A Amazônia está morrendo de sede por causa das mudanças climáticas

Segundo a UNICEF, mais de 420 mil crianças são afetadas por uma seca recorde na região da floresta tropical sul-americana. Enquanto isso, uma tempestade tropical segue a outra

201862Crianças brincam em uma banco de areia no Rio Madeira, setembro de 2024. Foto: Bruno Kelly/Reuters

Por Wolfgang Pomrehn para o JungeWelt 

O fundo da ONU para a infância, UNICEF, está soando o alarme. Mais de 420 mil crianças no Brasil, na Colômbia e no Peru sofrem com uma grave seca que atinge a bacia amazônica pelo segundo ano consecutivo. Nunca antes os níveis de água no Rio Amazonas e seus afluentes estiveram tão baixos como agora. Na Colômbia, os níveis caíram 80%. Isto tem consequências dramáticas para os povos indígenas da região. Os rios fornecem-lhes peixe, água de irrigação para os seus pequenos campos, são fonte de água potável e uma via de transporte indispensável. Só no Brasil, 1.700 escolas e 760 centros de saúde tiveram que fechar ou ficaram pelo menos inacessíveis para a maioria das crianças. Num inquérito recente realizado pela UNICEF na parte brasileira da floresta tropical, metade das famílias afirmou que os seus filhos não podiam ir à escola por causa da seca.

A UNICEF também informa sobre o fechamento de postos de saúde no Peru. Além disso, o risco de desnutrição está aumentando significativamente em toda a região. As comunidades indígenas que já estão em risco são particularmente afetadas. Na preparação para a 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, que começa na segunda-feira em Baku, no Azerbaijão, a UNICEF apela à disponibilização de um montante significativamente maior para as necessidades das crianças particularmente afectadas em tempos de alterações climáticas. Esta questão deve ser incluída nos processos de tomada de decisão relativos à protecção do clima a todos os níveis.

Vários estudos demonstraram nos últimos anos que o ecossistema da floresta amazónica já está à beira do colapso e poderá transformar-se em uma savana seca. Na sexta-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou no jornal britânico The Guardian , tendo em vista a conferência sobre o clima, que o mundo está caminhando para vários pontos de viragem e cujos perigos ainda estão sendo subestimados.

Entretanto, duas semanas depois da primeira tempestade tropical atingir a ilha, Cuba sofria novamente a passagem de um furacão que agora ameaça a costa mexicana. Tufão após tufão também continuam passando nas Filipinas. A tempestade tropical “Yinxing” passou por ali na quinta-feira, a 13 deste ano e a terceira em menos de um mês. Em média, oito a nove deles passam sobre a ilha todos os anos, de acordo com o serviço meteorológico de Manila. Tufões e furacões – dois termos para o mesmo fenômeno em diferentes regiões do mundo – desenvolvem-se nos mares subtropicais quentes. As águas em torno das Filipinas e de Cuba registam atualmente temperaturas muito acima da média devido às alterações climáticas.

Na Alemanha o Serviço Meteorológico Alemão informou na sexta-feira que os últimos dez anos foram em média 2,3 graus Celsius mais quentes do que nas décadas de 1881 a 1910. Na Áustria e na Suíça foram até 2,9 e 2,8 graus Celsius, respetivamente, mais quentes. As consequências incluem um aumento drástico do stress térmico, menos neve a baixas altitudes, mais chuvas fortes e um maior risco de secas. Através de uma protecção climática global consistente, as temperaturas médias na Europa Central poderão situar-se ligeiramente acima dos níveis actuais. Caso contrário, poderão subir mais 1,5 a 4,5 graus Celsius.


Fonte: JungeWelt

Organizações locais alertam para os perigos da exploração de petróleo na foz do rio Amazonas

Atos em Belém do Pará, que acontecem desta sexta-feira até os dias da Cúpula da Amazônia, envolvem performances artísticas, passeata e discussões sobre o impacto da perfuração de poços na região

unnamed (24)Oficina ministrada pela ONG Instituto Mapinguari sobre os riscos da extração de petróleo para a comunidade pesqueira, em Oiapoque (AP). Foto: Instituto Mapinguari

A discussão sobre a preservação ambiental será foco da Cúpula da Amazônia, que acontece em Belém (PA), nos dias 8 e 9 de agosto. Antes e durante o evento, que reunirá governantes e representantes dos países amazônicos, está prevista uma intensa agenda de atividades sobre os riscos da exploração de petróleo na foz do rio Amazonas. A iniciativa, promovida pelo Instituto Mapinguari e pelo Observatório Marajó – organizações não governamentais ligadas à populações da região -, busca alertar para o desastre ambiental que seria provocado por possíveis perfurações no local.

O movimento “Cuide da Amazônia: diga petróleo NÃO!” busca colocar em evidência o impacto social, ambiental e econômico que seria imposto às comunidades ribeirinhas, populações indígenas, campesinas e quilombolas que subsistem a partir da biodiversidade da região.

“Existe muita desinformação e fatos inverídicos sendo usados para contestar a decisão do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) de não autorizar a perfuração solicitada pela Petrobrás, por inconsistências técnicas”, afirma João Meireles (Secretário Executivo) do Observatório Marajó. Alegações que tratam a bacia como o novo pré-sal, o desenvolvimento regional trazido pelos royalties ou ainda a oferta de empregos, iludem a população sobre os “benefícios” imediatos de uma possível extração.

Estima-se (porque não há nenhum estudo conclusivo) que a bacia pode conter cerca de 9 bilhões de barris, menos de 10% do pré-sal. Além disso, é possível afirmar que os royalties e empregos que seriam gerados pela exploração não impulsionariam a economia local. Isso porque, mesmo que haja uma quantidade comercialmente viável de petróleo, esses valores levam, em média, 15 anos para retornar ao local. Em relação aos empregos, os postos criados exigem uma ampla formação técnica e profissionais especializados, que provavelmente viriam de outras localidades.

“A proposta não é impedir o desenvolvimento da região”, explica Flávia Guedes, mobilizadora da frente de bacias hidrográficas e oceanos do Instituto Mapinguari, “mas queremos que sejam respeitados os territórios e as populações de comunidades tradicionais, garantindo a transição para um modelo de matriz energética limpa. Investir neste projeto predatório é uma maneira de não dialogar com as gerações futuras e ir na contramão do mundo”, conclui.

Confira a agenda dos atos planejados para sensibilizar a população e o poder público:

  • 04/08 – performance teatral e bike som | ver-o-peso | 11h
  • 04 a 06/08 – distribuição de materiais | hangar | horário a definir
  • 06/08 – Mesa: “Cadê a Juventude Amazônida nas políticas públicas federais?” | Sala 4 – hangar | das 10h às 12h
  • 06/08 – Coletiva de imprensa | Casa Amazônia | das 11h às 14h
  • 06/08 – Adiar ou acelerar o fim do mundo? A ameaça do petróleo e do gás na Amazônia | UFPA – Sala 308 Mirante do Rio | das 18h às 20h
  • 08/08 – oficina de cartazes | local a definir | horário a definir

Sobre o Instituto Mapinguari

É uma organização que atua desde 2015 apoiando e executando ações de defesa, preservação e conservação do meio ambiente, bem como incentivando a promoção do desenvolvimento sustentável da região. Desde sua fundação, o Instituto busca a consolidação e fortalecimento de Áreas Protegidas. Reconhecendo o papel fundamental das comunidades tradicionais na proteção da biodiversidade e seus territórios, o Instituto tem buscado fortalecer cada vez mais as pessoas que estão na linha de frente da proteção ambiental e na luta pela justiça social e climática.

Sobre o Observatório Marajó

É uma iniciativa da Lute Sem Fronteiras para posicionar o Marajó como território material e simbólico central na construção de um futuro diferente para a realidade amazônica, brasileira e global, atuando de forma estratégica para mudar os números da região, a partir de um movimento social de reapropriação do debate, da política e do futuro enquanto espaços que ainda podem ser disputados e reconstruídos.

Tragédia à vista: Petrobras quer começar exploração de petróleo nos recifes amazônicos

O Brasil quer expandir significativamente a produção de petróleo após as eleições presidenciais, apesar de todos os riscos climáticos. Regiões costeiras e manguezais são os principais ameaçados

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Pesquisadores estão pedindo ações para proteger os recifes do delta do Amazonas da ameaça da exploração de petróleo

Por Norbert Suchanek para o JungeWelt

Não importa quem vença o segundo turno para a presidência no Brasil em 30 de outubro: O maior país da América Latina continuará aumentando sua produção de petróleo. Mesmo catástrofes como o furacão Ian, que recentemente assolou a costa oeste dos Estados Unidos, não parecem desencadear qualquer repensar o uso de combustíveis fósseis por parte dos responsáveis ​​na política e nos negócios.

Quatro dias antes da primeira votação no domingo, a estatal Petrobras havia anunciado sua intenção de mais do que triplicar a produção de petróleo do mar profundo de Búzios. Búzios, no estado do Rio de Janeiro, é considerado o maior campo de petróleo em águas profundas do mundo. Cerca de 30% do petróleo produzido pela Petrobras atualmente vem de lá. Até 2030, a empresa quer aumentar a produção da chamada camada Pré-Sal dos atuais 600 mil barris de petróleo por dia para dois milhões de barris por dia.

Ao todo, o Brasil quer aumentar a produção do “ouro negro” em 73% nos próximos dez anos e investir mais de 400 bilhões de dólares na exploração e produção de petróleo, gás e biocombustíveis, segundo o atual ministro da Minas e Energia, Adolfo Sachsida, no final de setembro na feira “Rio Oil & Gas Expo & Conferences”, no Rio de Janeiro, maior evento do setor na América Latina.

O plano de expansão também inclui o início da produção de petróleo na orla equatorial do estuário do Rio Amazonas. “A orla equatorial é considerada uma área estratégica para a Petrobras e uma das jazidas mais promissoras da indústria offshore no Brasil com significativo potencial petrolífero”, disse o presidente da Petrobras, Mario Carminatti, ao portal online “Poder360”. Devido às altas expectativas de lucro, a empresa chama as jazidas de petróleo na costa amazônica de “Novo Pré-Sal”, embora não estejam sob uma camada de sal como as jazidas do sul e sudeste do país.

Cientistas marinhos e ambientalistas temem danos significativos às maiores florestas de mangue do mundo e ao recife único do Delta do Amazonas na costa dos estados brasileiros do Maranhão, Pará e Amapá. De acordo com um relatório de 2018 na revista Frontiers em Marine Science, o recife tem até 56.000 quilômetros quadrados de tamanho e apenas 5% explorado.  Esse ecossistema é o habitat de inúmeras espécies de corais, esponjas e peixes. “Chamamos a atenção para a necessidade urgente de tomar medidas preventivas de proteção para proteger a região diante das crescentes ameaças da exploração de petróleo e gás”, escreveram os pesquisadores. A produção de petróleo nessa área seria uma tragédia, segundo o coautor do estudo Ronaldo Bastos Francini-Filho, da Universidade Federal da Paraíba.

Em 2013, o então governo de Dilma Rousseff do Partido dos Trabalhadores (PT) vendeu os direitos de exploração das jazidas para as petroleiras Total e BP. Mas em 2018, a agência ambiental brasileira IBAMA recusou a licença para a produção de petróleo, razão pela qual a BP e a Total se retiraram do projeto e revenderam os direitos para a Petrobras. Após as eleições, mas antes do final deste ano, a Petrobras pretende iniciar as perfurações de teste na costa do Amapá, na fronteira com a Guiana Francesa, e obter uma licença de produção do IBAMA.

O resultado do segundo turno em 30 de outubro provavelmente não mudará nada. Ambos os candidatos presidenciais, tanto o titular de direita Jair Bolsonaro quanto o desafiante Lula da Silva, do PT, contam com a Petrobras para expandir a produção de petróleo em suas plataformas eleitorais. Um porta-voz do grupo na feira de petróleo e gás no Rio confirmou: O plano de investimentos independe dos resultados eleitorais.


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Este texto escrito originalmente em alemão foi publicado pelo jornal “JungeWelt” [Aqui!].

Pesquisas investigam influência das águas do Amazonas no Atlântico

Laboratório da UFSCar integra projeto que também estuda a quantidade de plástico que é transportada para o Oceano

unnamedVeleiro Tara em expedição no rio Amazonas (Crédito: Julie Nedelec para Tara Foundation)

O rio Amazonas despeja, por segundo, cerca de 200 milhões de litros de água doce no Oceano Atlântico. Para investigar a influência deste encontro sobre o ambiente oceânico, um grupo internacional de cientistas a bordo do veleiro de pesquisa Tara coletou amostras de água na região, em diferentes profundidades. Parte dessas amostras está, hoje, no Laboratório de Biodiversidade e Processos Microbianos (LBPM) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a cerca de 2.500 km da foz do Amazonas e quase 300 km da praia mais próxima.

Pesquisadores do LBPM estiveram a bordo do veleiro Tara na sua chegada ao Brasil, no final de 2021. A expedição, que também buscou levantar a quantidade de microplásticos que é transportada para o mar, integra o projeto AtlantECO [https://pt.atlanteco.eu/], parceria entre Europa, Brasil e África do Sul. Seu objetivo principal é investigar a diversidade e as funções dos microrganismos no Oceano Atlântico. A bordo do Tara e outras embarcações, são feitas expedições em diversas localidades. Na Amazônia, dentre as pessoas embarcadas no Tara estava Paula Huber, pós-doutoranda na UFSCar, como cientista-chefe do veleiro nas atividades realizadas entre Macapá (AP) e Salvador (BA). Huber integra a equipe do LBPM, coordenado por Hugo Sarmento, docente no Departamento de Hidrobiologia (DHb) da UFSCar, que esteve em outras etapas da missão.

Huber conta que foram coletadas amostras no rio Amazonas, da pluma do rio – massa de água doce que vai da foz do Amazonas até 3.000 km da costa, onde se mistura com a água do mar – e de regiões do Atlântico que não têm influência da água doce que vem do rio. “As amostras coletadas nos permitem estudar os microbiomas superficial e profundo nesta região combinando técnicas moleculares e de microscopia de ponta. Além disso, vamos quantificar os plásticos nesta região e os microrganismos associados, que são conhecidos como ‘plastisfera'”, relata a pesquisadora da UFSCar.

Ela explica que as amostras de água foram coletadas, processadas e armazenadas a bordo do Tara até o final da expedição, quando foram enviadas para análise em diferentes laboratórios. Na UFSCar, serão feitas análises de sequenciamento genético. “Uma vez que a identificação morfológica de microrganismos é quase sempre impossível, é necessário sequenciar os seus genes para identificá-los e, sobretudo, para identificar as diversas funções ecológicas que eles desempenham, essenciais para o funcionamento desses ecossistemas”, explica Sarmento.

Todos os resultados e dados gerados pelo AtlantECO serão de acesso público e estarão abertos para utilização de qualquer pessoa em todo o mundo.

Microplástico a caminho do mar

Paula Huber aponta que os rios de todo o mundo funcionam como importantes vias para o plástico chegar ao oceano. Além da sua dimensão e da quantidade de água doce que o Amazonas despeja no mar diariamente, ele percorre 40% da América do Sul e é uma das principais fontes de resíduos plásticos no Oceano.

“A maior parte do plástico presente no rio fragmenta-se rapidamente e transforma-se em micro e nanoplásticos enquanto segue em direção ao mar. Esse microplástico é transportado por correntes oceânicas e, parte dele, passa por regiões de alta biodiversidade e pode causar consideráveis impactos, particularmente na vida microbiana marinha”, explica Huber.

Hugo Sarmento relata que muitos animais confundem esse microplástico com alimentos, muitas vezes morrendo por não conseguirem digerir o material. Nesse contexto, o docente destaca a importante participação de todas as pessoas, mesmo as que não moram próximo ao mar, quanto ao uso racional e descarte correto do plástico. “Mesmo quem mora no interior deve saber que nosso plástico também chega aos oceanos através dos rios, já na forma de microplástico, causando danos infinitos a esse bioma”, reforça.

Julho sem plástico

O oceano recebe toneladas de plástico todos os anos, que chegam a formar ilhas com tamanhos maiores que o estado de São Paulo. Desde 2011, um projeto iniciado pela instituição australiana Earth Carers Waste Education tem por objetivo incentivar as pessoas a diminuir o consumo de plástico e, assim, seus impactos no ambiente. O movimento foi ganhando mais adeptos ao redor do mundo e hoje acontece em diversos países.

No Brasil, a campanha “Julho sem Plástico” é realizada por diferentes entidades e grupos com foco na conscientização e estímulo a comportamentos que favoreçam o consumo e o uso cada vez menores do plástico. As orientações principais divulgadas pelas iniciativas incluem a escolha de embalagens que não usem plástico ou tenham pouca quantidade do material; reutilização das embalagens plásticas; descarte correto do plástico, quando não há opção de reuso; utilização de produtos mais sustentáveis (canudos em inox, sacolas ecológicas, escovas de dente de bambu, dentre outros); e, por fim, incorporação desses hábitos para além do mês de julho. Para os órgãos governamentais, a pressão é de implementar regulamentação para banir os plásticos de uso único (descartáveis).

Portal Viu! entrevista pesquisador da UENF sobre ciência e sociedade

roberto carlãoO jornalista Roberto Barbosa, diretor-executivo do Portal Viu!, entrevista o pesquisador Carlos Eduardo de Rezende

O Portal Viu!, uma plataforma digital de notícias cuja abrange o Norte e Norte Fluminense e a região dos Lagos, acabou de marcar um golaço com a veiculação de uma entrevista com o professor titular do Laboratório de Ciências Ambientais da Universidade do Norte Fluminense (Uenf), Carlos Eduardo de Rezende, sobre vários tópicos relevantes, a começar pela participação em publicações científicas qualificadas, a começar pela série que versa sobre a descoberta de um antes desconhecido sistema recifal no delta do Rio Amazonas.

Um dos aspectos relevantes dessa entrevista é mostrar o envolvimento da Uenf, incluindo docentes e estudantes de graduação e pós-graduação, em pesquisas de relevância internacional. Como o próprio Carlos Rezende enfatizou, esse tipo de entrevista é particularmente importante em um contexto histórico onde os investimentos públicos em ciência e tecnologia estão sendo atacados, colocando em risco a existência de um sistema nacional que possa contribuir nos esforços de desenvolvimento e integração econômica de uma forma menos dependente daquela que historicamente marcou as relações do Brasil com os países desenvolvidos.

Abaixo a entrevista do professor Carlos Eduardo Rezende que foi entrevistado pelo jornalista Roberto Barbosa,  diretor-executivo do Viu!

Artigo na Frontiers in Marine Science traz novas descobertas sobre os recifes de corais do Rio Amazonas

Resultado de imagem para bp e total querem explorar petroleo na área dos corais da amazonia

A revista “Frontiers in Marine Science” publicou nesta 2a. feira (23/04) um artigo científico abordando a extensão, taxa de biodiversidade e ameaças relacionadas ao que seus autores denominam de “Great Amazon Reef System” (GARS).  Um fato importante acerca do conteúdo deste artigo é que as estimativas apresentadas estão baseadas em pesquisas baseadas em imagens submarinas da região onde se encontra esse sistema de recifes de corais na região do delta do Rio Amazonas [1].

Segundo os autores do artigo, as imagens submarinas corroboram uma série de hipóteses, incluindo: (1) o fato da área do GARS poder ser seis vezes maior do que a sugerida anteriormente (até 56.000 km2); (2) que o GARS pode se estender a profundidades maiores do que o sugerido anteriormente (até 220 m); (3) que o GARS é composto por uma maior complexidade e diversidade de habitats do que o anteriormente reconhecido (por exemplo, plataformas de recife, paredes de recife, leitos de rodolitos e fundos de esponja); e que (4) o GARS representa um sistema útil para testar se um corredor profundo conecta o Mar do Caribe ao Oceano Atlântico Sudoeste.

coral reefs

Mapa do Great Amazon Reef System (GARS) mostrando locais de amostragem. A área cinza denota a área potencial coberta por recifes mesofóticos (56.000 km2). As letras A-D correspondem aos locais em que características típicas dentro de um gradiente de profundidade de 70 a 220 m.

Os autores do trabalho também chama atenção para a necessidade urgente de adotar medidas cautelares de conservação para proteger a região diante das crescentes ameaças das práticas extrativas de petróleo e gás.

Esse alerta é particularmente importante porque a região coberta pelo GARS são alvo de pelo menos duas petroleiras (BP e Total). Ainda que a BP tenha anunciado sua desistência em relação a explorar petróleo na região do GARS, nada ainda se ouviu da francesa Total.

Um dos autores desse trabalho é o professor Carlos Eduardo Rezende, professor titular do Laboratório de Ciências Ambientais da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), e que está envolvido nas pesquisas relacionadas ao GARS desde o seu início. 

Quem desejar acessar esse artigo na íntegra, basta clicar [Aqui!].

Nova expedição científica busca aumentar conhecimento sobre os recifes de corais do delta do Rio Amazonas

recife de coral

A descoberta de um rico ecossistema de recifes de corais no delta do Rio Amazonas representou uma mudança de paradigma no conhecimento científico, tendo merecido um amplo reconhecimento internacional [1, 2 e 3].

A pesquisa, que contou com a participação de pesquisadores do Laboratório de Ciências Ambientais da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), resultou num artigo publicada pela prestigiada revista Science Advances [4]

Pois bem, animados com o resultado da primeira campanha que detectou a existência desse ecossistema, os pesquisadores envolvidos no projeto estão iniciando uma nova etapa da pesquisa com a participação do navio de pesquisas da organização não governamental Greenpeace, o Esperanza.  

Nos próximos dias estarei publicando outras informações sobre o cruzeiro de pesquisa, o qual novamente contará com a presença de pesquisadores da Uenf, que o Esperanza realizará no delta do Rio Amazonas. Por ora, coloco abaixo o vídeo produzido pelo Greenpeace sobre as pesquisas que deverão ser realizadas.


[1] https://www.theguardian.com/environment/2017/jan/30/first-images-unique-brazilian-coral-reef-mouth-amazon

[2] https://www.washingtonpost.com/news/speaking-of-science/wp/2016/04/25/scientists-find-a-massive-coral-reef-just-chilling-in-the-amazon/?utm_term=.20c185530bcd

[3] http://www.latimes.com/science/sciencenow/la-sci-sn-coral-reef-amazon-river-20160422-story.html

[4] http://advances.sciencemag.org/content/advances/2/4/e1501252.full.pdf

Pesquisadores da Uenf no time que acaba de revelar existência de recifes no delta do Amazonas

A força do corpo científico que existe na Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) acaba de ser demonstrado mais uma vez e, desta vez , com direito a espaços generosos na mídia corporativa mundial dada a importância do que foi descoberto. 

Liderados pelo Prof. Carlos Eduardo Rezende vários membros do Laboratório de Ciências Ambientais são co-autores de um artigo que acaba de ser publicado na Science Advances, uma das mais importantes revistas científicas do mundo, e que mostra a existência até então desconhecida de um sistema de recifes de corais no delta do Rio Amazonas.

Essa é uma descoberta que pode alterar muito do que se estimava ser o estabelecimento e manutenção de comunidades coralíferas, visto que este sistema se encontra estabelecido em águas turvas, enquanto os sistemas conhecidos até então estão em águas cristalinas.

E o interessante é que os resultados desta pesquisa vem a público num momento em que a Uenf corre o risco de fechar as portas pela falta de pagamento de contas de água,  eletricidade, telefones, e tudo o mais que se possa necessitar para que possa funcionar. 

Abaixo o link para este importante artigo que muito honra a ciência brasileira e, em especial, a Uenf e seus pesquisadores que participaram da pesquisa.

sciences advancws