Em meio à crise hídrica em Campos, o que diz o secretário de Saúde sobre a garantia de segurança para os pacientes de hemodiálise?

agua-de-Hemodialise-1Em cada sessão de hemodiálise em torno de 120 a 200 litros de água são consumidos

Como filho de alguém que faleceu por insuficiência renal, após uma luta dura em uma clínica de hemodiálise, me ocorre perguntar ao secretário municipal de Saúde de Campos dos Goytacazes: o que está sendo feito para garantir que não haja nenhum comprometimento nos serviços prestados para os pacientes renais a partir do eventual comprometimento da qualidade da água utilizada nos procedimentos?

É preciso lembrar que no processo de filtragem feito durante a hemodiálise, um elemento é fundamental: a água tratada. Ali, a água é misturada com alguns solutos na máquina e se torna a solução de diálise. É essa solução que entrará em contato com o sangue na máquina para fazer a filtragem e manter a concentração do sangue correta.  Um fato ainda mais marcante: em uma única sessão de hemodiálise consome de 120 a 200 litros de água por paciente.

Assim, que passos já teram sido adotados pela Secretaria Municipal de Saúde de Campos dos Goytacazes após o reconhecimento de que a água tratada distribuída pela concessionária Águas do Paraíba está chegando aos pontos de consumo com, pelo menos, geosmina? Se para pessoas com condição clínica em que os rins estão saudáveis, o que isso pode significar para o tratamento de pacientes renais?

Voltando ao meu pai, quando em tratamento de hemodiálise e já na fase final da sua vida, ele podia consumir apenas um copo de água por dia, algo que o deixava particularmente angustiado. A partir da experiência do meu pai, me vem a pergunta de como os pacientes de hemodiálise de Campos dos Goytacazes podem ter certeza que seu volume máximo diário vai estar adequado? Com a palavra, o secretário municipal de Saúde!

E antes que eu me esqueça: a Águas do Paraíba poderia vir a público confirmar se o seu “produto” é próprio para uso em clínicas e pacientes de hemodiálise?

Geraldo Venâncio, o sortudo, caiu antes de subir

geraldoAo defender medidas de lockdown para conter a pandemia da COVID-19, o médico Geraldo Venâncio tornou-se uma espécie de “Viúva Porcina” da nova administração municipal ao deixar de ser, sem nunca ter sido. Mas esta condição poderá se mostrar rapidamente um momento de imensa sorte

Li com pouca surpresa a informação de que o experiente Geraldo Venâncio acabou não sendo nomeado para ser o secretário municipal de Saúde no governo de Wladimir Garotinho (PSD).  Apesar das justificativas educadas do sempre educado Dr. Venâncio, não posso deixar de desconfiar que a sua defesa da adoção cientificamente lógica e racional de uma forma mais rígida de isolamento social para conter a expansão da COVID-19 acabou lhe custando  a nomeação.

Mas dada a flagrante onda de irresponsabilidade coletiva que grassa em certos segmentos da sociedade campista, que tendo rendido cenas dantescas de aglomeração em meio à expansão de uma pandemia letal, eu fico com a impressão de que cair antes de subir vai acabar se provando um bafejo de imensa sorte do Dr. Geraldo Venâncio. É que a História não é conhecida por ser clemente com aqueles que podendo conter o espalhamento de doenças letais, optam pelo caminho contrário.

Em tempo: conversando há alguns dias com a minha irmã que é servidora pública lotada na secretaria municipal de Saúde em minha cidade natal, ela me expressou alegria em ter alguém com experiência na área da saúde assumindo o posto de secretários, em vez de um estranho vindo da área da administração de empresas como ocorreu há alguns anos atrás. É que segundo ela, a experiência com um administrador de empresas em um lugar em que a saúde humana deve ser priorizada ficou longe de dar certo.

Aí é que eu fico com a impressão de que Geraldo Venâncio está sendo ainda mais sortudo ao se livrar das pressões que certamente ocorrerão para se priorizar a gestão focada nas relações de custo/benefício em vez do necessário foco na gestão primária da saúde, impedindo com isso a necessidade de se gastar com remédios. Por isso mesmo é que tem horas que cair é melhor do que subir.