Dois pesos e duas medidas: como contar meias verdades para dizer uma mentira inteira

Por Douglas Barreto da Mata 

Ao longo de minha carreira policial, em sua maior parte dedicada à investigação, aprendi alguns truques, que somaram um pouco na tarefa de observar pessoas e fatos. Alguns cientistas políticos, sociais e especialistas em marketing conhecem a esperteza, que também é recorrente em alguns depoimentos de investigados. A pessoa conta uma versão do fato, adiciona detalhes e circunstâncias reais, para omitir a verdade no principal. O objetivo, por óbvio, é confundir a percepção do interlocutor, e fazer prevalecer a fraude.

Na mais nova disputa política entre as forças antagônicas do cenário, os Bacellar e os Garotinho, tudo parece o de sempre. Uma briga mesquinha e inútil. Bem, você pode concordar ou não com essa tese. Eu não concordo.

Primeiro, é preciso acabar com essa história de desqualificar a disputa política, por mais chata e repetitiva que ela pareça. A alternativa para a solução de conflitos, quando não é política, é a violência. Ninguém deseja um faroeste cabrunco por votos. Agora, se vamos discutir os objetivos de cada grupo, seus feitos e desfeitos, erros e acertos, isso é outra coisa, e os militantes dos dois grupos DEVEM se dedicar a essa tarefa, e no fim, o eleitor deve decidir. A desqualificação da disputa política serve para jogar todos em uma vala comum, e para igualar atos e consequências dos dois lados, como se todos agissem da mesma maneira. Não. Não agem.

Mais uma vez, goste o leitor ou não de Wladimir Garotinho, colocar o gesto dele, de gravar um vídeo onde expressa que não apoiará o conterrâneo na corrida estadual ao governo do Estado, nunca pode ser comparado com as deliberadas retenções de verbas da saúde, a paralisação de obras em estradas, sobrecarregando a cidade de carretas de 50, 60 toneladas, ou enfim, a interrupção de obras em bairros, deixados como se tivessem sido atingidos por um bombardeio.

Desconsiderar que só restou ao prefeito local a manifestação de sua rejeição ao deputado candidato, e que essa atitude não poderá nunca ser igualada a sonegação de recursos, que servem para atendimentos médicos, cuja ausência pode matar pessoas, é ou má fé ou burrice. Seja lá o que for, o resultado é o mesmo.

De mais de 200 milhões para zero, ou a depender de quem conta, para 14 milhões é um acinte. Tanto que a Justiça decidiu bloquear e transferir 9 milhões para o município desde a conta do Estado. Ou seja, se não houvesse sentido ou verdade na reclamação do prefeito, a Justiça negaria seu pleito. Principalmente, porque a lógica ensina que nenhum prefeito do mundo reclamaria ou abriria confronto com alguém que lhe concedesse recursos.

Quem acompanha a cena recente já ouviu vários agradecimentos do prefeito local ao governador. Sim, mas gratidão não é rendição incondicional, ou submissão. Ensinam os protocolos da boa política que apoio não se consegue por chantagem. Enfim, o que temos é, um candidato a governador, que deve suceder o atual, pós renúncia, pretendente a reeleição que detém e retém recursos que não são favores a cidade de Campos dos Goytacazes, e que são devidos por serviços de saúde prestados em auxílio a diversos municípios vizinhos.

No outro canto, um prefeito e seu discurso, que não bloqueia estrada, não esburaca o bairro, nem deixa paciente sem atendimento. É de bom tom separar e dar a cada um a responsabilidade que cada um tem, caso contrário, estaremos contando meias verdades.

Consequências inescapáveis da chegada do Deserto Verde em Campos dos Goytacazes

Em 2004 fui um dos autores de um capítulo no livro “Conflito social e meio ambiente no estado do Rio de Janeiro” cujo título era “Transgredindo escalas e estabelecendo parcerias inusitadas na luta pela justiça ambiental: o caso da mobilização contra a monocultura de eucalipto no Rio de Janeiro”. O capítulo era essencialmente uma análise das alianças inusitadas ocorridas naquele período para impedir a chegada dos grandes plantios de eucalipto no território campista, tendo unido representantes dos ceramistas, pesquisadores das universidades locais, ambientalistas e dirigentes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).  Na conclusão daquele capítulo, colocamos uma espécie de alerta no sentido de que aquele era um conflito inconcluso e que cedo ou tarde, o espectro do deserto verde iria novamente pairar sobre nossas cabeças.

Eis que agora pouco mais de duas décadas daquela tentativa frustrada de implantar a monocultura de árvores no território de Campos dos Goytacazes, estamos assistindo a uma nova tentativa, agora com o apoio explícito do prefeito Wladimir Garotinho e do seu secretário de Agricultura, Almy Junior.  As informações que me chegam de fontes que conhecem as transações que estão ocorrendo no mercado de terras (a maioria improdutivas) é que milhares de hectares já foram adquiridos por empresários capixabas, e que efetivamente a ideia é transformar o Norte Fluminense em um imenso deserto verde. Assim, ainda que os anúncios bilionários de investimentos sejam irreais, o espectro do deserto verde está realmente mais próximo do que esteve no início do século 21.

Agora, o que não está se mostrando ( e eu irei fazê-lo com a lupa científica nos próximos anos) é que essa tentativa não for tiro com pólvora molhada, o que está se preparando trará amplas consequências sobre o meio ambiente, a saúde humana e até a capacidade de circulação em um BR-101 já sobrecarregada com a falta de duplicação no trecho entre Campos dos Goytacazes (RJ) e Anchieta (ES).

A primeira coisa é que grandes plantios de eucalipto não geram empregos, mas acabam destruindo mais do que criam.  Assim, em uma região que já possui déficit de empregos, a chegada da monocultura de árvores gerará mais desemprego e mais êxodo rural, o que contribuirá para a ampliação das favelas. 

Em segundo lugar, plantios de eucalipto demandam um grande uso de agrotóxicos, principalmente no combate às formigas que encontram nas mudas um amplo pasto. Com isso, viveremos a ampliação do uso de substâncias químicas altamente tóxicas, o que deverá causar mais adoecimento nos trabalhadores e espalhar a contaminação via os corpos hídricos. Como vivemos em um município que já possui um sistema de saúde sobrecarregado por doenças oriundas da monocultura de cana, a perspectiva é que nos próximos anos e décadas assistamos a uma piora do quadro de saúde, sem que haja a devida cobertura  de serviços de saúde.

O que são desertos verdes? | Super

Em terceiro lugar,  monoculturas de árvore em escala industrial, principalmente em ciclos de plantio/colheita altamente velozes, há um aumento na demanda hídrica.  Em especial, o eucalipto demanda muita água para cumprir um processo de crescimento rápido que possa gerar a matéria prima para a produção de celulose que certamente é o alvo da expansão do deserto verde em terras campistas.  Com isso, como já vivemos em uma região em que o fornecimento de água é altamente pressionado, o futuro se desenha como bastante desafiador.

Em quarto lugar, há que se mencionar que certamente o principal comprador das árvores plantadas em Campos dos Goytacazes e municípios vizinhos será a Suzano Papel cuja planta estabelecida em Aracruz (ES) precisa de mais de matéria prima para operar nos níveis de competição que seus acionistas demandam. Com isso, a via de transporte preferencial terá de ser a BR-101, visto que inexiste outra forma de acesso viável, tanto para Aracruz como para as unidades portuárias existentes ou em construção na região.  Com isso, imaginemos o que vai acontecer quando a produção dos eucaliptais começar a ser transportada pela via realmente existente, a BR-101.

'Agora tudo é eucalipto': trabalhadoras rurais denunciam danos ambientais  causados pela Suzano – Brasil de Fato

Um quinto e importante aspecto se refere às pressões sociais em prol da reforma agrária.  A transformação de Campos dos Goytacazes em um deserto verde é também uma forma de impedir que a reforma agrária prospere.  Os últimos anos têm mostrado que uma retomada das ações do MST e de outros movimentos sociais em prol da utilização do grande estoque de terras improdutivas em assentamentos de reforma agrária.  Ao transformar terras improdutivas em mais um deserto verde, as oligarquias agrárias que ainda dominam a política municipal e regional procuram se prevenir contra o “mau exemplo” da agricultura familiar e da produção de alimentos saudáveis.  Por mais contraditório que possa ser, vender as terras por preços aquém do que se poderia obter do governo federal via desapropriações faz sentido, pois a ordem social existente se baseia justamente na desigualdade de acesso à terra, nos campos e nas cidades.

Por isso tudo é que não se pode ignorar os esforços de implantação do deserto verde em Campos dos Goytacazes. É que aqui está se dando mais um capítulo que coloca de frente um para o outro, modelos de sociedade e de desenvolvimento econômico e social.   E uma última nota: como não comemos celulose nem casca de eucalipto,  não deve ser difícil de se estender a urgência da tomada de posição por parte daqueles que não querem ver o deserto verde instalado em Campos dos Goytacazes.

Alerta a Wladimir Garotinho: eucalipto adora água e gera desertos verdes

Mudanças na esfera familiar: notas sobre eucalipto e mulheres em Mato  Grosso do Sul | Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais

Das duas uma: ou o prefeito Wladimir Garotinho está mal informado sobre as consequências nefastas da monocultura de eucalipto ou ele não se importa.  Mas independente da resposta, eu precisa levar em conta que não para combinar o discurso de que é preciso reclassificar o clima regional para “sem-árido” e ficar apoiando em público a transformação de parte do território campista em um deserto verde.  A conta simplesmente não fecha. 

Por outro lado, já me chegaram notícias do aumento de casos de intoxicação por contato com agrotóxicos na região próxima do Distrito de Travessão onde estão sendo implantados alguns desses empreendimentos de monoculturas de árvores.  

Esse aumento de casos, principalmente de trabalhadores rurais que manejam equipamentos que aplicam agrotóxicos nos plantios de eucalipto, será seguido pelo aumento de casos por ingestão crônica de agrotóxicos, visto que parte dos venenos utilizados nos plantios em grande escala de árvores migra rapidamente para os corpos aquáticos.

Por outro lado, conflitos sociais têm aparecido nas novas fronteiras do deserto verde que estão aparecendo no Brasil, visto que há um deslocamento inevitável de comunidades que ocorre na medida em que os plantios de eucalipto avançam no território.

Assim, se o prefeito Wladimir Garotinho considera uma boa transformar parte de município em um deserto verde e com grande potencial de contaminação, há que se dizer que essa é uma péssima ideia.  Assim, nem tudo o que “acontece” é desejável ou necessário.

Finalmente, acho interessante que se prepare melhor as unidades hospitalares existentes no município para que identifique e trate os contaminados pelo trabalho nos eucaliptais. 

Wladimir Garotinho está sob fogo cerrado mais por suas qualidades do que por seus defeitos: Reloaded

Um raro momento de paz…

Por Douglas Barreto da Mata

Aproveitando o mote cinematográfico, tão em voga atualmente, vamos estender nosso raciocínio expresso no primeiro texto, em uma continuação, tão ao gosto das franquias de Hollywood.

Um dos eventos que deu ignição aos ataques da oposição local, que age por comando de Rodrigo Bacellar, presidente da Alerj/governador, foi a suposta crise de financiamento da saúde local, onde foi colocada para conhecimento do público uma dívida de 100 milhões de reais com os hospitais filantrópicos.

Apesar dessa dívida e desse valor nunca terem sido corroborados por nenhum documento, o que, como já dissemos, causa estranheza que a alegação tenha ido tão longe, há outras questões que permanecem obscuras, e impedem o cidadão e a cidadã de fazerem um correto julgamento da questão.

Já foi dito e repetido que o Sistema Único da Saúde (SUS) é um sistema de gestão entre União, Estados e Municípios, com repartição de atribuições, sejam elas complementares, subsidiárias ou concorrentes.

Há obrigações, principalmente de natureza orçamentária, partindo da lógica que em nossa federação, apesar da vida econômica acontecer nas cidades, os tributos, ou a maior parte deles, são recolhidos (sobem), para Estados e União, e depois são redistribuídos para as cidades.

Nesse contexto, a saúde é, em todas as cidades, e em todos os estados, exceto o Distrito Federal, paga com repasses da União, dos Estados e com parte das receitas próprias das cidades.

Quase sempre é assim. Deveria ser assim.  Tomamos o exemplo de cidades diferentes, com poucos habitantes, como Miguel Pereira, uma cidade média como Campos dos Goytacazes, e São Gonçalo, com mais habitantes. Olhemos também aquelas que são pólos regionais, ou seja, aquelas que atendem cidades vizinhas e circunvizinhas.

No Estado do Rio de Janeiro este é o montante por habitante que o governador manda pagar, por exemplo, para estas três cidades:

Miguel Pereira

R$ 857 por habitante (não é polo regional de saúde) 

São Gonçalo

R$ 265 por habitante (não é polo regional de saúde) 

Campos dos Goytacazes

R$ 126 por habitante (sendo polo regional de saúde)

Em Campos dos Goytacazes, esses valores, além de subestimados, não são repassados há muito tempo.  O estado do Rio de Janeiro reteve os repasses obrigatórios a cidade desde 2023, pelo que dizem. Porém, o governo do Estado e a secretaria estadual de saúde continuam a enviar pacientes de todas as cidades para Campos dos Goytacazes, através do seu sistema de regulação de vagas, porque a cidade é pólo regional.

O Estado usa o sistema de saúde campista, e não paga.  O mais grave é que Campos dos Goytacazes é um dos únicos municípios do Brasil que completa os valores que o SUS paga aos entes particulares pelos atendimentos, e mesmo assim, o governo do Estado, o presidente da Alerj continuam a manter a cidade sufocada.

Eu ainda não consegui enxergar a razão da cidade de Campos dos Goytacazes não ter acionado o governo do Estado na justiça, inclusive para bloquear os valores devidos ao município na conta do estado. O prefeito Wladimir Garotinho tem levado a fama de ingrato, mesmo tendo permanecido na espera todo esse tempo.

Quem sabe essa crise fabricada para tentar fazer com que ele beijasse a mão do presidente da Alerj não foi a gota d’água?

Campos, voltando a ser uma cidade que produz cinema?

TRÊS ATOS COM AMIGAS E AMIGOS

Lançamento do filme “Três Atos” da cinesta campista Carolina de Cássia ocorreu no Teatro de Bolso no dia 13 de maio de 2025

Acabo de assistir um simpático vídeo que tem o prefeito Wladimir Garotinho com “garoto propaganda” de um festival internacional de cinema que deverá ocorrer este ano em Campos dos Goytacazes no segundo semestre de 2025.  O prefeito, que de bobo não tem nada, aproveita a deixa para vender o seu peixe de que o município (certamente sob seu comando sábio) está diversificando a sua economia que se encaminha para um inevitável pós-petróleo.

Pois bem, apesar de não ser um cinéfilo, convivo cotidianamente com alguém que é.  E, até por isso, sou testemunha do problema que é fazer algo básico aqui em Campos dos Goytacazes: sair de casa para assistir um filme em uma sala de cinema. A ´cidade tem hoje no máximo dois espaços para que se assista produções comerciais e outros poucos espaços para que se tenha acesso a produções alternativas, sendo o Cine Darcy da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, um desses poucos espaços. Em outras palavras, até assistir cinema é difícil em Campos, que dirá produzir.

E aí que me vem à cabeça perguntar ao prefeito, quanto é que ele pretende investir (ou seu vice que ocupará a sua cadeira em um futuro não muito distante) para que Campos dos Goytacazes “volte a produzir cinema”.  É que até onde eu sei, essa peça de propaganda deve ser a primeira vez em que o prefeito sequer vislumbra saber que aqui há algum tipo de potencial produtivo para cinema.

Eu que tenho como amiga a cineasta e documentarista campista Carolina de Cássia que vem produzindo peças super sensíveis sobre a realidade local, sei que ela o faz por obstinação e senso criativa, mas nunca por apoio do governo local.  Aliás, a sua última produção, o “Três Atos”  que foi apresentado recentemente no Teatro de Bolso, eu lamentavelmente não pude assistir por causa de tarefas familiares que ocorriam no horário em que o mesmo foi lançado (ver abaixo).

Assim, se é verdade que o prefeito ou o seu eventual sucessor tem algum compromisso com a produção local, não basta apoiar um congresso que virá e irá ao sabor dos ventos que sopram nesta planície. Há que se ter investimento (muito investimento mesmo) para que a peça de propaganda não seja apenas um folha espalhada por um vento sudeste em dia de entrada de frente fria.

Wladimir está sob fogo cerrado, mais por suas qualidades do que por seus defeitos

Por Douglas Barreto da Mata 

“Onde todos vêem coincidências, eu vejo consequências…”

Essa frase aí em cima é dita por uma personagem de nome Merovingian, de um filme bem famoso, A Matrix.   É auto explicativa. Não há acaso, há relação de causa e efeito. Concordo. 

Olhando a situação do prefeito Wladimir Garotinho pelas mídias e redes sociais temos a impressão de que o mundo desaba sobre Campos dos Goytacazes. Problemas? Muitos, e nem o prefeito ou qualquer outro integrante de sua administração escondem as dificuldades orçamentárias atuais e as iminentes.

A imagem do prefeito “caixeiro viajante” já foi incorporada no imaginário político local, com as frequentes idas de Wladimir Garotinho a Brasília em busca de emendas e leis, como a do semiárido, que tragam algum recurso ou que viabilizem determinadas atividades econômicas. 

Concordando ou não (eu, por exemplo, não sou entusiasta dos subsídios e facilidades para o setor sucroalcooleiro), o fato é que o alcaide não hesita em pedir mais e mais verbas para a cidade. 

Ele só não bateu mais a porta do governo do Estado, como me disseram em segredo alguns integrantes da administração, porque depois que o palácio Guanabara virou comitê de campanha do presidente da Alerj, ninguém mais tem recursos do Estado se não hipotecar apoio ao presidente da Alerj.

É nessa toada que volto ao título. 

O aparente “inferno astral” da administração, com servidores, donos de hospitais, permissionários de transporte complementar (Van) e etc berrando para ganharem mais um pouco não é coincidência, é consequência.

Tudo indica um esforço concentrado de sabotagem e pressão política para dobrar o prefeito em direção ao “Castelo da Guanabara”, onde se pratica aos amigos tudo, aos adversários, a lei (do cão).

Nesse momento em que o prefeito é cortejado por Eduardo Paes parece estranho que movimentos sincronizados se levantem contra o prefeito.  Há de se pensar, se tudo estivesse tão ruim, quem ia insistir em ter o prefeito como parceiro de chapa? Pois é.

Por exemplo, essa série de eventos tem como um de seus destaques as intermináveis obras da Rodovia dos Ceramistas, que empurram o tráfego pesado de carretas para dentro da cidade.  Digo e repito, eu nunca vi, em toda a minha vida, uma obra de recuperação de pavimento sem a possibilidade de pare-e-siga.  Mas, faço a ressalva para os limites de meu conhecimento empírico frente a engenharia contratada pelo DER/RJ.

Servidores têm todo direito a reivindicações salariais, mas quem olhasse os gatos pingados em frente a prefeitura não pode deixar de pensar que foi uma “manifestação encomendada”, algo feito para fazer conteúdo para redes sociais.  Quem faz uma reivindicação com 20, 40 pessoas em nome de 30 mil servidores? 

Ao mesmo tempo, temos os hospitais privados de Campos dos Goytacazes batendo tambor.  Mais de 1 bilhão em 4 anos!  Reclamam valores de 100 milhões, que uns dizem que não há documentos, outros dizem que foi ajuizada.  Funcionários amigos da saúde me dizem que a dívida real, que remonta a gestão Rafael Diniz seria de cerca de 40 milhões, e segue sendo discutida na justiça.  Sendo ou não verdadeiras as versões, então que se resolva na justiça.  Agora, parece muito estranho que uma cidade pague 1 bilhão de reais ou mais em quatro anos, e se negue a pagar ou negociar 100 milhões.

Cadê o bom senso da mídia?  A questão que não foi perguntada é :  o prefeito e seu secretário de saúde, o presidente da FMS têm direito a mudar a gestão do atendimento e contratualização?  Claro, eles foram eleitos para isso, e se eles entenderem que deverá diminuir ou acabar a contratualização de hospitais privados, é direito deles, desde que se ofereça alternativa.

E mais, eles têm o dever de informar as irregularidades do setor, como a cobrança duplicada de consultas e procedimentos (cobra do paciente “social” e cobra do SUS), caso constatem tais desvios de conduta.  Há fundadas suspeitas de que administradores dos hospitais não resistiriam a um exame detalhado de seu patrimônio, que contrasta com a penúria das instituições.  Essas instituições, diga-se, não podem ser confundidas com os seus péssimos administradores.

Quem vai julgar é o eleitor.  Enfim, tudo indica que as raposas da terra estão a dizer que as uvas estão verdes.  Querem abater o prefeito porque parecem ter escolhido um lado na corrida eleitoral de 2026.  Wladimir está sob ataque por suas qualidades, e não pelos defeitos.

A chance de aliança Wladimir e Rodrigo está para cabeça de bacalhau: até existe, mas é difícil de se ver

Por Douglas Barreto da Mata

Há uma diferença crucial entre as duas grandes forças políticas do interior desse Estado, e talvez do estado inteiro, a saber, os Bacelar e os Garotinho, cada qual representada nos filhos que ocupam a presidência da Alerj e a prefeitura de Campos dos Goytacazes, respectivamente. 

Enquanto a família Garotinho sempre foi um grupo dedicado a comandar poderes executivos, tendo ocupado o palácio Guanabara com o patriarca e a matriarca da família, os Bacelar sempre estiveram na condição de oposição, com um breve intervalo no governo Alexandre Mocaiber, quando o patriarca dos Bacelar foi presidente da Câmara Municipal.  Porém, dizem os analistas políticos que mesmo naquela condição, o temperamento explosivo e inquieto revelava um relacionamento conturbado com o chefe do executivo de então, e não raro, o aliado parecia opositor.

Esse traço foi transferido ao DNA político do atual presidente da Alerj, e quem observa sua trajetória junto ao governador, de quem é aliado, pode dizer que, às vezes, parece que o deputado é o mais ferrenho opositor do governador.  Não tenho dúvidas, ou seja, mesmo quando está na situação, a família Bacelar age como se fosse de oposição.

Não vai aqui uma crítica, mas uma constatação, esse é o estilo, a expertise deles, e claro, há momentos que esse modus operandi funciona, outras vezes, não.  As circunstâncias atuais demonstram que o eleitor anda meio cansado de extremos ou de comportamentos muito extravagantes.  Vejam o apoio popular à tese da anistia dos presos e condenados pelo 08 de janeiro.

Os efeitos nefastos da gestão de Donald Trump, que age como um demolidor, uma catástrofe natural, também têm afastado o eleitor conservador desse tipo de conduta espalhafatosa e imprevisível.  Há outros sinais de que a densidade eleitoral dos que apelam para gestos extremados, ou radicais, de ambos os espectros, direita ou esquerda, estão fadados ao fracasso.  Nesse ambiente, o jeito político de Rodrigo tende a sofrer mais. 

Em Campos dos Goytacazes a história recente mostra que o grupo Bacelar não avançou muito, seja na eleição para prefeito, seja na Câmara, é certo dizer que saíram menores que e entraram.  Falando de forma pragmática, a intensa oposição que o grupo Bacelar fez ao prefeito Wladimir não sugere que uma aliança com ele estivesse na agenda de Rodrigo.  Se estava, ele fez de tudo para que acreditássemos no contrário.  Certas feridas demoram mais para cicatrizar.

Olhando para frente, com a federação União Progressista, é certo que Rodrigo Bacelar foi o principal beneficiado, já que não há forças políticas estaduais com força para se oporem a ele.  O líder do PP, Dr Luizinho está recuado por causa da vinculação de seu nome ao escândalo dos transplantes.  Luizinho sabe que qualquer exposição ou movimento mais importante, da parte dele, vai fazer ressurgir a história. Washington Reis está impedido de concorrer por condenação transitada em julgado de órgão colegiado.  Por fora, o PL, de Flávio Bolsonaro, já disse que o interesse principal é o senado.

izem as más línguas que até Eduardo Paes deseja ter Rodrigo Bacelar como adversário, dada sua fragilidade eleitoral e temperamento.  Não podemos esquecer, é verdade, que sem a renúncia de Cláudio Castro, seguida pela renúncia de Thiago Pampolha, nada feito para Rodrigo.   Seus aliados juraram ao pé da cruz do Monte Gólgota (Monte Calvário) que Pampolha topou o acerto, por uma vaga no Tribunal de Contas do Estado.

Eu continuo apostando que Castro e Pampolha podem estar acordados sim, mas para dar uma rasteira em Rodrigo.  Mas isso é só um pressentimento meu, só isso.  O fato é que tanto Rodrigo, quanto Paes necessitam de Wladimir Garotinho. Em uma composição Rodrigo/Wladimir é óbvio que caberia ao prefeito campista um papel diferente do proposto por Eduardo Paes. 

Uma chapa interior puro sangue contra Paes tem poucas chances, pois o consenso atual é, talvez apoiado em estudos de pesquisas e curvas de engajamento, que a chapa é capital/interior.  Caberia a Wladimir, nesse arranjo com Rodrigo, uma candidatura a deputado ou senador, e sobre essa última possibilidade, há mais pretendentes que vagas. Não me parece que eleição para a Câmara dos Deputados seja o alvo principal de um político em ascensão como Wladimir, da mesma forma que eu não acredito no acordo Castro, Pampolha, Rodrigo, justamente porque não enxergo Pampolha aceitando uma vaga no TCE, um cemitério político para um político de menos de 40 anos.

Então, não se trata apenas de boas intenções ou de bairrismo, mas da amplitude dos projetos políticos que estão em andamento.  Para ser pragmático, o histórico de Rodrigo com Wladimir não indica uma boa relação, e isso projeta um futuro de pouca confiança de que acordos serão cumpridos. 

Nesse sentido, o caminho “natural” de Wladimir Garotinho é uma candidatura a vice na chapa de Paes.  Parece certo que o ciclo dele no PP se exauriu.  Se vai migrar para um partido grande, como PSD ou MDB, ou se vai preferir integrar uma estrutura partidária menor, só o tempo dirá.  Alguns preferem ser cabeça de mosquito a rabo de elefante.  No entanto, é uma escolha pessoal estruturada em análises e projeções de cenário.

Enfim, uma coisa é quase certa:  A chance de aliança com Rodrigo Wladimir é como cabeça de bacalhau, até existe, mas é difícil de ver.

Campos dos Goytacazes sofre com as chuvas intensas e a falta de política de adaptação climática fica óbvia

chuva campos

Mesmo distante da cidade de Campos dos Goytacazes por força do meu período de férias, venho acompanhando os efeitos dramáticos que as chuvas intensas que ocorem desde o último final de semana. As cenas de ruas e avenidas alagadas podem até parecer uma repetição de anos passados, mas os números sobre os níveis de precipitação mostram que se vive um processo de agravamento das tendências já anunciadas para os novos padrões de precipitação que acompanham o processo de ajuste climático que está ocorrendo no nosso planeta.

Uma coisa que fica evidente nos números divulgados para as precipitações que ocorreram em diferentes regiões de Campos é que nosso município possui padrões que se diferenciam em seu extenso território, deixando algumas partes mais propensas a situações mais extremas do que em outras (ver figura abaixo).

monitoramento pluviometrico

Mas para além das chuvas intensas e das recorrentes inundações de partes substânciais da nossa cidade e de localidade periféricas, o que mais deveria chamar a atenção é a óbvia falta de preparação que marca as ações do governo municipal.  Como alguém que vem orientando estudos sobre o processo de adaptação climática em Campos, eu diria que é preocupante que inexista uma estrutura municipal que permitisse ações estratégicas não apenas para os dias de chuva intensa, mas principalmente para os dias secos.

Contudo, o governo municipal comandado por Wladimir Garotinho em sua versão Número 1 nada fez para tirar Campos dos Goytacazes do profundo atraso em que se encontra o processo de adaptação climática em plano municipal.  Eu, inclusive, adoraria ver o orçamento da Secretaria Municipal de Defesa Civil para o período 2021-2025, anos em que Wladimir está com o caneta orçamenária nas mãos. Eu desconfio que mais dinheiro tenha sido gasto com shows onde a adaptação climática é feita na base do mangueirão como ocorreu recentemente no Farol de São Thomé.

O primeiro trio elétrico do Verão de Todos Nós 2025 trouxe uma explosão de  alegria ao percorrer a orla do Farol de São Tomé ao som de Paulinho  Badaloka e convidados especiais.

Como o que está se vendo nos últimos dias ainda vai ter inúmeras repetições, o que se espera é que se o governo municipal não agir de livre e espontânea vontade para começar a preparar o município para os novos padrões climáticos, isso se dê a partir dos afetados pelas inundações que tendem apenas a piorar nos próximos e décadas.

Como neste momento estou na cidade de Blumenau (SC), posso dizer que aqui estão ocorrendo obras estruturais para que as inundações devastadoras que ocorreram em 2023, e está claro que aqui já há um mínimo de compreensão sobre a necessidade de se preparar para o que virá. 

As palavras convencem, mas os exemplos arrastam

arrastado

Por Douglas Barreto da Mata
Quero pedir licença para discordar do texto do Professor Marcos Pedlowski, publicado aqui. Goste-se ou não das políticas públicas implementadas pelo atual prefeito Wladimir Garotinho, reeleito com nada menos que mais de 192 mil votos, uma coisa é certa: ele nunca disse que faria o contrário.
 
Desde a mais tenra hora do seu primeiro mandato, ele tem se comprometido com as teses da responsabilidade fiscal, com o saneamento das contas municipais, mesmo que isso implicasse em sacrifícios para a parte mais pobre dos munícipes, e também, em detrimento dos direitos dos servidores. Eu ouso dizer que o problema não é do Prefeito.
 
A questão principal é a agenda política que se estabeleceu, em 2003, quando a “esquerda” assumiu o poder. Soterrado pela própria capitulação frente ao mercado, com a Carta aos Brasileiros, onde o PT disse que seria um partido bem comportado e cumpriria todas as ordens da banca, já estabelecidas na famigerada Lei de Responsabilidade Fiscal, o PT e a esquerda foram incapazes (e se isentam, desde sempre) de qualquer debate que buscasse mostrar o óbvio:
 
A chamada responsabilidade fiscal nada mais é que um instrumento de sequestro dos direitos sociais dos mais pobres, já que a conta dos pagamentos dos juros mais altos e extorsivos do planeta não entram no cálculo das obrigações estatais de controle de gastos.
 
Ou seja, retiram dos pobres, suprimindo ao máximo os investimentos e gastos sociais para colocar no saco sem fundo da dívida pública, que, como vimos recentemente, só cresce a golpes de chantagem explícita do “mercado”, da mídia, e dos sócios no Congresso.
 
Mesmo assim, a cada passo na direção oposta, ou seja, quando o governo federal tenta inverter essa lógica, o mundo desaba, os dólares somem, e o Banco Central, obediente, aumenta os juros, e claro, a quantidade de dinheiro pago aos rentistas.
 
É um círculo vicioso e criminoso, mas que não enfrenta nenhuma voz dissidente no governo chamado de “esquerda”, até porque, se alguém se atrever, será enviado para algum “gulag” político.
 
Para sermos justos, não podemos cobrar de Wladimir Garotinho esse embate, afinal, ele é de direita! 
 
Como cobrar a Wladimir que adote bandeiras da esquerda, quando a própria esquerda as abandona, e implementa aquelas caras à direita?
 
O pacote de medidas de Wladimir Garotinho, frente ao que Haddad e Lula fizeram com os mais pobres que ganham salário mínimo, BPC, PIS/PASEP, etc, parece até um passeio pela Disneylândia.
 
No campo político, além de subtraírem do debate qualquer chance de oposição a este fiscalismo assassino, ao rentismo abutre, o PT de Lula ainda incorporou a defesa dos estandartes do establishment, perdendo as bandeiras das críticas antissistema para a extrema-direita.
 
O PT e Lula hoje (e já faz tempo) flertam com a Globo, defendem os juros altos, o poder judiciário, e passam a mão na cabeça de militares golpistas.
 
Dilma fazendo omelete com Ana Maria Braga (lembram?), ou Dilma dizendo que a melhor forma de controle social da mídia era o controle remoto (lembram?), e Lula saindo do hospital para ser achincalhado no Fantástico são exemplos recentes.
 
Para se diferenciar da extrema-direita, ao invés de propor teses de esquerda, o PT e Lula querem se parecer cada vez mais com a direita, como se a extrema-direita não fosse uma variação desta!!!!!
 
Ora, todos sabem que os atos do presidente irradiam pela coluna cervical das instituições e da vida política do país. Logo, é possível dizer que Lula e Wladimir estão cada vez mais próximos. Wladimir segue o exemplo de Lula, e do PT, por mais que isso soe estranho.
 
Se dermos uma olhada para Maricá, o conjunto de atos administrativos baixados pelo novo-velho prefeito QuaQuá não ficou distante dos aplicados aqui. Como se não bastasse a covardia política explicitada pelo PT, o que temos assistido aqui em Campos dos Goytacazes é ainda pior.
 
É a impregnação dos gestos e costumes do bolsonarismo pela turma petista, fenômeno que ganhou corpo desde a eleição de 2024, quando uma estranha simbiose se deu entre o PT e a candidata de extrema-direita da cidade.
 
Por último, no afã de atacar o prefeito, o PT de Campos lançou uma nota acusando o Prefeito de demissão dos agentes de endemia, contratados de forma emergencial, quando qualquer imbecil sabe que esses servidores são custeados pelo governo federal, e este já não supre o que a lei manda há tempos.
 
O que está ruim, como vemos, sempre pode piorar: o PT de Campos usando métodos da extrema-direita.

No alvorecer de 2025, Wladimir mostra sua cara “malvadona”, enquanto o céu ameaça cair sobre nossas cabeças

Um analista sábio das coisas da pobre/rica cidade de Campos dos Goytacazes, me alertou ao longo do segundo semestre de 2024 que a coisa andava feia nos cofres da prefeitura comandada por Wladimir Garotinho e que o “bicho ia pegar em 2025”.  Como conheço esse analista desde que cheguei em Campos, nunca duvidei do alerta, mesmo com toda a pujança que eu via pelas ruas e avenidas da planície onde os Goytacazes um dia correram livres.

Eis que nas primeiras horas deste novo ano, o prefeito Wladimir Garotinho desatou um daqueles pacotes de maldades de deixar roxo de inveja o mais neoliberal dos governantes. Primeiro escolheu as vítimas de sempre, qual seja, os servidores públicos municipais, das quais retirou parte dos parcos direitos que ainda lhes restam após mais de três décadas de arrocho neoliberal, mas também atacou os bolsos da população que ainda consegue pagar o IPTU.  De quebra, nem se deu ao trabalho de fingir vetar as demandas por mais lucros da concessionária “Águas do Paraíba”, e tascou mais um reajuste inicial em uma tarifa que já é reconhecidamente uma das (senão a mais) salgadas do nosso país.

Mas enquanto assistimos a esse terror de horrores fiscal, os munícipes não estão nem tendo tempo para reclamar, já que chuvas torrenciais estão trazendo uma mistura particularmente intensa de raios e gelo. Como eu venho chamando atenção nos últimos 4 anos, Campos dos Goytacazes (como a imensa maioria das cidades brasileiras) continua totalmente inerte em relação à adaptação ao processo de mudanças climáticas. Com isso, o agravamento da crise climática que é vista em todo o planeta nos coloca diante de um precipício sob os olhares plácidos dos governantes, Wladimir Garotinho incluso.

Chuva forte e granizo marca início de semana em Campos dos Goytacazes - Vídeo

Obviamente que Wladimir não é um caso isolado de cegueira climática, pois raros são os prefeitos que estão fazendo alguma coisa para iniciar o urgente e necessário processo de adaptação climática. O problema é que, dada a inexistência de uma polítca municipal de adaptação, e o aperto fiscal em curso, certamente continuaremos vendo a canoa climática passar. Alguns poderão até achar bom, pois canoas serão cada vez mais necessárias até nas áreas com metro quadrado caro, o problema é que os desprovidos de políticas sociais cortadas pela tesoura ávida de Wladimir vão certamente sentir as consequências. Apenas para questões de reflexão, qual será o orçamento deixado para a Secretaria Municipal de Defesa Civil e para a sub-secretaria de Meio Ambiente?

O balanço desta ópera bufa é claro: para manter os contentes de sempre ainda mais contentes, a conta está sendo jogada nas contas de quem sempre arca com a alegria de uma minoria.  Mas como um eterno otimista, eu tenho a dizer que pelo menos agora, Wladimir rasgou a fantasia que o catapulpou a um segundo mandato com relativa facilidade. E como eu já disse antes aqui mesmo neste blog, agora ele será comparado consigo mesmo, e é aí que o bicho vai pegar.

O problema é que em nosso caso, nem correr para as montanhas é possível. Talvez dessa inescapável realidade surja, finalmente, algum tipo de reação política à aplicação dessas medidas anti-pobre com as quais fomos brindados, enquanto o céu ameaça literalmente cair sobre nossas cabeças.