Aproveitando pandemia, CBA faz audiências virtut para aprovar extração “sustentável” de bauxita na Zona da Mata

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Mesmo antes da aprovação da famigerada lei dodeslicenciamento ambientalenviado pelo governo Bolsonaro ao congresso nacional, corporações que lucram com a destruição do patrimônio ambiental brasileiro se movimentam para aprovar empreendimentos que são caracterizados por gerar um amplo leque de ações destrutivas contra o meio ambiente e as populações que produzem e se reproduzem em verdadeiros santuários ecológicos.

Um caso exemplar é a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) que está lançando mão do artifício de realizar audiências públicas virtuais para aprovar um autodenominado projeto de extração sustentável da bauxita (sic!) que abrangerá cinco municípios da Zona Mata Mineira (ver convocação abaixo).

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A ação da CBA está sendo vista com perplexidade por moradores da região afetada, principalmente por pessoas que vivem nas áreas rurais dos municípios abrangidos pelo referido projeto, na medida em que o acesso à rede mundial de computadores é limitada em pontos fora das zonas urbanas, o que é agravado pelas distâncias relativamente altas que os potenciais interessados. Para piorar a “audiência” prevista para o dia 07 de outubro ocorrerá na parte noturna, dificultando ainda mais a vida dos moradores de áreas rurais (que afinal são os principais afetados pela destruição ambiental que invariavelmente acompanha qualquer atividade de mineração).

Esse simulacro de participação popular claramente procura criar as condições políticas para a emissão de licenças ambientais, as quais permitirão a continuidade de atividades minerárias que nada têm de sustentáveis.

Ativistas apontam que Parque Estadual da Serra do Brigadeiro poderá ser o próximo alvo da CBA

Este blog já divulgou em momentos anteriores informações sobre as tensões existentes entre comunidades locais e a CBA (eu, aliás, fui alvo em 2017 de um processo movido pela empresa por causa das informações aqui postadas sobre conflitos ocorrendo na área de influência das suas atividades minerárias, mais precisamente no Distrito de Belisário, pertencente ao município de Muriaé) no entorno do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB), cujo entorno possui reservas consideráveis de bauxita (ver mapa abaixo).

Agora, fontes consultadas pelo blog mostraram preocupação com as ações da CBA em torno do seu projeto de extração “sustentável” de bauxita, na medida em que existem evidências de que há uma proposta para que se reduza a chamada “área de amortecimento” do PESB de 10 km para 3 km. Tal redução possibilitaria que a CBA também conduzisse suas atividades minerárias em uma região de alto valor ecológico, sendo também considerada uma grande berço de águas para os municípios sob sua influência.

Aliás, a simples visualização das áreas de mineração que a CBA pretende aprovar com o plano em questão afetam diversas unidades de conservação (ver mapa abaixo), o que coloca em xeque qualquer possibilidade de que haja qualquer chance de sustentabilidade, a não ser que se esteja falando de sustentar o processo de destruição ambiental que já ocorre em função da mineração da bauxita, com saldos paupérrimos para os municípios onde ela ocorre.

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Um futuro sustentável passa ao largo da mineração de bauxita

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Seja qual for o resultado dessa “audiência” virtual que será promovida pela CBA para levar à frente o licenciamento do seu inverossímil projeto de extração “sustentável” de bauxita, o certo é que os habitantes da região já demonstraram serem capazes de desenvolver sistemas produtivos que são bem mais rentáveis do que a mineração, mas também ecologicamente sustentáveis. Além disso, o desenvolvimento de um movimento endógeno voltado para a defesa do patrimônio hídrico que é protegido pelas unidades de conservação existentes, principalmente pelo PSB, é  uma garantia de que as ações da CBA não passarão em branco.

E uma coisa é certa: não será com extração de bauxita que se chegará a um futuro que seja social e ambientalmente sustentável.

Desembargador dá liminar em favor da Norsk Hydro e impede exames de contaminados em Barcarena

norskA própria Hydro reconheceu a contaminação e pediu desculpas. O que vale para a Justiça?

A multinacional norueguesa Norsk Hydro foi flagrada despejando resíduos industriais de mineração nos rios em que habitam centenas de comunidades em Barcarena. Até o presidente mundial Svein Brantzaeg admitiu e desculpou-se. Mas depois negou, mesmo diante do verdadeiro complexo de canais e tubulações clandestinas utilizadas para esse fim.

Ninguém sabe ao certo o que contém a lama vermelha e os efluentes que a Hydro deposita na bacia DRS2, construída sobre uma reserva ecológica projetada para proteger comunidades pobres. Pior: a Semas autorizou o funcionamento mesmo sem qualquer licenciamento ambiental. Ou seja, a Hydro pode despejar o material perigoso e letal nessa bacia sem que ninguém possa acusá-la de nada.

Diante do risco de mais vidas humanas serem consumidas pelo câncer e outras enfermidades em proporção inexplicável em Barcarena, o juiz da 5ª Vara da Fazenda de Belém determinou, em ação civil pública ajuizada pela Cainquiama, que fosse realizado sorteio de 367 moradores – critério científico do Instituto Evandro Chagas, o IEC – a fim de obter amostragem das contaminações por meio de exames nos moradores do entorno da planta industrial. O IEC iria fazer esses exames.

A partir daí, constatado nível de contaminação considerado preocupante, seriam analisados os demais moradores. Ou seja, a medida era para apurar qual a extensão de contaminados e a partir daí verificar meios de tratamento. Não se trata de exames para obter valor de indenização, mas para tratar com urgência de pessoas, várias delas com a saúde agravada e outras que nem tiveram tempo de se submeter a qualquer exame, pois já morreram.

A Norsk Hydro se desesperou porque essa decisão do juiz coloca em risco o seu segredo guardado a sete chaves: o desconhecido potencial poluidor, que não consta em seu licenciamento ambiental na Semas e nem na sua autorização minerária na Agencia Nacional de Mineração. De tal modo ela protege isso e entra em pânico, que uma pesquisadora da UFPA colheu amostras da lama vermelha, em 2010, com autorização do Ministério Público Federal. A pesquisadora recebeu ameaças a ponto de destruir as conclusões da pesquisa feita.

O sorteio dos moradores que seriam analisados ocorreria hoje pela manhã, no Fórum Cível em Belém. Mas, por meio de uma liminar concedida ontem (7) em favor da Norsk Hydro pelo desembargador Luiz Neto, do Tribunal de Justiça do Pará, ficou decidido que as pessoas irão esperar até o final do processo para saber se devem ou não ser examinadas.

As tão conhecidas liminares utilizadas para todas as urgências de ricos e poderosos não podem ser concedidas quando se tratar de vidas humanas de pessoas pobres diante de uma multinacional que lucra R$ 21 bilhões ao ano só com a produção da Alunorte.

Pela liminar concedida pelo desembargador Luiz Neto, porém, as vítimas da Norsk Hydro devem esperar até o final do chamado “rito ordinário” – nome dado aos intermináveis processos -, apesar de 10 em cada 10 operadores do direito afirmarem que as medidas de urgência foram ampliadas pelo novo Código de Processo Civil.

Será que o desembargador Luiz Neto poderia ao menos conceder liminar obrigando que as vítimas não morram até o final do processo?

Essa decisão tem tudo para abarrotar o Judiciário paraense de ações de desvalidos e pessoas com doenças graves hoje reféns de grandes grupos multinacionais que matam e envenenam comunidades  inteiras.

Impunemente, diga-se.
Veja a íntegra da decisão do Desembargador Luiz Neto [Aqui!].
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Este artigo foi originalmente publicado pelo site Ver-O-Fato [Aqui!].

No Pará, atingidos por barragem da Norsk Hydro (Alunorte) adoecem e lutam por tratamento

Há um ano, vazamento da barragem operada pela mineradora atingiu cerca de 20 mil pessoas da cidade de Barcarena e comunidades vizinhas, e tem levado a casos de doenças infecciosas e câncer

 

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Mineradora Hydro Norte se nega a reconhecer as 20 mil atingidas pelo rompimento da barragem de bauxita

Por Redação RBA

São Paulo – Moradores do município de Barcarena, no interior do Pará, e de cidades vizinhas, protestaram nesta segunda-feira (18) em frente à empresa mineradora Hydro Alunorte responsável pelo vazamento de uma barragem que despejou rejeitos tóxicos na bacia do rio Murucupi e do rio Pará, contaminando a água e atingindo ao menos 20 mil pessoas.

O crime da empresa completou um ano neste mês de fevereiro, mas de acordo com denúncias dos manifestantes, até hoje a situação ainda está impune e a Hydro Alunorte se nega a reconhecer o número total de atingidos. Desde a degradação das águas dos rios que cercam diversas comunidades ribeirinhas, moradores têm convivido com doenças infecciosas até casos de câncer. “As pessoas estão morrendo caladas”, alerta a agricultura e uma das atingidas, Cleide Monteiro em entrevista à Rádio Brasil Atual

De acordo com o representante do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), no Pará, Robert Rodrigues, por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado por representantes estaduais, federais e pela mineradora, foram reconhecidas 20 mil vítimas, mas, desse total, 13 mil foram cadastradas para receber indenização por parte da empresa, mas apenas 1.600 estão sendo indenizadas.

Nesta sexta-feira (15), representantes do Estado e da mineradora não compareceram à uma audiência pública marcada para determinar as próximas ações de recuperação. “O Ministério Público está sendo conivente com a empresa. E o governo do estado apesar de ter recebido no ano de 2018, R$ 250 milhões de royalties da mineração, não tem nenhum projeto, programa estadual de segurança de barragem ou um fundo que desvie esse dinheiro para ser aplicados para a população atingida”, critica o membro do MAB à repórter Beatriz Drague Ramos.

FONTE: Rede Brasil Atual [Aqui!]

Norsk Hydro: Debatedores relatam evidências de crime ambiental em rios em Barcarena (PA)

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Comissão que investiga o vazamento de rejeitos ouviu relatos do Ministério Público, do Ibama, de pesquisadores e de moradores da região atingida

Autoridades reforçaram evidências de crime ambiental na contaminação de rios em Barcarena, no Pará. O assunto foi discutido nesta semana em audiência pública da comissão externa da Câmara dos Deputados que investiga o vazamento de rejeitos de bauxita da empresa Hydro Alunorte, em 17 de fevereiro, após fortes chuvas na região.

Os dados apresentados na audiência apontam que a contaminação é bem mais ampla na bacia de rios e igarapés que circunda o distrito industrial de Barcarena.

O pesquisador Marcelo Lima, do Instituto Evandro Chagas, não tem dúvidas quanto ao vazamento da Hydro. Falta concluir apenas a origem dos demais poluentes. “Quanto ao transbordo, nós temos evidências por meio de imagens e dados químicos que mostram que o que estava dentro da empresa [Hydro] estava também fora da empresa. A gente chama isso de assinatura química. Detectamos alterações nos níveis de alumínio, ferro, cromo, chumbo, arsênio, urânio e mercúrio. E hoje nós temos como comprovar a origem de tudo isso. Só falta consolidarmos os nossos resultados de análise”, afirmou.

Vários desses elementos químicos são cancerígenos. Por decisão da Justiça do Pará, 50% das atividades da Hydro Alunorte estão paralisadas desde fevereiro.

Dano ambiental

O procurador da República no Pará, Ubiratan Cazetta, informou que a força-tarefa dos ministérios públicos federal e estadual busca embasar novos inquéritos criminais e cíveis. “Alguns crimes são mais simples, mas o principal dado que nos falta, tanto na área criminal como na área cível, é a identificação do tamanho do dano. Nós sabemos que há um dano, mas não temos o que isso produziu de permanente. Por exemplo, qual é a situação de solo dessas comunidades? Com foco criminal, nós já estamos identificando quem foi o responsável por cada tipo de orientação e cada tipo de ordem. E, especialmente, a questão do dano é importante para dimensionar o tamanho da pena”, declarou.

Segundo o procurador, a região tem “histórico de desprezo por questões socioambientais”. A população será ouvida no novo termo de ajustamento de conduta que o Ministério Público pretende negociar com a Hydro.

Ameaças

Dirigentes da Associação dos Caboclos, Indígenas e Quilombolas da Amazônia denunciaram constantes ameaças de morte aos moradores que denunciam crimes ambientais. O coordenador da comissão externa de Barcarena, deputado Edmilson Rodrigues (Psol-PA), garantiu que esse item constará de seu relatório final. “Outra tarefa é buscar incluir as pessoas nos programas de proteção: as lideranças e as testemunhas”, disse o parlamentar.

Os deputados Éder Mauro (PSD-PA) e Elcione Barbalho (MDB-PA) reforçaram a necessidade de criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar o histórico de contaminações em Barcarena. 

Elcione Barbalho reclamou de tentativa de intimidação por parte da Hydro. “O estrago está feito e eles respondem lá: ‘nós vamos demitir todo mundo’. Como uma forma de nos pressionar, nos intimidar e querer que a gente recue”, disse a deputada.

Também presente na reunião da comissão externa, a coordenadora de emergências ambientais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Fernanda Inojosa, disse que o órgão não constatou rompimento na barragem de resíduos da Hydro, mas aplicou duas multas de R$ 10 milhões à empresa pela existência de um duto clandestino e problemas de licenciamento ambiental.

Reportagem – José Carlos Oliveira, Edição – Pierre Triboli,  A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura ‘Agência Câmara Notícias‘ 

 

FONTE:  http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/MEIO-AMBIENTE/559066-DEBATEDORES-RELATAM-EVIDENCIAS-DE-CRIME-AMBIENTAL-EM-RIOS-EM-BARCARENA-(PA).html

Norsk Hydro é acionada na justiça do Pará por distribuição de água contaminada em Barcarena

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Não bastassem as acusações de que suas atividades de mineração causaram a contaminação de diversos hídricos na região de Barcarena, a Norsk Hydro agora foi indiciada pelo Ministério Público do Pará por estar supostamente distribuindo água contaminada aos moradores das áreas que foram afetadas pelo derramamento de rejeitos tóxicos ocorrido em fevereiro.

Eu diria que a Norsk Hydro, apesar das juras e compromissos feitos em sua página oficial no Twitter (ver imagem abaixo), continua não cumprindo sequer as obrigações postas por seu modelo de governança corporativa.

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Mas não é de hoje que a Norsk Hydro pratica mais governança corporativa no Twitter do que na vida real no mais puro espírito do “para norueguês ver”.  Resta esperar que mais esse ataque aos moradores de Barcarena não fique por isso mesmo. 

Abaixo matéria assinada pela jornalsita Sayonara Moreno para a Radioagência Nacional sobre esse assunto.

MP do Pará responsabiliza Hydro Alunorte por distribuição de água contaminada

Por Sayonara Moreno

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Um inquérito policial pode ser aberto, para apurar a responsabilidade da empresa Hydro Alunorte, sobre as condições da água que está sendo fornecida, em carros-pipa, a moradores de Barcarena, no Pará.

O pedido é do Ministério Público do estado, que considera inadequada a qualidade da água oferecida à população, depois do vazamento de rejeitos, em rios da cidade paraense.

O órgão informou que pediu à Secretaria de Saúde do estado, informações sobre análise de amostras da água dos poços e dos sistemas de abastecimento para as casas das comunidades em torno do Polo Industrial de Barcarena.

O resultado apresentou contaminações em diversas fontes, entre elas metais pesados, como o chumbo, na água fornecida para as comunidades Bom Futuro, Itupanema, Vila Nova, Jardim Cabano e Burajuba.

Também foi constatada a presença de alumínio acima do valor máximo permitido, nas amostras colhidas em Itupanema, Vila Nova e Jardim Cabano. Na localidade de Bom Futuro foi encontrada contaminação por coliformes fecais, bactérias nocivas à saúde.

Após a confirmação das contaminações, o Ministério Público do Pará atribui a responsabilidade à Hydro Alunorte e aguarda até a próxima semana o número e registro do inquérito e do delegado que vai coordenar a investigação.

A Hydro Alunorte vai ser notificada para suspender o fornecimento de água imprópria à população e passar a fornecer acesso à água mineral de boa qualidade.

Em nota, a Hydro Alunorte informa que vai seguir as recomendações do Ministério Público do Pará e que vai manter a distribuição de água mineral a 1800 famílias de Burajuba, Vila Nova e Bom Futuro, que já recebem a assistência. Segundo a empresa, são distribuídos galões de vinte litros de água mineral, toda semana, às famílias.

A companhia ainda esclarece que os dez caminhões-pipa estão de acordo com as normas sanitárias e foram contratados para distribuir água potável para o preparo de alimentos, higiene corporal e uso doméstico.

A nota diz, ainda, que a água distribuída nos veículos vem da concessionária local, monitorada em conjunto com a Vigilância Ambiental de Barcarena; e que passa por inspeções a cada viagem. Por fim, a mineradora se diz comprometida em colaborar com as autoridades e a comunidade de Barcarena.

FONTE: http://radioagencianacional.ebc.com.br/geral/audio/2018-04/mp-do-para-responsabiliza-hydro-alunorte-por-distribuicao-de-agua-contaminada-em

Barcarena: Força-tarefa do Ministério Público pede medidas emergenciais e reitera suspensão parcial da refinaria Hydro Alunorte

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Ação cautelar do MPF e MPPA também requer que seja determinada com urgência a realização de uma série de auditorias judiciais

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Área inundada por efluentes dentro da refinaria em 17 de fevereiro deste ano (créditos: relatório técnico do IEC)

O Ministério Público entrou na Justiça Federal, nesta terça-feira (10), com ação cautelar em que pede decisão urgente para garantir a suspensão parcial das atividades da Hydro Alunorte. Também quer que a refinaria de alumina seja obrigada a prestar atendimento emergencial às comunidades impactadas por despejos irregulares de resíduos tóxicos. A empresa está localizada em Barcarena, no nordeste do Pará.

A força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) para o caso também pediu que a Justiça determine com urgência a realização de auditorias judiciais sobre a segurança das barragens e do processo produtivo e sobre a qualidade dos planos de ação da empresa para situações emergenciais. Essas devem ser feitas por empresas de auditoria independente, custeadas pela Hydro e contratadas a partir de seleção pública, mediante termo de referência previamente aprovado pelo Ministério Público.

Em entrevista coletiva realizada na tarde de hoje em Belém, no MPPA, o promotor de justiça Laércio de Abreu, da promotoria de Justiça de Barcarena, explicou que decisão de protocolar nova ação na Justiça foi necessária pelo fato de a empresa não ter cumprido efetivamente as recomendações feitas previamente pela força-tarefa do Ministério Público e nem ter formalizado Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com os órgãos.

“Com esta ação queremos acautelar alguns direitos. Precisamos que as comunidades sejam atendidas, que algumas provas sejam feitas com urgência na empresa e que análises sejam preservadas”, detalhou o procurador da República Ricardo Negrini. “Precisamos que a empresa adote medidas para termos certeza que nenhum dano vai se repetir, que nenhum vazamento ocorrerá novamente”.

A força-tarefa do Ministério Público pede à Justiça Federal que determine o pagamento de multa diária no valor de R$ 1 milhão em caso de descumprimento das medidas estipuladas.

Resposta humanitária 

Na ação, o MPPA e MPF pediram à Justiça que obrigue a tomada de providências urgentes em resposta humanitária às comunidades afetadas e aos trabalhadores. Segundo relatos apresentados à força-tarefa, após o vazamento de rejeitos da refinaria em fevereiro, moradores da área banhada pelos rios poluídos passaram a apresentar sintomas de uma série de doenças, e houve redução da produção da agricultura, da pesca e do extrativismo.

A força-tarefa do MP pediu à Justiça que a Hydro seja obrigada a fornecer imediatamente água, alimentação e dois salários-mínimos mensais às famílias atingidas, além do atendimento às questões de saúde. Esses atendimentos devem ser feitos tanto às famílias das áreas impactadas apontadas pelo Instituto Evandro Chagas como às famílias de novas áreas que eventualmente auditoria independente vier a identificar.

Outro pedido é que a Hydro seja obrigada a assegurar que, antes de qualquer dispensa imotivada de funcionários, haja negociação com o sindicato profissional, e que, em caso da efetivação da dispensa imotivada, seja garantido ao empregado dispensado indenização mensal no valor equivalente ao do salário recebido pelo trabalhador, enquanto estiver vigente a suspensão das atividades industriais solicitada na ação.

A ação também pede que a Justiça determine a criação e implementação, pela Hydro, de sistemas de tratamento e distribuição coletiva de água potável, e sistemas de avaliação das águas superficiais, da balneabilidade das praias e da qualidade do ar, além de sistemas telemétricos de boias para avaliação da qualidade das águas nas praias.

Auditorias

Além da auditagem da segurança das barragens, dos processos produtivos e dos planos de ações emergenciais da Hydro, se a Justiça acatar os pedidos do Ministério Público as empresas de auditoria independente farão o levantamento e cadastramento das comunidades e famílias atingidas, a avaliação da qualidade do solo, a avaliação da qualidade da água em áreas de pesca, e a análise de possível contaminação dos moradores.

A força-tarefa do Ministério Público pediu ainda que, como garantia para o pagamento de futuras medidas de recomposição dos danos socioambientais materiais e morais, a Hydro seja obrigada a depositar, dentro de dez dias, 5% do valor total da isenção fiscal estadual da qual a empresa é beneficiária.

Aventura jurídica 

A promotora de justiça Eilane Moreira classificou de “aventura jurídica” a decisão da Hydro Alunorte de acionar o Ministério Público na Justiça para questionar a utilização, pela força-tarefa, de dados fornecidos pelo Instituto Evandro Chagas.

“A empresa traz questionamentos sem bases legais e fundamentos científicos, tentando trazer dúvidas à sociedade. O papel de uma empresa séria é trazer respostas efetivas e concretas, não colocando em dúvida as instituições que representam a sociedade brasileira e a sociedade paraense”, argumentou a promotora, citando ainda o fato de a Hydro Alunorte ter questionado as credenciais do Instituto Evandro Chagas para realizar análises ambientais em Barcarena. “Não temos nenhum receio de responder ao Judiciário os pontos questionados”, antecipou Eliane Moreira.

Vazamentos comprovados

Durante a entrevista coletiva, a promotora ainda destacou que não há dúvidas sobre vazamentos em atividades da Hydro Norte, o que foi comprovado por pelo menos três vias: o tubo clandestino utilizado pela empresa, o canal clandestino que a empresa rotineiramente utilizava e um outro duto por onde vertiam efluentes para rios de Barcarena. “A empresa pode até questionar se houve transbordamento, que é outra questão, mas vazamento é todo efluente que foi irregularmente despejado no meio ambiente”, explicou.

O promotor de justiça Daniel Barros destacou que toda a atuação do Ministério Público está embasada em procedimentos investigatórios. “Já ouvimos depoimentos de comunitários e da própria empresa, inclusive de diretores da empresa, que confessaram ao Ministério Público o lançamento irregular de efluentes em rios, o que é tipificado como uma conduta ilícita”, alertou. “Como se pretende agora desdizer tudo o que foi dito em procedimentos formais?”, questionou.

Daniel Barros frisou que a ação cautelar protocolada nesta terça-feira não encerra as providências adotadas pela força-tarefa do Ministério Público. De acordo com o promotor, estão em curso investigações nas esferas criminal e cível que podem resultar em ação civil pública e denúncia criminal contra responsáveis pelos impactos socioambientais em Barcarena.

 FONTE: http://www.mpf.mp.br/pa/sala-de-imprensa/noticias-pa/no-para-acao-do-mpf-e-mppa-pede-medidas-emergenciais-e-reitera-suspensao-parcial-da-refinaria-hydro-alunorte

O teatro da Hydro-Alunorte: envenenamento das comunidades ribeirinhas, saqueio do subsolo e destruição da floresta Amazônica

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O Teatro do Real e a nossa missão: A Farsa da NORK HYDRO ASA que envenena Barcarena e a Amazônia.

A construção da ideologia que hoje denominamos desenvolvimento, herdeiro do progresso do século XIX, vem se materializando nos projetos políticos traçados para a Amazônia, desde as rodovias das décadas de 1960/70, passando pelas imensas plantas de geração de energia hidroelétricas, chegando aos parques industriais da mineração, dos imperadores do latifúndio e ultimamente as monoculturas de soja e de dendê.

Este enredo escrito para Amazônia teve seu mais recente ato: A farsa da NORKS HYDRO ASA. A empresa norueguesa atua no setor mineralógico desde inicio do século XX, perdeu sua mascara de personagem que no discurso do desenvolvimento “leva benefícios” aos habitantes onde se instala, mas não aqui no estado do Pará.

A HYDRO, fundada em 1905, tem como maior acionista o estado norueguês, bem como instituições dos Estados Unidos, Inglaterra e China, possuem relação comerciais com o Brasil desde a década de 70, adquirindo em 2010 os ativos de alumínio da VALE, dessa forma construiu uma companhia de alumínio global. Esse furto dos nossos minérios inclui: Bauxita (Paragominas-PA), participação majoritária da maior refinaria de alumina do mundo, a ALUNORTE, e também participação de 51% na empresa de alumínio do Brasil, a ALBRAS. Só no Pará, se somarmos o lucro de todas as empresas comandadas pela NORKS HYDRO ASA seu faturamento líquido está na ordem de R$ 11 bilhões em 2016, com lucro líquido de R$ 1,5 bilhão.

 “a missão da HYDRO é criar uma sociedade mais viável, desenvolvendo recursos naturais e produtos de maneira inovadora e eficiente”.

Na madrugada do dia 17-02-2018 ocorreu um fato, esse já antecipado pelos próprios moradores das comunidades ao entorno do empreendimento, o rompimento de barragens de rejeitos, referindo-se a SDR1 e SDR2, da empresa norueguesa em Barcarena no estado do Pará. As denúncias das práticas irregulares da empresa em relação às questões tanto sociais como ambientais não é fato novo. Treze comunidades ribeirinhas sofrem por esse crime, destas quadro foram diretamente afetadas Água Verde, Burajuba, Jesus de Nazaré, Jardim Canaã, sem falar da escala que essa poluição pode alcança, acentuando as dificuldades que esses empreendimento trazem para as populações próximas as barragens.

Imagem do Google Maps
Imagem do Google Maps

Essa contaminação que, segundo relatório do Instituto Evandro Chagas (IEC) RELATÓRIO Nº: 002/2018 PROCESSO Nº: 010/2018, ‘neste momento as águas apresentaram níveis elevados de Alumínio e outras variáveis associadas aos efluentes gerados pela Hydro Alunorte’. Porém em 2012, pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) que analisaram 26 comunidades, verificaram que 24 delas a água estava com altas concentrações de Chumbo. Elemento químico muito nocivo a saúde física e mental, não será surpresa quando for diagnosticado altos números de câncer na população dessas comunidades.

blurbstory.com
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Assim, podemos perceber que a missão da HYDRO é construir uma sociedade viável: viável para saquear nosso subsolo e precarizar a vida das comunidades onde se instala. De inovador nada tem a mais! E ainda, no dia 19/03 anunciou ferias coletivas aos trabalhadores e trabalhadoras afirmando que não se trata de demissões. Ai sua grande missão como empresa rouba nossas riquezas, destrói com meio ambiente, envenena e mata as populações ribeirinhas e demite/ferias seus/aos trabalhadores.

O Teatro do Real e a Promiscuidade do Estado e Governos: O Cano dos Rejeitos Não Era da Hydro, Era de São Pedro. Até Santo Entra na Peça.

De acordo com governador Simão Jatene (PSDB-PA) a culpa do ‘acidente ambiental’ em Barcarena foi de responsabilidade da quantidade de chuvas que caiu no dia. Como bom fanfarrão de comedia que é Simão Jatene culpa as fortes chuvas pelo transbordamento das bacias de rejeitos SDR1 e SDR2 e a Secretária de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (SEMAS) que de sustentável não tem nada, a não ser os conchavos, corrupção e mutretas ali existentes, fechou os olhos para as irregularidades cometidas pela HYDRO. Sem licença ambiental para funcionamento das bacias de rejeito, tubulações clandestinas que despeja água não tratada – efluentes – diretamente nos igarapés Bom Futuro, Gurajuba e nos rios Murucupi e Tauá, na bacia do rio Pará são apenas alguns elementos do cenário dessa escabrosa peça.

CONTRA A QUARENTENA DA VIDA: só a luta com nossas próprias mãos para construir uma sociedade melhor, o caminho é por uma via popular, onde o povo pode fazer a gestão do seu lugar que a qualidade de vida estará.

A empresa norueguesa NORKS HYDRO ASA coloca nossas populações em quarentena, infectando e precarizando a forma de vida dos moradores, matando o povo pobre aos poucos. A destruição dos hábitos e costumes das comunidades, afetadas direta e indiretamente por esses crimes, a privação da vida por causa da contaminação nos mostra como esse modelo, desenvolvimentista, em nada trás de benefícios para nosso povo. O relato das populações ribeirinhas de Barcarena é mais salutar que qualquer laudo de pericia. As mazelas deixadas localmente por essa e outras empresas mineralógicas refletem em uma escala regional, quiça global, o falido modelo.

Cabe a nós, os de baixo, a construção de outro modelo, pautando as demais do nosso povo subalternizado, fazendo frente a essas empresas, colocando em cheque o lucro oriundo da destruição da floresta amazônica e do sangue de nosso povo.

CONTRA O ENVENENAMENTO DAS COMUNIDADES RIBEIRINHAS!

CONTRA A DESTRUIÇÃO DE NOSSA FLORESTA!!

CONTRA O FURTO DAS NOSSAS RIQUEZAS!!!

Federação Anarquista Cabana – FACA

FONTE: https://faca.noblogs.org/post/2018/03/21/o-teatro-da-hydro-alunorte-envenenamento-das-comunidades-ribeirinhas-saqueio-do-subsolo-e-destruicao-da-floresta-amazonica/

Norsk Hydro admite descarga de rejeitos no Rio Pará

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Usando mais uma vez a sua página oficial no Tweeter, a empresa “quase estatal” norueguesa Norsk Hydro admitiu ter lançado águas sem tratamento no Rio Pará (ver imagem abaixo).

norsk hydro

Ainda segundo a Norsk Hydro, esta ação seria totalmente “inaceitável” e “romperia com que a empresa representa”.

Convenhamos que esse discurso é bem diferente daquele emitido nos dias 16 e 17 de fevereiro quando porta-vozes da empresa chegaram a negar que qualquer tivesse ocorrido em sua planta industrial no município de Barcarena (PA).

O problema é que desde então estão sendo encontradas provas materiais de que a Norsk Hydro possuía vários vertedouros clandestinos de resíduos tóxicos oriundos de suas atividades industriais. Assim, diante das descobertas dos órgãos de fiscalização, não restou nada mais à Norsk Hydro do que fazer uma “mea culpa” público na expectativa de conter os danos à sua imagem, especialmente na Noruega.

O mais trágico é que se dependesse das autoridades e da mídia corporativa brasileiras a Norsk Hydro iria continuar a poluir ecossistemas e a causar doenças nas populações ribeirinhas que foram impactadas pelo contato com água contaminada.

Agora há que se monitorar os trabalhos da empresa de consultoria SGW Services que foi contratada pela Norsk Hydro para fazer um levantamento da situação em Barcarena. É que está mais do que provado que não se pode deixar a Norsk Hydro cuidando desse assunto sozinha, apesar de sua postura atual de contrição.

Norsk Hydro usa Twitter para fazer juras para Barcarena

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Se ainda havia dúvidas de que a “quase estatal” Norsk Hydro está sentindo a pressão dos eventos que estão emergindo em Barcarena (PA), essas não têm mais razão para existir. Basta olhar a conta oficial da Norsk Hydro para verificar que os fatos que já vieram a público sobre o processo de contaminação ambiental causado pela planta industrial que a empresa possui em Barcarena (PA) já causaram estragos graves na imagem da empresa.

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É que os três “tweets” postados no dia de hoje (17/03) trazem promessas e compromissos em torno da recuperação da confiança dos moradores atingidos pela poluição da planta da Norsk Hydro em Barcarena, além de enfatizar um suposto compromisso com o desenvolvimento sustentável do Pará.

A realidade é que, se a Norsk Hydro não tivesse sido pega com a boca na botija com seu duto clandestino que contaminava corpos hídricos e adoecia animais e seres humanos, o mais provável é que as mandingas corporativas continuariam sem qualquer tipo de escrúpulo. Mas agora que foi pega, a Norsk Hydro aparece com seu discurso de governança corporativa com a maior cara de pau.

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É essencial que se mantenha a pressão sobre a Norsk Hydro e sobre o governo da Noruega que detém uma parcela significativa do seu capital acionário. Do contrário, todas essas juras vão ser esquecidas e tudo continuará como dantes no quartel de Abrantes.

Hydro e a nova máxima do “para norueguês ver”: conservação ambiental lá, destruição aqui

barcarena hydro
Todos conhecem a expressão “para inglês ver” que é usada no Brasil e em Portugal para leis ou regras consideradas demagógicas e que não são cumpridas na prática. Normalmente no Brasil ela sempre vem à mente quando ouvimos alguém falando algo que parece essencialmente correto de ser feito, mas sabemos que não tem a menor chance de vir a ser concretizada, dado o histórico de quem esta fazendo anúncio.
Agora, após o incidente ambiental causado pela multinacional norueguesa Norsk Hydro, também teremos a variante “para norueguês ver”. É que diante da emersão de fortes evidências de que a empresa que tem o governo norueguês como detentor de 34% de suas ações foi pega literalmente operando um duto que despejava lixo tóxico clandestinamente nos rios da região de Barcarena [1], eis que o ministro de Comércio, Indústria e Pesca da Noruega, Magnus Thue, solta uma declaração oficial (ver abaixo) onde literalmente tira o corpo norueguês fora do problema.
noruega hydro
Por que falo isso? É que para que não se lembra, a Noruega cortou pela metade suas contribuições para o “Fundo para a Amazônia” durante uma visita oficial do presidente “de facto” Michel Temer em junho de 2017, como retaliação contra o avanço do desmatamento na bacia amazônica [2].
Pelo jeito a indignação é “para norueguês ver”, na medida que a mesma Norsk Hydro que foi pega com a boca na botija jogando lixo tóxico de forma clandestina em Barcarena, também tem uma pequena parcela de ações da Mineração Rio do Norte, empresa que está sendo acusada de impactar comunidades quilombolas na região de Oriximiná no noroeste do Pará [3].
Além disso, também por meio da Hydro, o governo norueguês é acionista majoritário de duas grandes mineradoras, a Albrás, que produz alumínio a partir da alumina (óxido de alumínio), e a Alunorte, que realiza o processo de obtenção da alumina a partir da bauxita – ambas compradas da Vale[4].
Eu fico só imaginando como ficariam os cidadãos noruegueses, sempre tão ciosos com a proteção de suas florestas e recursos hídricos, se soubessem o que a Hydro (ou seria hidra?) anda aprontando na Amazônia sob as benções da coroa norueguesa.


[1] https://g1.globo.com/pa/para/noticia/mineradora-norueguesa-tinha-duto-clandestino-para-lancar-rejeitos-em-nascentes-amazonicas.ghtml
[2] https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2017/06/23/internas_economia,878466/noruega-corta-pela-metade-fundo-para-a-amazonia-em-visita-de-temer.shtml
[3] https://racismoambiental.net.br/2017/05/11/expansao-da-mineracao-ameaca-os-territorios-quilombolas/
[4] https://www.terra.com.br/noticias/brasil/apesar-de-criticar-desmatamento-noruega-e-dona-de-mineradora-denunciada-por-contaminacao-na-amazonia,acddfbb73456f330e3bc975198b606feva437hw9.html