Curso 50 anos do golpe de 1964: quem ganhou e quem perdeu com a Ditadura no Brasil

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9 de dezembro – 11 de dezembro
9 de dezembro às 18:00 a 11 de dezembro às 21:00

Local do Evento: Feuc Rj

Estrada da Caroba, 685, 23085-590 Rio de Janeiro

Há 50 anos atrás, o Brasil vivia um dos momentos mais intensos de sua história política. Diante do avanço dos movimentos populares e das tentativas de reformas de base buscadas pelo governo de João Goulart, poderosos grupos econômicos nacionais e estrangeiros conspiraram para dar um Golpe de Estado em abril de 1964. A conspiração envolveu também os setores mais conservadores entre os militares, na Igreja Católica e parte da grande imprensa da época. 

A Ditadura Empresarial-Militar instalada naquele ano durou até 1985, deixando um rastro de perseguições aos trabalhadores e opositores, assassinatos, torturas, censura, dentre outras graves violações de Direitos Humanos. Mas o regime de exceção também deixou um legado de aumento de desigualdades sociais, concentração de renda, explosão da dívida pública e consolidação do poder econômico do capital monopolista no Brasil.

Diante de tudo isso, vale a pena perguntar: hoje, meio século depois do golpe de 1964, quem se beneficiou com aquela Ditadura? Quais os grupos econômicos que estiveram por trás do golpe? Quais setores e classes sociais foram os mais prejudicados economicamente? Quais empresas que existem até hoje devem explicações à sociedade sobre sua relação com o Estado de Exceção? O que os casos de corrupção de hoje tem a ver com a relação estabelecida entre o empresariado e o governo durante o regime ditatorial?

Precisamos saber quem ganhou e quem perdeu com a Ditadura Militar no Brasil!

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Realização: PACS, Mais Verdade e IFHEP e FEUC
Apoio: Pão para o Mundo, DKA
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Inscrições no local ou pelo email: secretaria@pacs.org.br
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9.12.14, terça
RENATO LEMOS, professor do IFCS/UFRJ – O que resta da ditadura
LUIZ MÁRIO BEHNKEN, economista do CORECON-RJ – O que resta da democracia

10.12.14, quarta
ELAINE BORTONE, doutoranda de História Social na UFRJ. – Como se constrói um golpe
MARCOS ARRUDA, socioeconomista do PACS e Rede Jubileu – Ditadura sem perdão! E a dívida?

11.12.14, quinta
PEDRO CAMPOS, UFRRJ – A ditadura das empreiteiras ontem e hoje
MARCO PESTANA, doutorando de História da UFF e professor da rede pública – Remoções de favelas, da ditadura à democracia

MPF faz acareação entre envolvidos com incineração de corpos em Campos (RJ) durante ditadura militar

A audiência será hoje (9), às 14 horas, na sede do MPF em Campos (RJ)

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O Ministério Público Federal (MPF) em Campos (RJ) põe cara a cara duas pessoas envolvidas em episódios ocorridos durante a ditadura, quando a Usina Cambaíba era usada para incinerar corpos de possíveis vítimas do regime militar. A acareação entre o ex-delegado do Departamento de Ordem e Política Social (Dops), Cláudio Guerra, e o ex-funcionário da Usina Cambaíba Erval Gomes da Silva será hoje (9) na sede do MPF em Campos (RJ), às 14 horas. 

A acareação irá instruir o procedimento investigatório criminal nº 1.30.002.000105/2012-04, instaurado para apurar fatos relativos a eventual violação de direitos humanos e incineração de corpos na Usina Cambaíba, no Município de Campos dos Goytacazes/RJ. 

Reconstituição da incineração

Em agosto deste ano, o MPF realizou uma reconstituição do episódio de incineração de corpos na usina. Para a reconstituição dos fatos, foram usados manequins. Na ocasião, o ex-delegado Cláudio Guerra indicou como os corpos eram trazidos e jogados no forno da Usina Cambaíba.

“Cláudio Guerra, apesar de colaborar, é um assassino frio e confesso. Foi braço do Regime Militar e merece pagar à justiça por suas atrocidades. A reconstituição mostrou que a queima era possível. Vamos prosseguir nas investigações”, destacou o procurador Eduardo Santos de Oliveira

As investigações sobre a incineração de corpos na usina foram abertas em maio de 2012. Na época, foi instaurado procedimento investigatório criminal para apurar declarações do ex-delegado no livro “Memórias de uma guerra suja”.

FONTE:  Assessoria de Comunicação Social/ Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro

Uenf: de Darcy Ribeiro a Regina Duarte?

Muitos ainda devem ser lembrar daquela propaganda feita pelo então candidato José Serra mostrando a atriz global e latifundiária Regina Duarte dizendo que estava com medo pelo futuro do Brasil caso Lula ganhasse as eleições presidenciais. Pois bem, mais de uma década depois daquela peça ter sido levada ao ar, eu tenho ouvido repetidas manifestações dentro do campus da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) que me transportam ao mundo previsto por Regina.É que, invariavelmente, muitos que criticam a situação em que a UENF foi colocada se declaram estar “com medo” de vir a público para proferir algo que seria básico em uma instituição universitária: uma simples opinião.

Uma das explicações para essa situação de medo é estrutural. É que apesar do ciclo autoritário ter sido oficialmente encerrado em 1985, os impactos da ditadura militar de 1964 têm sido duradouros sobre a sociedade brasileira, onde as universidades estão inseridas. Assim, se a herança autoritária da ditadura está permeada nas relações gerais da sociedade brasileira, não haveria por que não estar dentro das universidades.

Mas existem outras explicações mais simples do que a herança da ditadura. A carta-ameaça do reitor Silvério Freitas ao signatários do “Manifesto em Defesa da UENF” é um exemplo prático de como muitos, especialmente entre os professores, foram levados ao estado “Regina Duarte” de ser e vivenciar o cotidiano da instituição. Afinal, fica patente que a universidade é dirigida por um grupo que não tolera a crítica, e não hesita em lançar mão de instrumentos administrativos para tentar coagir quem ousa fazer aquela coisa básica que é emitir uma opinião crítica.

Por outro lado, não é possível deixar de notar que o homem que idealizou o projeto UENF não entrou na história por ter medo. Aliás, muito pelo contrário. Darcy Ribeiro, com todas as suas contradições e ambivalências políticas, pode ser chamado de qualquer coisa, menos de medroso. Darcy viveu na sua plenitude e desafiou por anos a fio a sentença de morte ditada por um câncer, e morreu sem medo.

Assim, me parece no mínimo contraditório que a sua última obra, a UENF, seja dominada pelo espírito de Regina Duarte e não de Darcy Ribeiro. Se for para ser assim, que se mude o nome da universidade para “Uenf Regina Duarte”.  Pelo menos ficaria mais fidedigno e correto com Darcy.

De minha parte, prefiro continuar construindo a instituição sonhada por Darcy Ribeiro, onde o medo não tenha espaço e, tampouco, a mediocridade.

AI-5: o golpe dentro do golpe

Há exatos 45 anos, a ditadura militar implantada no Brasil em 1964 daria seu golpe fatal na democracia e na liberdade, no dia 13 de dezembro de 1968.

Por Bruno Costa

A histórica ‘Passeata dos Cem Mil’, Crédito: Divulgação

 

Há exatos 45 anos, a ditadura militar implantada no Brasil em 1964 daria seu golpe fatal na democracia e na liberdade. No dia 13 de dezembro de 1968, o governo do general Costa e Silva baixa o Ato Institucional nº 5, AI-5, que definiu o momento mais duro do regime, dando poder de exceção aos governantes para punir arbitrariamente os que fossem inimigos do regime ou como tal considerados.

Aquele ano, conhecido como “O ano que não acabou” entrou para a história por suas contestações políticas, pelo movimento estudantil organizando inúmeros protestos tendo à frente o lema ‘É proibido proibir’, pelo início das ações da Igreja em defesa dos direitos humanos e pelas lideranças políticas cassadas – Carlos Lacerda, Juscelino Kubitschek, João Goulart – mesmo sendo rivais continuavam a se associar visando a um retorno à política nacional e ao combate à ditadura.

A repressão policial atingiu seu apogeu no final de março de 1968, com a invasão do restaurante universitário “Calabouço”, onde os estudantes protestavam contra a elevação do preço das refeições. Durante a invasão, o comandante da tropa da PM, aspirante Aloísio Raposo, matou o secundarista Edson Luís de Lima Souto, de 18 anos, com um tiro à queima roupa no peito.

A ‘Passeata dos Cem Mil’ ocorrida em 26 de junho de 1968, na cidade do Rio de Janeiro, mostrou a força do movimento estudantil e contou com a participação de artistas, intelectuais e outros setores da sociedade brasileira. Ao passar em frente à igreja da Candelária, a marcha interrompeu seu andamento para ouvir o discurso inflamado do líder estudantil, Vladimir Palmeira, que lembrou a morte de Edson Luís e cobrou o fim da ditadura militar. Tendo à frente uma enorme faixa, com os dizeres: “Abaixo a Ditadura. O Povo no poder”, a passeata prosseguiu, durante três horas, encerrando-se em frente à Assembleia Legislativa, sem conflito com o forte aparato policial que acompanhou a manifestação popular, ao longo de todo o seu percurso.

O pronunciamento do deputado Márcio Moreira Alves, do MDB, na Câmara, nos dias 2 e 3 de setembro, lançando um apelo para que o povo não participasse dos desfiles militares do 7 de Setembro e para que as moças, “ardentes de liberdade”, se recusassem a sair com oficiais foi o estopim. Na mesma ocasião outro deputado do MDB, Hermano Alves, escreveu uma série de artigos no Correio da Manhã considerados provocações. O ministro do Exército, Costa e Silva, atendendo ao apelo de seus colegas militares e do Conselho de Segurança Nacional, declarou que esses pronunciamentos eram “ofensas e provocações irresponsáveis e intoleráveis”. O governo solicitou então ao Congresso a cassação dos dois deputados.

Seguiram-se dias tensos no cenário político, entrecortados pela visita da rainha da Inglaterra ao Brasil, e no dia 12 de dezembro a Câmara recusou, por uma diferença de 75 votos (e com a colaboração da própria Arena), o pedido de licença para processar Márcio Moreira Alves.

No dia seguinte foi baixado o AI-5, que autorizava o presidente da República, em caráter excepcional e, portanto, sem apreciação judicial, a: decretar o recesso do Congresso Nacional; intervir nos estados e municípios; cassar mandatos parlamentares; suspender, por dez anos, os direitos políticos de qualquer cidadão; decretar o confisco de bens considerados ilícitos; e suspender a garantia do habeas-corpus.

No preâmbulo do ato, dizia-se ser essa uma necessidade para atingir os objetivos da revolução, “com vistas a encontrar os meios indispensáveis para a obra de reconstrução econômica, financeira e moral do país”. No mesmo dia foi decretado o recesso do Congresso Nacional por tempo indeterminado – só em outubro de 1969 o Congresso seria reaberto, para referendar a escolha do general Emílio Garrastazu Médici para a Presidência da República.

Com Médici o AI-5 foi reafirmado a ferro e fogo. O general usou de todo poder do ato para imperar a guerra e a opressão contra os gritos de liberdade. Nos primeiros anos de seu governo ele logo conseguiu, à base de tortura e mortes, eliminar dois de seus maiores ‘inimigos’, os Carlos: Marighela (morto em 1969) e Lamarca (morto em 1971), líderes da oposição armada à ditadura militar.

O AI-5 vigorou até dezembro de 1978. A ditadura militar até 1985.

FONTE: http://www.quotidiano.com.br/noticia-395/ai-5:-o-golpe-dentro-do-golpe