Às vésperas do 1o. turno, mídia corporativa dobra os sinos para Jair Bolsonaro

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“Por quem os sinos dobram” é um romance de 1940 do escritor estadunidense Ernest Hemingway, considerado pela crítica uma das suas melhores obras.  Se o título do livro fosse aplicado à atual campanha presidencial e aos seus candidatos, eu não teria dúvida de afirmar que eles dobram para Jair Bolsonaro e são embalados pelos mesmos veículos da mídia corporativa que o badalaram para o sucesso.

Exemplos recentes disso são as matérias publicadas pelo jornal Folha de São Paulo vando conta de problemas envolvendo a guarda de um de seus filhos [1 &2], e mais ainda a matéria publicada pela revista (revista?) Veja dando conta de um suposto roubo de um cofre contendo jóias e dinheiro vivo da mesma ex-mulher apontada pelo matutino da família Frias [3].

Como há muito tempo que se sabe que Jair Bolsonaro não é lá um santo (aliás santo é Geraldo Alckmin segundo a contabilidade paralela da Odebrecht), a pergunta é de porque somente agora esses fatos estão sendo trazidos ao conhecimento da população brasileira. Aliás, é incrível a lista de bens que Jair Bolsonaro já acumulava em 2007 (ver lista abaixo). O problema é de que porque só agora a revista Veja decidiu trazer isto ao conhecimento dos brasileiros.

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Por não crer em busca de elucidação jornalística genuína, o motivo só pode ser a decisão do grande capital rentista multinacional que domina a economia brasileira de que a dupla formada pelo capitão e pelo general não é suficientemente confiável para levar a cabo o plano de destruição da economia nacional que foi iniciada com grande maestria pelo presidente “de facto” Michel Temer.

E que os apoiadores dos candidatos de esquerda não se alegrem com essa repentina caçada à chapa dos militares. É que certamente ao tentarem destruir a imagem de Jair Bolsonaro. Certamente não é para garantir a vitória deles em eleições que estão marcadas por um claro processo de exceção. 


[1] https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/ex-mulher-afirmou-ter-sofrido-ameaca-de-morte-de-bolsonaro-diz-itamaraty.shtml

[2] https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/brasileiros-que-conviveram-com-ex-mulher-de-bolsonaro-na-noruega-confirmam-que-ela-relatava-ameaca.shtml

[3] https://veja.abril.com.br/politica/o-outro-bolsonaro/

As denúncias do ex-diretor da Petrobras e a indignação seletiva da Revista Veja

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Mais um escândalo está sendo propalado pela Revista Veja para tentar impedir a manutenção do PT no governo federal. E para isto, a Revista Veja usa supostas denúncias do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, para atingir Dilma Rousseff, candidata do PT. Se alguém me perguntar se eu acho possível que um novo caso de corrupção sistêmica tenha acontecido no mesmo período em que altos dirigentes eram enviados para a prisão, a resposta seria um retumbante sim. É que para mim, a corrupção é algo tão sistêmico que a prisão dessa ou daquela figura não vai parar as engrenagens que movem a máquina corruptora no Brasil. E mais, como os corruptores continuam intocados, não há como cair na esparrela de que prisões pontuais vão resolver um problema que começou quando os colonizadores portugueses chegaram por aqui.

E mais, o mensageiros neste caso é para lá de duvidoso. A Revista Veja faz tempo deixou de ser um veículo de imprensa. Tanto isto é verdade que o número de leitores vem caindo após ano, e hoje a Revista Veja é lido apenas por setores que precisam crer em qualquer coisa que signifique uma ameaça às mudanças, estritamente pontuais quero frisar, que o Brasil vem passando com as políticas do social neoliberalismo aplicado por Lula e Dilma Rousseff.

Além da falta de crédito da Revista Veja e da imensa maioria dos órgãos da mídia empresarial, o que me parece mais problemático nessas novas denúncias é que se está ventilando o conteúdo de depoimentos que deveria ser sigilosos. Das duas uma, ou a Polícia Federal está ilegalmente passando informações para a Revista Veja, ou a revista da família Civita está fazendo um juntadão de denúncias para tentar ajudar a desesperada candidatura de Aécio Neves. 

Eu tendo a achar que por mais que a Revista Veja e outros órgãos pró-Aécio tentem, essas denúncias não vão mudar o colapso da candidatura tucana. É que se fosse depender apenas de denúncias sobre casos de corrupção, Geraldo Alckmin não estaria liderando as pesquisas em São Paulo, e nós não teríamos Anthony Garotinho e Luiz Fernando desfrutando da preferência do eleitorado fluminense. É triste dizer, mas as opções dos eleitores nem sempre refletem imediatamente a indignação que eventualmente apareça dentro da população acerca de práticas não-republicanas por parte dos (des) governantes.

Por fim, é preciso dizer que Paulo Roberto Costa vai ter que aparecer com documentos que comprovem suas denúncias nos depoimentos. Do contrário, além de não ganhar as benesses da delação premiada, ele vai acabar ganhando um monte de processos por calúnia e difamação. A ver!

Nem a Revista Veja parece aturar Rodrigo Constantino

Revista Veja censura seu próprio colunista

Por Redação

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O colunista da Veja Rodrigo Constantino teve um texto tirado do ar pela própria revista. Na coluna da última quarta-feira (20), ele ironizou o depoimento da jornalista Miriam Leitão ao portal Observatório da Imprensa, em que relatava as torturas sofridas durante a ditadura militar.

Membro do PCdoB nos anos 1970, ela descreveu momentos de terror passados em uma prisão do Espírito Santo. Miriam contou que, grávida, foi submetida a sessões de espancamento, ameaças de estupro, além de ser trancada com uma cobra em uma sala escura, em uma espécie de tortura psicológica. Ao final do relato, a jornalista pede uma retratação das Forças Armadas. “Gostaria de ouvir um pedido de desculpas, porque isso me daria confiança de que meus netos não viverão o que eu vivi. É preciso reconhecer o erro para não repeti-lo”, afirmou.

Esse foi o gancho usado pelo colunista da Veja, que, em tom de deboche, disse que era Miriam quem deveria pedir desculpas ao País por sua atuação durante a oposição ao regime. Nas palavras dele, a então militante não era uma heroína, mas uma comunista que pretendia transformar o Brasil em uma “imensa Cuba”. As ideias de Rodrigo duraram pouco na rede e logo foram retiradas pelo editor.

No Twitter, Constantino confirmou a interferência em sua publicação e reforçou o ataque à jornalista. “A pedido do editor da Veja.com, retirei do ar (…) Ainda acho que ela deveria fazer um reconhecimento público de que não lutava por uma democracia e não era uma heroína, mas faço isso em outra ocasião”, escreveu.

 Parece que, até para a Veja, Rodrigo dessa vez passou de todos os limites.

FONTE: http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/08/revista-veja-censura-seu-proprio-colunista/