Uma revolta que une trabalhadores e a juventude sacode diariamente a França há vários meses, e sem qualquer sinal de que vai acabar. As marchas e enfrentamentos entre uma massa revoltada com a caçada aos seus direitos e a polícia vem causando comparações não com o Maio de 1968, mas com outra insurreição ainda mais sangrenta ocorrida em março de 1871, a da Comuna de Paris.
Se olharmos a maioria dos veículos da mídia corporativa (brasileira e mundial) o silêncio é quase completo. Até parece que as coisas mais importantes que estão ocorrendo na França são o Torneio de Roland Garros e a Copa de Seleções da Europa que deverá ser iniciada no dia 10 de junho.
Por que tanto silêncio em torno da revolta que varre a França? No caso do Brasil, é provável que seja a grande semelhança entre a reforma das leis trabalhistas francesas que o presidente socialista (socialista?) François Hollande impôs por decreto com aquilo que o presidente interino Michel Temer anuncia que vai fazer com a CLT, qual seja, desmontá-las para aumentar o lucro dos patrões.
Em outras palavras, o silêncio é por medo de que haja um efeito de contágio e que também aqui haja a mesma poderosa aliança entre a classe operária e a juventude. E com uma diferença bastante clara: enquanto François Hollande foi eleito, Michel Temer chegou ao poder interino por meio do que está sendo rotulado de “soft coup d´état” (golpe de Estado suave como chamou o Papa Francisco).
Quero ainda notar que a revolta em curso na França serve para enterrar certos modismos acadêmicos de “teóricos”, os ditos pós-modernos, que previam que a classe operária havia perdido sua centralidade na luta por justiça social. Ao se levantar contra a Lei Khomri, arrastando consigo a juventude e os camponeses, os trabalhadores franceses mostram de forma evidente que não há mudança que não passe pela classe operária organizada.
E uma última palavra para as burocracias sindicais que continuam freando a organização da classe trabalhadora no Brasil: se o que estamos vendo na França, e por contágio na Bélgica, chegar nos trópicos, não serão apenas os líderes políticos da burguesia que serão varridos do mapa.
E abaixo dois vídeos que mostra apenas dois dos milhares de enfrentamentos que estão ocorrendo na França por causa da reforma trabalhista que cassa direitos em nome da empregabilidade. E por tudo o que essa revolta representa para os trabalhadores e a juventude do mundo, meus votos é que o resultado alcançado seja a derrota da Lei Khomri.