Em meio a todas as consequências políticas que estão ocorrendo por causa da divulgação da lista de indiciados pelo ministro Luiz Fachin há gente querendo jogar uma aura de super heróis na cara dos delatores. Em mais de uma ocasião já vi discursos que colocam os corruptores privados como vítimas da ação de agentes públicos travestidos de vilões.
É preciso deixar claro que quando um empresário aceita financiar campanhas eleitorais, ou simplesmente pagar propinas, ele o faz com objetivos que invariavelmente se relacionam ao aumento dos seus lucros. Nem que isso custe a degradação de sistemas ambientais ou a piora da condição de vida dos segmentos mais pobres da população brasileira. E esse empresário o faz porque simplesmente prefere sabotar as instituições de estado do que cobrar que elas funcionem democraticamente.
A confissão feita por Emilio Odebrecht às gargalhadas de que o sistema de pagamento de propinas utilizado pela sua empreiteira para corromper agentes públicos está em vigência há mais de três décadas mostra que não há porque tratá-lo como vítima. É que Emílio Odebrecht sabe perfeitamente que sairá da enrascada em que se meteu ainda um bilionário, e que terminará seus dias de maneira frugal. Enquanto isso, a maioria pobre da nossa população continuará seu martírio cotidiano por causa das estripulias cometidas pela Odebrecht e por outras grandes empreiteiras.
Por fim, engana-se quem acha que todas essas revelações de compra de agentes públicos vai ser encerrada pelas denúncias e apurações decorrentes da operação Lava Jato. É que tudo indica que os mecanismos de corrupção só serão desativados se corruptores e corrompidos sejam desprovidos das riquezas que acumularam a partir de suas tratativas. E por tudo o que vi até agora, isto não vai acontecer.