Lição do dia: ao revelar fonte, não tente trocar de pauta porque o tiro pode sair pela culatra

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Li com alguma perplexidade uma nota da “Fonte Exclusiva” revelando uma mega barriga jornalística que ocorreu na versão online do jornal Folha da Manhã que, de forma impressionante, revelou uma fonte que atuou sob condição de sigilo. 

Até aí, diria eu “Morreu o Neves”, pois erros acontecem, especialmente quando o veículo em questão já demitiu há tempos seus jornalistas mais tarimbados, operando atualmente com uma maioria de “trainees” ou, quando muito, profissionais recém-formados.

Apesar de simpatizar com a fonte revelada, pois sei que este tipo de barriga normalmente implica em danos profissionais sérios a quem a sofre, acabei não reportando o fato, pois achei que o Fonte Exclusiva já tinha, digamos, exaurido o conteúdo.

Mas, sabe-se lá por qual motivo, em vez de simplesmente se publicar um “sinto muito, erramos”, hoje vi  materializada uma tentativa (precária, é verdade) de livrar a própria cara no “Blog Opiniões que é hospedado pelo próprio “Folha da Manhã”, onde a eleição para reitor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) ocorrida no ano passado é citada como exemplo de “fake news“. 

Sobre essa tentativa tosca, só posso dizer que melhor teria feito o autor do texto se tivesse pedido desculpas à vítima da indiscrição cometida pelo erro primário cometido por sua equipe de “jornalistas”. É que no caso da eleição da Uenf, a falta de elementos de corroboração aos que sentiram ofendidos pela cobertura dada  como “fake” acabou não dando em nada, enquanto a instituição seguiu seu rumo.

Em suma, a velha tática (aliás, muito usada atualmente pelo presidente Jair Bolsonaro e seus filhos) de levantar pautas negativas contra outrem para evitar outras que lhes são prejudiciais não cola. Melhor seria apenas, ainda que silenciosamente, pedir desculpas a quem foi atingido, na expectativa da compreensão, senão do perdão. Mas pensando bem, e lembrando de uma música do cantor Lobão, deve ser mesmo difícil encarar “la décadence avec élégance”.

Já em relação ao Fonte Exclusiva, que siga fazendo o que se espera dela, qual seja, nos entregar um tipo de jornalismo investigativo que a realidade atual demanda.

O Ururau Irado manda lembranças

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Bons tempos em que o “Ururau Irado” era o caçador de “jacarés” em textos alheios

Hoje tive a peculiar honra de ter um post deste blog citado em um blog hospedado em um veículo da mídia corporativa campista. Se eu bem entendi o que foi escrito para ser uma crítica, um erro datilográfico banal serviu para que meus vários diplomas fossem relativizados (sim, eu tenho três, e um deles sendo o de doutoramento em uma prestigiosa universidade dos EUA, a Virginia Polytechnic Institute and State University, a Virginia Tech), usando surpreendentemente um argumento levantado pelo ex-presidente Lula contra o ministro da Educação, Abraham Weintraub. Aliás, confesso que meu título de PhD pela Virginia Tech é, sem dúvida, o meu maior triunfo.

Pois bem, sou réu confesso em escrever textos que possuem erros pontuais, pois nem sempre paro para revisar o que posto. Aliás, já foram incontáveis as vezes em que leitores me enviaram mensagens notificando de algum “jacaré” em uma das minhas postagens.

Nunca tomo essas mensagens que sugerem correções negativamente, pois mostram que alguém leu o que escrevi e se importou o suficiente para meu enviar uma notícia de erro. E como errar é parte de qualquer empreendimento humano, eu sempre agradeço quem me envia estes pedidos de correção e envio o “jacaré” para outras paragens.

Como estou há mais de duas décadas em Campos dos Goytacazes e este blog existe por uma, não consigo deixar de sentir certo saudosismo dos tempos em que corria solto por nossa planície o blog  “Ururau Irado” que fez fama caçando erros básicos de português produzidos em uma determinada redação, ainda que não somente nela.

É que, confesso, eu teria enorme honra de ser corrigido pelo “Ururau Irado”, pois do seu mentor eu esperaria mais do que piadas mal enjambradas com o meu sobrenome.  Mas que mais esperar quando quem nos critica é um conhecido intelectual de orelhas de livros e nada mais?

Quanto ao elemento de evidente irritação em minha postagem anterior, só posso reafirmar o meu entusiasmo pelo aparecimento do “Fonte Exclusiva“. É que nutro a esperança de que seu surgimento tenha repercussões positivas sobre a qualidade do que se vende como jornalismo em nossa cidade.  A ver!

Nascimento de agência de checagem de “fake news” é uma novidade que perturba quem vive da produção delas

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Iniciativa do Portal Viu!, agência de checagem vai dificultar a vida de quem vive de produzir e vender fake news no Norte e Noroeste Fluminense e na região dos Lagos

A alvissareira notícia publicada no Portal Viu! de que as regiões Norte e Noroeste Fluminense e dos Lagos tem a sua primeira agência de checagem de notícias denominada “Fonte Exclusiva“.  

Essa iniciativa pioneira deve ser recebida com entusiasmo por todos aqueles que estão comprometidos com a distribuição de informações jornalísticas qualificadas, pois será diminuído poder dos agentes de transmissão de notícias falsas ou tendenciosas que causam sérios danos à democracia brasileira, que ficaram muito bem demonstrados nas últimas eleições presidenciais, quando uma poderosa rede de “fake news” influenciou diretamente no resultado.

Obviamente sempre haverá quem se sinta incomodado com a existência de uma agência de checagem, começando por aqueles que produzem as “fake news” como forma de imposição de poder político e, não raramente, de obtenção de patrocínios e outros quetais. 

Como corretamente apontou na matéria de lançamento do “Fonte Exclusiva” o jornalista Douglas Fernandes, em cidades do interior existem veículos da mídia corporativa que funcionam como “indústrias de fake news”,  especializando-se em “fofoca e futrica”. Os donos desses veículos certamente se sentirão incomodados com o aparecimento de uma agência que cheque a qualidade e veracidade daquilo que é publicado como informação jornalística, mas que muitas vezes não passa de manjadas fake news.

Aliás, um dos primeiros sintomas de que algo apresentado como jornalismo é, na verdade, fake news são os repetidos ataques de caráter em que nomes são omitidos, mas deixados implícitos para que não haja a devida verificação da verdade pelo leitor. Esse caráter covarde de muitas “matérias jornalísticas” é o primeiro indicador de que estamos diante de uma fake news, muitas vezes produzidas por indivíduos que sequer possuem um mínimo de experiência profissional no jornalismo (oxalá um diploma de jornalista).

Mas é exatamente por essas reações antagônicas que a iniciativa do Portal Viu! deve ser saudada com entusiasmo. A partir dessa iniciativa, talvez, ninguém possa produzir fake news impunemente. Isto em um período politicamente tão difícil é sim motivo de felicitação. Longa vida à Fonte Exclusiva!