CPI do Previcampos: Governo Rafael foi buscar lã, e voltou tosquiado

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Por Douglas da Mata

A tentativa de reacender o clima inquisitorial de “lawfare” na cidade de Campos dos Goytacazes, que tem entre alguns parlamentares locais os “buchas-de-canhão” da administração local e outros grupos de interesse, tem como objeto principal reeditar a aliança com o partido do judiciário e do ministério público, para dar sobrevida ao pior governo da História desta cidade, e quem sabe, realinhar as variáveis que o elegeram.

Vai ser difícil, porque a “novidade” patrocinada pela Cambridge Analytics se esvaiu, e há uma certa fiscalização atual sobre tais manipulações algorítmicas, e porque a sociedade parece escaldada com os resultados da farsa-jato, que seja no plano local, seja no plano nacional, nos jogou no abismo social, político, econômico, e sanitário!

De certo que a população já sentiu no lombo o que foi o governo da “mudança”, que prometeu alterar os rumos da cidade, e o que fez em quatro anos foi dizer que a culpa era do passado.

Ora, pilordas, isso não basta para quem se disse “o pica das galáxias”, o “dream team” da administração!

O governo atual, eu ouço de interlocutores que privam da intimidade palaciana, é como um time que mesmo jogando sem adversário, com a meta escancarada, e a bola na linha do gol, é capaz de jogar a pelota na bandeira do córner.

O “timing” da investigação da CPI do PreviCampos é de doer!

Quatro anos para apurar algo?

Eles fizeram contas com ábacos?

Mas não é só isso que revela a indigência intelectual da base governista e seus aliados em outras esferas, como na imprensa local.

As análises da CPI estacionam justamente no início do atual governo, como se nada mais fosse merecedor da atenção fiscalizadora dos edis após este prazo.

Não é isso que diz documento recente do TCE, em manobra do atual governo para “descongelar” o dinheiro do PreviCampos para usar como bem lhe aprouvesse, mais ou menos como acusou o anterior de fazer.

No trecho do voto do Conselheiro, repudiando a suspensão da medida cautelar do TCE que impede o governo de manipular os recursos do PreviCampos, há a clara indicação de que desde 2017, o governo atual manteve a mesma prática que denunciou, e mais:

Tentou derrubar medida cautelar que impedia que ocorressem usos indevidos dos recursos, justamente o que diziam ser favoráveis, e que, de uma forma ou de outra, é objeto do relatório da CPI com data de “validade”.

O Conselheiro revela em seu voto a apreensão da Corte de Contas de que os argumentos esposados (emergência da COVID-19) dêem azo às mesmas práticas que deveriam ter sido coibidas desde 2017, mas que até agora estavam sob o mesmo signo da precariedade fiscal, para dizer o mínimo!

Eis o trecho que destacamos:

“(…)Contudo, o pedido de revogação pleiteado pelo jurisdicionado pretende ressuscitar o momento pretérito de ilegalidade vivido pelo município, conforme palavras do próprio requerente, pois desde 2017 esta metodologia de subtrair recursos a margem dos normativos previdenciários vem sendo executada pela atual administração, sem contar com a gestão anterior.

Chama atenção o fato de que a manutenção das irregularidades cometidas pela atual administração jazia por três anos sem restabelecimento da legalidade. Fato é que nenhum procedimento foi aplicado neste período para corrigir o descaminho praticado. Assim, atender o pleito aspirado pelo jurisdicionado poderá expor o sistema previdenciário local a irreversibilidade de manutenção dos pagamentos de benefícios futuros. Depreende-se no pedido que a única medida de enfrentamento da crise financeira esperada pelos gestores municipais com a queda da receita prevista é a utilização de recursos vinculados e a inadimplência das contribuições patronais e dos parcelamentos de débitos confessados, algo que gera grande apreensão a esta Coordenadoria Especializada..(…)”

VOTO: I – Pela CIÊNCIA AO PLENÁRIO do atendimento aos itens II e III da Decisão Monocrática de 14/10/2019; II – Pelo INDEFERIMENTO do pedido de revogação da medida cautelar protocolizado nesta Corte como Doc. TCE-RJ nº 08.805-0/20, mantendo-se a Decisão Monocrática de 14/10/2019; III – Pela COMUNICAÇÃO ao Sr. José Paes Neto, Procurador-Geral do Município de Campos dos Goytacazes, com base no artigo 26, § 1º, do Regimento Interno desta Corte, para que tome ciência desta decisão; IV – Pela ANEXAÇÃO do presente ao processo TCE nº 220.120-7/19. GA-3, em / /2020. CHRISTIANO LACERDA GHUERREN Conselheiro Substituto

(…)”

Ou seja, se o pau que dá em Chico, dá em Francisco, está na hora da Câmara de Vereadores, ou dos órgãos externos de fiscalização (Polícia e MP) agirem para apurar o que houve no PreviCampos, desde 2017.

Ou não?

Aguardemos.

No caso do PreviCampos, Rafael Diniz não é mero herdeiro, mas potencial réu solidário

previcampos

Como contribuinte do fundo próprio de pensão dos servidores públicos do estado do Rio de Janeiro (o RioPrevidência) detalhei neste espaço ao longo dos anos as estripulias cometidas pelos governos de Sérgio Cabral e Luiz Fernando, especialmente no âmbito da chamada “Operação Delaware“.  Por isso, não teria como negar a importância de que se apure corretamente e na devida profundidade possíveis descaminhos na gestão de outros fundos de pensão, como é o caso do Instituto de Previdência do município de Campos dos Goytacazes (o Previcampos). Afinal, mexer nos recursos de fundos de pensão é mexer na vida de servidores públicos que pagaram valores salgados para ter o direito de uma aposentadoria que lhes garanta a sobrevivência ao final de décadas de dedicação à população.

 Mas o caso da atual Comissão Parlamentar de Inquérito que acaba de ser encerrada pela Câmara de Vereadores de Campos dos Goytacazes se assemelha ao caso de noivo que chega atrasado quase 4 anos ao próprio casamento, e com roupas  amassadas por causa do uso anterior em outras festividades.  Não custa lembrar que um dos itens produzidos pela atual gestão do governo do jovem prefeito Rafael Diniz foi um relatório de auditoria para “análise da legalidade das contratações vigentes, aplicações financeiras e gastos incorridos no Instituto de Previdência dos Servidores do município de Campos dos Goytacazes (Previcampos)”.  Também não custa recordar que o item 6.3 das conclusões daquele relatório indicavam ao Secretário responsável pelo Órgão Central de Controle
Interno que desse “ciência das irregularidades e ilegalidades identificadas ao Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, sob pena de responsabilidade solidária” (grifo meu).

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Por isso é que ao ler o relatório da CPI Previcampos, estranhei não haver menção nem ao que foi determinado na auditoria interna realizada pelo governo Rafael Diniz no tocante ao risco de responsabilidade solidária ou, tampouco, a ausência de qualquer explicação sobre o porquê o escopo dos trabalhos da CPI ter evitado qualquer análise sobre o que aconteceu com a gestão do Previcampos desde o dia 1 de janeiro de 2017 até o dia 05 de março de 2020 quando se lavrou o  relatório final da mesma.

O problema com esse tipo de escolha seletiva é que sempre se corre o risco de anulação ou mesmo de descrédito em função das escolhas temporais que são feitas aparentemente não para entender e elucidar possíveis malfeitos, mas para atingir outros interesses, os eleitorais inclusive. E, pior, impõe desde já o risco da nulidade, causando graves prejuízos a quem já está, aparentemente, sendo prejudicado, que no caso são os servidores públicos municipais.

A verdade é que se a gestão do jovem prefeito Rafael Diniz e seus menudos neoliberais produziu uma auditoria já no início de 2017 e nada foi feito para que o município retornasse os valores que supostamente foram removidos indevidamente, Rafael Diniz passou de simples herdeiro a réu solidário.  Essa é uma questão que mereceria a devida análise da Câmara de Vereadores, e aparentemente não foi.  Em outras palavras, estamos diante daquela situação não só do noivo que chegou atrasado no próprio casamento, mas esqueceu de quem era a noiva.

Por último, ajudaria bastante saber quais foram as medidas adotadas pela atual gestão não só para retornar valores antigos, mas também para impedir que novos valores saíssem dos cofres do Previcampos. Simples assim!

Explica essa, Rafael!

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Dona da empresa de terreno alugado pela PMCG é também diretora de Patrimônio do Previcampos

Apesar de seus muitos defeitos, um fato que não se pode negar é que a existência das redes sociais tornou mais permeável os esforços no tocante a garantir a transparência da administração da coisa pública.

Pois bem, postei na manhã de hoje o caso de um curioso contrato assinado pela Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes com a empresa Loureiro e Cia Administradora Patrimonial  para alugar por um ano o terreno localizado na Rua Rockfeller, 25 no bairro do Caju [1].

Agora pouco recebi dois arquivos que tornam bem mais curiosa a situação desse contrato. É que, vejam abaixo, agora podemos saber que a empresa em tela tem como uma de suas proprietárias, Luiza Leite Cabral Loureiro, que, curiosamente, foi nomeada pelo jovem prefeito Rafael Diniz para ocupar o cargo de Diretora de Patrimônio do Instituto de Previdência dos Servidores Municipais de Campos dos Goytacazes  (Previcampos) no dia 08 de Agosto de 2017, cerca de 3 meses antes da assinatura do contrato de locação do terreno na Rua Rockfeller!

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Mas as curiosidades envolvendo o referido terreno não cessam no fato de que a Diretora de Patrimônio é uma das sócias da empresa que detém sua propriedade. 

É que fui informado, o referido terreno é anexo ao prédio da antiga Comauto, onde funcionam hoje várias repartições municipais, incluindo a Secretaria de Transportes, a Empresa Municipal de Habitação (EMHAB), além do DETRAN. A mesma fonte me deu conta que esse prédio é objeto de penhora por motivo de débitos trabalhistas e fiscais dos proprietários da Comauto, sendo que parte do terreno foi arrematado em leilão por Fernando Luiz Cavalcanti Loureiro, também apontado como sócio da Loureiro e Cia Administradora Patrimonial  e pai da Diretora de Patrimônio do PREVICAMPOS.

Agora, ganha uma passagem para Búzios (destino preferido para descanso de Rafael Diniz) quem adivinhar qual foi o papel cumprido por Fernando Luiz Cavalcanti Loureiro na vitoriosa campanha eleitoral que levou o jovem Rafael Diniz ao cargo da gloriosa cidade de Campos dos Goytacazes!

De toda forma, o que me parece mais curioso (aliás, curiosíssimo), é ter uma pessoa que é dublê de empresária e diretora de patrimônio de órgão público sendo nomeada por alguém que prometia mudar as regras e costumes da administração municipal.

Mas como é sempre dar o direito à dúvida,  peço ao prefeito da “mudança” que explique essa. Se puder!


[1] https://blogdopedlowski.com/2017/12/06/o-governo-rafael-diniz-e-seus-curiosos-contratos-com-dispensa-de-licitacao/