Pessoas passam em frente a loja da Lojas Americanas em Brasília, 12 de janeiro de 2023. REUTERS/Ueslei Marcelino/Foto de arquivo
Por Gabriel Araújo
SÃO PAULO, 25 Jan (Reuters) – A varejista brasileira Americanas SA (AMER3.SA) deve a vários credores cerca de US$ 8 bilhões, declarou um tribunal do Rio de Janeiro nesta quarta-feira, fornecendo o quadro mais detalhado até agora dos bancos e outros grupos expostos à falência da empresa.
A Americanas, apoiada pelo trio bilionário que fundou a 3G Capital, entrou em recuperação judicial na semana passada depois de divulgar “inconsistências” em sua contabilidade, levando grandes investidores como BlackRock e Capital Group a reduzir suas posições na empresa.
A lista fornecida na quarta-feira inclui cerca de R$ 41,2 bilhões (US$ 8,1 bilhões) em dívidas, segundo o tribunal, que inicialmente não divulgou os nomes dos credores.
Mais tarde, a Americanas revelou a lista completa de 7.720 credores em um depósito de títulos, variando de pequenas dívidas com pessoas físicas e municipais a dívidas multibilionárias com bancos.
O Deutsche Bank (DBKGn.DE) liderou a lista de credores divulgada pela Americanas com US$ 1 bilhão, mas o credor alemão disse posteriormente que não tinha exposição ao varejista e não seria afetado por sua falência.
“O Deutsche Bank não foi afetado, pois não tem uma relação de empréstimo nem qualquer exposição de crédito à empresa em questão”, afirmou em comunicado por e-mail.
Uma fonte familiarizada com a situação disse que o Deutsche Bank atuou como fiduciário de dois títulos de US$ 500 milhões cada garantidos pela Americanas.
Os bancos brasileiros BTG Pactual (BPAC3.SA) , Bradesco (BBDC4.SA) e Santander Brasil (SANB3.SA) – que analistas afirmavam estar entre os mais expostos – também foram listados, com dívidas de mais de 3,5 bilhões de reais cada.
O Santander recorreu do pedido de falência e o Bradesco planeja entrar com uma ação internacional contra a Americanas, informou a Reuters, enquanto um juiz suspendeu uma decisão anterior que permitiria ao BTG proteger 1,2 bilhão de reais que a Americanas tinha em uma conta naquele banco.
Os credores não responderam imediatamente aos pedidos de comentários depois que a lista de credores se tornou pública.
Mais tarde na quarta-feira, a Americanas buscou proteção sob o Capítulo 15 do código de falências dos EUA. Essa seria uma medida que ajudaria a empresa a proteger seus ativos nos EUA dos credores e permitiria buscar o reconhecimento judicial dos EUA para sua reestruturação brasileira.
A empresa americana de gestão de investimentos BlackRock Inc (BLK.N) reduziu drasticamente sua posição na empresa após o escândalo contábil, disse a Americanas.
Dados publicados no site da Americanas mostraram que em dezembro de 2022 a BlackRock possuía mais de 45,5 milhões de ações ordinárias da empresa, uma participação de aproximadamente 5,05%.
A varejista disse que a BlackRock reduziu sua posição para pouco mais de 1 milhão de ações, ou cerca de 0,12%, além de alguns instrumentos derivativos representando 0,36% do total de ações ordinárias.
No início desta semana, a Capital International Investors também anunciou que havia reduzido sua posição em Americanas para 4,07%, de 7,04%. As ações da Americanas subiram 20% para R$ 0,96 na quarta-feira, mas ainda acumulam queda de cerca de 90% no ano.
(US$ 1 = 5,1170 reais)
