ANM aumenta alerta para risco de rompimento da barragem Sul Superior em Barão de Cocais (MG)

sul superior

A barragem Sul Superior da Vale, na mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG), está em risco iminente de rompimento, segundo informou ontem a Agência Nacional de Mineração (ANM). Na mesma situação aparecem as estruturas de Forquilha I e III, entre Ouro Preto e Itabirito, e B3/B4, no distrito de São Sebastião das Águas Claras (Macacos), em Nova Lima, todas da Vale.

Técnicos da ANM fizeram uma inspeção nessas barragens e encontraram novas “anomalias”. Além disso, o que também contribuiu para a possibilidade de rompimento das estruturas foram as constantes chuvas nessas cidades em janeiro. Para piorar a situação, as quatro barragens já estavam no nível máximo de risco de rompimento.

No início deste mês, a agência, por conta do excesso de chuvas no estado, já havia determinado a empresas que possuem barragens de mineração que permanecessem em estado de alerta.

As equipes de segurança de barragens deveriam se manter em alerta com monitoramento diário das condições das estruturas – sobretudo para o estado de conservação –, além de dar atenção especial às tomadas d’água dos vertedouros, para garantir a capacidade vertente de acordo com o projeto.

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Este material jornalístico foi inicialmente publicado pelo Diário de Barão de Cocais [Aqui!].

Em caso de rompimento em Barão de Cocais, Rio Doce seria afetado pelo segundo desastre com barragens

Manancial que foi inundado por onda de rejeitos da Barragem de Fundão, de Mariana, em novembro de 2015, está na rota da lama caso ocorra o rompimento do reservatório Sul Superior, da Mina de Gongo Soco

rio doce

Rio Doce foi praticamente sufocado há mais de três anos e poderia receber nova onda de rejeitos se barragem se romper em Barão de Cocais. Na foto, manancial em Governador Valadares(foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS – 17/10/2018)

Por Guilherme Parnaiba para o “Estado de Minas”

O Rio Doce está mais uma vez na rota das barragens em Minas Gerais. Mais de três anos após a tragédia de Mariana, que devastou a bacia hidrográfica banhada pelo manancial federal desde a nascente até a foz no Oceano Atlântico, o curso d’água está mais uma vez no caminho caso ocorra um novo desastre do tipo em Minas.

Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), o manancial seria impactado caso ocorra o rompimento da Barragem Sul Superior, da Mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais, na Região Central de Minas.

A Semad informou que uma possível onda de lama passaria por quatro córregos antes de alcançar o Rio Santa Bárbara, para, em seguida, chegar ao Rio Piracicaba e, por fim, ao Rio Doce, em um ponto distante 195,2 quilômetros da barragem. O informe da Semad foi feito depois que a pasta recebeu comunicado da Vale de uma provável ruptura do talude norte da cava de Gongo Soco. Essa ruptura poderia gerar um gatilho para desestabilizar a Barragem Sul Superior, e, consequentemente, espalhar rejeitos pela região.

A qualidade da água desses mananciais poderá ser afetada, “tornando-a imprópria para consumo humano. Pode ocorrer ainda redução do oxigênio dissolvido, com consequente mortandade de peixes e outras espécies aquáticas. Os cursos d’água podem ter redução da vazão decorrente do assoreamento da calha principal e deposição do rejeito”, segundo a Semad.

A pasta que cuida do meio ambiente do estado também identificou outros impactos em decorrência de um possível rompimento em Barão. A lama suprimiria 383 hectares de remanescentes de floresta da mata atlântica, alteraria a composição do solo original, afetando a fertilidade, e causaria impactos energéticos, pois chegaria ao  reservatório da Usina Hidrelétrica de Peti, localizada a 14 km de distância da barragem, entre os municípios de Santa Barbara e São Gonçalo do Rio Abaixo.

Os impactos para a biodiversidade ainda são avaliados, mas, de antemão,  espécies da fauna e da flora nas áreas e corpos hídricos podem ser atingidas pela passagem ou deposição de rejeito. 

Medidas solicitadas pela SEMAD

No último dia 15, em virtude do comunicado sobre riscos de rompimento do talude dentro de Gongo Soco e um possível gatilho para a Barragem Sul Superior, a Semad determinou que a Vale monitore os recursos ambientais da região. A pasta também determinou mitigação de impactos e perparação de equipes para ação imediata.

Entre exemplos de determinações se destacam “identificação de todas as estruturas, equipamentos e insumos existentes na direção do fluxo dos rejeitos no caso de um eventual rompimento; monitoramento das águas superficiais e subterrâneas na área impactada; apresentação de projeto de mitigação do carreamento dos rejeitos para o Córrego Barão de Cocais; além de instalação de hospital veterinário de campanha e Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), com equipes de resgate de fauna mobilizadas”, informou a Semad.

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Este artigo foi originalmente publicado pelo jornal “Estado de Minas” [Aqui!]

Crise em Barão de Cocais: Vale sabe do risco de rompimento desde o início de março

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Desde os rompimentos ocorridos em Mariana e Brumadinho, não chega a ser nenhuma novidade que há um padrão de ocultação nos problemas de estabilidade que ocorrem em barragens de rejeitos por parte das direções das mineradores. Entretanto, uma matéria assinada pela jornalista Rafaela Mansur para o jornal “O Tempo” informa que a Vale  tinha conhecimento dos riscos de rompimento da barragem Sul Superior em Barão de Cocais (MG) estava com problemas desde o início deste mês.

o tempo barão de cocais

A confirmação deste conhecimento foi verificada pelo Ministério Público Estadual de Minas Gerais em e-mails trocados entre funcionários da Vale que tinham conhecimento de alterações na estabilidade da barragem, o que indicaria o potencial para rompimento.

Ainda que a Vale continue negando a gravidade da situação na barragem Sul Superior, o fato é que agora medidas tardias para orientar a população para rotas de fuga estão sendo tomadas, o que poderia ter sido feito antes e de forma mais organizada e racional.

Este caso reforça a necessidade de que o processo de controle da condição de estabilidade das barragens não fique sob controle das mineradoras, pois está evidente que no caso da Vale o reconhecimento de rompimento das barragens é deixado para quando a situação é praticamente irreversível, evitando assim custos com tentativas de contenção das barragens e com o estabelecimento de estruturas que diminuam a velocidade e o alcance do espalhamento dos rejeitos.

Em assim fazendo a Vale aumenta o ônus econômico e ambiental dos rompimentos de barragens sob sua responsabilidade.