) criou a obrigação de colocar o quadro do mandatário (no caso dele, presidente) nas repartições públicas, mas ficou para a História o jingle da sua campanha de 1950:  (bota o retrato de Velho outra vez/Bota no mesmo lugar/O sorriso do velhinho faz a gente trabalhar, letra de Francisco Alves). 

Essa musiquinha dava contorno à concepção da onipresença, como se a imagem conferisse um olhar do líder sobre seus subordinados, compelindo-os a executar suas tarefas.  Ou seja, o líder cuida de todos, mas a todos observa.  Em tempos de rede social, a tarefa de se fazer presente se torna um pouco mais fácil. 

Nos tempos do pai do atual prefeito, o ex-Governador Garotinho, essa maneira de agir se manifestava em presença física em obras, escolas, etc, e justiça seja feita, o filho Wladimir ainda guarda essa rotina, para além da presença virtual nas redes sociais.

Zezé Barbosa, avô de Rafael Diniz, preferia madrugar no “triturador”, instalação usada para moer ossos em um antigo matadouro, convertida como instalação da prefeitura, ao lado do cemitério do Caju, de onde o então prefeito despachava desde muito cedo.

Essa conjugação de fatores (presença, marketing pessoal de rede e fracasso do antecessor) porém, não deve ser a única explicação, eu presumo, para tanta vantagem de Wladimir sobre os oponentes.

Como o título já entrega, a fragilidade, ou pior dizendo, a indigência intelectual dos opositores ajudou, e muito!  Vejam o caso do PT.  Primeiro, sob as ordens do grupo político que tem no presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) seu comandante, manteve a tese de que a deputada Carla Machado poderia ser candidata, ainda que até as pedras do Cais da Lapa soubessem que não.

A justificativa?  Mesmo na impossibilidade, a projeção do nome dela faria com que houvesse um capital político acumulado, que poderia ser herdado por quem ocupasse a vaga de dublê da deputada.

Bem, se foi isso, alguém tem que reclamar com o roteirista desse filme, que neste caso, dizem foi o pessoal do “Sou Feijó, mas Voto PT”, personificado em ninguém menos que Luciano D’  Angelo, considerado um dos alquimistas da político local, mas que, ao que tudo indica, perdeu um pouco a mão na dose de antigarotismo.

Além do constrangimento ao candidato, Jefferson, que sempre foi visto, e sempre se sentiu como um estepe, o tal capital político desejado (votos de Carla Machado) migrou sim, mas para o centro (Wladimir) e para a extrema direita (delegada), por um motivo simples: esse é o perfil do eleitor de Carla, a direita, conservadora, que enxerga nela um tipo de matriarca de São João da Barra.]

Pois bem, os tropeços e vergonhas se acumularam, com Jefferson debatendo dados do IDEB, mesmo com todas as evidências em seu desfavor, tingindo a campanha do PT de um negacionismo só visto nos piores tipos da extrema-direita, pois atacou, alucinadamente, dados de uma medição promovida pelo governo federal, que sabemos, hoje é liderado pelo PT.

Se já não fosse suficiente, Jefferson ainda teve que encarar o constrangimento de ter seu trágico desempenho nos índices de avaliação (ENEM-ENAD) trazidos ao público, já que em sua gestão a colocação do IFF Norte Fluminense despencou. 

O outro vexame se deu pelo fato de o PT funcionou como cavalo de aluguel da candidatura da extrema-direita, e essa certeza veio quando Jefferson tentou, de forma criminosa, criminalizar a campanha de Wladimir, inferindo que o prefeito tivesse vínculo com as supostas condutas ilícitas, atribuídas a um vereador, candidato à reeleição.  Logo o PT, querendo atacar e “lawfare”sendo o PT uma das grandes vítimas da ditadura das togas(Faça o que eu falo, não faça o que faço.)  Não ficaram só para o PT as trapalhadas.

O pessoal da candidata delegada também se esmerou. Primeiro a abordagem raivosa, quase bélica, contra um prefeito bem avaliado, com fama de bonachão e gente boa.  O episódio de um deputado estrangeiro ofendendo a primeira-dama foi o clássico tiro no pé, ainda mais para alguém que tem no seu único ítem no currículo a passagem pela DEAM. 

(Faça o que falo, não o que faço).

Ao invés de trazer debates necessários, a campanha da delegada preferiu o caminho do desgaste da imagem do atual prefeito, sem considerar o óbvio: na atual conjuntura, lendo as mesmas pesquisas qualitativas que, por certo, todos os grupos políticos têm acesso (ou deveriam), já deveria estar claro que essa tática não levaria a lugar algum.

O eleitor de Wladimir não identifica os erros como sua responsabilidade por dois motivos:  Wladimir conseguiu fazer com que parte dos erros sejam entendidos como resultado da gestão passada (o que é correto), mas principalmente, porque ele mesmo, Wladimir, tomou da oposição a narrativa desses erros, quando admite as suas existências, e diz que só ele poderá acertar no próximo mandato.

Isso só foi possível, como já dissemos, porque ele construiu uma relação bem sucedida com o eleitor, atributo pessoal dele, e que supera qualquer argumentação em contrário.

Restava à oposição falar daquilo que não se fala, mas aí faltou, do lado petista a coragem, e talvez também houvesse o impedimento pela estranha aliança com a extrema-direita, que interditou, por exemplo, uma discussão sobre tributos, questões fundiárias urbanas e rurais, ambiente, etc.

Já no caso da extrema-direita, esta agenda nunca seria trazida ao centro do debate, por questões óbvias.  Assim, o prefeito “cercou por todos os lados”, como se dizia na contravenção, antigamente. 

Claro que tudo isso foi salpicado com passagens grotescas, porém bem-humoradas, ao contrário do triste episódio do deputado alienígena ofendendo a primeira-dama, ao lado de uma sorridente delegada da DEAM.

Teve também, por exemplo, a piada que foi a representação pela censura de um boneco, o Wladinho.  Ao morderem a isca e passarem ao ataque a uma referência, os opositores mostraram o quanto perdidos estão.  Sim, a metalinguagem transferida ao boneco é um truque antigo, mas ainda hoje, como vemos, é super eficiente.

Para responder a uma metáfora, só outra.

Não se responde a um boneco com fala de gente, formal, séria…você responde a um boneco com a mesma linguagem, no mesmo campo do humor e da jocosidade.  Atributos que não se encaixam no raivoso figurino da extrema-direita, e como também já falamos, foi a escolha desde o começo.

Já no campo dos debates, assistimos a um vídeo cansativo da deputada Carla Machado, deitando longos minutos de falação, enquanto suas mãos repousavam sobre um tipo de diploma ou título, como se a conferir respeitabilidade à interlocutora, um tipo de chancela.

Aquilo que ela prega aqui, para Campos dos Goytacazes, a candidata dela em SJB não pratica, ou seja, lá em São João da Barra, Carla Caputi, favorita à reeleição e apoiada por Carla Machado, não vai fazer debate com o opositor.

(Faça o que falo, não o que faço).

Como ato de “grand finale”, a deputada Carla Machado deu a facada final na moribunda campanha de Jefferson do PT, ao declarar apoio à delegada candidata.  Matou duas campanhas com uma paulada só. Talvez nem se ela desejasse tal consequência, ela teria tanto êxito, a deputada.

Ao aderir à delegada, talvez tenha tirado qualquer chance de que ela (a delegada) fizesse um pouco mais de votos, e assim se revelasse como um quadro político relevante para o futuro próximo.

Eleitores de direita e de extrema-direita da delegada, provavelmente, não engoliram essa união, e se não migraram para o campo dos brancos e nulos, ainda podem fazer o pior, e votar em Wladimir.

Quanto ao Professsor Jefferson, eu nem sei ao certo, talvez essa “facada” fosse a deixa para ele retirar a campanha, e se poupar um pouco da extrema vergonha que se fez passar, em um auto flagelo poucas vezes visto na História.

Quem sabe faltou ensaio, e ele não seguiu o roteiro?  Por último, e não menos importante, nestes últimos dias, a oposição se superou.  É claro que é leviano dizer que o time da delegada tenha censurado a publicação dos resultados da pesquisa Paraná/O Dia.

Não acho que um veículo com a dimensão do O Dia aceite fazer um papel tão rasteiro.  Porém, as más línguas (sempre elas) juram que essa censura pode ser verdade, pois a situação é ainda mais grave.

O resultado não seria apenas uma confirmação do quadro anterior, mas traria notícias ainda piores, ou seja, confirmava a tendência de queda já observada.

Alguns se perguntam, atônitos:  Uai, se eles dizem que pesquisas não importam, e que o resultado que importa é o dos urnas (e é verdade), por que tanto trabalho para esconder os resultados (negativos) da pesquisa?

(Faça o que falo, não o que faço). 

Outros ainda mais maldosos dizem que a debandada de eleitores da delegada levou o comando da campanha a gestos desesperados, como a contratação de milhares de pessoas para empunhar bandeiras pelas ruas, para dar ideia de volume (e vitória). O evento pode ser chamado de Invasão dos Bandeirantes.

Mesmo assim, o efeito parece ser o contrário, e há a nítida impressão de que os bandeirantes aceitem a remuneração, mas votem no atual prefeito, o que não seria inédito na história e anedotário eleitoral.

Como a última pesquisa foi, de fato, censurada, o que fica é a especulação, a quiromancia estatística.

Eu lembro do sincericídio de Rubens Ricúpero, chanceler do Itamaraty nos tempos de FHC, falando das estratégias de marketing do Plano Real, que foi capturado antes da entrevista, mas vazado, para desespero dele:  “O que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde”.

 
 
 
 

Eleições/2024 em Campos com cara que caminham para WO. Mas também com essa oposição….

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Por Douglas Barreto da Mata

O ciclo de poder instalado em 1989, no movimento político denominado Muda Campos parece ter reciclado suas forças e seu apetite por hegemonia, certo? Mais ou menos.Na verdade, aquele grupo político amplo, um arco de alianças de forças anti oligárquicas, naquele momento representado pelo usurpador Zezé Barbosa, não é o mesmo que hoje ocupa a prefeitura da cidade e se candidata a novo mandato.

Primeiro uma explicação para o adjetivo a Zezé Barbosa. Sua chegada ao comando do executivo local se deu como um golpe, uma usurpação promovida graças às mudanças antidemocráticas promulgadas pelos gorilas de 1964, quando o mais votado, José Alves de Azevedo, PTB, não foi empossado.

O resto é  história, banquinhos de praça, Jaqueira, triturador e ruas calçadas apenas  onde só moravam aliados.

Pois bem, voltando ao tema, parece que desde a criação do grupo Muda Campos, depois convertido no garotismo, personificado naquele que foi seu expoente máximo até aqui, não houve na planície grupo político que enfrentasse ou ameaçasse a hegemonia do time da Lapa.

Mesmo os opositores que chegaram a ocupar a prefeitura, por eleição e/ou impedimento dos mandatários, sejam Carlos Alberto Campista, Mocaiber, Arnaldo, Roberto Henriques, etc, todos eles derivam da matriz garotista. Isso é fato.

Não houve movimento político original de enfrentamento, salvo a tragédia Rafael Diniz, por ironia, neto de Zezé Barbosa, ele mesmo, o oligarca usurpador.

No entanto, o quadriênio de Rafael é um momento único da conjuntura: Lava jato reproduzida na planície, turbinada pelos impulsionamentos de redes sociais, até então uma novidade, e a coesão de sempre da mídia comercial anti garotista.Tudo isso junto para criminalizar e explorar ao máximo as intempéries do ex-governador e seus correligionários.

A devassa patrocinada pela inquisição goytacá parecia ter sepultado o grupo garotista, e aberto uma janela histórica para todos os setores do anti garotismo, desde os nanicos do PT até os setores ultra conservadores de sempre, que apesar de terem sido sempre contemplados pelo garotismo, sempre odiaram seu viés popular.

A administração Rafael Diniz foi um desastre, que somado à pandemia, colocou a cidade de joelhos. O desmonte da rede social de apoio aos mais pobres,  destruição dos equipamentos públicos de serviços, em meio ao caos humanitário, e enfim, a diminuição de receitas, criaram a tempestade perfeita.

Resultado?  vO segundo turno da eleição de 2020 teve o embate entre os dois herdeiros do garotismo, mesmo que separados, na época (hoje novamente juntos), por circunstâncias pessoais dos seus líderes.

Rafael e o movimento que ele representava foram colocados no lixo da história, apesar de que o conservadorismo embutido tanto no time de Rafael, quanto de Caio ou Wladimir seja quase comum a todos eles.

A desastrosa administração de Rafael foi a principal força para eleição do atual prefeito.  Mas não é só isso.  A oposição, ou pelo menos, aqueles que reivindicam essa condição, não se desvencilhou dos efeitos desse péssimo governo, e seguem agindo como se estivessem em 2016.  Nenhum deles entendeu o momento histórico e a capacidade de renovação proporcionada pelo atual prefeito, quando estabeleceu uma forma de interlocução diferente de seu pai, o ex governador.

Rafael foi abatido porque governou olhando para o retrovisor, com o objetivo de apagar as marcas do garotismo, sem, no entanto, oferecer algo mais promissor que o arrocho fiscal dedicado a retirar, ainda mais, dos pobres para dar aos ricos.  Austericídio é o que Rafael Diniz cometeu.

A oposição de hoje não sugere que tenha aprendido nada como 2016 e 2020.  Tudo indica que o prefeito Wladimir Garotinho se reeleja com mais de 70 % dos votos válidos e consiga ganhar em todas as seções eleitorais.  E isso não só porque ele tem qualidades, ele tem. É porque a oposição é muito ruim, e não disse até agora a que veio.

Eleições 2024. Cenários e perspectivas para Campos dos Goytacazes

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Por Douglas Barreto da Mata

Ninguém ousa duvidar de números e da ciência estatística. Guardadas as margens de erro, o fato é que a ciência estatística tem considerável margem de acerto, que se eleva devido a um truque sutil. Usar a prospecção de um momento ou de uma conjuntura, e dar a esse evento um caráter profético.

A chamada previsão auto-realizável, ou, como o nome de um dos institutos de pesquisa sugere: futuro pré-fabricado (Prefab future). A enorme vantagem de Wladimir Garotinho sobre seus concorrentes não é irreal.  Ela existe e reúne em si (esta vantagem) um conjunto de circunstâncias: o enorme carisma do prefeito e sua habilidade em manejar suas redes sociais,  o bom governo, ainda mais se comparado à tragédia anterior de Rafael Diniz,  a capacidade em circular entre forças políticas distintas, desde PT até o Bolsonarismo.  E claro, o bônus de herdar um sobrenome com imenso recall entre as camadas mais pobres.

Porém, não são apenas as qualidades dele que sobressaem. A incapacidade da oposição é um fator crucial. Desde a derrota do governo Wladimir, na desastrada antecipação da votação para presidência da Câmara, em 2021, quando o grupo liderado por Marquinhos Bacellar conseguiu criar um embaraço real ao governo que começava, nunca mais, a partir daí, a oposição conseguiu sequer arranhar o governo.

Não rimaram ré com cré, parecem sem rumo, um bando disperso, sem liderança. Dentre os principais fiascos, o Impasse da LOA, a CPI da Educação, culminando com a perda da maioria, a oposição patina.  Hoje, a Câmara tem uma rejeição ainda maior àquela já normal aos parlamentares. 

Pesquisas não divulgadas indicam que a preferência do eleitor pelo presidente da Câmara, se ele fosse considerado como candidato a prefeito, caiu de 6% para 2%, durante estes embates até aqui.  Se é verdade que a presidência da Alerj elevou Rodrigo Bacellar nas divisões da política nacional, é certo que isso não se repercute em Campos dos Goytacazes.

Tentaram emplacar, ou tentam emplacar uma candidata mulher, orientados por sondagens que indicam que esse flanco seria o único com alguma chance. Nada. A candidata que tem mais intenções está inelegível, e ponto. Colocam-na apenas para tentar fazer a chamada candidatura-cavalo (na tradução da umbanda, cavalo é quem recebe a entidade).

A tática é explorar as intenções de voto da deputada petista, mesmo que o registro seja negado, colocando uma substituta para “incorporar os votos” da deputada. Dizem que será Elaine Leão do sindicato dos servidores. Jefferson foi preterido, dizem, porque não aceitou o jogo. Esta alternativa (Elaine dublê de Carla Machado) não se concretiza só pela questão do prefeito itinerante. 

Mesmo que houvesse entendimento diverso, este não pode fazer efeito para esse próximo pleito, pois há um prazo mínimo para tanto. Ainda que a deputada estivesse apta, seu capital eleitoral é reduzido, olhando os dados, ao centro da cidade e setores da baixada. Apesar de seus correligionários, como era de se esperar, dizerem o contrário. Ela detém o que se chama de voto de vizinhança, como acontece com alguns políticos que orbitam entre a capital do Rio e suas zonas metropolitanas, principalmente, a baixada. Tendo sido prefeita de São João da Barra, cidade-veraneio de boa parte da classe média e classe C de Campos, é normal que ela tenha alguma votação por aqui. Ao mesmo tempo, ela captura uma parte do antigarotismo, hoje já parcelada com a delegada e outros candidatos. É só.

A pulverização pretendida pela oposição parece ter explodido dentro das linhas da oposição. Pulverizou os votos deles, e cristalizou a liderança do prefeito.

Chama atenção que, mesmo muito menos exposta que o prefeito, para o bem e para o mal, tenha ele uma rejeição quase idêntica à dela, ou seja, é claro que isso indica que, sendo muito menos conhecida, sua rejeição é muito maior.

Em outras palavras, quem tem 18% de intenções de voto e 8% de rejeição, tem quase metade de rejeição em relação a intenção de voto. Já o prefeito tem 53% e 9% de rejeição, isto é, um sexto de rejeição aproximados, relativos aos votos declarados.

Alguns correlegionários da deputada falam que o prefeito estaria próximo do teto, mas olhando os dados comparados entre votos e rejeição, a deputada parece bem mais limitada que ele. O mesmo pode se dizer da delegada, pois sua rejeição, aparentemente baixa, chega próxima à metade das suas intenções. Sendo um pouco cruel, podemos concluir que são pouco rejeitadas porque pouco conhecidas.

Outro dado, na espontânea, o prefeito mantém-se acima de 50%, e ela despenca das suas intenções para próximo de 3%.

Existe outro dado que foi avaliado de forma enviesada. Trata-se do percentual de indecisos, algo como 40%. Se considerada a série histórica, os indecisos ficaram entre 25 a 30%. Ou seja, a margem de disputa estará entre 10 a 15% de indecisos, e não 40%, como argumentam os que torcem pela deputada/sindicalista.

Na referida pesquisa, outro truque: colocar o nome da deputada na cabeça do questionário, o que eleva as intenções de voto em 2 a 4%. 

Esses números podem mudar? Sim, mas a pergunta honesta a se fazer é: o prefeito tem mais chance de fazer a previsão virar fato, ou a oposição tem mais chance de transformar o futuro, que parece pré fabricado?

Cenas da 25a. edição do “Grito dos Excluídos”

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Apesar das dificuldades criadas pela pandemia da COVID-19 para a ocorrência de aglomerações humanas (que não seja aquelas vistas nas praias cariocas e paulistas, quer dizer), hoje ocorreu mais uma edição do “Grito dos Excluídos” que é realizado pelo Brasil afora desde 1995 (ver imagens abaixo).

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Essa ação organizada por movimentos que contaram com a participação de ativistas e lideranças políticas é uma clara sinalização de que há em curso a construção de uma forte oposição às políticas ultraneoliberais do governo Bolsonaro/Guedes, o que deverá ficar mais evidente após a pandemia da COVID-19.

Gol da Oposição

 Aprovada emenda que destina 6% das receitas próprias do governo estadual para as universidades estaduais!

A manhã desta segunda feira (23) foi acalorada na Alerj. Conseguimos aprovar a emenda do deputado Comte Bittencourt que destina 6% das receitas próprias do governo estadual para a Uerj, Uezo e Uenf.

Sistematicamente a base do governo ganha as votações na Assembleia. Hoje, a oposição conseguiu marcar esse gol. Foi quase na trave: alguns deputados quiseram fazer manobras para anular a aprovação da emenda. Freixo e outros parlamentares da oposição se mantiveram firmes.

E a base do governo perdeu. Grande vitória da educação pública de qualidade!

>> Agora, o texto vai para a sanção do governador. É fundamental a pressão popular para que Pezão não recue nessa conquista de todos nós!

FONTE: ‪#‎AscomMarceloFreixo‬

Oposição em Campos: velocidade de lebre para responder provocação, velocidade de tartaruga para criar alternativa política viável a Anthony Garotinho

Eu raramento me dedico a falar da vida político-partidária em Campos dos Goytacazes. Aliás, faz tempo que acho a situação para o grupo do ex-deputado Anthony Garotinho anda tão “dominada” que ele mesmo raramente se ocupa de fazer o que o seu filho Wladimir fez recentemente, qual seja, enfiar o dedo na ferida dos vários agrupamentos que se pretendem oposição ao seu domínio na Prefeitura de Campos dos Goytacazes.

Mas eis que estou acompanhando uma saraivada de respostas tão rápidas quanto duras à previsão que o jovem Garotinho fez sobre a viabilidade eleitoral das candidaturas da dita oposição. Eu chego quase a ficar impressionado com tanta energia e ira que os diversos e múltiplos respondentes vem empregando para falar o contrário do que disse Wladimir Garotinho. 

O problema é que ao se andar pela cidade de Campos, como eu faço regularmente, o que eu vejo é uma profunda antipatia pelo governo estadual e uma aceitação tácita, ainda que muitas vezes desiludida, do fato que quem manda na política local é Anthony Garotinho.

Desta forma, há que se reconhecer a habilidade de Anthony Garotinho de nem precisar se expor ao debate local, deixando para a oposição a cargo daquele filho que nem candidato será. 

Mas o mais lamentável é que a oposição demonstre uma velocidade de lebre para responder a um simples prognóstico sobre chances eleitorais, e utilize a velocidade de tartaruga para apresentar um programa de ação política que nos retire da mesmice que mistura discursos virulentos com inação. 

Aliás, quem precisar se inspirar nas aflições que a maioria da população vive cotidianamente, basta marcar um ato público na Rodoviária Roberto Silveira. É que lá se misturam todos os dias milhares de trabalhadores que voltam para suas casas após longos dias de trabalho numa atmosfera onde não se sabe o que fede mais, o canal Campos-Macaé ou os banheiros da própria rodoviária.

Petrobras suspende militante de oposição por conflito em que foi agredido

 

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A foto acima mostra o resultado da agressão que sofreram dois empregados da Petrobras que militam na oposição petroleira ao Sindipetro NF num conflito com membros da diretoria do sindicato no dia 10 de janeiro no aeroporto de Macaé. Pois bem, acabo de ser informado que um deles, Jean Michel, recebeu uma suspensão de dois dias como forma de punição por esse incidente.

Afora o problema de que o agredido é que foi punido, fica a pergunta sobre quem entregou os nomes dos militantes de oposição envolvidos na confusão à Gerência Geral de Operações de Exploração e Produção da Bacia de Campos a quem eles estão funcionalmente subordinados.

Agora, o mais lamentável é que fica claro que além de se preocupar em vencer eleições em ambiente conflagrado, os militantes da oposição ainda tenham que se preocupar sobre se serão punidos pela Petrobras que, pelo menos neste caso, já parece ter escolhido o seu lado preferido.

Mídia e oposição engrossam o falso e fiscalista coro conservador pra encurralar governo

Por Paulo Passarinho

O Banco Central voltou a elevar a taxa Selic, a taxa básica de juros, dando sequência a um processo iniciado em abril desse ano. Na ocasião, a Selic estava em 7,25% ao ano e foi elevada para 7,5%. Agora, esta taxa chega a 10%, após seis consecutivas elevações.

Com essas medidas, somos o país que mais elevou a sua taxa básica de juros ao longo de 2013 e nos mantemos como o país com a mais elevada taxa real de juros, do mundo. Uma brutal contradição, para um país que, segundo o próprio governo, necessita “acelerar o seu crescimento econômico”. Afinal, o custo do dinheiro não é uma variável fundamental para o maior, ou menor, incentivo a novos investimentos produtivos?

Mas, as contradições não se limitam a esse ponto. O processo de elevação da taxa Selic foi iniciado sob o pretexto de se combater a inflação. Contudo, esse tipo de “solução” para o problema inflacionário está vinculado, tecnicamente, a problemas decorrentes da existência de uma suposta pressão de demanda.

No caso brasileiro atual, não há indicadores que possam nos assegurar que haja uma pressão das famílias, dos governos ou das próprias empresas que não esteja sendo possível de ser atendida pela estrutura de oferta que temos hoje.

Não fosse isso, como explicar, por exemplo, os níveis de ociosidade da indústria ou o estoque de terras disponíveis para utilização produtiva ou para um mais adequado aproveitamento econômico? As razões da existência de pressões inflacionárias permanentes em nossa economia estão vinculadas, de forma mais precisa, à dependência de produtos e insumos importados (completamente sensíveis à taxa de câmbio), ao heterogêneo e diversificado setor de serviços (muito sensível aos reajustes reais do salário mínimo) e aos eternos desequilíbrios e tensões de uma economia extremamente oligopolizada, pelo lado da oferta.

Com um elevado grau de concentração da renda e poder de mercado nas mãos de uma minoria e uma massa de pequenos e médios produtores ao lado de consumidores com níveis de renda muito baixos, o conflito distributivo é permanente. Os agentes econômicos mais poderosos querendo manter a ferro e fogo as suas privilegiadas posições de ganho no jogo econômico, e um gigantesco universo de agentes econômicos buscando ampliar a sua participação no bolo econômico, de acordo com as oportunidades que vão se abrindo, mas sempre de forma ávida e rápida. Afinal, para essa maioria, os níveis de remuneração e ganhos possíveis são quase sempre instáveis e temporários, no contexto de uma economia que se concentra cada vez mais.

Mas, a grande ou maior contradição dessa reiterada política de juros altos – que, junto com a valorização do real frente ao dólar, é característica do modelo econômico em curso no Brasil, desde o Plano Real – é a nossa situação fiscal.

Estamos assistindo a uma enfadonha polêmica envolvendo o governo, a oposição de direita e a mídia dominante sobre uma suposta leniência com as chamadas metas de superávit fiscal. O vilão seria o governo. A oposição de direita, em coro com os analistas econômicos da mídia e dos bancos, acusa o governo de perdulário, de deixar as despesas correntes do governo se elevarem, de não enfrentar – mais uma! – a reforma do sistema previdenciário, além de outras baboseiras.

O raciocínio circular, que procura dar racionalidade a essa crítica de natureza fiscal, e falsa, alega que na medida em que o governo mostra fraqueza em cortar despesas – especialmente, despesas correntes – e, ao invés de ampliar o superávit primário, diminuí-lo, os credores do governo veem com cada vez maior desconfiança a elevação da dívida bruta do Tesouro e passam, por isso, a cobrar taxas de juros cada vez mais elevadas, para o refinanciamento desta própria dívida.

O sofisma desta argumentação é que o fator mais dinâmico do endividamento público é justamente a despesa corrente com o pagamento de juros! A contenção de todas as demais despesas correntes e de investimentos é realizada justamente para – teoricamente – se pagar cada vez mais parcelas da dívida em curso, “sem se gastar mais do que se arrecada”, e assim, diminuir o endividamento do Estado. E é isso que, intensivamente, estamos fazendo desde o acordo com o FMI, em vigor a partir de 1999. Há 14 anos, portanto.

Entretanto, desde então, a dívida jamais deixou de crescer de forma espetacular. Em valores nominais e levando-se em conta o volume de títulos públicos nas mãos do Banco Central – para as operações de curto-prazo – e dos credores da dívida pública, o valor desta dívida saltou de R$ 344 bilhões para mais de R$ 2,8 trilhões, de acordo com os dados disponíveis até o mês de setembro desse ano; em percentuais do PIB, a evolução do endividamento foi de 35% para 64%. São dados, portanto, que evidenciam que o motor do endividamento não está relacionado ao fato de o governo gastar mais do que arrecada, com as suas despesas com a manutenção da máquina pública, remuneração dos seus servidores, investimentos ou pagamento de obrigações constitucionais, como é o caso das aposentadorias e pensões do INSS.

Curiosamente, a despesa corrente que desequilibra as despesas públicas é o pagamento dos juros, jamais questionado pelos economistas e analistas vinculados à defesa do modelo macroeconômico defendido pelo sistema financeiro. É como se este tipo de despesa fosse “natural”, impossível de ser questionada. E o motor dessa despesa é a taxa de administração da dívida pública, sempre igual ou superior à própria taxa Selic. Desse modo, por mais que “economizemos” recursos para a formação do superávit primário, vamos continuar a observar a elevação do endividamento público, com todas as manipulações interpretativas que temos visto ao longo de todos esses anos. Além, é importante frisar, das inúmeras ilegalidades cometidas pelo Banco Central, conforme demonstrado no relatório alternativo da CPI da Dívida Pública, elaborado pelo deputado Ivan Valente, do PSOL-SP, e presidente desta importante iniciativa parlamentar, concluída em 2010.

Paulo Passarinho é economista e apresentador do programa de rádio Faixa Livre.

FONTE: http://www.correiocidadania.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=9126%3Amanchete291113&catid=34%3Amanchete&