Abstenções, o dado escondido pela direita, mas também pela esquerda

Falta de identificação com projetos pode explicar alta de | Política

Tenho notado uma série de análises sobre a vitória dos partidos de direita e extrema-direita nas eleições municipais, mas vejo pouca coisa em relação às abstenções. Vale lembrar que abstenções incluem aqueles eleitores que sequer se dão ao trabalho de irem votar, em que pese a obrigatoriedade de voto.

Neste segundo turno das eleições municipais, o total de eleitores que se abstiveram foi 29,26%, um número que desde o ano 2000 só foi superado em 2020 quando o Brasil experimentava a dureza da pandemia da COVID-19 (ver imagem abaixo).  Na capital paulista, o índice foi ainda maior,  já que o número de ausentes chegou em 31,54%, ou seja, 2.940.360 eleitores (valor mais alto do que o dado a Guilherme Boulos que foi de 2.323.901 votantes).

abstenções

Esconder o total das abtenções serve a vários propósitos, mas o principal me parece ser o de esconder a descrença de uma parte considerável do eleitorado com o sistema político brasileiro. Esses eleitores que se abstém mandam um recado que me parece claro: este sistema não nos representa a ponto de que queiramos sair de casa para votar em quem quer que seja.

Quem deveria analisar este descontentamento em mais profundidade deveria ser aqueles partidos que se dizem de esquerda, pois muitas eleições se decidem em porcentagens muito menores do que a margem de abstenções. Mobilizar esse eleitorado poderia ser assim chave para garantir mais vitórias contra a direita e a extrema-direita.

O problema é que para mobilizar esse eleitorado, a dita esquerda teria que apresentar programas que representassem mudanças qualitativas e profundas na condição de vida dos brasileiros. O problema é que se olharmos com um mínimo de atenção o que estão propondo os partidos supostamente de esquerda, o que se verá é que seus programas não são assim tão diferentes da direita e da extrema-direita. E é aí que a porca torce o rabo.

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