Policiais rodoviários federais fazendo apreensão de mais de 5 toneladas de agrotóxicos contrabandeados na fronteira do Brasil com o Paraguai
O Brasil hoje é um dos principais mercados mundiais para agrotóxicos, o que torna o nosso país responsável por 20% do consumo mundial desses venenos agrícolas. Se esse número já não fosse ruim por si só, há um crescente mercado paralelo que absorve produtos que ou foram ilegalmente traficados para dentro do nosso país via rotas de importação informais ou são simplesmente produtos versões falsificadas dos agrotóxicos que estão legalmente no mercado.
Esse mercado ilegal de agrotóxicos recebe pouca ou nenhuma atenção da mídia corporativa que é sempre ciosa em defender os supostos benefícios de uma agricultura viciada em veneno, e que hoje despeja em nossas mesas níveis inaceitáveis de resíduos de agrotóxicos cujas consequências para o ambiente e a saúde humana são altamente negativas.
Por isso são raros os artigos jornalísticos que mostrem o tamanho do problema representado pelo consumo de agrotóxicos ilegais na agricultura brasileira na mídia corporativa. Felizmente, a dimensão do problema tem servido para que veículos da mídia internacional venham ao Brasil e façam o que os jornais brasileiros não querem fazer. Um caso exemplar é o do artigo assinado pelo jornalista Terrence McCoy e publicado pelo “The Washington Post” intitulado “In agricultural giant Brazil, a growing hazard: The illegal trade in pesticides” (ou em bom português “No gigante agrícola do Brasil, um risco crescente: O comércio ilegal de agrotóxicos”).
Segundo mostra McCoy, apenas em uma apreensão, a Polícia Rodoviária Federal apreendeu 5,5 toneladas do inseticida “Benzoato de emamectina” avaliadas em quase R$ 10 milhões, e que tinham sido ilegalmente produzidos na China e depois contrabandeadas pela fronteira do Brasil com o Paraguai. O detalhe aqui é que essa carga tinha uma dosagem de Benzoato de emamectina de que era duas vezes acima do limite legalmente tolerado no Brasil.
Um dado interessante é que a estimativa é que o montante de agrotóxicos ilegalmente entrados e consumidos no Brasil equivalem a astronômicos 20% do que é declarado como sendo o consumo total no nosso país. Esse dado, se confirmado, adiciona um grau de incerteza muito alto sobre não apenas o nível de contaminação, mas também sobre a qualidade da mesma. É que raramente se sabe o que estão efetivamente dentro dos vasilhames de agrotóxicos ilegalmente entrados no território nacional.
Como o volume absurdo de agrotóxicos falsificados que estão sendo traficados desde o exterior para as áreas agrícolas brasileiras, aparece ainda a questão de quem sustenta uma estrutura tão complexa de receptação, transporte e comercialização. E certamente não serão pequenos comerciantes que terão capacidade para movimentar uma operação nesse tipo de escala.