Não tenho certeza por quais cargas d´água, o jornalista Elio Gaspari decidiu depositar na sua coluna dominical o petardo acima contra a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Uns podem até pensar que é por falta de assunto mais relevante ou até um caso de jornalista que não checa bem suas fontes.
Aliás, pontos facultativos em órgãos públicos como a Uerj normalmente decorrem de determinações de instâncias superiores do executivo estadual, o que deveria ter sido adicionado, a bem da informação, por Elio Gaspari em seu comentário.
Mas Elio Gaspari não é nenhum foca no jornalismo e sua mensagem parece mais uma daquelas em que se atende um pedido de amigos dentro das altas esferas. Como a Uerj possui mais de um professor no pleno do Superior Tribunal Federal (STF) essa minha hipótese não pode ser desprezada.
Como pelo menos um desses professores, o ministro Luís Roberto Barroso, já se manifestou positivamente em tempos recentes sobre a necessidade da Uerj ser geradora de sua autonomia financeira [1] (cobrando mensalidades dos seus estudantes para começo de conversa, é preciso que se diga), não posso deixar de entender essa associação a uma decisão da reitoria da Uerj, se ela realmente ocorreu, à ideia de que no serviço público perdura uma atitude perdulária e irresponsável no uso do dinheiro dos contribuintes.
Ao levantar este tipo de ataque à Uerj, enquanto ignora as reais condições que têm sido impostas à instituição pelo (des) governo Pezão, Elio Gaspari não apenas sacia a fome dos seus leitores dos jornalões da mídia corporativa por matérias que exponham uma suposta preguiça dos servidores públicos. Na verdade ele vai além e tenta dar argumentos para quem quer privatizar as universidades estaduais do Rio de Janeiro, negando-lhes a possibilidade de continuar educando jovens oriundos das classes mais pobres da nossa população.
Interessante notar que a crise que assola a Uerj vem recebendo um tratamento mais abrangente da mídia estrangeira como foi o caso de um artigo publicado em janeiro de 2017 pelo jornal “El País” com o título “Universidade do Estado do Rio pede socorro em meio à grave crise” [2].
Entretanto, sobre a situação pré-falimentar que ronda a Uerj e as demais universidades estaduais do Rio de Janeiro certamente não leremos nada na coluna de Elio Gaspari. É que está claro que ele serve muito bem a outros propósitos, a começar por ser um farol das longas fileiras de inimigos que as universidades estaduais do Rio de Janeiro acumulam fora e até do lado de dentro dos seus muros.
De toda forma, é preciso repudiar de forma rápida e contundente este tipo de mensagem falaciosa, sob pena de que o que está sendo imputado por Elio Gaspari se torne mais instrumento de ataque ao ensino superior estadual do Rio de Janeiro.
[1] http://justificando.cartacapital.com.br/2017/01/15/especialistas-rebatem-defesa-de-barroso-de-privatizacao-da-uerj/
[2] https://brasil.elpais.com/brasil/2017/01/18/politica/1484780217_645185.html
É preciso deixar claro que o ponto facultativo na UERJ é consequência de determinação do governo (se é que se pode chamar assim) estadual, como está claramente colocado na comunicação interna. Isso é pura má fé do amigo do Golbery.
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Em 20 de agosto, Gaspari informa que a UERJ adotou ponto facultativo para o 08 de setembro, uma sexta, entre um feriado e o final de semana. Até parece que o próprio governo do estado não costuma fazer o mesmo para a toda a administração.
Se ele não tiver alguma rusga com o Reitor na UERJ, ele transmite a mensagem de alguém, em troca de algo. E certo juiz do STF é uma boa fonte a ser cultivada. Em ambos os casos, um bom exemplo de jornalismo em causa própria.
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Angelus, na verdade apenas o governador pode decretar ponto facultativo. Nesse caso em tela, o reitor da Uerj apenas regulamentou o cumprimento do mesmo dentro da universidade. Em outras palavras ,essa notinha do Gaspari é o que parece ser: um instrumento de propaganda contra a educação superior pública.
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Muito fácil expor uma comunidade inteira de trabalhadores através de uma caneta um papel e uma mente maliciosa. Quero ver passar 8 meses de salários atrasados, contas vencendo e tendo uma vida dedicada ao trabalho sendo colocada em cheque. Colunistas assim, perdem a credibilidade do leitor, ficam desacreditados. É mais um pseudo intelectual de estórias em quadrinhos.
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Republicou isso em Blog do Carranoe comentado:
Não são poucos os inimigos da universidade pública e da UERJ, em especial.
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