As reinações de Cláudio Castro são expostas em nova reportagem do UOL

Em uma corrida eleitoral apertada, as novas evidências expostas pelo UOL devem azedar a 6a. feira do governador acidental Cláudio Castro

mochila

Uma nova matéria assinada pela dupla Ruben Berta e Igor Mello que foi publicada pelo site UOL é a segunda péssima notícia que o governador acidental do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, está recebendo na manhã desta 6a. feira (a primeira foi o resultado da pesquisa do Datafolha que o colocou em empate técnico com Marcelo Freixa na corrida para o Palácio Guanabara).  É que nesta reportagem são apresentadas informações nada abonadoras sobre o suposto pagamento de propinas a Castro, tanto na condição de vereador como de vice-governador.

O pior, é que as informações de natureza detalhada foram fornecidas por um ex-assessor do próprio Cláudio Castro, o empresário Marcus Vinicius Azevedo da Silva. Um dos fatos descritos na matéria se refere a um caso em que o governador acidental foi filmado portando uma vistosa mochila, a qual seria o veículo de transporte de R$ 120 mil que teriam sido entregues a ele em troca da facilitação de um contrato com o governo do Rio de Janeiro.

A matéria traz ainda detalhes de uma viagem que Cláudio Castro realizou para os EUA com parte de sua família, a qual teria sido também bancada com dinheiro de propina entregue pela mesma empresa envolvida no episódio da mochila.

A verdade é que Cláudio Castro já vem acumulando contra si uma série de denúncias por causa de supostos envolvimentos com o recebimento de propinas, mas até aqui permaneceu relativamente ileso tanto criminal como eleitoralmente.  Mas essas novas evidências aparecem não apenas em um momento sensível da campanha eleitoral, mas podem ser apenas a ponta de um longo iceberg que talvez esteja prestes a atingir a proa do navio de Cláudio Castro.

Não custa nada lembrar que Cláudio Castro ainda não chegou nem perto de explicar o desembolso milionário que ocorreu tanto na Fundação Ceperj como na Uerj para bancar o pagamento de prestadores de serviços que depois se descobriu eram do tipo “Gasparzinho’.  Aliás, se postas juntas, as diversas reportagens escritas por Ruben Berta e Igor Mello servem como uma espécie de mapa para a longa lista de rolos que pairam perigosamente sobre a cabeça de Castro.

O resultado disso tudo é que o estado do Rio de Janeiro pode acabar elegendo um candidato que imediatamente após a sua posse poderá ter o mesmo destino de seus antecessores, inclusive daquele de quem Claúdio Castro herdou o cargo que foi o ex-juiz Wilson Witzel. Essa situação do Rio de Janeiro seria muito cômica se não fosse tão trágica. 

Cláudio Castro pode até se eleger, mas o escândalo do “rachadão” da Fundação Ceperj continuará nos seus calcanhares

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O fato do estado do Rio de Janeiro ser o lócus de situações que são para lá de estranhas não chega a surpreender ninguém, na medida em que, em anos recentes, diversos ex-governadores visitaram as celas prisionais em função de supostos crimes contra o tesouro estadual. Assim, é que também não seria estranho se o governador acidental Cláudio Castro venha a ser eleito governador, na medida em que múltiplas forças claramente se articulam para isso.

No entanto, uma coisa é certa: Cláudio Castro continuará sendo assombrado pelo rumoroso escândalo envolvendo o uso de quase R$ 300 milhões, boa parte oriundos da privatização da CEDAE, para a contratação de fantasmas pela Fundação Ceperj. É que, graças aos jornalistas Ruben Berta e Igor Mello, as estranhas desse escândalo estão, digamos, expostas para quem quiser ver.  

O maior problema para Castro e seus apoiadores é que as evidências expostas pela dupla de jornalistas do site UOL são tantas que órgãos de controle e fiscalização, como o Tribunal de Contas do Estado e o Ministério Público Eleitoral não terão outra alternativa a não ser continuar avançando na trilha de investigações oferecidas por Berta e Mello. Em outras palavras, as celebrações por uma eventual eleição de Cláudio Castro certamente serão azeitadas pelo medo de que entre muita água no chopp, o que deixaria a bebida para lá de aguada.

O “rachadão” da Fundação Ceperj ainda resultará em longas tarrafadas

Um dificultador para que o escândalo da Fundação Ceperj termine em pizza vem da constatação, como bem mostrou o articulista Leonardo Sakamoto do mesmo site UOL, que Cláudio Castro inovou ao possibilitar ao criar “o  aluno-mentira recebendo instruções do professor-fantasma“, usando um esquema que elevou o esquema de “rachadinhas” encontrado na Alerj ao nível d e um milionário “rachadão“.

Com tudo isso, o que teremos é a inevitável instalação de processos judiciais e contábeis que deverão assombrar os beneficiários mais públicos do esquema instalado na Fundação Ceperj, no caso os dirigentes do órgão e os parlamentares que se beneficiaram do processo, ao indicar amigos e parentes para serem “professores-fantasmas” custeados com salários que a imensa maioria dos servidores públicos estaduais concursados jamais receberam em suas vidas profissionais.

Como normalmente há quem dentro desses esquemas não tenha nervos fortes, as investigações vão inevitavelmente resultar em confissões e em delações premiadas. Assim, o que era festa na boca do caixa até antes das reportagens do UOL começaram, pode repentinamente setransformar em noites nervosas.

Os inevitáveis ataques a Ruben Berta acabaram servindo como atestado de idoneidade

Logo no início da série de reportagens mantive um breve contato com o jornalista Ruben Berta, cujo trabalho acompanho desdes os tempos em que ele era empregado da Folha de São Paulo,  quando disse a ele para que se preparasse para as inevitáveis represálias que receberia em função dos personagens envolvidos no escândalo da Fundação Ceperj. Disse ainda para que ele evitasse se expor publicamente, pois as represálias poderiam ir além das campanhas de difamação que sempre são usadas para desacreditar jornalistas que levantam escândalos cabeludos como esse da Fundação Ceperj.

Berta, que considero um excelente jornalista, me respondeu que estava tranquilo e que tomaria os devidos cuidados.

Agora, sem nenhuma surpresa, vejo que existem movimentações para lançar dúvidas sobre a idoneidade de Ruben Berta com base em um trabalho de assessoria realizado em 2018 para o então candidato ao governo do Rio de Janeiro, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes.

Esse argumento para minar o impecável trabalho jornalistico de Ruben Berta me lembram do livro “As aventuras de Karl Marx contra o Barão de Von Münchausen” de Michel Löwy, que traz uma anedota sobre como o Barão teria se retirado junto com seu cavalo de um pântano usando a força dos próprios cabelos ao amarra-los em uma árvore. 

Esses ataques sem qualquer fundamento a Ruben Berta me lembra a anedota do Barão por não possuir qualquer ligação com a realidade fática, e terminam, contraditoriamente, servindo como um estado de idoneidade, já que não há qualquer ilegalidade em se trabalhar e receber por isso. Na verdade, a ilegalidade mostrada por Ruben Berta e Igor Mello na Fundação Ceperj vai no sentido justamente  oposto, na medida em que R$ 300 milhões foram entregues a quem nunca trabalhou por motivos nem sempre republicanos.

 

Pedrada dupla: matéria no UOL liga Rodrigo Bacellar à “máfia de barões do ouro” e acerta em cheio em Cláudio Castro

castro bacellar

De pedra a vidraça: reportagem do UOL ao mirar em Rodrigo Bacellar, termina acertando em cheio em Cláudio Castro

Uma reportagem escrita pelo competente jornalista Ruben Berta que foi publicada hoje pelo portal jornalístico UOL deverá trazer fortes reverberações não apenas na política de Campos dos Goytacazes, mas também deverá atingir em cheio a campanha eleitoral do governador acidental do Rio de Janeiro, Cláudio Castro. É que a reportagem traz amplos detalhes sobre o que Ruben Berta demonstra ser potencialmente um imenso batom na cueca do deputado Rodrigo Bacellar, que se tornou bastante poderoso a partir do impeachment do ex-governador Wilson Witzel, ocupando atualmente a estratégica secretaria de governo de Cláudio Castro (ver imagem abaixo).

mafia barões

O problema para Rodrigo Bacellar, e de quebra para Castro, é que a reportagem de Ruben Berta esmiuça em detalhes uma relação íntima do deputado campista com uma rede de empresas ligadas à extração ilegal de ouro na Amazônia, a partir da prosaica (na falta de melhor definição) da cessão de um helicóptero para uso em andanças e pajelanças políticas no interior do estado do Rio de Janeiro.

O interessante é que a matéria de Ruben Berta não fica apenas na relação entre Rodrigo Bacellar e a empresa Zocar Rio Caminhões, mas se estende para apontar que, após acumular grande poder no governo Castro, o deputado campista seria um dos principais beneficiários de um esquema que utiliza cargos secretos que estão sendo realizados pela Fundação Ceperj.

Somando essas duas vias, o que temos é que de pedra, Rodrigo Bacellar pode estar passando rapidamente a vidraça, na medida em que se envolveu com um grupo cujos emaranhados com a justiça já resultaram na apreensão de bens e prisões de envolvidos no bilionário esquema de extração ilegal de ouro na Amazônia.

Quem deve estar rindo, do alto de sua longa vivência política, dos problemas que alcançaram Rodrigo Bacellar é o ex-governador Anthony Garotinho. É que essa situação certamente causará constrangimento e embaraço a Rodrigo Bacellar que do alto do seu poder tinha se tornado uma verdadeira pedra no sapato não apenas dele, mas de toda a família Garotinho. 

Mas aos navegantes  fica a lição: se for querer ser pedra na política, melhor evitar certos mimos que repentinamente podem se transformar em imensas vidraças.

Blog do Berta, uma leitura essencial para entender a natureza seletiva da crise financeira no Rio de Janeiro

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Apesar de não possuir uma listagem pública de veículos da mídia alternativa que eu acompanho regularmente, o fato é que existem excelentes jornalistas que optaram (ou foram optados por assim dizer) a criar seus próprios veículos para continuarem fazendo jornalismo de qualidade.  Por isso, leio regularmente vários blogs e portais que sinalizam essa mudança de paradigma para a produção de jornalismo investigativo qualificado.  Dentre alguns destes veículos cito o portal “Viu!“, o blog do jornalista Marcelo Auler, e, mais recentemente, o blog do jornalista Ruben Berta.

E quero me deter aqui me deter nas interessantíssimas apurações que o jornalista Ruben Berta vem realizando sobre gastos curiosos e vultosos (convenhamos que essa é uma estranha combinação) que estão sendo realizados pelo governo do estado do Rio de Janeiro à guisa de dotar as estruturas públicas estaduais de saúde das condições necessárias para combater a difusão e as inevitáveis consequências da pandemia da COVID-19.

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Uma das matérias publicadas pelo jornalista Ruben Berta revelou que a Polícia Militar do Rio de Janeiro irá pagar R$ 2,3 milhões para que uma loja de materiais de construção forneça, sem licitação é preciso que se frise, forneça máscaras e aventais que, em tese, serão usados para combater os efeitos da COVID-19.

Em outra matéria apareceu algo ainda mais grave que foi a compra superfaturada de 100 mil frascos do antibiótico claritromicina que custando no mercado um preço médio de R$ 30,00, custou aos cofres estaduais a “bagatela” de R$ 120,00.

Uma investigação ainda mais reveladora feita por Ruben Berta se deu com a contratação de uma empresa investigada no Rio Grande do Sul para a construção, também sem licitação, dos chamados “hospitais de campanha” a um custo milionário.  Essa matéria acabou tendo repercussão na mídia corporativa, e explica porque até hoje a cidade de Campos dos Goytacazes ainda não viu a conclusão da unidade deste tipo que deverá operar no antigo terreno da concessionária Vasa.

O que me parece peculiar é que se não fosse pela ação diligente e robusta do ponto de vista jornalístico do jornalista Ruben Berta, não seria possível saber que o problema do estado do Rio de Janeiro continua não sendo falta de dinheiro, mas as formas pelas quais os recursos públicos são utilizados pelos governantes de plantão.

Mas agora que o Ruben Berta “tirou o gato do saco”, é fundamental que os servidores públicos estaduais e suas entidades de classe não caiam na ladainha de que não há dinheiro nos cofres estaduais para que se continue pagando salários em dia. A verdade é que todo aceno no sentido contrário parece apenas querer distrair a atenção de fatos que demonstram o contrário.

E se alguém ainda tiver dúvidas de que a crise financeira do Rio de Janeiro, sugiro a leitura das reportagens postadas pelo jornalista Ruben Berta em seu blog. Simples assim!