Para as petroleiras tudo, para a ciência nada: perfuração científica da Margem Equatorial é suspensa por falta de financiamento brasileiro

Pesquisa pioneira sobre mudanças climáticas perde apoio essencial para quatro expedições científicas

Um navio grande de casco azul com três plataformas navega em uma paisagem com montanhas ao fundo

Expedição utilizaria o navio Joides Resolution, referência mundial em pesquisas oceânicas – Foto: Divulgação/IODP

Por Jornal da USP

A Margem Equatorial Brasileira é uma região geográfica que vai do extremo norte do Amapá até o litoral do Rio Grande do Norte, abrangendo uma faixa costeira de mais de 2.200 km. Em meio às discussões sobre a exploração petrolífera no local, o projeto de pesquisa oceanográfica Paleoceanography of the Brazilian Equatorial Margin (PBEM-945) foi suspenso indefinidamente por falta da contraparte brasileira no financiamento.

Liderado pelo professor Luigi Jovane, do Instituto Oceanográfico (IO), e aprovado com excelência pelo International Ocean Discovery Program (IODP), o estudo faria parte da primeira expedição 100% brasileira no programa, que conta com participação de cientistas de vários países. “Estas expedições são comparadas a uma viagem à Lua em termos de resultados científicos e tecnológicos”, aponta Jovane.

O IODP é o maior programa internacional de perfuração oceânica, com participação de 25 países. Apresentado em abril de 2019 e aprovado com avaliação “excelente” pelo Scientific Evaluation Panel (SEP), o projeto visa a investigar as mudanças climáticas do Atlântico Equatorial ao longo de 80 milhões de anos, perfurando sedimentos em águas profundas entre as bacias do Ceará e Potiguar.

“Foram apresentadas 15 propostas de perfuração no Atlântico, destas apenas quatro foram aprovadas pelo IODP”, lembra o professor Farid Chemale, coordenador do INCT Atlântico. A expedição utilizaria o navio Joides Resolution, referência mundial em pesquisas oceânicas, com previsão inicial de acontecer entre 2022 e 2024. Segundo ele, “para trazer o navio para o Brasil, o país precisaria desembolsar cerca de US$ 15 milhões para financiar a nossa parte nas quatro expedições”.

Existem apenas dois navios capazes de fazer perfurações científicas em águas profundas. Além do Joides, os chineses também estão construindo um. “Mas ainda está em fase de testes”, diz Chemale, destacando que “se todos os memorandos de entendimento forem assinados com os chineses, se eles aprovarem nossos projetos e tivermos acordo das autoridades brasileiras em tempo recorde, o navio só chegaria ao Brasil em 2027/28.” Isso porque, desde de sua aprovação pelo IODP, as propostas de expedições brasileiras sofreram alguns revezes.

Primeiro, em 2020, o Estado-Maior da Armada da Marinha do Brasil decidiu que não ia liberar perfurações científicas na Margem Equatorial. Depois a Capes decidiu não assinar o acordo com National Science Foundation (NSF), dos Estados Unidos, para manter pesquisadores brasileiros nas expedições internacionais. E agora, mesmo com todos os agentes brasileiros tendo aprovado a perfuração (a Marinha e os Ministérios de Minas e Energia e o do Meio Ambiente), a solicitação da equipe de que recursos dos royalties do petróleo fossem disponibilizados para a pesquisa foi negada.

“Precisamos saber o que tem em termos de biodiversidade, os processos de sedimentação envolvidos na formação da Bacia do Amazonas, como o rio se formou e evoluiu nos últimos milhões de anos antes que a exploração do petróleo na área aconteça”, afirma o professor Jovane, lamentando a decisão. “As expedições que ocorreriam este ano são um marco para a ciências oceânicas brasileiras. A suspensão representa um atraso não apenas para a ciência nacional, mas para o entendimento global do clima tropical.”

A equipe busca alternativas de financiamento junto a agências nacionais e internacionais para reativar o projeto. Enquanto isso, cientistas alertam para o risco de o Brasil perder sua posição em programas de pesquisa de ponta.

*Texto adaptado do Centro Oceanográfico de Registros Estratigráficos (Core) do IO


Fonte: Jornal da USP

Formação acadêmica sólida versus a miragem da inovação: a importância da base conceitual e da pesquisa científica na formação dos estudantes

pensamento crítico

Magnum Bridaroleo Sender

A Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), criada por dispositivo constitucional em 1989, trouxe muitas expectativas para nossa cidade. Como morador, há mais de 50 anos, tenho acompanhado os inúmeros movimentos internos, bem como as questões que ultrapassam os limites da instituição ao longo dos seus 31 anos de funcionamento. Nesse contexto, observei que a universidade, historicamente pautada pela excelência acadêmica, parece enveredar por outros caminhos. Decidi, então, escrever um breve texto sobre o que considero a questão central: a formação de recursos humanos nos níveis de graduação e pós-graduação.

A formação conceitual, base de todo o conhecimento, é crucial para o desenvolvimento do pensamento crítico e da capacidade de análise. Sem uma base sólida de conceitos, torna-se difícil compreender a complexidade dos desafios contemporâneos ou propor soluções sustentáveis. A universidade, idealizada para o Terceiro Milênio, e orientada pelo rigor acadêmico, deve oferecer – principalmente – o ambiente ideal para que seus alunos e alunas construam esse alicerce essencial para qualquer avanço intelectual e científico.

Nos últimos anos, a palavra “inovação” tem sido amplamente difundida, ganhando uma aura quase mágica. Apresentada, inclusive, como solução para todos os problemas da sociedade, e, é vista como o caminho para o progresso e o motor do desenvolvimento econômico. No entanto, o que muitas vezes se ignora é que a inovação não surge do vazio. Para inovar, é necessário um profundo entendimento dos fundamentos que estruturam as áreas do conhecimento. Sem uma base conceitual sólida, a “inovação” corre o risco de se tornar apenas um modismo passageiro, sem impacto real e sem capacidade de transformação.

A verdadeira inovação ocorre somente quando combinada com uma pesquisa robusta e contínua dentro de uma instituição. Por isso, a formação básica na graduação e o seu aperfeiçoamento na pós-graduação devem ser preservados, sem a criação da falsa polêmica de que as universidades precisam formar empreendedores e inovadores. Pesquisar é questionar, buscar respostas para problemas complexos e construir novos caminhos a partir de uma base teórica sólida. Sem a pesquisa, não há inovação genuína, pois é ela que possibilita o avanço do conhecimento e a aplicação prática das descobertas em soluções transformadoras.

Devemos, portanto, olhar com cautela para promessas de inovação que desvalorizam a formação conceitual e a pesquisa científica. A inovação, para ser verdadeiramente transformadora, precisa caminhar lado a lado com o conhecimento profundo e o esforço investigativo.

Lista Qualis e a duvidosa qualidade dos critérios de qualidade

Critérios adotados para o sistema de avaliação de publicações científicas promovem distorções cujos impactos alcançam inclusive outras instâncias, como classificação de artigos de candidatos a concursos. Indicador deve ser visto como um meio, não um fim em si mesmo

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Por Marcelo Takeshi Yamashita para o “Jornal da Unesp”

A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC), tem, entre outras responsabilidades, a de zelar pela qualidade dos programas de pós-graduação brasileiros, o que implica a produção, ainda que de forma implícita, de juízos de valor sobre a qualidade da produção acadêmica e científica do país. Os rankings de pós-graduação publicados periodicamente pela Capes são aguardados com ansiedade, celebrados (e até temidos) por instituições públicas e privadas.

Os processos de avaliação utilizados valem-se de indicadores quantitativos e qualitativos que buscam trazer objetividade – números verificáveis e critérios bem-definidos – que, em tese, deixam de fora os preconceitos e favoritismos peculiares das pessoas físicas envolvidas na execução do processo. Um desses critérios é a lista Qualis, um ranking de classificação das revistas indexadas onde pesquisadores de instituições com pós-graduação publicam seus artigos.

No fim de 2022, a Capes anunciou que começaria a adotar uma nova lista, baseada na avaliação quadrienal 2017-2020. A despeito de os critérios de classificação terem mudado ao longo do tempo, não é de hoje que esse ranking de revistas científicas é alvo de críticas. Desta vez, a nova lista gerou reações negativas de pesquisadores de diversas áreas e a criação de um abaixo-assinado.

De acordo com a Capes, a lista Qualis é utilizada exclusivamente para avaliação dos programas de pós-graduação, sendo que o ordenamento das revistas é feito através da aferição das suas qualidades. O ranking classifica os periódicos científicos nos seguintes grupos (do melhor para o pior): A1, A2, A3, A4, B1, B2, B3, B4 e C. Artigos publicados em veículos que não constam da lista, ou em revistas do grupo C, são desconsiderados.

Um sistema que vincula a qualidade de um artigo científico unicamente ao local onde está publicado é bem questionável. O Clay Mathematics Institute é uma fundação privada de fomento a atividades que promovam a matemática. Dentre as suas ações está o pagamento de um prêmio de um milhão de dólares por cada solução de qualquer um dos “Problemas do Millenium”. Esses problemas, um total de sete, envolvem questões complicadíssimas relacionadas à matemática pura, alguns deles sem solução há mais de 100 anos.

Um dos problemas do milênio, a conjectura de Poincaré, foi resolvido em 2002 pelo matemático russo Grigori Perelman. O artigo, com a assinatura de Grisha Perelman, foi publicado no arxiv.org, uma base de acesso aberto onde pesquisadores publicam artigos ainda “crus”, para torná-los públicos antes de submetê-los a algum periódico científico. A complexidade da solução do problema fez com que levasse alguns anos para que a demonstração fosse reconhecida como válida pela comunidade de matemáticos. Mas, afinal, em qual revista Perelman publicou o artigo?

A resposta é: nenhuma. Grisha não somente não quis publicar em periódicos – preferiu compartilhar o conhecimento em uma plataforma de acesso aberto – como recusou prêmios do calibre da Medalha Fields (análogo ao Nobel concedido para a área de matemática). Este exemplo de Perelman (e existem outros) mostra que não há conexão intrínseca entre a qualidade de um artigo e o local de publicação.

Indicadores usados na definição e implementação de políticas públicas precisam (e isto deveria ser óbvio) ter validade – isto é, realmente medir o que se pressupõe que está sendo medido. Uma régua não é um instrumento válido para medir pressão atmosférica, por exemplo. Para o ranqueamento de revistas, porém, algumas comissões que elaboraram o ranking Qualis utilizaram o chamado Fator de Impacto (FI) – um parâmetro que não está relacionado à qualidade da revista.

O FI é um indicador bibliométrico que atribui um número ao periódico com base na quantidade de citações dos artigos publicados. O cálculo é feito tomando-se o total de citações, em determinado ano, dos artigos publicados nos dois anos anteriores, dividido pelo número de artigos publicados nesse mesmo período. Por exemplo:

A = Total de citações em 2020

B = Citações, em 2020, dos artigos publicados em 2019 e 2018 (subgrupo de A)

C = Artigos publicados em 2019 e 2018

D = B/C = Fator de impacto de 2020

O FI de uma revista pode ser definido por apenas uns poucos artigos que recebam muitas citações. Quando se assume o fator de impacto como representativo da qualidade de uma revista (pressupondo, por um momento, que o número de citações seja um indicador válido de qualidade, algo em si discutível) incorre-se em erro, pois boa parte dos artigos publicados naquele periódico sequer recebeu uma única citação.

Adotar o FI, ou outro fator estritamente numérico, pode gerar anomalias como a apontada pelo físico Silvio Salinas no Boletim da Sociedade Brasileira de Física, em 2009, no texto “Quo Vadis, Qualis?, do qual reproduzo alguns trechos a seguir:

“Francamente, acho que atingimos um limite perigoso, que coloca em risco o próprio conceito de avaliação. Por exemplo, o que significa classificar Physical Review D como A2 e Physical Review B como B1? Por acaso os particuleiros são melhores do que os solidistas? […] Acho que está na hora de refletir sobre essa numerologia, que pouco a pouco se acentua em todas as áreas, impulsionada pelas facilidades da informática e por uma vaga ideia de globalização”.

Apesar de as avaliações não utilizarem unicamente o FI para composição do Qualis, ele continua tendo um papel relevante na classificação dos periódicos. Ainda que haja a utilização de outros indicadores para o estabelecimento desse ranking, a avaliação qualitativa permanece comprometida. O problema de uma mesma revista ser classificada em estratos de Qualis diferentes, como apontado lá em 2009, ainda persiste (por exemplo, Physics Letters A é A3 e Physics Letters B é A2).

Poderíamos descrever longamente aqui os critérios Qualis das diferentes áreas de conhecimento – cada área tem os seus, e todos são passíveis de alguma crítica. Talvez isso mostre que existe um problema inerente ao modelo, que busca objetividade e pragmatismo em uma avaliação que deveria ser o oposto disso. Os indicadores deveriam ser utilizados como meio, e não fim. A avaliação da qualidade de um artigo vai muito além do local onde está publicado e demanda leitura atenta de alguém que tenha algum conhecimento da área de pesquisa.

Outro efeito colateral negativo da canonização de um ranking de revistas por um órgão como a Capes é a utilização dessa lista por outras instâncias e para finalidades para as quais ela não foi pensada. Utilizar o Qualis para avaliações individuais como, por exemplo, a classificação de artigos publicados por candidatos a concursos, atribuindo uma pontuação maior para uma publicação em Qualis A1 do que A3, pode acabar influenciando o direcionamento das pesquisas para periódicos mais bem avaliados, quando o que deveria ser levado em conta pelo pesquisador é a pertinência do artigo à revista.

Antes que a proposta de tornar as avaliações mais qualitativas seja vista como uma utopia, é importante lembrar que a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) solicita que em todos os pedidos de auxílio seja anexada uma súmula curricular do pesquisador. Neste documento deve-se constar uma lista de até cinco resultados de pesquisa mais relevantes e de maior impacto.

Uma iniciativa semelhante à da Fapesp poderia ser adotada para todas as avaliações, inclusive a dos programas de pós-graduação. Isso tornaria o trabalho dos avaliadores menos árduo e seria possível realmente avaliar a qualidade do que é submetido, reduzindo inclusive a dependência de indicadores externos – muitos deles, gerados por empresas que cobram para fornecer os números.

Recentemente, tomando como exemplo o modelo atual de orientação de alunos de doutorado, a Nature publicou um editorial defendendo a necessidade dos pesquisadores e das universidades se adaptarem às expectativas da sociedade. Sobre o Qualis, remeto novamente ao texto do professor Salinas: “Entretanto, nos dez anos de uso ele tem sido mudado para não mudar… Ou seja, o ‘sarrafo’ muda de posição, mas a lógica da avaliação continua a mesma, exacerbando a importância de um dos aspectos da pós-graduação e subjugando a relevância sob indicadores erigidos em critérios finais e únicos”. Isso foi lá em 2009. Será que estamos muito diferentes em 2023?

Marcelo Takeshi Yamashitaé assessor-chefe da Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp. Foi diretor do Instituto de Física Teórica (IFT) no período de 2017 a 2021.


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Este texto foi originalmente publicado pelo “Jornal da UNESP” [Aqui! ].

Epicovid19 anuncia próxima etapa da pesquisa nacional sobre coronavírus

Quarta etapa de testes rápidos para o coronavírus será realizada em 133 cidades entre os dias 20 e 23 de agosto com financiamento do programa Todos pela Saúde

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Agosto 2020 – A coordenação do Epicovid19-BR, estudo que estima o número de casos de infecção por coronavírus no Brasil, anuncia a realização de nova etapa de entrevistas e testes rápidos entre os dias 20 e 23 de agosto em 133 cidades distribuídas entre todos os estados brasileiros.

A continuidade do estudo, que teve três fases anteriores financiadas pelo Ministério da Saúde, tornou-se possível através de investimento do programa Todos pela Saúde, fundo criado pelo Itaú Unibanco para apoiar o enfrentamento da Covid-19 no Brasil em diversas frentes, entre elas, o suporte a iniciativas de pesquisa científica.

“Os números de casos de infecção, internações e mortes por coronavírus se mantêm altos dia após dia no Brasil. Neste momento, precisamos das melhores evidências para embasar ações, preservar a saúde e prevenir mortes evitáveis de brasileiros”, diz o epidemiologista e coordenador geral do estudo, Pedro Hallal.

A quarta etapa segue a mesma metodologia das três anteriores. Cerca de dois mil entrevistadores do IBOPE Inteligência voltam às ruas, entre os dias 20 e 23 de agosto, para visitar residências e realizar testes rápidos e entrevistas com 250 moradores em cada município incluído no estudo, totalizando amostra nacional de 33.250 participantes somente nesta etapa da pesquisa.

O Estudo de Evolução da Prevalência de Infecção por Covid-19 no Brasil (Epicovid19-BR), coordenado pela Universidade Federal de Pelotas, é a maior pesquisa populacional em andamento no mundo a estimar a prevalência de coronavírus. As três primeiras etapas, realizadas de 14 a 21 de maio, 4 a 7 e 21 a 24 de junho, entrevistaram quase 90 mil pessoas. Os dados inéditos permitiram conhecer o comportamento do vírus no Brasil.

Para cada diagnóstico confirmado pelas estatísticas, o estudo estimou que existem ao redor de seis casos reais não notificados. De cada cem infectados, um vai a óbito.

A pesquisa documentou que, em um mês, a prevalência dobrou na população: os percentuais passaram de 1,9% (1,7 – 2,1%, pela margem de erro), na primeira etapa, para 3,1% (2,8 -4,4%), na segunda, e alcançaram 3,8% (3,5 – 4,2%), na última etapa. Nesse mesmo intervalo, o distanciamento social (percentual de pessoas que ficam sempre em casa) caiu de 23,1% para 18,9%.

Os pesquisadores ainda identificaram a existência de “várias epidemias” em curso simultâneo no país, com diferenças entre as regiões brasileiras e desigualdades entre grupos étnicos e socioeconômicos. Enquanto, no Norte, 10% da população, em média, têm ou já teve coronavírus, no Sul, esse percentual está em torno de 1%. Em todas as fases da pesquisa, os 20% mais pobres apresentaram o dobro do risco de infecção em comparação aos 20% mais ricos. Além disso, indígenas tiveram um risco cinco vezes maior do que os brancos.

“Mostramos que os pobres e os indígenas são os grupos mais vulneráveis, que requerem ainda mais atenção de políticas de saúde pública”, diz Hallal.

A pesquisa também estimou que crianças têm a mesma chance de adultos para contrair o vírus e, diferente do que cogitava inicialmente a ciência mundial, cerca de 90% dos casos apresentam sintomas. Os cinco mais frequentes, relatados por cerca da metade dos entrevistados com anticorpos para a Covid-19, foram dor de cabeça (58%), alteração de olfato ou paladar (57%), febre (52,1%), tosse (47,7%) e dor no corpo (44,1%).

“Pessoas com perda de olfato e paladar, por exemplo, poderiam ser testadas e isoladas em caso de diagnóstico positivo, já que este sintoma foi cinco vezes mais frequente entre os casos positivos comparados aos negativos”, completa.

Como funciona a pesquisa

O estudo inclui a cidade mais populosa de cada uma das 133 regiões intermediárias do país, que são divisões do território nacional definidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A seleção das residências e das pessoas que serão entrevistadas e testadas ocorre por meio de um sorteio aleatório, utilizando os setores censitários do IBGE como base.

Durante a visita, os pesquisadores coletam uma gota de sangue da ponta do dedo do participante, que será analisada pelo aparelho de teste em aproximadamente 15 minutos. Em caso de resultado positivo, os profissionais comunicam a Vigilância.

O Epicovid19-BR tem aprovação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa e cumpre todos os requisitos de segurança necessários, para proteger os pesquisadores e a população.
Em caso de dúvidas, os participantes podem entram em contato para informações sobre as visitas às casas pelos telefones 0800-800-5000, (11) 3335-8583, (11) 3335-8606; (11) 3335-8610, ou pelos e-mails pesquisa.covid-19@ufpel.edu.br e pesquisa.covid-19@ibopeinteligencia.com.

Todos pela Saúde

Lançado em 13 de abril deste ano, o Todos pela Saúde teve uma porte inicial de R$1 bilhão, realizado pelo Itaú Unibanco. Com recursos administrados por um grupo de especialistas da área da saúde e ações estratégicas baseadas em premissas técnicas e científicas, a iniciativa se guia por quatro pilares de atuação: informar, proteger, cuidar e retomar.

O Todos pela Saúde é liderado por Paulo Chapchap, diretor-geral do Hospital Sírio Libanês, e conta também com a participação de Drauzio Varella, médico, cientista e escritor; Gonzalo Vecina Neto, ex-presidente da Anvisa; Maurício Ceschin, ex-diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde; Eugênio Vilaça Mendes, consultor do Conselho dos Secretários de Saúde; Sidney Klajner, presidente do Hospital Albert Einstein; e Pedro Barbosa, presidente do Instituto de Biologia Molecular do Paraná, instituição ligada à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Canais de comunicação

Pesquisadores da UENF convidam para pesquisa sobre animais de companhia em tempos de pandemia

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Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), que é liderado pelos professores Enrique Medina-Acosta e Isabel Candia Nunes da Cunha,  está realizando uma pesquisa científica sobre a saúde dos animais de companhia (PETs) durante e após a pandemia da COVID-19.

Para participar, basta preencher um formulário online que visa explorar a elegibilidade dos interessados para ser parte da pesquisa científica em questão.

Os pesquisadores informam que responder o questionário toma um total aproximado de 3 minutos.

O link do  formulário online  é https://bit.ly/2Z4OaLe

Para maiores informações acesse o site do  projeto no sentido endereço eletrônico: https://sites.google.com/a/uenf.br/petcovid19/

Em artigo na Science, pesquisadores denunciam ataques à pesquisas sobre biodiversidade no Brasil

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Em um artigo intitulado “Brazil’s government attacks biodiversity” publicado no dia de hoje pela prestigiosa revista Science, um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo, do Museu Nacional e da Universidade Federal do Rio de Janeiro denuncia um conjunto de medidas legais adotadas pelo governo federal que estariam sendo eles representando um profundo ataque à biodiversidade existente no Brasil (ver imagem abaixo) [1]. 

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O principal destes dispositivos seria o desconhecido Decreto 8.772 de 2016 que, por sua vez, regulamenta a Lei nº 13.123, de 20 de maio de 2015, que dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, sobre a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado e sobre a repartição de benefícios para conservação e uso sustentável da biodiversidade.

Segundo os pesquisadores, a enorme burocracia criada para dificultar a vida de quem trabalha com biodiversidade no Brasil, com o SisGen, CGen e outros sistemas, torna praticamente impossível a realização de pesquisas científicas, na medida em que recursos cada vez mais escassos vão ser consumidos com o registro de “cada espécimen, sequência de DNA, fotografia ou qualquer outra observação da biodiversidade brasileira, antes que se possa publicar apresentar em encontros científicos ou disseminar via veículos da mídia.”.

Os pesquisadores notam ainda que, paradoxalmente, atividades comerciais envolvendo a biota brasileira, tais como a exportação de peixes ornamentais, plantas e grãos não foram afetados por estas leis que colocam verdadeiros torniquetes sobre a atividade científica.

O risco, segundo eles, é que se torne impossível a realização de parcerias com pesquisadores estrangeiros o que, por sua vez, também resultaria numa perda de importantes colaborações que hoje tornam possível a ampliação do conhecimento científico sobre a rica biodiversidade brasileira.


[1] http://science.sciencemag.org/content/360/6391/865.1

Goiás sediará encontro sobre integridade científica em novembro

Interessados podem submeter trabalhos ao 4º Brispe até o dia 2 de agosto

Por BRUNO DE PIERRO

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A quarta edição do Meeting on Research Integrity, Science and Publications (Brispe) será realizada nos dias 17 e 18 de novembro na Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia. O encontro tratará do papel de professores, editoras científicas e agências de fomento na promoção de uma cultura de integridade em universidades e instituições de pesquisa. Pela primeira vez, o evento abrirá espaço para a apresentação de trabalhos orais ou em pôsteres, divididos em duas sessões: políticas de integridade científica e educação. As inscrições podem ser feitas até o dia 2 de agosto pelo site do evento.

“Percebemos que o volume de pesquisas e de programas de pós-graduação em integridade científica cresceu significativamente nos últimos anos. Um dos objetivos do Brispe é difundir esses trabalhos, como forma de impulsionar ainda mais essa área como campo de pesquisa”, diz Sonia Vasconcelos, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e organizadora do evento, que conta com o apoio de diversas instituições, entre elas a FAPESP, a Academia Brasileira de Ciências e a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

Outra novidade será um curso sobre os mecanismos de correção da literatura científica. “Muitas vezes os deslizes identificados em artigos são frutos de erros honestos, e não necessariamente produto de má-fé. As editoras estão atentas a isso e querem tornar mais transparente o processo de correção de erros”, explica Sonia, para quem a realização do Brispe em Goiás representa uma maneira de disseminar essas discussões no âmbito nacional.

“As três primeiras edições do encontro concentraram-se no eixo Sul-Sudeste”, diz. “Queremos expandir o Brispe para todo o país. Possivelmente, faremos uma edição no Nordeste em 2017.” Em 2014, a FAPESP sediou a terceira edição do Brispe, que teve como mote as práticas de instituições para promover a integridade e a conduta responsável em pesquisas (ver Pesquisa FAPESP nº 223).

FONTE: http://revistapesquisa.fapesp.br/2016/06/17/goias-sediara-encontro-sobre-integridade-cientifica-em-novembro/