
Um dos elementos basilares que deveria guiar a vida de qualquer universidade pública é o grau de transparência acerca das decisões tomadas por seus órgãos colegiados, especialmente os superiores. Mas esse parâmetro for utilizado para avaliar como andam as coisas na Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), é fácil ver que as coisas vão muito mal, em que pese as juras de que entramos em um novo ciclo de gestão com a chegada da primeira mulher ao cargo máximo da instituição, no caso a reitora Rosana Rodrigues.
Nos dias atuais, os sítios oficiais que instituições públicas e empresas disponibilizam para informar o público sobre suas ativididades são, ou deveriam ser, a via preferencial para a criação de mecanismos de transparência. O sítio oficial da Uenf até possui uma aba rotulada de “transparência”, mas quando se chega nela, o que se vê é que de transparência só há mesmo o rótulo.
Um bom exemplo dessa opacidade é a disponibilização das atas das reuniões realizadas por três órgãos colegiados (Universitário, Acadêmico e Curador) e um próprio da reitoria da Uenf (o Executivo). Ao examinar as últimas atas disponibilizadas para cada um deles, o eventual visitante poderá notar a seguinte realidade:
| Unidade | Data da última data disponível |
| Conselho Universitário | 06/11/2020 |
| Colegiado Acadêmico | 01/02/2021 |
| Conselho Curador | 29/08/2018 |
| Colegiado Executivo | Sem ata disponível |
Uma consequência óbvia dessa opacidade é que nem a comunidade universitária ou a população em geral tem noção de como e quais decisões estão sendo tomadas nesse colegiados, o que impede que se possa saber quais são os rumos efetivos que a Uenf vem trilhando. A questão democrática que pode passar despercebida em empresas que são governadas pela busca de lucros de seus donos e acionistas é algo fundamental em instituições públicas, especialmente universidades.
Assim, ao não realizar o ato trivial de disponibilizar atas de seus colegiados superiores, o que as administrações recentes da Uenf têm feito é impedir que se tenha acesso às decisões que têm sido tomadas para gerir um dos principais patrimônios públicos do estado do Rio de Janeiro. E isso, convenhamos, não pode ser naturalizado. É que na ausência dos mecanismos de transparência o que acaba crescendo são práticas autoritárias e/ou burocráticas que comprometem a capacidade de gerar novos conhecimentos, algo fundamental para uma universidade pública.