Escândalo à vista! (Des) governo Pezão prepara reprise da “Operação Delaware” para entregar o que ainda sobrou da receita futura dos royalties do petróleo

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Já abordei por múltiplas vezes o caso da Operação Delaware  onde o (des) governo Pezão/Cabral,  por meio do processo de securitzação da receita futura dos roayalties, acarretou a falência de fato do RioPrevidência, fazendo a alegria dos fundos abutres [1,2,3 e 4].

Agora, graças ao blog mantido pela Associação dos Analistas da Fazenda  Estadual do Rio de Janeiro (Anaferj) fico sabendo que o (des) secretário estadual de Fazenda, Gustavo Barbosa, pretende fazer uma nova edição da Operação Delaware,  comprometendo ainda mais das receitas futuras dos royalties do petróleo, usando as mesmas estratégias que usou quando era o diretor-presidente do RioPrevidência, ao que tudo indica usando o mesmo receituário tão ao gosto do mercado especulativo de capitais [5].

Essa tática de comprometer receitas futuras já teve resultados desastrosos em sua primeira edição com a falência do RioPrevidência.  Se esta segunda operação não for impedida, o que teremos é um tipo de tempestade perfeita que combinará maior endividamento público com a restrição da ampliação dos investimentos em áreas estratégicas que possibilitem um novo retorno sustentado do processo de crescimento da economia fluminense. 

Assim, a coisa é simples: é preciso impedir essa repetição da Operação Delaware. Caso contrário, o processo de falência do estado do Rio de Janeiro vai tornar inevitável, fazendo com que a crise que atravessamos neste momento parece um piquenique no paraíso.

 Abaixo a degravação completa que foi feita pelo pessoal da Anaferj de uma entrevista concedida pelo (des) secretário Gustavo Barbosa ao jornalista Fernando Molica. Quem desejar ouvir o áudio da entrevista, basta clicar 

Secretário anuncia mais uma “Operação Delaware” para entregar o que faltou dos Royalties

Gustavo Barbosa diz que Estado do Rio pretende arrecadar R$ 6,5 bilhões com a securitização receitas futuras de royalties

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Em entrevista ao CBN Rio, o secretário Gustavo Barbosa informou que o Estado do Rio pretende arrecadar R$ 6,5 bilhões com a securitização receitas futuras de royalties de petróleo Segundo Gustavo Barbosa, esse dinheiro será usado para pagamento de fornecedores. Ele explicou que os R$ 3,5 bilhões que serão tomados em empréstimo, lastreado pela venda da Cedae, serão usados para saldar os salários atrasados e para dar previsibilidade à folha de pagamento.

Fernando Molica (FM): Secretário, ontem, o ministro Henrique Meirelles disse que o Estado do RJ vai precisar, este ano, de cerca de R$ 6,6 bi em empréstimos. Mas o governo federal só vai dar aval para R$ 3,5 bi. Como o governo vai conseguir esses R$ 3,1 bi restantes? E o ministro ainda falou em R$ 4,5 bi em empréstimos.

Gustavo Barbosa (GB): Na realidade, é importante contextualizar o plano. O Estado tem inicialmente uma deficiência financeira muito grande. Ele precisa de recursos para cobrir essa deficiência financeira até que essas ações do  Plano de Recuperação Fiscal tenha sua efetividade. Ou seja, que ela surta efeito financeiro. Antes disso, a gente precisa fazer caixa para conseguir pagar situações imediatas. Tem represado esse processo. Esse é o primeiro ponto. Com relação especificamente aos R$ 6,5 bi, os R$ 3,5 bi vêm do empréstimo que a gente vai buscar, lastreado na Cedae. Os outros recursos já não será uma operação de empréstimo. Vai ser uma operação que o Estado já fez, em 2014, buscando uma securitização das receitas de royalties e participações especiais. Esta não é uma operação de crédito, é uma operação no mercado de crédito. Neste caso, mercado de capitais internacionais.

FM: Só para esclarecer, o governo vai ao mercado internacional e diz: eu preciso de dinheiro agora e, em troca, eu vou dou a receita dos royalties lá para frente.

GB: Isso. É a receita futura de royalties e participações especiais.

FM: E este R$ 4,5 bi também é serão do mesmo jeito?

GB: Não, está é uma outra operação do Estado junto com a União estão estudando sobre a liquidação de restos a pagar. O Estado, em função da sua deficiência financeira, tem gerada um volume muito grande de restos a pagar. A intenção é que se liquide estes restos a pagar, previsto no plano de recuperação. Inclusive aprovamos uma lei na Alerj – um pregão de desconto com relação a esse pagamento. Essa é a intenção.

FM: Eu entendi. Mas restos a pagar são aqueles compromissos que o governo não consegue quitar no ano e ele deixa para o ano seguinte.

GB: Isso, perfeito.

FM: E como o governo vai sumir com esses R$ 4,5 bi. Como zerar este déficit?

GB: A intenção é que esta operação de 2018 tenha este objetivo. Fazer a liquidação de restos a pagar, não no seu volume total, mas com uma taxa de desconto e, assim, liquidar este restos a pagar.

FM: Ou seja, o governo está devendo R$ 10 milhões e negocia.

GB: Isso, fará um leilão de resto a pagar e os fornecedores aceitarão ou não a taxa de redução oferecida.

FM: Haverá um leilão ou uma licitação para escolher o banco que vai emprestar este R$ 3,5 bi? Quando este edital será realizado?

GB: Correto, vai ser um pregão. O Estado está fechando esta operação, que tem o aval do Tesouro Nacional, que é laceada na Cedae, ainda precisa que detalhamentos técnicos do desenho financeiro da operação. A gente ainda está terminando este processo. A gente acredite que, semana que vem, termine esta situação, e, na semana que vem, se publique o edital. É que a regra determina. Publicado o edital, oito dias úteis depois, será feito o pregão.

FM: E aí,  qual a previsão para a entrada do dinheiro?

GB: A expectativa, Molica, é que entre em setembro ou começo de outubro.

FM: Enquanto isso, como fica o pagamento dos salários de agosto?

GB: Molica, estamos buscando medidas para que a gente consiga liquidar o salário de agosto no décimo dia útil, como a gente tem publicado por decreto. A gente ainda não tem como afirmar que isso acontecerá.

FM: Então, haverá pagamento dos valores que serão vinculados, os duodécimos, os poderes judiciário e legislativo. Mas segurança está garantido? 

GB: A gente sempre vem colocando os salários da Segurança e Educação. Esse é um salário que vem sendo garantido e permanece essa garantia. Com relação aos outros, é que a gente está buscando alternativas para liquidar. 

FM: Como alternativa seria arrecadação própria?

GB: A melhoria de arrecadação já está acontecendo. Dentro do plano está previsto algumas ações de melhorias de arrecadação. Nós já conseguimos fazer isso em agosto mas precisamos esperar a consistência desse processo. Não adianta só, em um determinado momento. Isso a gente só vai enxergar a partir do momento da arrecadação. 

FM: Secretário, esses R$3,5 bilhões irão para quitar débitos que já existem, para cobrir buracos que estão em aberto. E o resto do ano? A questão dos outros salários, o próprio 13º de 2017. Há risco, mesmo com a entrada desse dinheiro, de novos atrasos de pagamento?

GB: Não, e é exatamente por isso que nós estamos buscando esse empréstimo. A partir do momento do êxito dessa operação de R$ 3,5 bilhões não haverá risco de atraso. Essa é a intenção e o estado não deve esse dinheiro todo em atraso de salários. A intenção é que com essa operação, além de quitar os atrasados, eu tenha estabilidade até que as ações previstas no acordo tenham efetividade. A ideia é que esse dinheiro dê estabilidade à folha. Não há risco disso acontecer. 

Fernando Molica: Quanto o governo do estado deve em salários e benefícios, como RAS e também para fornecedores. Qual é o tamanho desse buraco?

GB: Vamos separar: Com relação aos salários dos servidores, nós devemos o décimo terceiro e alguns valores de RAS. Isso soma algo em torno de R$ 1,3 bilhão. Com relação a fornecedores, nós temos uma meta a pagar superior a R$ 10 bilhões. 

FM: Ou seja, esses R$ 3,5 bilhões não serão suficientes para zerar com o deficit com os fornecedores! 

GB: Não, e não é essa intenção. Eu vou novamente reafirmar essa questão. Esses R$ 3,5 bilhões terão como prioridade a estabilidade na folha do servidor. 

FM: Então esses outros R$ 3 bilhões que o governo quer conseguir vendendo a receita futura dos royalties iria para os fornecedores? 

GB: Uma parte dele provavelmente irá. 

FM: Porque tem essa questão: Vários hospitais se queixam de problemas de fornecimento, material de reposição. Isso também afeta muito a população. 

GB: Esse é o motivo de buscarmos mais recursos para que a gente consiga fornecer serviços básicos. 

FM: Hoje tem uma informação no jornal Extra, na coluna da Berenice, que diz que o governador afirma que esse dinheiro seria capaz de contratar pelo menos mil dos 4 mil PMs que estão na fila para ser contratados. Há mesmo essa previsão?

GB: Não, não tenho essa informação. 

FM: O acordo proíbe aumentos reais de salários, mas possibilita a reposição da inflação, que está muito baixa. Agora, para 2018, há alguma perspectiva de reajuste salarial para os servidores? 

GB: Não, Molica, não há previsão de reajuste salarial previsto para 2018. O estado hoje tem que buscar pagar os salários em dia. Esse é o objetivo. Não há previsão dentro do acordo de aumento salarial para o ano que vem. 

FM: Ainda há alguma pendência de lei, já que foram algumas leis aprovadas em 2014 que previam reajuste escalonados?

GB: Isso está mantido. O estado vem mantendo, mesmo com a situação financeira bastante deficitária, esses aumentos concedidos, no caso, para a área de segurança. Isso tem sido e continua mantido esse processo. 

FM: Uma dúvida: Naquela questão da venda da receita futura dos royalties, uma boa parte disso já está comprometida. Essa arrecadação está comprometida, hoje, até quando?

GB: Existe aquele momento feito em 2014 até 2026. Lembrando que não é toda a arrecadação, e sim parte dela. 

FM: Mas o governo vai oferecer o que? A outra parte?

GB: A outra parte ainda da arrecadação. Como falei, o estado necessita gerar recursos para conseguir fechar os pagamentos que ele tem que fazer e para manter a prestação de serviços. Por isso da necessidade de faze mais uma alteração.

FM: Ninguém duvida da necessidade de um acordo, de se extinguir esse incêndio nas finanças do estado. Com essa questão daqui a três ou seis anos possivelmente com a renovação do acordo os futuros governadores vão ter que pagar a dívida que não será paga ao longo de todo esse período. Também essa questão dos royalties vai entrar menos dinheiro. A vida dos futuros governantes do Rio e dos seus próprios sucessores na secretaria de Fazenda vai ser bem difícil…

GB: É importante colocar, o estado do Rio passa e passou por uma profunda crise. Isso é importante colocar. Não há possibilidade de você superar essa crise sem que haja um ajuste fiscal fortíssimo. Não há hipótese de isso não acontecer. O plano prevê exatamente isso. Ele está alinhando, ele está dando um caminho para o estado do Rio de Janeiro. É obvio que a partir desse ajuste você terá um caixa bem mais justo. Não tem como ser diferente disso. O próximo governador terá a opção de findado os três anos, ele pode suspender com os efeitos colaterais dessa suspensão. Mas a nossa avaliação é que será necessário manter esse ajuste fiscal por um bom tempo para que o estado volte a ter a normalidade. Isso é importante o plano tem esse objeto. Esse ajuste fiscal é necessário para que o estado volte à normalidade e não tenhamos mais essa situação de penúria do servidor e da prestação de serviço à população.

FM: Pelo acordo também haverá um forte monitoramento das finanças do estado do Rio de Janeiro. O acordo prevê inclusive, uma salinha lá do pessoal do ministério da Fazenda, que vai controlar entrada de dinheiro…, e no documento divulgado ontem, fala que se as medidas não forem suficientes, as medidas acordadas, haveria possibilidade de medidas mais duras como taxação de aposentados que ganham acima do teto, demissão de funcionários comissionados e até mesmo aquela história da redução da oferta de vagas nas universidades públicas, e que o pessoal da Uerj fala até em possibilidade de privatização com medo disso. Essas medidas mais duras, o senhor vê alguma chance de elas serem implantadas?

GB: Todo plano econômico-financeiro você sempre tem que pensar em medidas alternativas. Na nossa avaliação é que as medidas colocadas no plano serão suficientes para colocar o estado do Rio no caminho certo. Vice pode verificar lá no parecer da secretaria de Segurança, são recomendações que eles fazem. O estado não necessariamente precisa seguir. Precisa seguir aquilo acordado no plano. Ali eu tenho recomendações. A nossa avaliação é que seguindo as ações apresentadas no plano, que a gente terá um caminho certo para o estado do Rio.

FM: O estado do Rio prevê sair de sufoco, mas o ano de 2018 será duro. Que consequência o senhor prevê para a população carioca?

GB: Eu prevejo um a situação melhor do que 2017. Nós teremos aí, e é exatamente o objetivo do plano, teremos estabilidade no pagamento da folha do servidor, que trará estabilidade na prestação de serviço básico. Acho que o nome mais correto é estabilidade. Eu enxergo um ano de 2018 melhor do que foi 2016, melhor do que foi 2017. Previsibilidade. 


[1] https://blogdopedlowski.com/2016/04/24/gracas-a-cabral-e-pezao-rioprevidencia-e-prisioneiro-de-fundos-abutres/

[2] https://blogdopedlowski.com/2016/10/29/rioprevidencia-fundos-abutres-e-a-tunga-no-salario-dos-servidores-publicos/

[3] https://blogdopedlowski.com/2016/04/27/acredite-se-quiser-operacao-que-quebrou-rioprevidencia-foi-feita-para-prepagar-dividas-com-bancos-estatais/

[4] https://blogdopedlowski.com/2017/02/11/rioprevidencia-r-185-bilhoes-e-o-tamanho-do-rombo-causado-pela-operacao-delaware/

[5] http://anaferj.blogspot.com.br/2017/09/secretario-anuncia-mais-uma-operacao.html

(Des) governador Pezão e suas explicações sobre o imbróglio do spa de luxo: mais um caso de abuso à inteligência alheia

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Em meio a uma grave crise social, econômica e política que joga o estado do Rio de Janeiro à beira de uma grave convulsão social, o (des) governador Pezão foi flagrado esticando as canelas num spa 5 estrelas, o qual tem como sócio-proprietário um dos donos da empresa de publicidade que detém as contas do seu trágico (des) governo [Aqui!].

Para livrar a cara de Luís Fernando Pezão, o presidente “de facto” o convocou para uma daquelas reuniões onde se enxuga gelo sob o pretexto de achar saídas para o Rio de Janeiro. Ao invés de sair de fininho para Brasília, Pezão resolveu utilizar a estrutura Secretaria Estadual de Comunicação para dar a sua “versão” do imbróglio do spa “Rituaali” (ver reprodução abaixo).

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Li com atenção o comunicado do (des) governador Pezão e sublinhei cinco frases que parecem mostrar âmago da questão (são as que estão marcada em vermelho na figura acima). 

Vejamos estas frases em sequência:

 1) “Se eu não me cuido, não tenho como cuidar das pessoas.”

2) “Eu não fui para um spa, eu me internei numa clínica médica.”

3) “Eu perdi toda a minha musculatura do corpo…”

4) “Se eu não me cuidasse, meu médico falou que eu ia morrer.”

5) “Eu cheguei a ter 304 de glicose. Se eu não me trato, eu ia morrer.”

Não é preciso ser formado em Medicina para se chegar à conclusão de que dificilmente o (des) governador Pezão perdeu em algum momento toda a musculatura do seu corpo ou que se isso tivesse porventura  ocorrido, dificilmente haveria alguma relação com uma taxa de glicose alta. Além disso, como alguém que possui glicose alta, sei que chegar a ter 304 de glicose pode trazer consequências negativas para a saúde, mas dificilmente tal taxa implica numa sentença de morte. E, mais, dificilmente se corrigirá os problemas de glicose alta em uma semana, ainda que a hospedagem ocorra num spa 5 estrelas com todo tipo de amenidades como é o caso do Rituaali onde o (des) governador Pezão escolheu se hospedar [Aqui!]. 

E, não, o (des) governador Pezão não foi se internar numa clínica médica quando escolheu passar uma semana no spa Rituaali.  O estabelecimento oferece apoio médico, mas continua sendo um spa para pessoas com dinheiro, muito dinheiro, irem se recuperar de suas vidas nada atribuladas. Além disso, se ele cuidasse das pessoas como parece gostar de se cuidar é bastante provável que não nos tivesse metido na barafunda em que nos encontramos.

Em suma, o (des) governador Pezão teima em subestimar nossa inteligência coletiva ao tentar se livrar do mico que foi ser pego desfrutando de uma spa de luxo, enquanto o Rio de Janeiro afunda numa crise sem precedentes. E, sim, enquanto milhares de servidores passam graves dificuldades por causa do (des) governo Pezão.

Para encerrar, disponibilizo abaixo uma interessante conversa travada hoje na Rádio CBN entre os jornalistas Fernando Molica e Arthur Xexéo sobre o trágico (des) governo Pezão. 

 

 

Sob o escudo da crise, Pezão quer congelar salários dos servidores para avançar a terceirização

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Estou entre aqueles que acham que a alardeada crise financeira do estado do Rio de Janeiro é um tanto seletiva. De um lado, temos concessões fiscais bilionárias e gastos vultosos com a terceirização de setores inteiros do serviço público e, de outro, uma dura perseguição aos servidores concursados e a precarização do que ainda de resto de público nos serviços essenciais.

Agora, o (des) governador Luiz Fernando Pezão, sabedor que não poder terceirizar todo o serviço público em seu mandato, achou uma fórmula “genial” para forçar a saída de milhares de servidores, principalmente aqueles com maiores possibilidades de serem atraídos por outros governos ou até mesmo a iniciativa privada. É que no seu “pacote de maldades” recentemente enviado para apreciação da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro está, como mostra em sua coluna de hoje o jornalista Fernando Molica, o congelamento dos servidores públicos do Rio de Janeiro.

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Antes que eu me esqueça, quero lembrar que o Rio de Janeiro é o estado que menos gasta percentualmente com salários de servidores públicos, e um dos que mais gasta com a terceirização de serviços.

Pezão e seus secretários sabem muito dessa realidade de pauperização salarial a que os servidores vêm sendo submetidos nas últimas décadas, especialmente após a entrada do PMDB no Palácio Guanabara. Mas a “crise” está oferecendo uma chance de ouro para que a agenda neoliberal de encolhimento do Estado e de ataques aos direitos dos trabalhadores seja efetuada sob a fanfarra da mídia corporativa.

Mas que ninguém deixe se enganar. O problema financeira no Rio de Janeiro existe, e não vai diminuir se esse congelamento vergonhoso de salários for aprovado. É que na raiz da pindaíba que o Rio de Janeiro estão as bilionárias e insustentáveis isenções fiscais, muitas para financiadores da campanha eleitoral da dupla Cabral/Pezão, bem como a tomada de porções inteiras da máquina do Estado.  Em outras palavras, a culpa da pindaíba é da privatização que os recursos públicos estão sofrendo pelas mãos do PMDB sob a batuta de Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão.

Agora se Pezão acha que não haver resistência, ele está enganado. Tanto que uma nova manifestação de servidores públicos já está marcada para o início de março. E lá o foco não vão ser apenas os salários atrasados, mas também,  e principalmente, a tentativa que Pezão esta fazendo de destruir o serviço público do Rio de Janeiro.

(Des) governo Pezão prepara mais ataques contra os servidores

A coluna Informe do Dia que é assinada pelo jornalista Fernando Molica no jornal O DIA traz hoje mais uma clara indicação dos planos de arrocho do (des) governo Pezão para os servidores públicos do Rio de Janeiro, pois está engendrando um aumento nas contribuições previdenciárias, justamente num momento em que salários estão sendo atrasados!

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Ainda que não parece à primeira vista, o (des) governo Pezão está tentando ampliar o processo de privatização das estruturas de Estado, penalizando inicialmente os servidores, para depois atingir os serviços públicos.

O fato é que inexiste qualquer disposição por parte desse (des)governo de mudar sua orientação pró-corporações e a tomada de assalto que está sendo feita dos serviços públicos por organizações sociais de todo o tipo e quilate.

Agora caberá aos servidores fazerem não apenas a defesa de seus direitos e salários, mas também do caráter público do Estado. É que se depender de Pezão e de sua base na Alerj, desgraça pouca é bobagem.

Rio de Janeiro sob a égide da irresponsabilidade coletiva

COMPERJ

A entrevista abaixo feita pelo jornalista Paulo Cappelli para a coluna Informe do Dia que é comandada por Fernando Molica no jornal O DIA lança luz sobre o que o economista e professor da UFRJ Mauro Osório chama de “irresponsabilidade coletiva” no tocante às formas de implantação e expectativas geradas em torno do chamado Complexo Petroquímico de Itaboraí (Comperj).

Eu diria que a análise do professor Osório cabe perfeitamente para outros empreendimentos iniciados no Rio de Janeiro sob a chancela dos governos federal e estadual, começando pelo Porto do Açu. 

É que se olharmos de perto no Porto do Açu estão presentes os mesmos ingredientes, talvez ainda piorados, do que é abordado em relação ao Comperj. É que até agora não apareceu ninguém de porte para admitir as grosseiras violações de diretos de propriedade e dos danos ambientais que estão transformando num verdadeiro inferno as vidas de centenas de famílias que habitam o V Distrito de São João da Barra.

E eu concordo com a receita de se dar sustentação para que a Uenf e a Uerj possam elaborar politicas de desenvolvimento que nos tirem da situação em que a aludida irresponsabilidade coletiva que extrapola o Comperj nos colocou. Resta saber se o (des) governador Pezão em vez disso não terminar de sucatear o que ainda sobrou dessas duas universidades.  

Mas que ninguém depois diga que todos somos cúmplices desse modelo grotesco de aumento da concentração da riqueza que estão nos empurrado para a falência financeira sem qualquer perspectiva de resgate.

Professor acredita em ‘irresponsabilidade coletiva’ no Comperj

Segundo Mauro Osório, a atual crise financeira do estado deve ser compartilhada também com as gestões municipais

PAULO CAPPELLI

Rio – Professor de Economia da UFRJ, Mauro Osório acredita ter havido uma “irresponsabilidadecoletiva” no planejamento que deu início à construção do Complexo Petroquímico de Itaboraí (Comperj) — o qual chama de “miragem”.

Segundo ele, a atual crise financeira do estado deve ser compartilhada também com as gestões municipais. O professor ressalta, no entanto, que 2016 será um ano com uma importante janela de oportunidades: entre elas, os setores de turismo, entretenimento e esportes.

Professor Mauro Osório

Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia

O Estado do Rio passa por um momento muito delicado financeiramente, com crise em setores como a saúde e extrema dificuldade para conseguir quitar a folha de pagamento. O que levou à derrocada da economia fluminense nos últimos anos?

MAURO OSÓRIO: Há um conjunto de fatores. Além da crise global,no Brasil nós temos uma incerteza política muito grande, que faz com que quem tenha dinheiro para investir acabe segurando. Quem tem dinheiro para consumir a prazo também não gasta. Isto ocorre mais pela incerteza que pela falta de dinheiro. Se a gente olhar, o crescimento da inadimplência foi pequeno. Mas economia é expectativa. A Petrobras, por exemplo, tem sido muito impactada pela Operação Lava Jato, e isso afeta mais o Rio que os outros estados, pois a maior parte dos fornecedores está aqui. A redução do preço do petróleo também foi determinante na queda da arrecadação do estado.

O governo superestimou a receita dos royalties de petróleo e a criação do Complexo Petroquímico de Itaboraí?

O governo estadual, a Prefeitura de Itaboraí, a Petrobras, a imprensa… Eu acho que ali tem uma irresponsabilidade coletiva. O Comperj foi uma miragem. Lançou-se a ideia do polo petroquímico com uma base concreta muito pequena, eu diria ridícula até. A petroquímica Braskem, que pertence à Odebrecht e é parceira da Petrobras, tem uma ponta em Duque de Caxias que ainda pode dobrar. O que de fato há de possibilidade no Comperj é uma petroquímica um pouco maior que a Refinaria de Duque de Caxias (Reduc).

Quais outros erros o senhor aponta?

O governo deveria ter priorizado mais o planejamento, ter aprofundado a discussão sobre as estratégias. Temos que transformar a Uerj e a Uenf (Universidade Estadual do Norte Fluminense) em polos de reflexão sobre o estado, como fazem com a USP e a Unicamp em São Paulo. Agora, a responsabilidade tem que ser compartilhada também com as prefeituras.. Os indicadores municipais no estado do Rio ainda são muito ruins. A Baixada ganha potencial com o Arco Metropolitano, mas é preciso um Plano Marshall para aquela região. Falta água, falta esgoto, falta telecomunicação… Falta investir numa política de infraestrutura, que ainda é muito precária. São praticamente cidades-dormitório. Se você quer atrair atividade produtiva pra lá, tem que investir.

O senhor vislumbra oportunidades para 2016?

Sim. Os setores de turismo, entretenimento, cultura, cinema e vídeo têm janelas importantes. O preço do dólar está alto, e isso tende a estimular o turismo interno, e aí o Rio é a grande cidade do turismo interno brasileiro. Os cariocas e fluminenses também viajam mais por dentro do estado. Na parte de esportes, tem a Olimpíada. Temos que trabalhar a ideia do Rio como a capital do esporte na America Latina.

Há perspectiva de melhora no cenário econômico fluminense a curto e médio prazo?

Se trabalhar e aprimorar o planejamento, sim. Se ampliar o debate regional, sim. Se as universidades entrarem mais nesses debates, sim. Se as gestões municipais melhorarem muito, sim: há eleições para prefeito este ano. Se evitarmos que surjam novos prefeitos acusados de corrupção e que desfilem em Ferraris, sim.

FONTE: http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2016-01-02/informe-do-dia-professor-acredita-em-irresponsabilidade-coletiva-no-comperj.html