Porto do Açu: Alcimar Chagas produz análise que revela a grande distância entre os discursos e a realidade

A imagem abaixo é uma reprodução parcial de uma análise pedagógica realizada pelo professor do Laboratório de Engenharia da Produção (Leprod) da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Alcimar das Chagas Ribeiro, e postado em seu blog “Economia Norte Fluminense” (Aqui!) acerca das claras discrepâncias envolvendo a propaganda e os resultados práticos da implantação do Porto do Açu  para a população de São João da Barra (Aqui!).

norte fluminense

Além de mostrar que existe um claro desiquilíbrio acerca da distribuição social das chamadas externalidades negativas e positivas, o Prof. Alcimar Ribeiro disseca alguns dos mitos envolvendo o Porto do Açu em relação aos seus supostos ganhos para o município de São João da Barra.

O primeiro aspecto dissecado se refere ao fato de que os aludidos investimentos  de R$10 bilhões na construção do porto do Açu, ainda não se traduziram em ganhos reais para São João da Barra no tocante ao recolhimento de impostos.  Nesse quesito, o Prof. Alcimar Ribeiro aponta que o  índice de participação municipal no recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em 2016 (relativo a atividade econômica de 2014) atingiu 0,576, o que seria muito próximo do índice de 2004 (atividade econômica de 2002) de 0,546.  O Prof. Alcimar Ribeiro notou ainda que no tocante à receita de Imposto sobre Serviços (ISS) houve um aumento significativo, mas que este ganho foi revertido com uma tendência de queda entre os anos de 2014 e 2015!

Um segundo aspecto, que é apresentado como central em termos dos ganhos trazidos pelo Porto do Açu, a geração de empregos no comércio, o desempenho seria lamentável. É que segundo o Prof. Alcimar Ribeiro, somente 4 empregos foram gerados no comércio de São João da Barra em todo o ano de 2015.

Agora quem se habilita a explicar por que investimentos bilionários tenham resultado em ganhos tão insignificantes e que ficam ainda mais pálidos quando são consideradas as externalidades negativas impostas sobre o município de São João da Barra e, mais particularmente, os habitantes do V Distrito?  Essa pode ser a pergunta de R$ 10 bilhões!

Execução orçamentária: números desmentem o (des) governo Pezão/Dornelles

Os dados abaixo foram compilados pelo professor do Laboratório de Engenharia de Produção da Uenf, Alcimar Chagas Ribeiro, em seu blog “Economia Norte Fluminense” (Aqui!), com dados disponibilizados pelo Portal Transparência mantido pela Secretária Estadual de Fazenda do Rio de Janeiro.

E. mais uma vez, os números que aparecem simplesmente não explicam todo o caos que foi criado na vida de centenas de milhares de servidores sob a desculpa de que o tesouro fluminense não possui recursos para honrar os salários até o quinto dia útil de cada mês.

Há definitivamente algo de podre no reino da Cabralândia!

Execução Orçamentária no estado do Rio de Janeiro

Números da execução orçamentária do estado do Rio de Janeiro, divulgados no Portal Transparência.

Total do Estado (executivo, legislativo, judiciário e Ministério Público)

Ano                      Rec realizadas           Desp liquidadas          Resultado (R – D)

2015           61.654.165.716,82        65.631.364.714,60    déficit 6,06%

2016 (jan-mar) 12.302.667.761,63  11.877.108.533,60 superávit  3,58%

Executivo

Ano                      Rec realizadas           Desp liquidadas                Resultado

2015           60.065.812.990,68   58.739.032.440,57    superávit   2,26%

2016 (j-m)  11.881.769.323,21   10.403.694.308,83  superávit  14,21%

O relatório da execução orçamentária do Estado do Rio de Janeiro, publicado no portal da transparência, mostra uma situação bem diferente da falência financeira difundida pelo Governador e seus secretários. Conforme os números acima, a execução orçamentária no conjunto do estado foi deficitária em 6,06% em 2015 e no executivo foi superavitária em 2,26%

Já em 2016 (janeiro a março), a execução foi superavitária em 3,58% no conjunto do estado e superavitária em 14,121% no executivo, considerando o mesmo período.

Os números desmentem o governo!

FONTE:http://economianortefluminense.blogspot.com.br/2016/04/execucao-orcamentaria-no-estado-do-rio.html

Na continuidade da sua campanha publicitária, Prumo divulga as cifras milionárias obtidas com a aluguel de terras

rent

Em um aparente esforço para convencer o mercado de que o Porto do Açu não é um mico ou, tampouco, um elefante branco, a Prumo Logística continua um vigoroso processo de “placement” na mídia corporativa brasileira. A última dessas matérias propaganda foi publicada ontem pelo jornal Valor Econômico sob o sugestivo título de “Porto do Açu entra em nova etapa” (Aqui!).

Nesse matéria/propaganda, o porta voz da Prumo Logística foi o seu presidente, Eduardo Parente, que ofereceu uma visão para lá de otimista da situação do Porto do Açu.  Uma primeira contraposição a essa visão ufanista e ao que está acontecendo ao redor do enclave formado pela EIG Global Partners foi oferecida pelo professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Alcimar Chagas, em seu blog (Aqui!).

Mas um detalhe que me chamou especialmente atenção na matéria/propaganda foi a declaração de que a Prumo Logística está obtendo uma renda anual de R$ 125 milhões com o aluguel de terras. E ai eu me dou conta que uma parte significativa dessas terras alugadas pode ter vindo de presente como fruto das desapropriações promovidas pela Companhia de Desenvolvimento Industrial do Rio de Janeiro (Codin) para a instalação de um natimorto distrito industrial em São João da Barra. 

Tal situação apenas ressalta a completa injustiça que foi e continua sendo promovida contra as centenas de agricultores familiares que tiveram suas terras expropriadas pelo (des) governo do Rio de Janeiro e continuam até hoje sem ver a cor do dinheiro que lhes é devido pela tomada de suas terras, as quais como mostra a matéria estão gerando lucros milionários para a Prumo Logística Global.

É a isso que o geógrafo estadunidense David Harvey classifica como acumulação por despossessão. Mas sobre essa origem das terras  que geram os lucros milionários alardeados é bem provável que não ouçamos o presidente da Prumo Logística alardear na mídia corporativa.

Agora, se eu fosse advogado de um dos muitos agricultores expropriados pela Codin ou mesmo de um daqueles que tiverem suas terras e águas salinizadas pelo Porto do Açu, guardaria essa matéria com muito carinho. É que se o negócio anda tão bem como está sendo fartamente anunciado, dinheiro para pagar o que é devido as essas famílias não será mais problema.

Porto do Açu: o mito do desenvolvimento e suas falácias são desvelados

O texto abaixo vindo do blog do economista e professor da UENF Alcimar Chagas desnuda um dos principais mitos que deram sustentação a todas as barbáries cometidas pelo (des) governo Cabral e seus parceiros privados contra a população de pescadores e agricultores do V Distrito de São João da Barra. É que os algozes sempre utilizaram o argumento de que estavam criando um novo ciclo de desenvolvimento econômico e, com isso, justificavam seus malfeitos.

Agora com essa análise baseada em estatísticas oficiais, o Alcimar Chagas demonstra que, pelo menos no âmbito da criação de postos de trabalho no comércio de São João da Barra, o efeito do Porto do Açu é quando muito nulo ou mesmo negativo.

Como amanhã (02/12) o deputado Roberto Henriques estará realizando uma audiência pública a partir das 10 horas na Câmara Municipal de São João da Barra exatamente sobre o Porto do Açu quem sabe ele possa usar uns poucos minutinhos para pedir explicações aos governantes e empreendedores de como isso se explica.

De minha parte retorno à obra de Celso Furtado “O Mito do Desenvolvimento Econômico” lançado em 1973 para dizer que o que se viu até agora no Porto do Açu foi muita espuma e pouco sabão  (ou seria muito sal e pouca feijoada?), pois esse retorno à uma base primária é parte de um engodo muito maior de que podemos ascender no processo de desenvolvimento sem tocar nas profundas desigualdades econômicas e sociais que persistem no Brasil e, principalmente, na região Norte Fluminense. 

Os investimentos do porto do Açu e seus reflexos no emprego no comércio em São João da Barra

Os saldos de emprego gerados em São João da Barra, no período de construção do Porto do Açu, evidenciam as contradições nos relatórios de impacto ambiental, que registram os impactos e as promessas de políticas compensatórias por conta das intervenções. Observem que as obras iniciam no final de 2007 e tem seu seu ápice em 2008. Ainda sem o impacto das obras, o ano de 2007 registra uma geração de 34 novas vagas no comércio. Em 2008, realmente observa-se um forte crescimento com o registro de 89 novas vagas no comércio. Em 2009 são geradas somente 10 vagas, em 2010 são geradas 28 vagas e em 2011 são geradas 39 vagas. Em 2012 observa-se um resultado negativo, onde as demissões superaram as admissões em 29 vagas e em 2013, até outubro, foram geradas somente 23 vagas. A conclusão que se chega é que as promessas de geração de emprego, em função das obras do porto do Açu, não se concretizaram. Somente nos anos de 2008 e 2011, o saldo de emprego superou 2007. Segundo esses indicadores do Ministério do Trabalho, os investimentos do porto do Açu não tiveram impacto no comércio, conforme promessa.