Na bacia do Piancó-Piranhas-Açu, perda de água gera quase meio bilhão de dólares de prejuízos

Estrutura de medição no Açude Armando Ribeiro Gonçalves cercada por vegetação e grande espelho d’água.Açude Armando Ribeiro Gonçalves, um dos principais reservatórios da bacia do Piancó-Piranhas-Açu, no semiárido potiguar. Foto: Raylton Alves / Banco de Imagens ANA

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Um estudo da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa) revelou que a Bacia Hidrográfica do Rio Piancó-Piranhas-Açu, no Nordeste, perdeu 42% de seus corpos d’água em três décadas. A redução, observada entre 1989 e 2019, foi a mudança mais acentuada no uso da terra e resultou em uma queda de 24% no valor econômico dos serviços ecossistêmicos da região — o equivalente a mais de US$ 460 milhões (quase R$ 2,5 bilhões no câmbio corrente). Os achados estão em artigo na Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental.

A diminuição da água é atribuída a fatores combinados: secas prolongadas, como a que ocorreu entre 2012 e 2017, transformações no uso do solo que aumentam o transporte de sedimentos e a ausência de Áreas de Preservação Permanente (APPs), que agravam o assoreamento (acúmulo de sedimentos, como areia, terra e detritos) de rios e reservatórios. “Para a bacia hidrográfica que analisamos, não existiam estudos com esse viés. Então por isso que analisamos 30 anos, porque não se tinha e precisávamos de um olhar mais abrangente. Para auxílio, reunimos artigos e estudos que eram em outras bacias e aplicamos nessa região, que já conhecíamos muito e é da nossa área. E aí chegamos em resultados alarmantes”, explica Izabele Gusmão, uma das autoras do estudo.

Para medir essas transformações, os pesquisadores usaram imagens de satélite Landsat de 1989 a 2019, processadas em software de geoprocessamento (QGIS). O método permitiu mapear as mudanças na cobertura da terra, como áreas de Caatinga, solo exposto, corpos d’água e áreas urbanas. Em seguida, aplicaram técnicas de valoração econômica reconhecidas internacionalmente para estimar o valor dos serviços ecossistêmicos fornecidos por cada tipo de cobertura.

O valor total dos serviços ecossistêmicos da bacia caiu de aproximadamente US$ 1,97 bilhão em 1989 para US$ 1,51 bilhão em 2019. Entre os serviços mais afetados estão a regulação do clima e das chuvas, a manutenção da fertilidade do solo, o fornecimento de água e a produção de alimentos. A principal razão para a queda foi justamente a perda de áreas de água, que concentram o maior valor por hectare. “Isso é um recorte do território, mas se a gente for ampliar a pesquisa para outras bacias hidrográficas, muito possivelmente veremos essa mesma evolução, até porque as grandes metrópoles e até pequenas cidades são formadas em torno dos rios e dos cursos de água, né? Então, é necessário ter uma área de preservação em torno desses cursos de água”, complementa a pesquisadora.

Embora a vegetação nativa da Caatinga tenha diminuído pouco — 3% na lenhosa e 2% na herbáceo-arbustiva — o impacto econômico foi desproporcional. A expansão de áreas urbanas e de solo exposto (5%) também contribuiu para desequilíbrios no ecossistema. Isso afeta diretamente benefícios como o controle da erosão, a recarga de aquíferos e até a oferta de oportunidades de lazer e turismo ligadas à paisagem natural.

As consequências são concretas. Hoje, os principais usos da água na bacia são irrigação (64,8%), aquicultura (24%), consumo humano (8%) e pecuária (1,7%). A escassez hídrica compromete tanto a produção agrícola e de alimentos quanto o abastecimento das populações locais. “A gente precisa de medidas que regulamentem para que se preserve uma determinada faixa dos cursos de água e que mantenha essa cobertura vegetal que é necessária, porque se a gente não tem, a gente tem o assoreamento. O curso da água com o passar do tempo vai reduzindo, foi uma das coisas que a gente percebeu, que vai se reduzindo, porque a malha urbana adentra o espaço do curso d’água. É preciso mitigar os danos e proteger as bases hidrográficas, de um modo geral”, afirma Gusmão.

O estudo identificou 17 tipos de serviços ecossistêmicos prestados pela bacia, que vão da regulação do clima e da qualidade do solo até a provisão de água, fibras, madeira e plantas medicinais, além de funções culturais como lazer e estética da paisagem. A Caatinga se mostrou estratégica: mesmo sob condições de seca, continua a prover 16 desses 17 serviços. Ainda assim, segue sendo um dos biomas mais negligenciados nas agendas políticas e acadêmicas, em comparação com florestas tropicais.

Para os autores, os resultados reforçam a necessidade de políticas públicas e ações comunitárias voltadas à restauração de áreas degradadas e à gestão integrada da terra e da água. Sem isso, a perda econômica e ambiental tende a se aprofundar, ameaçando a segurança hídrica e alimentar de milhões de pessoas no semiárido.


Fonte: Agência Bori

Custo ambiental do desmatamento e da soja no leste da Amazônia chega a R$ 10 bilhões, revela estudo

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Bacia do Gurupi, entre o Pará e o Maranhão, aumentou 92% da área agrícola em 36 anos; na foto, vista áerea de área desmatada no Pará. Foto: Vinicius Mendonça/IBAMA 

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O desmatamento na Amazônia e o aumento de áreas agrícolas têm diminuído a capacidade da floresta de oferecer benefícios à população, como produtividade da terra e melhor qualidade do clima, do ar e da água. Em artigo publicado nesta segunda (27) na revista científica “Ambiente & Sociedade”, pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi e da Universidade Federal do Pará (UFPA) estimam que, em 36 anos, houve uma perda de cerca de R$ 10 bilhões em serviços ecossistêmicos na região da bacia do Gurupi, leste da Amazônia, devido ao aumento de áreas de plantio de soja. O valor foi corrigido para o ano corrente.

O grupo quantificou perdas econômicas geradas pelo desmatamento de 1985 a 2021 na bacia do Gurupi, que fica entre os estados do Pará e do Maranhão. O cálculo foi feito a partir de levantamento de uso de terras na área de 35 mil km2, usando a base de dados MapBiomas, que mantém um registro anual de mudanças da região desde 1984. Para facilitar o trabalho, os pesquisadores classificaram o uso da terra em cinco categorias: florestas, formações naturais não florestais, agricultura, áreas sem vegetação e região de águas. A valoração dos serviços ecossistêmicos foi feita a partir de base de dados global que mapeia a economia dos ecossistemas e da biodiversidade. Foram selecionados 210 valores para 15 tipos de serviços ecossistêmicos.

A partir do cruzamento de dados levantados, os pesquisadores observaram que, em 36 anos, houve perda de 25% de área florestal e aumento de 92% de áreas agrícolas. O plantio de soja corresponde a 84% do terreno destinado à agricultura na região. “Toda essa produção vai para exportação, pois a soja não alimenta pessoas”, comenta Ima Vieira, coautora do estudo e pesquisadora do Museu Goeldi.

De acordo com a especialista, a redução do plantio de produtos voltados para a alimentação humana provocado pelo aumento de áreas de soja pode aumentar o risco de insegurança alimentar na região, além de prejudicar o ecossistema. “Todo esse plantio enfraquece as funções dos ecossistemas naturais, como a regulação do clima, a qualidade da água e a polinização, que são serviços importantes prestados pela floresta. Se a área de floresta é reduzida, esses serviços também se reduzem”, explica.

A maior parte da produção agrícola no Pará, segundo os autores do artigo, depende de serviços ecossistêmicos como a polinização – e, por isso, é considerado um serviço valioso. Além da vida humana, outras espécies de animais podem ser ameaçadas pelas mudanças no uso da terra na região, assim como a regulação do clima.

Os pesquisadores esperam que esse tipo de estudo de valoração dos serviços ecossistêmicos possa ser útil não apenas para informar a população e os tomadores de decisão, mas também possa mobilizar políticas públicas de conservação e estímulo a atividades econômicas mais aderentes à manutenção biodiversidade dos biomas tropicais. “Comunidades locais, como as populações quilombolas que vivem na região do Gurupi, podem se beneficiar de políticas nacionais de pagamentos por serviços ambientais”, comenta Vieira, salientando que incentivos financeiros podem promover atividades produtivas mais sustentáveis e com maior capacidade de geração de benefícios econômicos e socias às comunidades.

Após a publicação do artigo, que fez parte da tese de doutorado da pesquisadora Fabiana da Silva Pereira no Programa de Ciências Ambientais, parceria entre o Museu Goeldi, a UFPA e a Embrapa, o grupo está trabalhando em pesquisas qualitativas sobre a percepção dos, quilombolas, sobre as mudanças do uso da terra e dos serviços ecossistêmicos e as ameaças aos seus territórios.


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Fonte: Agência Bori

Degradação florestal deve ser foco da agenda ambiental, afirmam pesquisadores

Por meio de policy brief, grupo de pesquisadores defende a atualização do PPCDAm para alinhar combate à degradação e ao desmatamento de maneira eficiente.

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O combate à degradação florestal deve ser uma das prioridades do PPCDAm (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal), principal projeto para conter o desmatamento no país, de acordo com o policy brief apresentado ao governo federal. O IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) integra o grupo de organizações que elaborou e entregou o documento ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) em 25 de abril.

A degradação florestal é o processo de deteriorização das florestas remanescentes da Amazônia, resultado de distúrbios causados pela ação humana, como o fogo e a exploração madeireira ilegal. Enquanto o desmatamento remove toda a vegetação de uma área, a degradação mantém alguma parte, mas em um estado enfraquecido e ainda mais vulnerável, podendo contribuir para queimadas de grande extensão e perda de biodiversidade, por exemplo.

Entre 1992 a 2014, foram degradados 337.427 km², enquanto o desmatamento atingiu 308.311 km², segundo o policy brief. Áreas degradadas também respondem por um volume de emissões de CO² semelhante ao das áreas desmatadas. Pesquisas estimam que florestas degradadas bombeiam um terço a menos de água para a atmosfera do que florestas intactas, afetando diretamente o abastecimento hídrico e a produção de chuva em diversas regiões do país.

“O policy brief demonstra claramente que a situação das florestas da Amazônia vai muito além do desmatamento. A degradação, e principalmente aquela causada por incêndios florestais e a exploração madeireira desordenada, causa impactos que devem ser levados em consideração”, afirma a diretora de Ciência do IPAM e uma das autoras do documento, Ane Alencar.

Atualmente, as políticas públicas brasileiras estão concentradas no controle e na redução do desmatamento. Contudo, as características do fenômeno de degradação tornam ações focadas no combate e na fiscalização do desmatamento pouco eficazes, segundo o estudo, que também responde algumas concepções equivocadas sobre as florestas degradadas.

“A degradação acaba sendo um mal invisível. Ouvimos muito falar de cortes rasos, desmatamento e queimadas, mas muito pouco sobre a degradação que vai destruindo as florestas e minando os estoques de carbono, a biodiversidade, os serviços ecossistêmicos. Isso fica imperceptível até nos satélites que monitoram as florestas”, aponta Alencar.

Propostas

O policy brief apresentado pelos pesquisadores busca o aprimoramento das técnicas de mapeamento de florestas degradadas e defende a criação de um fundo de emergência capaz de apoiar a proteção de áreas degradadas consideradas prioritárias. O documento defende a criação de mecanismos específicos para garantir a qualidade das áreas dentro de reservas legais e outras áreas protegidas, além da necessidade de um grupo de trabalho técnico-científico que atue junto ao MMA no desenvolvimento de novas políticas.

“O principal ponto são as recomendações que nós fazemos com medidas específicas para o controle do problema da degradação amazônica. Recomendamos que seja criada a lista dos municípios que mais degradam e o aperfeiçoamento dos métodos de monitoramento. Temos as ferramentas e o conhecimento para isso e é possível aplicar”, destacou a pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental, Joice Ferreira.

Para os pesquisadores envolvidos na criação do documento, a cooperação entre institutos de pesquisa públicos e civis, órgãos de fiscalização e autoridades é parte fundamental do combate à degradação. Nesse sentido, as atualizações sugeridas ao PPCDAm permitiram a união entre as técnicas desenvolvidas por pesquisadores e os bancos de dados mantidos pelo poder público.

“O governo pode atuar auxiliando com dados para que áreas consumidas pela degradação da atividade madeireira sejam monitoradas e fiscalizadas. Existem áreas, por exemplo, em que a extração irregular de madeira é indicada por inconsistências nos dados apresentados pelas empresas. É importante que tenhamos ferramentas e mecanismos que consigam monitorar essas áreas para que a gente qualifique o debate à degradação”, destaca o pesquisador do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), Dalton Cardoso.

policy brief foi resultado do encontro “Degradação das florestas amazônicas: um diálogo entre ciência e sociedade em busca de soluções”, ocorrido em Belém (PA), no mês passado. Participaram da elaboração, além do IPAM, CEMADEN (Centro de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais), Museu Paraense Emílio Goeldi, EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), SEMA-PA (Secretaria de Estado de Meio Ambiente) do Pará, Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), Woodwell Climate Research Center, UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas), Universidade Federal Rural da Amazônia, NASA (National Aeronautics and Space Administration), UFPA (Universidade Federal do Pará), Universidade de Yale, Universidade de Oxford e Universidade de Lancaster.

Aproveitando pandemia, CBA faz audiências virtut para aprovar extração “sustentável” de bauxita na Zona da Mata

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Mesmo antes da aprovação da famigerada lei dodeslicenciamento ambientalenviado pelo governo Bolsonaro ao congresso nacional, corporações que lucram com a destruição do patrimônio ambiental brasileiro se movimentam para aprovar empreendimentos que são caracterizados por gerar um amplo leque de ações destrutivas contra o meio ambiente e as populações que produzem e se reproduzem em verdadeiros santuários ecológicos.

Um caso exemplar é a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) que está lançando mão do artifício de realizar audiências públicas virtuais para aprovar um autodenominado projeto de extração sustentável da bauxita (sic!) que abrangerá cinco municípios da Zona Mata Mineira (ver convocação abaixo).

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A ação da CBA está sendo vista com perplexidade por moradores da região afetada, principalmente por pessoas que vivem nas áreas rurais dos municípios abrangidos pelo referido projeto, na medida em que o acesso à rede mundial de computadores é limitada em pontos fora das zonas urbanas, o que é agravado pelas distâncias relativamente altas que os potenciais interessados. Para piorar a “audiência” prevista para o dia 07 de outubro ocorrerá na parte noturna, dificultando ainda mais a vida dos moradores de áreas rurais (que afinal são os principais afetados pela destruição ambiental que invariavelmente acompanha qualquer atividade de mineração).

Esse simulacro de participação popular claramente procura criar as condições políticas para a emissão de licenças ambientais, as quais permitirão a continuidade de atividades minerárias que nada têm de sustentáveis.

Ativistas apontam que Parque Estadual da Serra do Brigadeiro poderá ser o próximo alvo da CBA

Este blog já divulgou em momentos anteriores informações sobre as tensões existentes entre comunidades locais e a CBA (eu, aliás, fui alvo em 2017 de um processo movido pela empresa por causa das informações aqui postadas sobre conflitos ocorrendo na área de influência das suas atividades minerárias, mais precisamente no Distrito de Belisário, pertencente ao município de Muriaé) no entorno do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB), cujo entorno possui reservas consideráveis de bauxita (ver mapa abaixo).

Agora, fontes consultadas pelo blog mostraram preocupação com as ações da CBA em torno do seu projeto de extração “sustentável” de bauxita, na medida em que existem evidências de que há uma proposta para que se reduza a chamada “área de amortecimento” do PESB de 10 km para 3 km. Tal redução possibilitaria que a CBA também conduzisse suas atividades minerárias em uma região de alto valor ecológico, sendo também considerada uma grande berço de águas para os municípios sob sua influência.

Aliás, a simples visualização das áreas de mineração que a CBA pretende aprovar com o plano em questão afetam diversas unidades de conservação (ver mapa abaixo), o que coloca em xeque qualquer possibilidade de que haja qualquer chance de sustentabilidade, a não ser que se esteja falando de sustentar o processo de destruição ambiental que já ocorre em função da mineração da bauxita, com saldos paupérrimos para os municípios onde ela ocorre.

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Um futuro sustentável passa ao largo da mineração de bauxita

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Seja qual for o resultado dessa “audiência” virtual que será promovida pela CBA para levar à frente o licenciamento do seu inverossímil projeto de extração “sustentável” de bauxita, o certo é que os habitantes da região já demonstraram serem capazes de desenvolver sistemas produtivos que são bem mais rentáveis do que a mineração, mas também ecologicamente sustentáveis. Além disso, o desenvolvimento de um movimento endógeno voltado para a defesa do patrimônio hídrico que é protegido pelas unidades de conservação existentes, principalmente pelo PSB, é  uma garantia de que as ações da CBA não passarão em branco.

E uma coisa é certa: não será com extração de bauxita que se chegará a um futuro que seja social e ambientalmente sustentável.

Viva a Amazônia! Curiosidades sobre a maior floresta do mundo

No dia 5 de setembro é comemorado o Dia da Amazônia. A data surgiu como uma forma de chamar a atenção da população para o maior bioma do mundo e National Geographic faz isso listando 20 fatos sobre a região amazônica. Confira!

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 Através da campanha O que você faz Importa, National Geographic reforça o seu compromisso com a sustentabilidade e convida o público a adotar novos hábitos baseados em cinco pilares: reduzir o consumo de energia; evitar o uso de plásticos descartáveis; repensar o consumo; adotar meios de transporte sustentáveis; e inspirar os outros, gerando consciência e participação.

Agora, em 2021, a campanha, que foi desenvolvida com uma economia de recursos gráficos e peças que trazem o conceito mais minimalista,  entra numa nova fase de comunicação com a missão de promover a conscientização sobre as Mudanças Climáticas, além de continuar inspirando a prática de hábitos mais sustentáveis, através de ações e ativações que acontecerão durante o mês de setembro – iniciando no Dia da Amazônia (05 de setembro) – e outubro, culminando no Dia Mundial Contra as Mudanças Climáticas (24 de outubro).

Para o Dia da Amazônia, no próximo domingo, a National Geographic traz curiosidades sobre o maior bioma do mundo com o objetivo de reforçar a mensagem sobre a importância da conservação da região, ressaltando para o público sua grandiosidade e necessidade de preservação desse tesouro mundial.

As informações abaixo são encontradas no site oficial da National Geographic Brasil, que também conta com uma página dedicada à Amazônia, na qual o público encontrará uma gama de informações sobre a região, além de contar com matérias especiais assinadas pelos exploradores National Geographic, que atuam na linha de frente de projetos de pesquisa e exploração, ajudando a expandir o conhecimento do público e gerando soluções para um futuro mais sustentável.

Confira!

  1. Nove países e nove estados: A Amazônia é a maior floresta em território, ocupando cerca de nove países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Suriname e Venezuela e no Brasil. No território brasileiro, o bioma ocupa nove estados: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia, Tocantins e parte do Maranhão e do Mato Grosso, o equivalente à quase metade do território nacional.
  2. Flora amazônica exclusiva: A Vitória Régia é uma planta típica da região e se destaca por ser uma das maiores plantas aquáticas do mundo. Uma única folha dela pode chegar a um diâmetro de até 33 centímetros.
  3. Um pequeno país: Com cerca de 5.500 quilômetros quadrados, se a Amazônia fosse um país, seria o sétimo maior do mundo, ficando atrás da Austrália (7.692 km²) e à frente da Índia (cerca de 3 mil km²).
  4. Rios voadores: A alta umidade do ar na região amazônica tem uma relação direta com a quantidade de árvores que lá existem. São cerca de seis mil espécies conhecidas, sendo que algumas delas têm raízes que conseguem penetrar cerca de 30 metros o solo, retirando assim toda a água necessária. Os troncos e galhos funcionam como tubulações levando essa água até as flores, que por sua vez transpiram e jogam toda essa umidade no ar. Cada árvore chega a bombear cerca de 500 litros de água no ar por dia, totalizando 20 bilhões de toneladas de água lançados no ar diariamente na Amazônia. Parte dessa água volta ao solo em formato de chuva e outra parte é transformada nos “rios voadores”, representados em grandes nuvens que sobrevoam a região.
  5. Ar-condicionado do mundo: Ao contrário da informação de conhecimento popular que a Amazônia contribui com 20% do oxigênio na atmosfera, o bioma – na verdade – contribui com cerca de 20% do oxigênio produzido pela fotossíntese no planeta. Em seu estado mais primitivo, a Amazônia faz uma contribuição significativa para retirar o dióxido de carbono da atmosfera, o que não chega a ser um par de pulmões, e sim se assemelha a um ar-condicionado gigante que resfria o planeta.
  6. Alagamentos emergenciais: Assim que os afluentes amazônicos atingem os seus níveis mais baixos, as chuvas torrenciais começam a cair com uma força brutal. Em um espaço de poucos meses, a floresta fica submergida, chegando a quase 30 metros de alagamento na selva, que é suficiente para cobrir um edifício de dez andares.
  7. Selva Submarina: O interesse em cultivar florestas capazes de absorver as emissões de carbono, as florestas subaquáticas, começa a aumentar na região amazônica. Cada vez mais, pesquisas documentam o potencial das plantações de algas marinhas no combate às alterações climáticas. As selvas submarinas de algas e macroalgas de crescimento rápido são altamente eficazes em armazenar carbono e ajudam a mitigar a acidificação, desoxigenação e outros impactos marinhos do aquecimento global.
  8. Uma espécie por dia: A Amazônia brasileira é tão cheia de vida que os exploradores têm descoberto novas espécies de plantas ou animais quase que diariamente. Esta é a conclusão de um estudo de dois anos sobre as espécies recém-descobertas, conduzido pela World Wildlife Fund (WWF). Só em 2017, foram encontradas 216 novas espécies de plantas, 93 de peixes, 32 de anfíbios, 19 de répteis, uma ave e 18 mamíferos.
  9. Maior volume de água do planeta: A Amazônia é cortada pelo rio Amazonas, responsável por drenar mais de sete milhões de quilômetros quadrados de terras e com vazão anual média de 176 milhões de litros de água por segundo, dando a ele o pódio de maior rio em volume de água do mundo. Na foz, o rio produz 100 milhões de litros d’água por segundo.
  10. Fruto típico amazônico: o fruto do Guaraná foi descoberto em 1821 por Humboldt em tribos indígenas do município hoje chamado de Maués. Os índios da região consideravam o guaraná sagrado e utilizavam a pasta do fruto como remédio.
  11. A economia verde: A economia com baixa emissão de carbono é uma das grandes impulsionadoras da economia Amazônica, fazendo a região dar um salto em sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
  12. Maior manguezal: A costa amazônica possui o maior número de manguezais no Brasil. Cerca de 80% dos manguezais do país se encontram na região, sendo característicos por abrigarem uma enorme deposição de material lamoso cheio de nutrientes.
  13. Rio subterrâneo: Cientistas descobriram que existe um rio subterrâneo embaixo do Rio Amazonas, batizado de Hamza em homenagem ao pesquisador Valya Hamza. Ele se encontra a quatro mil metros de profundidade, conta com seis mil quilômetros de extensão e corre no mesmo sentido do Rio Amazonas.
  14. Super peixes: Na Amazônia é onde se encontra o maior número de peixe elétrico. Capaz de produzir descargas que variam entre 300 e 1.500 volts, suficiente para matar um cavalo, a espécie chega a medir três metros e podem pesar 30 quilos.
  15. Areia desértica: A Floresta Amazônica recebe areia do deserto do Saara por meio dos ventos, que levam minerais que fertilizam o solo amazônico.
  16. A onda gigante: A palavra Pororoca foi adotada para se referir a um dos mais impressionantes fenômenos da natureza, que ocorre quando as águas do mar se encontram com um rio e formam uma grande onda que pode atingir até 4 metros de altura e durar até uma hora e meia, avançando 50 quilômetros no rio Amazonas adentro.
  17. Povo Indígena:  Um dos maiores símbolos da Amazônia são as tribos indígenas, presentes na região muito antes do Brasil ser colonizado. Atualmente, os maiores grupos de índios da Amazônia são os Guaranis, Xerentes, Amawákas, Anambés, Kambebas e os Aruá. No entanto, há mais de 200 diferentes etnias espalhadas por todo o Brasil.
  18. Inseto enorme: Você sabia que na Floresta Amazônica existe uma centopeia gigante (Scolopendra Gigantea) que se alimenta de sapos, grilos, pássaros, cobras, entre outros animais de porte grande?
  19. Flora aquática: Na Amazônia são encontrados duas espécies de botos, conhecidos como golfinhos de água doce: o cor-de-rosa e o boto-preto. Além disso, nos rios amazônicos, concentram-se cerca de 85% dos peixes de toda a América do Sul.
  20. Legado de Chico Mendes: 32 anos após sua morte, o seringueiro Chico Mendes continua como o maior símbolo da luta dos povos extrativistas pelo uso das terras que ocupam há décadas, em específico, e pela preservação da Amazônia, num âmbito geral.

E ainda tem mais! Os exploradores da National Geographic apresentam mais algumas informações que você (provavelmente) não sabia sobre a Amazônia.

– A Amazônia (e o Rio Amazonas) tem 10 milhões de anos. Julia Tejada, paleontóloga e exploradora da Nat Geo, conta que a origem da Amazônia está ligada à ascensão dos Andes, ou seja, sem os Andes não haveria Amazônia e/ou sua flora e fauna.

– A Amazônia é a principal fonte de biodiversidade neotropical.  Segundo Julia, muitos estudos mostram que a maioria das espécies existentes em outras partes região neotropical – que se estende aproximadamente do sul do México ao sul do Brasil – teve origem na Amazônia.

– Um dos eventos mais importantes na Amazônia é o “pulso de inundação”. Fernando Trujillo, biólogo marinho e explorador da Nat Geo, conta que – graças às chuvas abundantes nos Andes – o nível dos rios pode aumentar até 15 metros verticalmente e milhares de quilômetros planos. Portanto, todas as espécies que vivem na Amazônia estão adaptadas a isso e, quando o nível da água começa a subir, os peixes, por exemplo, se preparam para fazer migrações reprodutivas.

– Um único hectare de floresta alagada pode produzir até 20 toneladas de sementes e frutas por ano, o principal alimento para muitos peixes.  Ao mesmo tempo, quando a floresta atinge seu nível máximo de inundação, a maioria das árvores libera seus frutos para dispersá-los. Portanto, quando a floresta é desmatada, os peixes são diretamente afetados.

– Muitas plantas e animais da Amazônia são a base de alguns medicamentos que usamos e também podem ser o futuro da segurança alimentar do planeta. Por exemplo, o inseto medicinal mais usado na Amazônia também é muito rico em proteínas, conforme conta Rosa Vásquez Espinoza, bióloga química e exploradora da Nat Geo. Recentemente, o uso tradicional do escarabajo suri ficou conhecido por, além de tratar diversas doenças respiratórias, também contribuir em termos de benefícios nutricionais devido ao seu alto teor proteico.

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–  Você sabia que os botos da Amazônia podem mudar de cinza para rosa muito intenso em poucos minutos? Fernando Trujillo menciona que os botos, assim como os humanos quando fazem atividade física, enviam muito sangue para os vasos sanguíneos periféricos para regular a temperatura.  Diante disso, os humanos avermelham a pele e os botos, por outro lado, adquirem uma tonalidade muito rosa. Entretanto, nem todos eles mudam de cor e isso parece ser influenciados pelos fenótipos, também assim como nos humanos.

– Estima-se que em quatro séculos de mineração na Amazônia, mais de 200 mil toneladas de mercúrio foram descarregadas nos rios. Mercúrio é usado para separar o ouro dos sedimentos. Muitas vezes a compra de ouro promove a mineração ilegal na Amazônia com processos sérios de desmatamento e poluição por mercúrio.

Relatório de 2020 do Mapbiomas mostra avanço acelerado do desmatamento na Amazônia

'Like a bomb going off': why Brazil's largest reserve is facing destruction. Gold prospectors are ravaging the Yanomami indigenous reserve. So why does President Bolsonaro want to make them legal?

As imagens da floresta amazônica sob ataque do garimpo ilegal do ouro são uma pequena amostra dos efeitos da paralisação dos instrumentos de controle ambiental pelo governo Bolsonaro

O projeto Mapbiomas lançou hoje o seu relatório anual sobre o desmatamento nos diferentes florestais brasileiros relativo ao ano de 2020, e os resultados apresentados demonstram o avanço da perda da cobertura florestal como via de regra, ainda que as maiores perdas tenham ocorrido na Amazônia e no Cerrado (ver gráfico abaixo).

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No tocante à distribuição do desmatamento na Amazônia, os estados responsáveis pelas maiores taxas continuam sendo aqueles que compõe o chamado “Arco do Desmatamento”, com uma liderança clara do Pará cuja taxa de desmatamento chegou a dramáticos  24.49%, sendo seguido pelo Mato Grosso (12,86%), Maranhão  (12,08%) e Rondônia (10,05%) (ver figura abaixo).

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Um dos detalhes mais significativos do avanço do desmatamento nos biomas brasileiros é que a velocidade da perda diária florestas chegou a igualmente dramáticos 3.209 hectares. Se considerarmos que o Mapbiomas está se referindo apenas a corte raso da floresta (i.e., desmatamento),  há ainda que se levar em conta que a alteração dos biomas é ainda mais grave, na medida em que também deve estar ocorrendo, de forma também acelerada, o processo de degradação de florestal cujos efeitos sobre serviços ambientais e perda da biodiversidade são igualmente significativos.

A gravidade dos números verificados para Mapbiomas para 2020 é ainda maior quando se verifica que nos primeiros meses de 2021, quando historicamente ocorre uma desaceleração da mudança na cobertura florestal da Amazônia, os valores encontrados estão os maiores da última década e em aceleração. Com isso, o que teremos em 2021 não será apenas ainda mais desmatamento e degradação via atividades como garimpo e extração seletiva de madeira, e, obviamente, um aumento no número de incêndios florestais (que também são uma forma particularmente eficiente de degradação florestal).

Curiosamente, as consequências econômicas desta destruição em larga escala da biodiversidade e dos serviços ambientais fornecidos pelos biomas amazônicos e do Cerrado já estão sendo medidas e os números são tão devastadores quanto os associados ao desmatamento e à degradação florestal. O problema é que neste momento a dinâmica imposta pelo governo Bolsonaro é de paralisar toda a estrutura de comando e controle em nome de uma forma tosca de geração de receita.

Quem desejar baixar o relatório de 2020 do Mapbiomas, basta clicar [Aqui!].