Possibilidade de deportação de Bolsonaro nos EUA é real, afirma especialista em direito internacional

Congressistas americanos já pediram informalmente a expulsão do ex-presidente brasileiro

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Alexandria Ocasio-Cortez é uma das influentes congressistas americanas que quer a deportação de Bolsonaro dos EUA

Desde o último dia 30/12, o ainda presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou o Brasil rumo ao estado da Flórida, nos Estados Unidos, e de lá, viu no último dia 09/01, o pior atentado à democracia brasileira, desde a redemocratização do país em 1985. A repercussão negativa dos ataques terroristas no Brasil, similar aos ataques ao Capitólio nos Estados Unidos, acabaram deixando o ex-presidente brasileiro em uma “saia justa” com o governo norte-americano, isso que (embora não exista nenhuma acusação formal), a opinião pública internacional tem responsabilizado o ex-presidente pelos ataques.

Pelo menos cinco congressistas do partido Democrata dos Estados Unidos já pediram publicamente a expulsão de Bolsonaro do país, inclusive, a deputada Alexandria Ocasio-Cortez, da Flórida, que em seu Twitter declarou que “Quase 2 anos depois do dia em que o Capitólio dos EUA foi atacado por fascistas, vemos movimentos fascistas no exterior tentando fazer o mesmo no Brasil”, em referência a invasão do Congresso americano em 6 de janeiro de 2021, por apoiadores do ex-presidente americano Donald Trump.”Os EUA devem parar de conceder refúgio a Bolsonaro na Flórida”, acrescentou ela.

Embora ainda não exista legalmente nenhum elemento jurídico para uma deportação ou pedido de extradição, de acordo com Leonardo Leão, advogado, especialista em Direito Internacional e consultor de imigração, depois dos ataques extremistas em Brasília, quase em uma cópia do que houve no Capitólio, a situação de Bolsonaro, um declarado apoiador do também ex-presidente Donald Trump, não é das mais confortáveis.

“Cinco deputados democratas já falaram em extradição ou mesmo de uma expulsão do país. Existem chances de Bolsonaro ter que deixar os EUA sim, uma vez que o ex-presidente tenha seu visto de permanência nos Estados Unidos revogado, obrigando-o a retornar ao Brasil para não ficar na ilegalidade. O que também pode acontecer é uma expulsão dos EUA, caso o governo norte-americano considere que a sua permanência seja inconveniente. Como Bolsonaro entrou no país com visto diplomático, o que não existe mais, ele pode ter o visto revogado e ser obrigado a deixar os EUA.”, comentou Leão.

Leão também enfatizou que, em caso de extradição, o processo pode se tornar ainda mais complexo. Para analisar a viabilidade de um processo de extradição é preciso olhar se ambos os países reconhecem o suposto crime (atentado terrorista em Brasília) de maneira semelhante. “Seria preciso que os EUA reconhecessem e que fosse comprovado um vínculo do ex-presidente com os terroristas que o apoiam e depredaram as sedes dos Poderes em Brasília. É importante lembrar que no episódio norte-americano a Justiça americana condenou esses invasores.”

Para o especialista em Direito Internacional, o fato do ex-presidente ter entrado nos EUA com um visto diplomático, o qual, segundo o próprio o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, poderia não estar mais vigente, já que que deixa de valer quando a pessoa perde o cargo, o que aconteceu com Bolsonaro desde o primeiro dia deste ano, poderia facilitar a sua saída do país. 

“Quando alguém entra nos Estados Unidos com um visto ‘A’, essencialmente um visto diplomático para diplomatas estrangeiros e chefes de Estado, se um portador de um visto não está mais envolvido em assuntos oficiais, cabe ao portador do visto deixar o país ou pedir uma mudança de tipo de visto, que é a autorização migratória, em um período de 30 dias.”

A Embaixada americana em Brasília disse que não poderia esclarecer a situação de Bolsonaro porque o visto de qualquer pessoa é considerado uma informação privada e sigilosa. Segundo o especialista em Direito Internacional, a revogação do documento e a subsequente expulsão de seu portador são possibilidades reais. .

“Biden nunca foi próximo de Bolsonaro, um aliado próximo de seu antecessor, Donald Trump, e os pedidos de correligionários, se ganharem força, podem fazer com que o atual governo dos Estados Unidos convide o ex-presidente a deixar o país.”, finalizou. 

Deportação da plataforma de petróleo: Shell entregou dezenas de refugiados à Marinha da Tunísia

Organizações de apoio a refugiados chamam isso de violação dos direitos humanos

refugiadosRepetidamente, refugiados se encontram em perigo no Mediterrâneo. Foto: dpa / Carmelo Imbesi

Por Ulrike Wagener para o Neues Deutschland 

A petroleira Shell entregou cerca de 70 refugiados que buscavam proteção em sua plataforma offshore de Miskar para a Marinha da Tunísia na tarde de terça-feira. “Esta é uma violação dos direitos humanos e da lei do mar porque a Tunísia não é considerada um porto seguro. Malta não cumpriu as suas obrigações legais de assumir a coordenação. A Shell é cúmplice desta violação dos direitos humanos. O que vivemos hoje mostra mais uma vez a careta feia da agenda anti-imigração da Europa “, disse um membro da tripulação do” Louise Michel.

O navio resgatou 31 pessoas de um barco de madeira flutuando no Mediterrâneo na noite de terça-feira. Dezenas mais haviam subido na plataforma em que estavam esperando desde segunda-feira à noite. Segundo a Shell, lá eles recebiam água, comida e roupas secas.

Os temores das organizações de resgate foram confirmados na tarde de terça-feira. Pouco antes, a conta “Louise Michel” no Twitter dizia: “Um navio de guerra tunisiano chegou ao local. Tememos que as pessoas que permanecem na plataforma Shell sejam devolvidas ilegalmente à Tunísia, que não é um país seguro. «A iniciativa informou previamente as autoridades de Malta e pediu-lhes que assumissem a coordenação.

A plataforma offshore é operada pela Shell Tunisia Upstream Ltd. e está localizado a cerca de 120 quilômetros a leste da costa da Tunísia, no Mediterrâneo. De acordo com as coordenadas da plataforma , no entanto, está localizada na zona de busca e salvamento maltesa – e portanto europeia – (Busca e Resgate, SAR) . Estas zonas regulam a responsabilidade pelo salvamento marítimo entre os países europeus contratantes. “No caso de uma retirada ilegal, a Shell Germany é culpada de cumplicidade”, escreveu Sea Watch no Twitter.

A empresa não comentou diretamente as denúncias. Uma porta-voz disse ao “nd” que eles seguiram as orientações das autoridades tunisianas para emergências. A Shell os informou e trabalhou em estreita colaboração com eles “para garantir a segurança das pessoas a bordo e de nossos funcionários”. Os migrantes foram “entregues em segurança ao navio da Marinha da Tunísia”, enfatizou a porta-voz da empresa.

Na União Europeia não existe uma lista uniforme de países classificados como “país de origem mais seguro”. A Tunísia é considerada “segura” em nove países, incluindo a Holanda, onde a Shell está sediada. A Alemanha não está entre eles. O Bundestag foi aprovado nessa classificação para a Tunísia, Argélia, Marrocos e Geórgia em 2019, mas o Bundesrat ainda não a aprovou. A razão para isso são as dúvidas sobre a real segurança dos estados, especialmente para lésbicas, gays, bissexuais, pessoas trans, inter e queer (LGBTIQ), mulheres, jornalistas e sindicalistas.

O navio de resgate “Louise Michel” foi alertado pelo “Seabird”, a aeronave da organização de salvamento marítimo “Sea Watch” que monitora o Mediterrâneo para encontrar refugiados necessitados. No ano passado, de acordo com estimativas do ACNUR, mais de 2.500 pessoas morreram ali entre janeiro e novembro. Além da rota pelo Mediterrâneo, cada vez mais pessoas estão tentando usar a rota do Atlântico até as Ilhas Canárias para chegar à Europa. De acordo com estimativas da organização humanitária espanhola Caminando Fronteras, cerca de 4.400 pessoas morreram nesta rota em 2021 enquanto tentavam chegar ao território espanhol, mais do que nunca.

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Este artigo foi escrito inicialmente em alemão e publicado pelo jornal “Neues Deutschland” [Aqui!].

Para agradar Donald Trump, Jair Bolsonaro vai facilitar deportação de brasileiros vivendo nos EUA

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Para agradar Donald Trump, governo Bolsonaro vai facilitar deportação de brasileiros que vivem nos EUA.

Primeiro o Brasil se retirou do Pacto Global da Migração, no que foi a primeira mostra de desapreço por milhares de imigrantes brasileiros que votaram massivamente em sua candidatura, o presidente Jair Bolsonaro e seu ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Depois, o deputado federal Eduardo Bolsonaro declarou que brasileiros que estivessem ilegalmente seriam uma vergonha para o Brasil.

Agora Bolsonaro e Ernesto Araújo vão fazer algo que prejudicará diretamente um contingente em que obteve votação expressiva.  Estou falando da decisão do governo Bolsonaro de tomar medidas para facilitar a deportação de brasileiros dos EUA.

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Essa medida visa meramente facilitar a ação repressiva que o governo de Donald Trump vem empregando para deportar imigrantes, muitas vezes sem que qualquer lei estadunidense esteja sendo violada.  Por isso mesmo, não passa de um gesto de vergonhosa subordinação aos ditames de Donald Trump e sua política anti-imigrantes.

Como vivi na cidade de Bridgeport, estado de Connecticut, vi bema rotina dura em que milhares de brasileiros estavam imersos para garantir o sustento de suas famílias em um ambiente marcado pela ansiedade frente às pressões exercidas pelos órgãos que controlam a vida dos imigrantes dentro dos EUA. Ao se comprometer em facilitar a deportação em vez de atuar para garantir os direitos de cidadãos brasileiros vivendo no exterior, o governo Bolsonaro presta um grande desserviço aos que foram para fora do Brasil para buscar os meios de sobrevivência que não estão sendo garantidos por aqui.

Em outras palavras, essa é uma atitude lamentável e que tornará a vida dos imigrantes brasileiros vivendo nos EUA ainda mais tensa. E para quê? Para apoiar de forma explícita a agenda política de Donald Trump.  Lamentável!