Com o baixar dos rios é natural que rapidamente as pessoas voltem para a sua rotina buscando um apego a uma normalidade fugidia. Até aparecem pessoas que mostram que o atual ciclo de grandes tempestades já ocorreram antes, o que reforça a aparência de que tudo não passa de uma repetição normal de eventos anormais.
Eu de minha parte não caio nessa arapuca. É que mesmo existindo períodos de chuvas intensas que causaram cheias de rios no passado, um detalhe particular das mudanças climáticas precisa ser entendido: os modelos climáticos estimam que eventos extremos são previstos para ocorrer em períodos cada vez mais curtos. Em outras palavras, o que antes poderia demorar décadas para se repetir, tenderá a ocorrer em períodos mais curtos.
Este novo padrão climático deveria estar sendo visto com alarme pelos ocupantes de cargos eletivos e os forçando a adotar uma visão climaticamente orientada de governança. Mas pelo que vi até agora a postura continua sendo aquela que tradicionalmente adotada, com eventos fotográficos em que promessas que misturam insuficiência com falta de uma visão prospectiva da realidade. O resultado disso será a colocação de um peso desigual da destruição sobre os ombros dos mais pobres. Disso se decorre o fato de que tal destruição tem mais a ver com decisões políticas do que com o clima.