Brasil anuncia vacina contra chikungunya

Saiba como ocorrem os testes clínicos da vacina contra chikungunya no  Brasil - Revista Galileu | Saúde
Por Luiz Felipe Fernandes para a SciDev 

A vacina é resultado de uma colaboração entre o Instituto Butantan do Brasil e a farmacêutica franco-austríaca Valneva.

“A expectativa é que, uma vez aprovada e com capacidade de produção estabelecida, a vacina seja incorporada ao calendário nacional de vacinação, fortalecendo os esforços de combate à doença no Brasil”, diz a resposta enviada pelo Ministério da Saúde ao SciDev.Net .

Uma versão da vacina produzida inteiramente no Brasil está sendo avaliada pela agência reguladora do país. Gustavo Mendes, diretor de Assuntos Regulatórios, Controle de Qualidade e Estudos Clínicos da Fundação Butantan, explicou ao SciDev.Net que, para aprovação, é preciso fabricar três lotes que atendam aos requisitos de qualidade da agência.

A vacina utiliza a tecnologia do vírus atenuado , uma versão modificada do vírus chikungunya que mantém suas características para ser reconhecida pelo sistema imunológico do corpo, mas sem a capacidade de causar doença.

Os resultados de um estudo realizado nos Estados Unidos com 4.000 voluntários de 18 a 65 anos e publicado na revista científica The Lancet foram apresentados para aprovação .

O ensaio clínico mostrou que 98,9% dos participantes produziram anticorpos neutralizantes — que impedem o vírus de entrar nas células — mantendo bons níveis por seis meses.

A vacina contra chikungunya também foi aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA e pela Agência Europeia de Medicamentos da União Europeia.

“A expectativa é que, uma vez aprovada e com capacidade de produção estabelecida, a vacina seja incorporada ao calendário nacional de vacinação, fortalecendo o combate à doença no Brasil.”

Resposta enviada pelo Ministério da Saúde ao SciDev.Net

Chikungunya é um arbovírus, nome dado às doenças causadas por vírus transmitidos por artrópodes, como mosquitos e carrapatos. É transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti , o mesmo vetor da dengue e do Zika.

Uma das características da doença é a dor articular intensa, que pode se tornar crônica.

Em 2024, 620.000 casos de chikungunya foram registrados no mundo todo, com 213 mortes. O Brasil é considerado o centro da doença nas Américas . Paraguai, Argentina e Bolívia são outros países da região com altas taxas da doença.

Desempenho no mundo real

Normalmente, a aprovação da vacina exige dados sobre sua eficácia, comparando o número de casos da doença entre um grupo vacinado e um grupo placebo.

No entanto, a vacina contra chikungunya é a primeira no mundo aprovada com base na imunogenicidade, ou seja, na capacidade de produzir anticorpos neutralizantes.

Segundo Mendes, a aprovação da imunogenicidade foi necessária devido à incidência localizada de chikungunya, que ocorre sem um padrão específico.

“O que foi acordado, como um compromisso entre o Butantan, a Valneva e as agências reguladoras tanto dos Estados Unidos quanto do Brasil, é que coletaríamos dados sobre o desempenho dessa vacina no mundo real, ou seja, com a vacinação em pessoas, para observar essa tendência, que já está projetada com anticorpos neutralizantes”, explicou.

William de Souza, professor do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Genética Molecular da Universidade de Kentucky, observa que a chikungunya causa surtos e epidemias explosivas.

O vírus normalmente infecta uma população muito grande em pequenas áreas “como se fossem focos de epidemia”, disse o pesquisador ao SciDev.Net . Por isso, é difícil prevenir o aparecimento da doença e fazer testes de eficácia, explica.

Souza lembra que outra vacina contra chikungunya, desenvolvida pela empresa dinamarquesa Bavarian Nordic, já foi aprovada na Europa e nos Estados Unidos.

A vantagem, segundo o especialista, é que essa vacina é do tipo partícula pseudoviral (VLP, de Virus-Like Particle ), o que significa que não contém material genético do vírus. Por isso é mais seguro, podendo ser aplicado inclusive em adolescentes maiores de 12 anos.

O professor ressalta, porém, que a vacina é apenas uma das estratégias de combate à doença. Ele afirma que o governo brasileiro terá agora o desafio de desenvolver um plano de produção e distribuição da vacina, levando em consideração o caráter episódico da doença.

Propagação global de arbovírus

Por outro lado, um estudo publicado este mês na revista Nature Communications revelou uma sobreposição significativa na distribuição global de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti , como dengue, chikungunya, zika e febre amarela.

Pesquisadores analisaram 21.000 pontos críticos e criaram novos mapas globais mostrando áreas com condições consideradas adequadas para a transmissão desses arbovírus.

Segundo o estudo, estima-se que 5,66 bilhões de pessoas vivam em áreas propensas à transmissão de dengue, chikungunya e zika, e 1,54 bilhão em áreas propensas à febre amarela .

O estudo levou em consideração vieses de vigilância que podem distorcer mapas de risco existentes. Segundo os pesquisadores, áreas de maior renda tendem a ter maior capacidade de detectar, diagnosticar e notificar doenças virais, o que pode ter levado a uma superestimação do risco em regiões como Estados Unidos e Europa.

“Nossos mapas mostram que a disseminação recente de chikungunya e zika ocorreu exclusivamente em áreas já propensas à dengue . Isso indica que qualquer área com dengue está em risco ou pode estar sofrendo transmissão de zika e chikungunya”, afirmam os autores do artigo.


Fonte: SciDev.Net

Chikungunya continua fazendo vítimas em meio à inoperância da PMCG

posse

Na imagem acima, em sua posse Rafael Diniz prometeu fazer a mudança entre aplausos e apertos de mão  Quase 2 anos depois, o mosquito transmissor do Chikungunya inferniza a cidade.

Enquanto os agentes comunitários de saúde são obrigados a entrar em greve para demandar itens básicos como Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) [1],  a cidade de Campos dos Goytacazes sofre com a propagação do virus Chikungunya. Apenas em família de conhecidos, 3 dos 4 dos membros contraiu o vírus, apesar da residência não encontrar, digamos, em uma das muitas áreas focos que existem na região urbana principal do município.

Se nas áreas melhor estruturadas já existem pessoas doentes por causa do Chikungunya, imaginem o que pode estar acontecendo em pontos onde as condições para a reprodução acelerada do mosquito transmissor é maior! 

Preocupado com a situação em seu bairro, um leitor do blog enviou o vídeo abaixo de um canal próximo existente a uma filial do Supermercado Super Bom na Avenida Tarcísio Miranda, no Turf Club. Segundo este leitor, afora a condição do canal, há meses que a região não recebe a visita do carro fumacê.

 

Diante destas imagens, não há como deixar de lembrar que o atual governo está rapidamente chegando na metade de sua duração, e nada poderia ser maior do que a distância entre as promessas de campanha e o que está sendo efetivamente aos milhares de leitores que acreditaram que este seria o “governo da mudança”.

Lamentavelmente há que se constatar que sob a égide do jovem prefeito Rafael Diniz, o máximo que se pode esperar em relação às gestões passadas a coisa não tenha piorado. E o pior é que piorou, principalmente no que tange à mera aplicação de medidas paliativas com a limpeza de canais e uso do carro fumacê.  E aí é que fica difícil, pois se nem no básico as coisas evoluíram, imaginemos naqueles elementos estratégicos que deveriam pontuar a aplicação de formas de gestão que sejam, ao mesmo tempo, mais modernas e democráticas.

Enquanto isso, a população fica largada à mercê da própria sorte e aos efeitos trazidos pela inoperância de Rafael Diniz e seus menudos neoliberais.  E lembrando ainda que Campos dos Goytacazes possui um dos maiores orçamentos municipais da América Latina! Em outras palavras, e parafraseando o vereador Rafael Diniz, continuamos vivendo em um município onde o principal problema não é a falta de dinheiro, mas de capacidade de gerir para a maioria da população.


[1] http://www.folha1.com.br/_conteudo/2018/08/geral/1237653-agentes-comunitarios-de-saude-de-campos-em-greve.html

Dois mil casos depois, gestão Rafael Diniz reconhece que “habemus uma epidemia”

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Confesso que considero cansativo ficar apontando os erros e limitações da gestão do jovem prefeito Rafael Diniz (PPS), pois eles são tantos e tão bizarros que deveriam desmerecer publicidade. Mas a notícia abaixo, publicada pelo jornal “Folha da Manhã” torna obrigatório reconhecer que no melhor estilo de uma das leis de Murphy, o governo “da mudança” conseguiu piorar algo que já era muito ruim, qual seja, o combate à multiplicação dos casos de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti [1].

mosquitos

Em meio ao que parece ter sido uma tentativa de reconhecimento tardio de que a Prefeitura Municipal Campos dos Goytacazes não fez o trabalho mínimo necessário na área da prevenção de doenças, a diretora de Vigilância em Saúde, Andreya Moreira, declarou de forma quase singela que “estamos preocupados e montamos várias reuniões de comitê para começarmos as ações de combate.” O que não aparece na frase é o reconhecimento tardio do fato que a cidade de Campos dos Goytacazes vive hoje um grave surto de chikungunya 

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Ora, bolas, esse reconhecimento explícito de que se comeu mosca (ou melhor, mosquito Aedes Aegypti) deveria vir acompanhado de, pelo menos, um pedido de desculpas públicas do chefe executivo que passou várias semanas em Brasília fazendo sabe-se lá o que, e esqueceu que o importante seria estar na cidade para arregaçar as mangas para tratar de questões inadiáveis como essa.

Outra declaração bisonha foi dada pelo  secretário municipal de Desenvolvimento Ambiental, Leonardo Barreto, que teria destacado o fato de “que as autoridades públicas realizaram planos para evitar a propagação das doenças causadas pelo mosquito”. Eu fico me perguntando porque não apareceu nenhum repórter no local para lembrar ao secretário que se existiram planos, os mesmos fracassaram redondamente.

Abaixo posto o vídeo que mostra as manifestações das autoridades municipais presentes na coletiva de imprensa. Ah, sim, recomendo muita paciência e lembro que o computador é amigo do leitor deste blog.

E finalmente, há que se reclamar com o jovem prefeito Rafael Diniz que ele esqueceu de informar durante sua vitoriosa campanha eleitoral que a mudança que ele prometia trazia na bagagem uma epidemia de “chikungunya”.  Aliás, que baita mudança, Rafael!


[1] http://www.folha1.com.br/_conteudo/2018/06/geral/1235843-com-quase-2-mil-casos-prefeitura-admite-epidemia-de-chikungunya-em-campos.html

Abandonada à própria sorte pelo (des) governo Pezão, Uenf virou um gigantesco criadouro de mosquitos

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Ainda que esteja sendo feito praticamente nenhum movimento para informar à sociedade campista que o (des) governo Pezão continua seu processo de asfixia financeira (e neste processo desrespeitando a Constituição Estadual do Rio de Janeiro), a vida anda cada vez mais difícil para quem precisa frequentar o campus da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), especialmente no período noturno.

É que graças ao aporte generoso de chuvas neste início de 2018 que fez aumentar a altura do matagal que cobra boa parte do campus Leonel Brizola, a Uenf agora se transformou num dos maiores focos de infestação de mosquitos da cidade de Campos dos Goytacazes. 

 A coisa anda especialmente dramática para professores e estudantes que necessitam usar salas de aulas desprovidas de aparelhos de ar condicionado ou até dos prosaicos ventiladores de teto. É que, especialmente no período noturno, os espaços de aula estão sendo invadidos por milhares de mosquitos (ver abaixo o exemplo de uma sala de aula do Centro de Ciências Tecnológicas).

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Nas duas imagens acima cada ponto vermelho representa a presença de pelo menos um mosquito.

Não será nada surpreendente se em algum momento do futuro próximo, a Uenf vier a se tornar o centro disseminador de várias doenças transmitidas por estas “simpáticos” seres alados, incluindo a denguê, a Zika, o Chikungunya, e até a febre amarela.

Apesar de não ser lá um método dos mais eficientes é provável que visitas de veículos do tipo “Fumacê” sejam necessárias para impedir que um quadro de epidemia se instale dentro da Uenf. Com a palavra, o Centro de Controle de Zooneses e Vigilância Sanitária de Campos dos Goytacazes.

Urbanização precária, mudanças climáticas e a multiplicação das doenças

Tenho lido e ouvido uma quantidade impressionante de informes sobre as três epidemias associadas (Dengue, Zika e a Chikungunya) ao mosquito Aedes e que estão grassando em diferentes partes do mundo, mas com especial alarme na América do Sul.

A mídia corporativa em sua maioria expressiva tem se valido dos problemas associados a um dos vírus transmitidos pelo mosquito Aedes, a Zika, para embaçar a discussão que realmente importa sobre como a extrema concentração da riqueza está potencializando a disseminação de doenças que já ocorreria pelas mudanças climáticas disparadas pelo aquecimento do planeta.

O fato é que se formos analisar a concentração de casos das doenças associadas ao mosquito Aedes não será difícil verificar que a imensa maioria dos casos se localiza nas periferias mais pobres, onde a urbanização precária assola a vida de milhões de pessoas apenas no Brasil. 

Mas em vez de fazer isso, a mídia corporativa prefere apelar para o emocionalismo e ressaltar, por exemplo, o dramático problema da microcefalia. E o resultado é que se deixa de apontar para as medidas básicas de controle da proliferação do vetor, enquanto se gera uma onda de pânico que em nada ajuda a adoção de um planejamento estratégico que melhore os padrões de urbanização.

No meio desse clima caótico a oportunidade de democratizar os espaços urbanos é perdida, apelando-se para medidas paliativas como a pulverização de eventuais criadouros com agrotóxicos de todo tipo de toxicidade. Mas como essas medidas são paliativas, o produto final é o aumento do caos a partir da ampliação da resistência dos mosquitos vetores. Como vários cientistas já estudaram o ciclo de reprodução do Aedes, não é a falta de informação e expertise que está impedindo a adoção das medidas necessárias.

Finalmente, algo que eu tenho visto na narrativa hegemônica é de que os vírus causadores da Zika e da Chikungunya chegaram ao continente sul americano e, por extensão, no Brasil.  As explicações mais comuns são voltadas para eventos esportivos e o turismo que contribuem para a circulação de pessoas infectadas.  Desta forma, co fato de que os carreadores iniciais dos vetores não façam parte das parcelas que irão arcar com o maior peso das consequências da dispersão de doenças como a Zika e a Chikungunya revela de forma ainda mais evidente as múltiplas injustiças da nossa estrutura social. E talvez seja exatamente por isso que a mídia corporativa, porta-voz preferencial das elites, não trate o problema sob este ângulo.