ThyssenKrupp sob pressão na Alemanha por causa do Tsulama da Vale em Brumadinho

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Os dirigentes do Grupo Thyssenkrupp estão sendo pressionados por membros da organização “guarda chuva” “Dachverband der Kritischen Aktionärinnen und Aktionäre e.V.” (Associação dos Acionistas Críticos- ACC) para responderem sobre o papel que a empresa teve na construção da barragem que rompeu na mina do Córrego do Feijão em Brumadinho (MG).  É que, segundo a ACC, a barragem que rompeu causando o Tsulama da Vale em Brumadinho foi  construída pela Mineração Ferteco e pertencia ao Grupo  ThyssenKrupp até o ano de 2001.

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Em seu site oficial, a ACC afirma esperar que a “Thyssenkrupp coopere totalmente para esclarecer as causas da falha da barragem.  Além disso, deve ser verificado se a empresa “tem vindo a trabalhar na construção e manutenção, em seguida, limpa, diz Tilman Massa, da Associação de Acionistas Críticos. Este posicionamento da ACC foi apresentado na assembleia anual de acionistas da ThyssenKrupp que começou no último sábado (02/02) em Bochum na Alemanha. 

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Como se vê, as interligações existentes entre grandes corporações do setor da produção de minério e do aço são muito fortes. Entretanto, o que esse posicionamento da ACC, em face da necessidade da Thyssenkrupp esclarecer suas responsabilidades, mostra é que o Brasil ainda está engatinhando na organização de mecanismos de pressão sobre essas empresas. 

Mas ainda bem que nos países em que há mais organização para pressionar as corporações e cobrar as suas responsabilidades, o caso do Tsulama da Vale em Brumadinho está sendo pautado. Sem isso, temo que mais este mar de lama fosse jogado para debaixo do imenso tapete onde se encontram tantos outros casos, a começar pelo Tsulama da Mineradora Samarco (Vale+BHP) em Mariana.

ThyssenKrupp e Vale envolvidas em novo rompimento de barragem. Agora no RJ

Tragédia anunciada na barragem do Canal de São Francisco em Santa Cruz

‪Por #‎EquipeFlavioSerafini‬

barragem Foto tirada em meados de 2015, durante diligência realizada no local onde a barragem foi construída e os pescadores protestavam.

Na noite de 17 de fevereiro, durante as chuvas torrenciais que atingiram várias regiões do Estado do Rio de Janeiro, rompeu-se a barragem construída por empresas no canal de São Francisco, em Santa Cruz, que não suportou o volume de água e inundou casas de ribeirinhos e pescadores. A obra é de responsabilidade da Associação das Empresas do Distrito Industrial de Santa Cruz (Aedin), formada pela ThyssenKrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA) – que tem como maior acionista a Vale do Rio Doce -, Gerdau, Furnas, entre outras empresas, e é denunciada pelos pescadores artesanais e ribeirinhos desde a sua instalação em meados de 2015. As empresas se referem à barragem como “soleira submersa”, construída sob a justificativa da necessidade de conter a intrusão de água do mar no canal, o que impactaria a captação de água doce para as atividades industriais.

Alertas e manifestações contrários à instalação da barragem no Canal de São Francisco, que recebeu autorização ambiental do INEA mesmo sem a realização de qualquer estudo prévio de impacto e sem a consulta prévia à comunidade local, vieram de muitos e diferentes setores da sociedade: movimentos sociais, pescadores artesanais, ribeirinhos, moradores, pesquisadores, entidades da sociedade civil, Defensoria Pública e do mandato estadual Flavio Serafini do PSOL-RJ, que protocolou em setembro de 2015 uma denúncia no Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro alertando sobre os impactos já causados pela barragem aos pescadores artesanais e ao ecossistema do entorno, bem como chamando atenção ao risco de inundações e cheias quando das fortes chuvas de verão. A denúncia foi aceita pelo Ministério Público e o inquérito civil corre atualmente sob a responsabilidade do Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente – GAEMA, que investiga o caso e já expediu ofícios ao INEA e às empresas do pólo industrial questionando acerca da autorização ambiental da barragem, apontando para a ausência de estudos prévios de impacto e de medidas mitigadoras (Inquérito Civil MA n. 8432).

O caso é acompanhado de perto pelo Instituto de Políticas Alternativas para o Cone Sul – PACS e pela equipe do mandato estadual Flavio Serafini, que testemunharam as reiteradas tentativas dos pescadores artesanais de dialogar com as empresas e com o INEA para entender a real necessidade da barragem e sobre a possibilidade de medidas alternativas, acompanhando também mobilizações dos pescadores na tentativa de estabelecer tal canal de diálogo. A barragem gera uma correnteza que prejudica a pesca artesanal na região, impede a passagem das pequenas embarcações para pesca na Baía de Sepetiba, coloca em risco a vida de pescadores locais, que estão há mais de 7 meses impedidos de trabalhar.

Por conta dos evidentes impactos causados pela barragem aos pescadores artesanais, ao ecossistema local, à navegabilidade no canal e também por conta do risco de enchentes e inundações, o Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro ajuizou em outubro de 2015 uma ação civil pública contra a AEDIN e o INEA requerendo a anulação da autorização ambiental e o pagamento de indenização aos pescadores artesanais, apresentando ao judiciário estudo preliminar do Instituto Marés que indicava os impactos sobre a navegabilidade do canal e sobre a pesca artesanal, com pedido liminar para imediato desfazimento da barragem. Infelizmente, o juiz da 15a Vara de Fazenda Pública do Tribunal do Rio de Janeiro negou recentemente o pedido de liminar da Defensoria Pública e, agora, como denunciado tantas vezes por tantos atores sociais diferentes, com a vinda das fortes chuvas a barragem se rompeu, causando a inundação das casas de pescadores artesanais e ribeirinhos de Santa Cruz.

FONTE: https://www.facebook.com/FlavioSerafiniPSOL/