Eleições 2024. Cenários e perspectivas para Campos dos Goytacazes

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Por Douglas Barreto da Mata

Ninguém ousa duvidar de números e da ciência estatística. Guardadas as margens de erro, o fato é que a ciência estatística tem considerável margem de acerto, que se eleva devido a um truque sutil. Usar a prospecção de um momento ou de uma conjuntura, e dar a esse evento um caráter profético.

A chamada previsão auto-realizável, ou, como o nome de um dos institutos de pesquisa sugere: futuro pré-fabricado (Prefab future). A enorme vantagem de Wladimir Garotinho sobre seus concorrentes não é irreal.  Ela existe e reúne em si (esta vantagem) um conjunto de circunstâncias: o enorme carisma do prefeito e sua habilidade em manejar suas redes sociais,  o bom governo, ainda mais se comparado à tragédia anterior de Rafael Diniz,  a capacidade em circular entre forças políticas distintas, desde PT até o Bolsonarismo.  E claro, o bônus de herdar um sobrenome com imenso recall entre as camadas mais pobres.

Porém, não são apenas as qualidades dele que sobressaem. A incapacidade da oposição é um fator crucial. Desde a derrota do governo Wladimir, na desastrada antecipação da votação para presidência da Câmara, em 2021, quando o grupo liderado por Marquinhos Bacellar conseguiu criar um embaraço real ao governo que começava, nunca mais, a partir daí, a oposição conseguiu sequer arranhar o governo.

Não rimaram ré com cré, parecem sem rumo, um bando disperso, sem liderança. Dentre os principais fiascos, o Impasse da LOA, a CPI da Educação, culminando com a perda da maioria, a oposição patina.  Hoje, a Câmara tem uma rejeição ainda maior àquela já normal aos parlamentares. 

Pesquisas não divulgadas indicam que a preferência do eleitor pelo presidente da Câmara, se ele fosse considerado como candidato a prefeito, caiu de 6% para 2%, durante estes embates até aqui.  Se é verdade que a presidência da Alerj elevou Rodrigo Bacellar nas divisões da política nacional, é certo que isso não se repercute em Campos dos Goytacazes.

Tentaram emplacar, ou tentam emplacar uma candidata mulher, orientados por sondagens que indicam que esse flanco seria o único com alguma chance. Nada. A candidata que tem mais intenções está inelegível, e ponto. Colocam-na apenas para tentar fazer a chamada candidatura-cavalo (na tradução da umbanda, cavalo é quem recebe a entidade).

A tática é explorar as intenções de voto da deputada petista, mesmo que o registro seja negado, colocando uma substituta para “incorporar os votos” da deputada. Dizem que será Elaine Leão do sindicato dos servidores. Jefferson foi preterido, dizem, porque não aceitou o jogo. Esta alternativa (Elaine dublê de Carla Machado) não se concretiza só pela questão do prefeito itinerante. 

Mesmo que houvesse entendimento diverso, este não pode fazer efeito para esse próximo pleito, pois há um prazo mínimo para tanto. Ainda que a deputada estivesse apta, seu capital eleitoral é reduzido, olhando os dados, ao centro da cidade e setores da baixada. Apesar de seus correligionários, como era de se esperar, dizerem o contrário. Ela detém o que se chama de voto de vizinhança, como acontece com alguns políticos que orbitam entre a capital do Rio e suas zonas metropolitanas, principalmente, a baixada. Tendo sido prefeita de São João da Barra, cidade-veraneio de boa parte da classe média e classe C de Campos, é normal que ela tenha alguma votação por aqui. Ao mesmo tempo, ela captura uma parte do antigarotismo, hoje já parcelada com a delegada e outros candidatos. É só.

A pulverização pretendida pela oposição parece ter explodido dentro das linhas da oposição. Pulverizou os votos deles, e cristalizou a liderança do prefeito.

Chama atenção que, mesmo muito menos exposta que o prefeito, para o bem e para o mal, tenha ele uma rejeição quase idêntica à dela, ou seja, é claro que isso indica que, sendo muito menos conhecida, sua rejeição é muito maior.

Em outras palavras, quem tem 18% de intenções de voto e 8% de rejeição, tem quase metade de rejeição em relação a intenção de voto. Já o prefeito tem 53% e 9% de rejeição, isto é, um sexto de rejeição aproximados, relativos aos votos declarados.

Alguns correlegionários da deputada falam que o prefeito estaria próximo do teto, mas olhando os dados comparados entre votos e rejeição, a deputada parece bem mais limitada que ele. O mesmo pode se dizer da delegada, pois sua rejeição, aparentemente baixa, chega próxima à metade das suas intenções. Sendo um pouco cruel, podemos concluir que são pouco rejeitadas porque pouco conhecidas.

Outro dado, na espontânea, o prefeito mantém-se acima de 50%, e ela despenca das suas intenções para próximo de 3%.

Existe outro dado que foi avaliado de forma enviesada. Trata-se do percentual de indecisos, algo como 40%. Se considerada a série histórica, os indecisos ficaram entre 25 a 30%. Ou seja, a margem de disputa estará entre 10 a 15% de indecisos, e não 40%, como argumentam os que torcem pela deputada/sindicalista.

Na referida pesquisa, outro truque: colocar o nome da deputada na cabeça do questionário, o que eleva as intenções de voto em 2 a 4%. 

Esses números podem mudar? Sim, mas a pergunta honesta a se fazer é: o prefeito tem mais chance de fazer a previsão virar fato, ou a oposição tem mais chance de transformar o futuro, que parece pré fabricado?

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