Privatiza que resolve? O pesadelo dos brasileiros com o alto custo das contas de luz

Conta de luz mais alta está chegando: como economizar e pagar menos

Por Heitor Scalambrini Costa*

Um dos legados mais perversos da privatização do setor elétrico foi o aumento desproporcional, em relação à situação econômica do país, das tarifas pagas pelos consumidores de baixa tensão. Com a liberalização econômica, a partir de 1995 pelo governo FHC, foi adotada para o reajuste das tarifas a metodologia do “Preço Teto Incentivado” (price cap), que fixou valores considerados “adequados (?)” para remunerar e amortizar os investimentos, e cobrir os custos operacionais, além das empresas receberem o benefício de reajustes e revisões.

As cláusulas contratuais e as regras que interferem no aumento tarifário pós privatização provocaram impactos significativos no bolso dos consumidores, e na qualidade dos serviços prestados pelas concessionárias, além de contribuírem para o aumento do índice inflacionário. Fatores como: os mecanismos de reajuste e revisão tarifária, a cobertura de custos de geração, e o equilíbrio econômico-financeiro; criaram um ecossistema favorável às empresas privadas, o “capitalismo sem risco”.

Os reajuste e revisão tarifária previstas nos chamados “contratos de privatização” preveem reajustes anuais na data de aniversário da privatização, e revisões periódicas, geralmente a cada quatro ou cinco anos, com a justificativa de garantir o denominado “equilíbrio econômico-financeiro” das empresas, com o custo repassado para o consumidor. Além do reajuste extraordinário, que é o aumento de tarifa pontual e excepcional, autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), fora do cronograma regular de reajustes. Outra aberração cometida contra o consumidor foi aplicar nos reajustes o Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M), que historicamente tende a subir mais que o índice aplicado para a inflação, para o reajuste salarial, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE.

Utilizado para justificar as altas tarifas são os encargos setoriais e subsídios que financiam políticas públicas, e que são repassados aos consumidores. As bandeiras tarifárias criadas em 2015, foi outro mecanismo que contribuiu para aumentar o caixa das concessionárias e penalizar o consumidor. A justificativa foi de ressarcir as empresas desde que ocorresse qualquer interferência que afetasse os preços da energia por elas adquiridas. É, ou não é um capitalismo sem risco?

A partir de 2025 começou a findar a vigência, estipulada de 30 anos, dos contratos de privatização dos serviços públicos de distribuição de energia elétrica. Duas situações se apresentaram para o poder público, decidir se prorroga o contrato ou faz uma relicitação. A prerrogativa desta decisão é do poder concedente, o Ministério de Minas e Energia. Outra alternativa seria a estatização das concessionárias sem custos, que lamentavelmente não estavam nos planos governamentais. A opção do Ministério de Minas e Energia, foi a da renovação dos contratos.

Ao longo dos 30 anos depois da primeira privatização, o setor elétrico acumulou poucos êxitos, muitas frustrações e decepções com promessas não cumpridas. De uma maneira geral, as empresas não cumpriram os regramentos, os requisitos e indicadores de qualidade dos serviços prestados, além da prometida modicidade tarifária. O que poderia caracterizar como “quebra de contrato”. Todavia a “força” do lobby garantiu a renovação dos contratos com modificações pontuais, sendo uma delas a de utilizar como índice para reajuste das tarifas, o IPCA. Alivio que será sentido, mas que não afetará significativamente o valor final da conta de luz.

O ministro Alexandre Silveira (sempre ele, o das “boas ideias”) defendeu a renovação dos contratos alegando que, se assim não acontecesse, poderia “ter um declínio na qualidade” e até risco de “colapsar o setor de distribuição”. Foram declarações realizadas no programa ”Roda Viva” da TV Cultura (24/11), para justificar a decisão de não abrir novas licitações. Infelizmente são alegações superficiais, com déficit de transparência, sem os devidos esclarecimentos e explicações que a escolha tomada exige.   

Segundo estudo de junho de 2025 da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia Elétrica (ABRACEEL) intitulado “Evolução dos preços e tarifas de energia”, a tarifa de energia elétrica em 15 anos (2010-2024) subiu 55% acima da inflação. No mesmo período as tarifas acumularam aumento de 177%, passando de R$ 112,00/MWh, para 310,00/MWh. No mesmo período, o índice oficial da inflação, o IPCA, cresceu 122%. Considerando tais números os resultados para as distribuidoras foram excelentes. Fica claro que enquanto as tarifas sobem de elevador, o salário do trabalhador(a), quando corrigido pela inflação, sobe pela escada.

É verificado que se a tarifa média de energia cresce mais que a inflação, significa que a eletricidade está ficando mais cara em termos reais em relação ao conjunto dos demais preços da economia. A consequência para os consumidores é uma redução do seu poder de compra, em especial para as famílias de baixa renda, que destinam maior parte do orçamento para pagar a conta de luz.

Levantamento do Instituto Pólis (https://polis.org.br/) e do Instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica, ao entrevistar duas mil pessoas em julho de 2023, mostrou que 36% das famílias gastam mais da metade do orçamento para pagar a conta de luz e gás. E que a conta de luz e a alimentação, constituem o maior impacto no orçamento de quase metade (49%) das famílias brasileiras. Tais despesas são ainda mais importantes para quem recebe até um salário mínimo, e entre pessoas negras e moradoras das regiões Norte e Nordeste

O peso da conta de luz é considerado um dos principais gastos para os brasileiros, e seu custo elevado pode levar muitas famílias, especialmente as mais pobres, a dificuldades financeiras, como deixar de comprar alimentos para pagar as contas básicas. 

A tentativa governamental de rever minimamente normas que penalizam os consumidores com tarifas abusivas, e combater a desastrosa prestação de serviços por parte das concessionárias foi uma decepção, através do que foi chamado de modernização do marco regulatório com a PEC 1304/2025.

Os lobbies que atuam no setor elétrico desvirtuaram o projeto original. O agora Projeto de Lei de Conversão no 10 (PLV), com as modificações aprovadas pelo Congresso Nacional terão o efeito contrário, pois irá aumentar os custos pressionando a tarifa dos consumidores, além de distorcer o planejamento do setor.

Com 20 vetos a trechos do PLV foi sancionado em 25/11 pelo presidente da República em exercício, e transformado na Lei 15.269. Como esperado, os vetos atingiram os pontos mais polêmicos que comprometem o objetivo inicial do governo federal. Todavia ficou explicitado mais uma vez a contradição entre o discurso e a prática do governo federal. Mesmo o Ministério de Meio Ambiente e Mudança do Clima se posicionar contrariamente, o Ministério de Minas e Energia foi atendido e, mantido o dispositivo que prorroga a compra de energia das termelétricas a carvão mineral, o mais poluente e mais caro dos combustíveis fósseis.

Assim fica comprometido efetivamente que as contas de energia diminuam para o consumidor, o que parece longe de ocorrer, e nem atender os acordos internacionais para diminuição das emissões de gases de efeito estufa. Quem viver, verá.

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*Heitor Scalambrini Costa é Físico, graduado pela Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP, com mestrado em Ciências e Tecnologia Nuclear na UFPE, e doutorado em Energética na Universidade de Marselha/Centro de Estudos de Cadarache-Comissariado de Energia Atômica-França.

A tempestade da Inteligência Artificial

O surgimento da IA ​​generativa fez explodir a demanda por energia, inclusive de combustíveis fósseis

Imagem de marketing do curso de inteligência artificial e computação visual da École Polytechnique.  Jérémy Barande / École Polytechnique / Institut Polytechnique de Paris / Creative Commons 2.0

Por James Meadway para o “The Ecologist” 

Em apenas alguns anos desde que a OpenAI lançou seu modelo principal com uma interface de linguagem natural e fácil de usar, o ChatGPT, a “inteligência artificial” (IA) passou do reino da ficção científica para a aparente realidade cotidiana. 

A IA parecia capaz de feitos robóticos inimagináveis ​​há alguns anos: escrever obras inteiramente novas em linguagem natural; compor músicas; gerar obras de arte instantâneas. Mas por trás dessa mudança no poder computacional há um impacto ambiental preocupante e ainda pouco reconhecido. Um novo briefing da Opportunity Green resume o caso .

Os data centers, a base de hardware da economia digital atual, consomem muitos recursos. Essa economia digital se baseia na coleta, armazenamento e transmissão de dados em uma escala inimaginável. 

Industrial

Mesmo antes da explosão da inteligência artificial após o lançamento do ChatGPT pela OpenAI no final de 2022, os volumes envolvidos eram impressionantes: o tráfego global da internet cresceu de 156 Gb transferidos a cada segundo em 2002 para 150.000 Gb por segundo em 2022. 

Essa imensa coleção de uns e zeros, o núcleo digital da economia de dados, por sua vez forneceu a matéria-prima para treinar os modelos de aprendizado de máquina (ML) atuais. 

A chave para suas operações é a escala – de vastos acervos de dados; bancos e bancos de chips de silício dedicados em data centers especializados; e redes de telecomunicações rápidas espalhadas pelo mundo. Mas a escala que torna possíveis as habilidades semimágicas da IA ​​também a transforma em um problema ambiental crescente. 

Sejam quais forem as afirmações ousadas feitas há vinte anos, no alvorecer da era da Internet, sobre a “economia sem peso” que viria ou como todos nós estaríamos “vivendo no ar rarefeito”, os dados, na realidade, têm uma presença física concreta. 

Ele é armazenado e processado em bancos de chips de silício dedicados, produzidos em volumes extraordinários por alguns dos processos industriais mais exigentes e tecnicamente sofisticados aos quais temos acesso. 

Explosivo

Os chips funcionam com eletricidade — em quantidades triviais para um único circuito integrado, como o do seu telefone ou laptop, mas que, nas grandes quantidades necessárias para processamento de dados em larga escala, se tornam extraordinárias. 

Os racks de servidores mais recentes, dedicados à IA, contêm 72 chips especializados da fabricante Nvidia. Os maiores data centers de “hiperescala”, usados ​​para tarefas de IA, teriam cerca de 5.000 desses racks . 

E como qualquer pessoa que use um laptop por qualquer período de tempo sabe, até mesmo um único chip esquenta durante a operação. Para resfriar os servidores, é preciso água – litros dela. Somando tudo isso, um único data center em hiperescala normalmente precisará de tanta água quanto uma cidade de 30.000 habitantes – e a quantidade equivalente de eletricidade. 

As novas e muito específicas demandas de energia do crescimento dos data centers levarão as redes nacionais de energia para mais perto do limite.

Financial Times relata que a Microsoft está abrindo uma dessas gigantes em algum lugar do mundo a cada três dias.

Mesmo assim, durante anos, o crescimento explosivo da economia digital teve um impacto surpreendentemente pequeno na demanda global por energia e nas emissões de carbono. Os ganhos de eficiência nos data centers — a espinha dorsal da internet — mantiveram o consumo de eletricidade sob controle. 

Consumo

Mas a ascensão da IA ​​generativa, impulsionada pelo lançamento do ChatGPT no final de 2022, rompeu esse equilíbrio. A IA eleva a demanda por dados e poder de processamento à estratosfera.

A versão mais recente do modelo GPT principal da OpenAI, o GPT-4, é construída em 1,3 trilhão de parâmetros , com cada parâmetro descrevendo a força de uma conexão entre diferentes caminhos no cérebro do software do modelo. 

Quanto mais dados novos puderem ser inseridos no modelo para treinamento, melhor — tantos dados que um artigo de pesquisa estimou que os modelos de aprendizado de máquina terão usado todos os dados da internet até 2028.

Hoje, a demanda insaciável por poder de computação está remodelando os sistemas energéticos nacionais. Dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostram que data centers em todo o mundo já consomem tanta eletricidade quanto países inteiros como França ou Alemanha. A previsão é de que, até 2030, a demanda mundial de energia por data centers será igual ao consumo total de eletricidade da Índia. 

Em princípio, essa demanda crescente por eletricidade poderia ser atendida por energias renováveis, e muitas das grandes empresas de tecnologia, como o Google, têm metas de atingir 100% de consumo de energia renovável. 

Minas

Mas a realidade é muito mais sombria. Para continuar a expansão nesse ritmo alucinante, é necessária a instalação rápida de novos suprimentos. E a demanda por eletricidade em data centers é bem diferente da de residências, escritórios e fábricas, que normalmente apresentam picos e quedas ao longo do dia, quando as pessoas chegam em casa e ligam a TV, ou saem e apagam as luzes, ou quando as máquinas são ligadas e desligadas. 

A demanda do data center é constante e requer 24 horas de trabalho, com o mínimo de tempo de inatividade possível. Isso, por sua vez, cria a necessidade de um fornecimento contínuo e regular de eletricidade, para o qual as energias renováveis ​​nem sempre são as melhores atualmente.

O resultado é que a demanda por data centers está sendo cada vez mais atendida por combustíveis fósseis. Nos EUA, 60% da nova demanda de energia é suprida por gás natural, enquanto na Alemanha e na Polônia, usinas a carvão estão sendo mantidas em operação para alimentar o boom da IA. 

A Microsoft está expandindo as operações do data center perto de Hambach, uma das últimas minas de carvão profundas da Alemanha. A empresa se recusou a comentar sobre a fonte de energia do centro . 

Enquanto isso, o governo Trump, cético em relação ao clima nos EUA, admite abertamente que expandir a geração de energia a carvão é essencial para manter a vantagem do país nas operações de data center .

Usinas de energia

O resultado é que uma indústria que atualmente é responsável por cerca de 0,5% das emissões globais de gases de efeito estufa, segundo estimativas conservadoras da Agência Internacional de Energia (AIE), deverá se tornar um dos contribuintes de crescimento mais rápido para as mudanças climáticas na próxima década. 

Mesmo que outras indústrias mais antigas reduzam suas emissões e um progresso real possa ser visto na mudança para a produção de energias renováveis, as demandas de energia dos data centers representam um risco significativo para as estratégias nacionais de descarbonização.

Até o momento, há pouca conscientização sobre isso por parte dos governos nacionais. Os data centers nem sequer constam no orçamento de carbono mais recente do Comitê de Mudanças Climáticas do Reino Unido – apesar do entusiasmo do governo britânico por sua rápida expansão. 

O trabalho da Beyond Fossil Fuels sugere que o crescimento dos data centers na Europa, seguindo as tendências atuais, adicionaria o equivalente a todo o sistema de energia de combustíveis fósseis da Alemanha aos GEE europeus até 2030. Mudar essa demanda para energias renováveis, por sua vez, reduziria o fornecimento para outras indústrias e ameaçaria os planos de descarbonização em outros setores. 

O problema energético é que os data centers, impulsionados pela IA, representaram uma nova fonte de demanda energética em rápido crescimento, com a qual as usinas de energia, os sistemas de rede e até mesmo as políticas de descarbonização não foram projetados para lidar. 

Lucros

As tensões já estão começando a aparecer: o primeiro “apagão de bytes” do mundo foi evitado por pouco na Virgínia no verão de 2024 , quando um raio derrubou um transformador perto de um conjunto de 20 data centers. 

Percebendo uma queda repentina de energia elétrica na rede principal, os data centers ligaram seus geradores de energia de reserva no local, causando um aumento repentino no fornecimento de energia para a rede principal, o que ameaçou causar apagões em todo o estado e fez com que os operadores da rede corressem para procedimentos de emergência. 

Como vimos com a dramática queda de energia em todo o país, na Espanha e em Portugal, os sistemas de rede nacionais, muitos construídos há décadas, já estão com problemas. 

As novas e específicas demandas de energia decorrentes do crescimento dos data centers os levarão para mais perto do limite. Combustíveis fósseis e, em alguns casos, energia nuclear, podem representar uma solução supostamente rápida para um problema complexo.

Os modelos de negócios das grandes empresas de tecnologia estão presos à expansão – a fonte de lucros da economia de dados, ao longo de décadas, tem sido expandir a quantidade de poder de computação disponível e então esperar que a demanda a preencha. 

Cepas

Para os operadores de IA, o crescimento drástico na escala de suas operações significa a possibilidade de criar novos mercados para novos produtos, mais rápido que seus concorrentes. 

Mas isso cria um problema familiar: mesmo que a eficiência do hardware de computação melhore rapidamente — e os modelos de ML estejam, em geral, se tornando mais eficientes — essa eficiência tende a significar apenas mais demanda pela saída dos modelos. 

Da mesma forma que aviões mais eficientes criaram mais demanda por voos, computadores mais eficientes também criaram mais demanda por computação — e, por trás dos servidores zumbindo, isso significa mais demanda de energia e mais emissões de gases de efeito estufa. 

Os benefícios dessas emissões e de todo esse processamento também não são imediatamente claros. É óbvio quem são os vencedores das Big Techs: as grandes corporações e seus proprietários, principalmente sediados nos EUA, que exercem poderes quase monopolistas sobre a economia digital e que geraram retornos tão incríveis. 

Mas os próprios centros de dados criam poucos empregos localmente, enquanto suas demandas por recursos — não apenas de eletricidade, mas, em todo o mundo, de água — impõem severas pressões aos habitantes locais. 

Descarbonização

A troca ecológica desigual das Big Techs ainda é pouco pesquisada, mas sua operação cria uma dinâmica semicolonial: os donos do sistema no centro, envolvidos em operações extrativas no resto do mundo, espremendo seus recursos escassos.

O artigo da Opportunity Green é apenas o começo da nossa pesquisa. Acreditamos que há uma necessidade urgente de um debate público mais bem informado sobre o papel da computação e seus impactos ambientais – com uma avaliação adequada dos potenciais benefícios e uma compreensão mais clara das desvantagens. 

O desafio aos sistemas de energia e aos planos de descarbonização, em particular, levantado pela expansão vertiginosa dos centros de dados, requer atenção urgente, em três grandes áreas:

  • Devem ser realizadas avaliações nacionais e supranacionais das trajetórias prováveis ​​de consumo de energia e das emissões subsequentes decorrentes da expansão de data centers, e esses cenários devem ser considerados em relação às estruturas nacionais e supranacionais de controle de emissões. As estimativas atuais sobre emissões de data centers estão sujeitas a ampla variação e poderiam ser refinadas de forma útil.
  • As mudanças legais, regulatórias e políticas necessárias para aproximar ao máximo as operações de data centers de 100% de energias renováveis, adotando uma abordagem que abrange todo o ciclo de vida, desde a construção até a operação, e incluindo o suporte ao armazenamento em baterias. Essas mudanças podem incluir a consideração da contribuição dos usuários de data centers (Big Techs) para o sistema tributário e a alocação de recursos para expansão/descarbonização da rede elétrica.
  • Por fim, desenvolver políticas para minimizar a coleta, o processamento e o armazenamento de dados, juntamente com uma hierarquia robusta de aplicações em data centers. Isso se baseará nas recomendações do relatório do Centro Nacional de Políticas de Engenharia sobre a minimização da pegada das operações de data centers. O problema da demanda e do propósito da expansão de data centers é indissociável da questão do seu impacto em termos de recursos e emissões, e deve ser enfrentado diretamente pelas políticas.

Fonte: The Ecologist

Sem água e sem luz, prédio da Uenf tem aulas e funcionamento prejudicados

cch

Por Redação do Jornal “Terceira Via”

Vários professores e alunos da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, que trabalham e estudam no prédio do Centro de Ciência do Homem (CCH), reclamam da falta de luz elétrica e de água. A interrupção se deve ao defeito de um gerador de energia. Segundo eles, desde a última segunda-feira (6), as aulas precisaram ser interrompidas, pois o edifício não tem como funcionar. Um protesto contra a situação foi marcado para acontecer na próxima segunda-feira (13). A Reitoria da Uenf se posicionou em comunicado no site da instituição, afirmando que pretende resolver o problema o mais rápido possível.

O professor do CCH, Marcos Pedlowski, comentou sobre o problema da falta de luz no prédio durante a semana. “Desde segunda-feira de manhã, quando dei aula em uma sala escura no Centro de Ciências do Homem por causa de um problema na rede elétrica externa ao prédio, venho esperando com alguma paciência que a reitoria da Uenf me informe enquanto chefe de laboratório sobre o que devo dizer aos docentes, servidores técnicos e estudantes que estão dentro de uma unidade de pesquisa que eu ajudei a criar no início de 1998. Até aqui esperei em vão, já que não foi fornecida qualquer informação específica sobre quando a luz voltará”, afirma.

A Associação dos Docentes da Universidade Estadual do Norte Fluminense acompanha o problema no prédio do CCH. A professora da pós-graduação Luciane Silva é vice-presidente da Aduenf. “Marcamos um ato de protesto na próxima segunda-feira (13) para acontecer no campus da Uenf. Os alunos estão sem aulas. Estamos no fim do semestre, às vésperas do Confict (evento científico). O bandejão voltou há pouco tempo. Faltou água porque a bomba não funciona sem energia. A reitoria está arrumando salas em outros prédios, mas os trabalhos dos técnicos e de pesquisadores ficam prejudicados”, diz.

Breno Bittencourt é estudante do curso de Ciências Sociais. Ele diz que sua rotina foi alterada. “ Durante essa última semana, eu e meus colegas não tivemos sequer uma aula devido à falta de luz. Minha rotina de estudos foi atrapalhada. A falta d’água no CCH impede que nós cuidemos da nossa higiene. Para um curso em tempo integral, isso é essencial. Os outros centros da Uenf seguem suas rotinas normalmente, e isto me faz concluir que há uma desvalorização do pesquisador das Ciências Humanas”, considera.

Reitoria da Uenf se posiciona

Em nota divulgada pelo site da universidade o reitor Raul Palácio se manifestou.

“A Reitoria esclarece que o conserto geral dos cabos de alta tensão será feito mediante a contratação emergencial de uma empresa especializada. Todo o processo deve durar aproximadamente uma semana, em função da dificuldade de aquisição do cabo e da contratação de uma empresa especializada na realização deste tipo de serviço. De forma paliativa, foram criadas algumas ações. A primeira foi consertar o gerador do prédio E1, que é um gerador de baixa potência e que estava colocado no local em função de ser um prédio que exige uma menor carga. É um gerador similar ao do CCH e do Restaurante Universitário. Estamos realizando manutenção em todos estes geradores. Nesse momento, portanto, tanto o prédio da reitoria (E1) quanto o prédio do RU, estão sendo abastecidos por um gerador de baixa potência, portanto algumas ações para tentar economizar energia estão sendo tomadas tanto no RU quanto no E1.

Lamentamos os transtornos causados, mas estamos trabalhando na solução desse problema complexo para que o efeito seja o menor possível dentro da vida de nossa instituição. Infelizmente, não conseguimos ainda restabelecer a energia no CCH, pelas condições em que se encontra o seu gerador, mas, assim que for possível, isso será feito, ainda que de forma provisória”, conclui.

Este texto foi originalmente publicado pelo jornal “Terceira Via” [Aqui!].

Até tú, Ted? Por que a desregulamentação falhou

Até o senador Ted Cruz (Republicano/Texas) percebeu que os quilowatts-hora não são como abacates
 
Texas Power Grid Run by ERCOT Set Up the State for Disaster - The New York  Times
Por Paul Krugman para o “The New York Time”
 
Ninguém está totalmente preparado para desastres naturais. Quando furacões, nevascas ou tsunamis acontecem, eles sempre revelam fraquezas – falha no planejamento, falha no investimento em precauções.
 
O desastre no Texas, entretanto, foi diferente. O colapso da rede elétrica do Texas não revelou apenas algumas deficiências. Ele mostrou que toda a filosofia por trás da política energética do estado está errada. E também mostrou que o estado é governado por pessoas que recorrem a mentiras flagrantes em vez de admitir seus erros.
 
O Texas não é o único estado com um mercado de eletricidade amplamente desregulamentado. No entanto, levou a desregulamentação mais longe do que qualquer outra pessoa. Há um limite máximo para os preços da eletricidade no atacado, mas é estratosférico alto. E essencialmente não há regulamentação prudencial – nenhuma exigência de que as concessionárias mantenham a capacidade de reserva ou invistam em coisas como isolamento para limitar os efeitos do clima extremo.
 
A teoria era que tal regulamentação não era necessária, porque a magia do mercado cuidaria de tudo. Afinal, um aumento na demanda ou uma interrupção no fornecimento – ambos ocorridos no congelamento profundo – levarão a preços altos e, portanto, a grandes lucros para qualquer fornecedor de energia que consiga continuar operando. Portanto, deve haver incentivos para investir em sistemas robustos, justamente para aproveitar eventos como os que o Texas acaba de vivenciar.
 
A política energética do Texas foi baseada na ideia de que você pode tratar a eletricidade como abacates. As pessoas se lembram da grande escassez de abacates em 2019? O aumento da demanda e uma safra ruim na Califórnia levaram à alta dos preços; mas ninguém pediu um inquérito especial e novas regulamentações para os produtores de abacate.
 
Na verdade, algumas pessoas não veem nada de errado com o que aconteceu no Texas na semana passada. William Hogan, o professor de Harvard amplamente considerado o arquiteto do sistema do Texas, afirmou que aumentos drásticos de preços, embora “não convenientes”, eram como o sistema deveria funcionar.
 
Mas os quilowatts-hora não são abacates, e há pelo menos três grandes razões para fingir que sim é uma receita para o desastre.
 
Primeiro, a eletricidade é essencial para a vida moderna de uma forma que poucas outras mercadorias podem se comparar. Ter que ficar sem torradas de abacate não vai te matar; ter que ficar sem eletricidade, especialmente quando sua casa depende dela para aquecimento, pode.
 
E é extremamente duvidoso que mesmo a perspectiva de lucros altíssimos durante uma escassez ofereça aos fornecedores de energia incentivo suficiente para levar em conta os enormes custos humanos e econômicos de uma queda prolongada de energia.
 
Em segundo lugar, a eletricidade é fornecida por um sistema – e o investimento preventivo por um jogador no sistema não adianta se os outros participantes não fizerem o mesmo. Mesmo que o proprietário de uma usina termoelétrica a gás isole e proteja suas turbinas para o inverno, ele não pode funcionar se o gasoduto que fornece seu combustível ou a cabeça do poço que fornece o gás congelarem.
 
Então, o livre mercado garante que todo o sistema funcione sob pressão? Provavelmente não.
 
Por último, mas não menos importante, um sistema que depende dos incentivos oferecidos por preços extremamente altos em tempos de crise não é viável, prática ou politicamente.
 
No início, os texanos que não perderam o poder no grande congelamento se consideraram sortudos. Mas então as contas chegaram – e algumas famílias se viram sendo cobradas em milhares de dólares por alguns dias de eletricidade.
 
Muitas famílias provavelmente não têm dinheiro para pagar essas contas, então estamos potencialmente diante de uma onda de falências pessoais. E mesmo aqueles que não enfrentam a ruína ficam, previsivelmente, indignados.
 
Possivelmente, a observação mais reveladora da crise do Texas até agora foi um tweet de, entre todas as pessoas, o senador Ted Cruz (R-Cancún), que fumegou que “nenhuma empresa de energia deveria receber lucros inesperados por causa de um desastre natural” e apelou “ reguladores estaduais e locais ”para“ prevenir esta injustiça ”.
 
O senador, que não é conhecido pela autoconsciência, pode não perceber o que fez ali. Mas se mesmo Ted Cruz – Ted Cruz! – acredita que os reguladores devem evitar que as empresas de energia obtenham lucros inesperados em um desastre, o que elimina qualquer incentivo financeiro do setor privado para se preparar para tal desastre. E isso, por sua vez, destrói toda a premissa por trás da desregulamentação radical.
 
Assim, os republicanos que ocupam todos os cargos estaduais do Texas aprenderão com esse desastre e repensarão toda a sua abordagem à política energética? Claro que não. A reação imediata deles foi culpar falsamente a energia eólica pela crise e atacar os defensores de um New Deal Verde – embora algo como um New Deal Verde, isto é, investimento público em infraestrutura energética, seja exatamente o que o Texas precisa.
 
E uma coisa que definitivamente aprendemos nos últimos meses é que, uma vez que os políticos se comprometam com uma Grande Mentira, seja ela epidemiologia, economia ou resultados eleitorais, não há como voltar atrás.
 
Mas enquanto o complexo da mídia política de direita não pode e não vai aprender nada com a derrocada do poder no Texas, o resto de nós pode. Acabamos de receber uma visão clara do lado escuro (e frio) do fundamentalismo de livre mercado. E essa é uma lição que não devemos esquecer.
 
*Paul Krugman é colunista de opinião desde 2000 e também professor ilustre do Centro de Pós-Graduação da City University of New York. Ele ganhou o Prêmio Nobel de Ciências Econômicas de 2008 por seu trabalho sobre comércio internacional e geografia econômica. @PaulKrugman
 
fecho
 
Este texto foi escrito originalmente em inglês e publicado pelo “The New York Times” [Aqui!] .

Especialistas militares alertam que Brasil enfrentará grandes ameaças à segurança com o aumento dos impactos climáticos

A perda contínua da floresta amazônica e os impactos climáticos podem levar à crescente escassez de água e energia hidrelétrica, dizem especialistas militares

tropasSoldados do Exército Brasileiro são vistos antes de patrulharem a fronteira com a Guiana Francesa, durante uma operação denominada “Agata” em Oiapoque, no estado do Amapá, Brasil, em 31 de outubro de 2020. REUTERS / Adriano Machado

Por Fabio Teixeira | @ffctt | Fundação Thomson Reuters

RIO DE JANEIRO, 30 de novembro (Fundação Thomson Reuters) – A mudança climática aumentará o fardo das Forças Armadas do Brasil e colocará em risco a segurança energética e hídrica do país, previram especialistas militares na segunda-feira.

Um grupo de líderes militares disse que o desmatamento na região amazônica pode alterar os padrões de chuvas no Brasil, atingindo  usinas hidrelétricas – a principal fonte de energia do país – e abastecimento de água para grandes centros urbanos.

As Forças Armadas do Brasil também podem ser esticadas para responder a um aumento nas crises humanitárias causadas pelas mudanças climáticas no país, disseram as autoridades em  um relatório do Conselho Militar Internacional sobre Clima e Segurança (IMCCS).

climate security

“Os líderes brasileiros deveriam fazer da mudança climática e do contra-desmatamento uma prioridade de segurança”, disse Oliver-Leighton Barrett, o representante do conselho para as Américas, durante uma apresentação online do relatório.

O Brasil é altamente dependente de energia hidrelétrica, com cerca de 63% da eletricidade do país proveniente de fontes relacionadas com a água, de acordo com dados do governo de 2019.

Também já está lutando para lidar com o agravamento da seca, que ajudou a impulsionar os incêndios que arrasaram 30% de seu vasto pantanal ocidental  este ano.

Entre 2014 e 2016, o estado mais populoso do Brasil, São Paulo, enfrentou  uma escassez de água sem precedentes que levou a protestos de rua.

“Se tivesse durado muito mais tempo, teria sido uma grande crise humanitária”, disse Barrett sobre a seca em São Paulo.

Segurança em primeiro lugar

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, é um crítico ferrenho dos esforços para conter a mudança climática e também disse que quer desenvolver a região amazônica para tirá-la da pobreza.

O presidente, um ex-capitão do Exército, tem contado com os militares brasileiros para aliviar as crises humanitárias no país e monitorar a Amazônia, onde o desmatamento aumentou novamente após anos de avanços na redução de perdas.

O relatório disse que na América Latina como um todo, forças militares são regularmente convocadas para ajudar em crises humanitárias e “isso continuará à medida que as mudanças climáticas geram mais desastres”.

A floresta amazônica – a maior floresta tropical do mundo – é um grande absorvedor de dióxido de carbono que aquece o planeta.

Sua perda contínua ameaça acelerar desastres relacionados ao clima – desde o agravamento de secas, inundações e tempestades a temperaturas elevadas e aumento do nível do mar – globalmente.

Para preservar a floresta e proteger o abastecimento de água do Brasil, o país precisa desenvolver a Amazônia, mas de forma sustentável, disse Raul Jungmann, ministro da Defesa do Brasil de 2016 a 2018.

As Forças Armadas do Brasil são conservacionistas, disse ele – mas consideram a proteção da segurança nacional, inclusive de interferências estrangeiras, uma prioridade.

“As Forças Armadas têm as ações ambientais como subsidiárias. Esse não é o foco principal”, disse Jungmann. “As forças armadas estão preocupadas principalmente com a soberania nacional.”

Ele disse acreditar que o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, que lidera o governo do Conselho da Amazônia, se dedica a conter o desmatamento, mas não tem apoio do governo.

 (Reportagem de Fabio Teixeira @ffctt; Edição de Laurie Goering. Dê os créditos à Thomson Reuters Foundation, o braço de caridade da Thomson Reuters, que cobre a vida de pessoas em todo o mundo que lutam para viver de forma livre ou justa. Visite http: // news .trust.org)

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Este artigo foi escrito originalmente em inglês e publicado pela Thomson Reuters Foundation [Aqui!].

No Amapá, privatização rima com apagão

escuridao-amapa-868x644Pelo menos 13 dos 16 municípios do estado do Amapá estão na escuridão desde a última 3a. feira em meio à inação do governo Bolsonaro

A maioria dos brasileiros que assistem televisão têm sido distraídos das agruras nacionais por causa da interminável apuração das eleições presidenciais dos EUA e da cobertura preferencial que uma mídia corporativa subordinada faz daquilo que seus proprietários julgam ser importante para seu próprio futuro.

Entretanto, isto não quer dizer que não tenhamos situações graves ocorrendo dentro do Brasil, e que revelam a completa incapacidade do governo federal  distraído pelo aparente infortúnio eleitoral de Donald Trump para lidar com situações que poderiam ser corriqueiras e deixaram de ser.

Um grande exemplo é o apagão que está ocorrendo desde a última terça-feira em quase todo o estado do Amapá (objetivamente 13 dos 16 municípios amapaenses estão sem fornecimento de eletricidade) por conta de um incêndio (ver vídeo abaixo) ocorrido em uma subestação de transmissão de energia elétrica localizada em Macapá. Deixada de lado por quase quatro dias pelo governo Bolsonaro, a população do Amapá vive uma situação que beira o apocalipse já que falta água e comida, na medida em que o apagão elétrico comprometeu todos os aspectos das vidas de mais de 730 mil pessoas.

É importante notar que a responsabilidade pelo caos instalado no Amapá é a empresa privada espanhola Isolux Ingenieira S/A  que detém o monopólio do fornecimento em quase todo o Amapá por conta do processo de privatização ocorrido a partir de 2008. Acontece que ocorrido o incêndio, a Isolux se mostrou despreparada e incompetente para fazer o rápido reparo das instalações destruídas pelo sinistro.

E aí é que o processo de privatização engendrado por diferentes governos se mostra ainda mais cínico, pois é a Eletrobras, uma estatal que nada tem a ver com o ocorrido, que está assumindo os esforços para capacitar a Isolux a voltar a gerar a energia cara que os amapaenses têm que pagar todos os meses.  Mais incrível ainda é a postura do governo Bolsonaro de priorizar a privatização de todo o sistema controlado pela Eletrobras. Resta a pergunta sobre o que ocorrerá no futuro com uma Eletrobras privatizada se outros estados brasileiros forem afetados por apagões. 

A verdade é que o combate ao processo de privatização que está sendo tocado pelo governo Bolsonaro deveria ser a principal prioridade do combate dos partidos da esquerda institucional, mas não é. E o motivo para isso é simples: a privatização do público para benefício das corporações privadas possui apoio desde a extrema direita até os partidos que se dizem de esquerda.  Enquanto isso, o povo do Amapá sofre à mercê da própria sorte e, pasmem, esperando que a Eletrobras em vias de privatização venha resolver aquilo que a espanhola Isolux já demonstrou não ter capacidade para fazer.

Porto do Açu: torres sem cabos para transmissão de eletricidade, o eterno calcanhar de Aquiles

No dia 09/02/2013 postei aqui neste blog um texto sobre um problema básico, mas inescapável, que estava sendo enfrentado pelas poucas empresas instaladas no Porto do Açu, qual seja, o fornecimento de energia elétrica (Aqui!).Apesar do anúncio de que esta questão será resolvido num futuro indeterminado, ontem estive novamente na região próximo ao Porto do Açu e captei as imagens abaixo que mostram torres, apenas torres que pairam na paisagem como uma espécie de louva-deus de metal.

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Apesar dessa situação não ser nova e o problema mais do que conhecido, chega a ser constrangedor que um empreendimento que já recebeu alegados bilhões de reais (alguns vindos do BNDES a juros módicos) não tenha conseguido resolver o abastecimento de energia até hoje. E pensar que um número incontável de famílias de agricultores do V Distrito de São João da Barra  tiveram sua vida dilacerada para que a energia elétrica chegasse até o Porto do Açu.

E depois tem gente que não entende porque a corporação chinesa Wuhan Iron and Still abandonou o Porto do Açu em julho de 2012 (Aqui!), tendo como uma das razões principais para este gesto (que hoje se mostra totalmente correto) foi a falta de estrutura logística. Afinal, se há algo que os chineses sabem muito bem é que se questões básicas não são resolvidas, não há projeto que possa ser tomado seriamente. 

A questão que me intriga a estas alturas do campeonato é de quanto tempo a corporação EIG Global Partners ainda vai insistir em sua versão pública de que tudo vai às mil maravilhas no Porto do Açu. A ver!

Eletricidade, o calcanhar de Aquiles do Porto do Açu

O alerta sobre as limitações graves que estão sendo enfrentadas pelas empresas já instaladas no Porto do Açu no que se refere ao fornecimento de eletricidade já foi dado pelo jornalista Esdras Pereira em seu blog no jornal Folha da Manhã com o sugestivo título de “Uma Ampla no meio do caminho” (Aqui!). Mas a imagem abaixo, vinda do Facebook, mostra o calcanhar de Aquiles que a falta de uma linha de transmissão representa para todo o empreendimento.

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Alguém devia ter avisado a Eike Batista e à Ampla que a eletricidade não chega só com a colocação das torres de sustentação. Há que haver fiação e, mais importante, eletricidade para ser transmitida. Agora, essas torres ficam lá no Açu como símbolos maiores da falta de planejamento básico para um empreendimento de tamanha envergadura. Com tanta incompetência, não é preciso nem que existisse críticos.

Entretanto, não custa nada lembrar que um número imenso de famílias, como por exemplo a do falecido José Irineu Toledo, tiveram suas terras expropriadas justamente para a passagem dessa linha de transmissão. Parece inexplicável e é.

Enquanto isso, haja gerador!