Associação de Docentes da Uenf lança nota sobre ataques em Brasília

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O Brasil viveu neste domingo (08/01) um dos episódios mais tristes e lamentáveis da sua história.

A invasão às sedes dos Três Poderes em Brasília, orquestrada por um bando de terroristas pró-Bolsonaro que não aceitam o resultado das eleições, é revoltante e merece nosso total repúdio.

Não é possível aceitar que a barbárie praticada por alguns golpistas prevaleça sobre a vontade da maioria da população, que foi democraticamente expressa nas urnas no dia 30 de novembro de 2022.

Exigimos que os criminosos sejam responsabilizados e punidos sob o rigor da lei, assim como os financiadores do golpe fracassado e as autoridades que foram coniventes com os atos antidemocráticos.

Um país melhor se faz com educação e diálogo. Nunca com armas e violência.

A população brasileira merece respeito. E a democracia sempre haverá de vencer.

ADUENF-SESDUENF
Gestão Transparência, Respeito e Luta pela Base!
Biênio 2021/2023

Nota pública do defensor público-geral federal sobre as invasões ocorridas ao Congresso Nacional, ao Palácio do Planalto e ao STF

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A Defensoria Pública da União, por intermédio do Defensor Público-Geral Federal, no exercício das atribuições previstas no artigo 8º, II e III, da Lei Complementar n. 80/1994, tendo em vista seu papel constitucional de instituição expressão e instrumento do regime democrático, prevista no artigo 134 da Constituição Federal, vem a público repudiar as invasões ocorridas, em 08/01/2023, ao Congresso Nacional, ao Palácio do Planalto e ao Supremo Tribunal Federal, instituições que materializam a democracia brasileira, bem como informar a adoção de providências imediatas para fazer cessar os ilícitos cometidos contra a democracia, a paz e a segurança pública.

A essência da democracia é o respeito à divergência política. As liberdades de expressão e de manifestação, duramente conquistadas pelo povo brasileiro, não albergam a via da violência, tampouco tolerância ou leniência a atos antidemocráticos que pretendem atacar as instituições democráticas e a Constituição Federal.

As autoridades públicas possuem o dever de adotar todas as medidas necessárias a garantir a segurança pública para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, como determina o artigo 144 da Constituição Federal. Dessa premissa decorre a responsabilidade civil, administrativa e criminal no caso de omissões dolosas que importem no descumprimento desse dever estatal.

Fora da democracia só há o império da força e do arbítrio. Liberdades civis, políticas e direitos sociais conquistados pela luta de trabalhadores e trabalhadoras, movimentos políticos concretizados na Constituição Federal de 1988, não podem ser aviltados por atos de grupos que incitam o desrespeito à ordem jurídica, à cidadania, ao pluralismo político e às diversidades.

Mais do que nunca se torna fundamental reconhecer a legitimidade do pleito eleitoral e reforçar a defesa do regime democrático como única via possível para a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, sem quaisquer formas de discriminação.

Diante disso, determinei a instauração de processo coletivo para a adoção de providências imediatas para evitar a escalada da violência e para o restabelecimento da ordem.

A Defensoria Pública da União atua e atuará para afastar, no campo dos direitos interno e internacional, qualquer ameaça de rupturas institucionais que atinjam os pressupostos e os fundamentos do Estado Democrático de Direito.

A invasão da extrema-direita em Brasília como tragédia ou farsa?

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Uma famosa frase do filósofo Karl Marx me vem à mente neste momento após ver as cenas de destruição promovidas por militantes de extrema-direita em Brasília (ver vídeo abaixo). A frase em questão é aquela em que Marx diz que “Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”.

https://youtu.be/89pYJSEy_Rw

Ainda que aparentemente esta invasão seja uma espécie de “repeteco” da que foi promovida por militantes de extrema-direita dos EUA em janeiro de 2021 para protestar contra a derrota eleitoral de Donald Trump. As características são basicamente as mesmas, ainda que com o peculiar detalhe que nos EUA a invasão se deu em uma 4a. feira (dia normal de trabalho) e a versão brasileira está se dando em um domingo quando tudo está fechado. 

A questão aqui não é tanto a imitação canhestra, mas o que se seguirá a partir de amanhã. É que nos EUA a reação das forças políticas e policiais está sendo relativamente dura e muita gente já está indo para a cadeia. O interessante é que também no dia da invasão do Capitólio houve a mesmíssima conivência que se observou até o momento por parte das forças policiais do Distrito Federal. Entretanto, após a posse de Joe Biden e o início das apurações dos responsáveis, o caminho tomado foi de punir os responsáveis pela invasão.

O governador bolsonarista do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, já tomou a decisão de demitir o seu secretário de Segurança e ex-Ministro da Justiça do governo Bolsonaro, o também bolsonarista Anderson Torres. Essa medida é acima de tudo preventiva e com tons de auto-proteção, pois até o mais ingênuo dos brasileiros sabe que a reação política deverá ser dura, até para evitar que os militantes de extrema-direita tentem repetir os atos de hoje.

A minha dúvida neste momento é sobre qual será o destino que será dado ao ministro da Defesa José Mucio que logo após sua posse passou pano para estes que hoje invadiram e depredaram os prédios do Supremo Tribunal Federal, do Senado Federal e até o Palácio do Planalto. É evidente que o rumo mais inteligente seria o presidente Lula também demiti-lo ou, no mínimo, exigir que ele se retrate e condene com veemência os militantes da extrema-direita que hoje atentaram contra o patrimônio público e a democracia brasileira.

Peixes transgênicos vermelhos e verdes brilhantes escaparam de tanques de reprodução em rios brasileiros

Os peixes-zebra não são os únicos peixes ornamentais invasores que brincam nos rios de forma ilegal e indesejada. Se eles se estabelecerem, eles podem perturbar severamente o ecossistema.

Por Stephanie Lahrtz para o Neue Zürcher Zeitung

zebra 1Peixe-zebra transgênico com um gene embutido de criaturas do fundo do mar brilham no aquário

“Starfire Red Danio” e “Electric Green Danio” são apenas uns bons peixes-zebra de dois centímetros, mas você dificilmente pode perdê-los no aquário crepuscular. Eles brilham em vermelho brilhante ou verde brilhante. Quanto mais escuro o ambiente, mais intenso. Porque eles carregam genes de anêmonas do mar, águas-vivas ou corais que foram construídos em laboratório. Esses peixes GM são muito populares – e legais – residentes de aquários em alguns lugares. Mas no sudeste do Brasil, eles escaparam de fazendas de criação em vários lugares e agora estão brincando em vários rios ilegalmente. É o que relatam pesquisadores na revista Studies on Neotropical Fauna and Environment .

De fato, o comércio de peixe-zebra transgênico foi proibido no Brasil desde 2017. Em outros países, incluindo Suíça, Austrália e toda a UE, o comércio e a manutenção de pequenas criaturas coloridas é proibido há muito tempo. Existe o risco de que o peixe possa escapar para a natureza, com efeitos desconhecidos no ecossistema afetado, disse o comunicado.

Projetado para detectar corpos d’água contaminados

Aparentemente, essa preocupação não é compartilhada nos EUA ou em Taiwan, onde os peixinhos coloridos estão disponíveis há quase duas décadas. E tão popular que a empresa texana Glofish, que detém os direitos de patente mundial do peixe neon, agora não apenas oferece peixes-zebra transgênicos em várias cores brilhantes, mas também equipou outros peixes ornamentais, como farpas de Sumatra e tetras longfin com os genes de brilho.

Os peixes GM foram inventados por pesquisadores da Universidade de Cingapura em meados da década de 1990. Foi usado para verificar a qualidade da água. O primeiro peixe-zebra transgênico brilhou em verde quando certos produtos químicos estavam presentes na água. No entanto, este aplicativo não pegou.

Comércio apesar da proibição

No Brasil, os peixes brilhantes são tão populares que, apesar da proibição, milhares deles são mantidos em grandes aquiculturas todos os anos. Houve os primeiros relatos de espécimes individuais escapados já em 2015. Mas para o estudo que agora foi publicado, dados confiáveis ​​foram coletados pela primeira vez.

Para isso, os pesquisadores analisaram de perto uma grande área com 350 pisciculturas e 4.500 tanques de reprodução na Mata Atlântica, no sudeste de Minas Gerais. Os peixes foram coletados em intervalos regulares em rios nas imediações dos tanques de criação, usando redes de malha fina.

Tanto o peixe-zebra GM vermelho brilhante quanto o verde venenoso se contorciam nele de tempos em tempos, mas apenas alguns espécimes cada. Seu conteúdo estomacal mostrou que eles se alimentaram principalmente de insetos aquáticos em vários estágios da vida, mas também de algas e zooplâncton. Aparentemente, os peixes-zebra que escaparam também eram capazes de se reproduzir. Isso foi revelado por exames de seus órgãos sexuais.

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Glowfishes vendidos nos EUA chamados Sunburst Orange, Galactic Purple, Electric Green e Starfire Red (de cima para baixo) Paulo de Oliveira/Imago

No entanto, ainda não está claro se os peixes geneticamente modificados realmente se multiplicam nos rios de forma permanente e se uma população independente se estabeleceu fora dos tanques de reprodução. Uma vez que estes são pescados várias vezes por ano e depois esvaziados no fundo para limpeza, também é provável uma “liberação” não intencional regular. Como os tanques não tinham peneiras nos drenos nem tanques de retenção com peixes predadores para eliminar peixes criados em cativeiro, escrevem os pesquisadores. Isso teria mostrado visitas no local, bem como relatórios dos agricultores.

Aquicultura segura necessária

Essas medidas de segurança devem agora ser instaladas em todos os lugares imediatamente, exigem os cientistas – não apenas por causa de alguns peixes-zebra coloridos que escaparam. Porque nos rios brasileiros nas proximidades das pisciculturas já se encontram mais de 70 espécies de peixes não nativos, em uma das regiões mais ricas em espécies do planeta e, portanto, uma das mais dignas de proteção.

Os efeitos das espécies invasoras de peixes nos respectivos ecossistemas são imprevisíveis. Pode haver competição por comida e áreas de desova, bem como ataques mútuos. Isso agora também está sendo investigado para peixes geneticamente modificados. Numerosos exemplos de muitos países mostram como as espécies invasoras superam as nativas.

Atualmente, é improvável que os genes de luz embutidos do peixe-zebra nos rios do Brasil se espalhem amplamente para outros peixes. Para isso, os peixes geneticamente modificados teriam que encontrar parceiros sexuais adequados para eles, ou seja, outros peixes-zebra. Mas estes não são nativos do Brasil. Os ancestrais dos habitantes do aquário vêm dos rios do Himalaia. No entanto, peixes-zebra escapados e não transgênicos também foram encontrados em rios brasileiros.

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Este texto foi originalmente escrito em alemão e publicado pelo jornal “Neue Zürcher Zeitung” [Aqui!].

Ramal ilegal a partir da rodovia BR-319 invade Reserva Extrativista e ameaça Terra Indígena

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Por Philip Martin Fearnside,  Lucas Ferrante e Maryane B. T. de Andrade para o “Amazônia Real”

Em 02 de março um evento sobre impactos atuais e esperados da reconstrução da rodovia BR-319 (Manaus-Porto Velho) foi organizado por lideranças indígenas e ribeirinhos do Lago do Capanã, no Município de Manicoré, Amazonas. O evento foi realizado na Câmara Municipal de Manicoré, reunindo 21 lideranças. Apresentamos palestras sobre impactos da rodovia, e as lideranças contribuíram com uma série de depoimentos e denúncias.

Entre as denúncias feitas, um cacique (que prefere não ser identificado por medo de retaliação), disse que um ramal foi aberto adentrando a Reserva Extrativista Lago do Capanã Grande em direção à Terra Indígena Lago Capanã (Figura 1). Ele disse que uma ponte foi construída com duas castanheiras cortadas longitudinalmente no meio (Figura 2) para o acesso de tratores dentro da terra indígena. A ponte foi feita nos últimos 15 dias por invasores do território.

Mapa-Resex-Lago-do-Capanã-Grande-e-das-TIs-1024x724Figura 1. Mapa da Reserva Extrativista Lago do Capanã Grande e das Terras Indígenas

Ponte-na-Resex-do-Lago-do-Capanã-Grande-Foto-Divulgação-1-1024x583Figura 2. Ponte feita de duas castanheiras no ramal ilegal na Reserva Extrativista Lago do Capanã Grande (Foto: Divulgação/Março de 2020)

Os indígenas e ribeirinhos estão alarmados com a possibilidade de violência pelos construtores do ramal e a provável invasão da área por grileiros e outros agentes do desmatamento. Como falou o cacique Ademor Leite Mura, “amanhã isto será campo”.

Não se sabe quem estaria financiando a construção do ramal.

Os autores:

Philip Martin Fearnside é pesquisador titular do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) há 42 anos. Lucas Ferrante e Maryane Andrade são alunos de pós-graduação no INPA, orientados pelo Dr. Fearnside, o primeiro no programa de doutorado em Ecologia e a segunda no programa de mestrado em Ciências de Florestas Tropicais.

*A fotografia que abre este artigo é da BR 319, que liga os estados do Amazonas e Rondônia. (Foto: Fernando O G Figueiredo/ PPBIO-CENBAM)

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Este material foi originalmente publicado pelo site “Amazônia Real” [Aqui!].

Praia do Açu tem mais uma “novidade”: um visitante que chega nas areias sem pedir licença

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Se não bastasse os problemas causados pela erosão da faixa litorâneo, os moradores da Praia do Açu agora estão sobressaltados com mais uma novidade: a chegada de uma grande quantidade de um pequeno animal marinho na areia, especialmente nos dias de mar mais agitado.  Os moradores estão ainda mais preocupados com as informações dando conta que esses animais estão se reproduzindo com muita rapidez e estão nas pedras do quebra-mar do T1 e T2 do Porto do Açu.

Como não se sabe qual é a espécie envolvida nesse fenômeno, o passo mais objetivo seria o INEA ou a Prumo Logística Global realizarem uma coleta de  espécimens deste animal para que o mesmo possa ser identificado, de modo a, por exemplo, se é uma espécie endêmica à região ou, o pior dos mundos, uma espécie exótica. Aliás, há que se lembrar que um problema bastante recorrente é a disposição de animais exóticos pelo despejo de água de lastro de navios que entram e saem de instalações portuárias. O estado do Rio de Janeiro já possui várias exóticas causando danos aos ecossistemas naturais litorâneos. Nesse sentido, é que cresce a importância de se rapidamente identificar qual é este animal, de modo a dirimir essa dúvida. 

De toda forma, como os moradores consultados me disseram que nunca tinham visto esse animal e, tampouco, nas quantidades que estão chegando às areias da Praia do Açu, o que provavelmente temos é mais um sintoma de desiquilíbrio ambiental, que vem se somar aos vários outros que já tinham sido identificados previamente (por exemplo: o processo de erosão que também atinge a Praia do Açu).

Para tornar ainda mais clara a dimensão da situação, posto abaixo um vídeo que mostra os animais ainda flutuando no topo da coluna de água marinha na Praia do Açu. E, sim, cada ponto negro na imagem é um exemplar desta “simpática” criatura!

 

 

Moradores do Açu se assustam com o avanço do mar

A maré esteve tão alta, que o mar invadiu boa parte do Destacamento de Polícia Ostensiva (DPO) e o Posto de Urgência

Moradores do Açu se assustam com o avanço do mar (Foto: Montagem/JTV)

Cerca de duas mil pessoas poderão ser afetadas com o avanço do mar na Praia do Açu, em São João da Barra. Na tarde de terça-feira (23 de setembro), a água invadiu a Rua Principal e assustou moradores. Algumas casas e estabelecimentos comerciais  foram tomados pela água.

Um dia depois do avanço repentino, nesta quarta-feira (24), a equipe de reportagem do jornal Terceira Via esteve na Praia do Açu e conferiu os prejuízos deixados pela fúria do mar. A maré esteve tão alta, que o mar invadiu boa parte do Destacamento de Polícia Ostensiva (DPO) e o Posto de Urgência.

Olga Almeida, de 64 anos, que é nascida e criada na praia do Açu, conta que nunca viu um fenômeno da natureza tão ameaçador como a invasão do mar na tarde de terça. 

“Em 64 anos de vida nunca vi tamanha fúria da natureza. Acho que isso se deve à modernidade chamada Porto do Açu. Antes desse mega empreendimento ser construído aqui, natureza e homem sempre viveram em perfeita harmonia”, desabafou a moradora.

Já a aposentada Nelzira Gomes, que mora há menos de 100 metros de onde a água invadiu, diz que apesar de nunca ter visto o mar chegar ao asfalto, declara que não temeu a força das águas.

“Isso já é esperado por nós, moradores. Sinceramente não sei até que ponto o complexo portuário interfere no avanço do mar, mas como diz a palavra de Deus, quem tem fé não há o que temer”, disse.

Segundo Adriano Assis – coordenador da Defesa Civil de São João da Barra – nenhuma família precisou ser removida e a situação na praia já foi normalizada. Ele enfatiza que o que aconteceu na terça-feira foi um fenômeno já esperado pelo órgão. “A maré estava muito alta e, como a estrada é baixa, é normal acontecer este tipo de situação. De qualquer forma, mesmo após a situação já ter praticamente voltado ao normal, estamos atentos para que ninguém sofra nenhum incidente”, explicou.

Preocupada com a situação, a Câmara de Vereadores da cidade vai promover uma reunião pública para tentar responder aos questionamentos do vereador Franquis Arêas, sobre se as obras do Porto estariam causando a erosão e o avanço do mar na praia do Açu. A audiência pública acontecerá no dia 1º de outubro.

FONTE: http://www.jornalterceiravia.com.br/noticias/norte-noroeste-fluminense/56269/moradores-do-a

Preso fazendeiro que articulava invasão de terras no Mato Grosso

Fazendeiro preso pela PF era articulador de invasões de terra indígena, e revelou como a CNA da suporte para deputados ruralistas contra os povos indígenas na PEC 215

Sebastião Prado

Conversa telefônica legalmente interceptada, revela que o líder ruralista Sebastião Ferreira Prado planejava o pagamento de R$ 30 mil a advogado ligado à Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que seria o responsável pelo relatório da PEC 215, na Comissão Especial que aprecia a matéria na Câmara dos Deputados. No diálogo interceptado, Sebastião afirma que “o cara que é relator, o deputado federal que é o relator da PEC 215, quem tá fazendo pra ele a relatoria é o Rudy, advogado da CNA, que é amigo e companheiro nosso”.

O diálogo que revelou a interferência indevida de ruralistas na tramitação do Projeto de Emenda Constitucional 215 (PEC 215) foi interceptado, com autorização judicial, durante as investigações da organização criminosa envolvida com as reiteradas invasões à Terra Indígena Marãiwatsédé, da etnia Xavante, no nordeste de Mato Grosso.

Sebastião Prado, líder da Associação de Produtores Rurais de Suiá-Missu (Aprossum), está preso desde o dia 7 de agosto quando o Ministério Público Federal e a Polícia Federal deflagraram a operação para desarticular a atuação do grupo que coordenava e aliciava pessoas para resistirem à desocupação do território indígena. O grupo recebia recursos de apoiadores de outros Estados para financiar suas atividades, inviabilizando a efetiva ocupação do território pelos índios.

A influência do movimento de resistência extrapolava os limites de Mato Grosso e influenciava, também, conflitos na Bahia, Paraná, Maranhão e Mato Grosso do Sul.

Inicialmente, Sebastião Prado foi preso temporariamente, mas em requerimento apresentado à Justiça Federal no dia 11 de agosto, o MPF sustentou que a manutenção da prisão de Sebastião Prado tutela o “direito fundamental a um ordenamento jurídico constitucional estabelecido de modo legítimo, livre de interferências indevidas, segundo os princípios democráticos e republicanos que devem fundamentar a conformação ética, política e jurídica da sociedade brasileira”. O MPF acrescentou que o fato de a conduta da liderança ruralista direcionar-­se a corromper a edição de ato normativo destinado a transformar a própria ordem constitucional é circunstância sobremaneira gravosa, a exigir do Poder Judiciário medida capaz de obstar tal situação, ameaçadora do próprio estado de direito e da ordem republicana e democrática.

Ao apreciar o requerimento do MPF, a Justiça Federal entendeu que o lobby no âmbito do Congresso Nacional é um aspecto inerente ao próprio processo político, sendo que, a princípio, nada há de mais em se tentar influenciar o relator da PEC 215. Todavia, o juiz afirma que “o problema reside exatamente no meio utilizado para se efetuar o lobby, no caso mediante pagamento ao advogado (ou assessor) responsável pela elaboração do parecer, envolvendo inclusive a Confederação Nacional da Agricultura – CNA”.

Acrescentou o magistrado federal que “o fato de o relatório da PEC 215/2000 ter sido, supostamente, ‘terceirizado’ para a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), representa, a princípio, um desvirtuamento da conduta do parlamentar responsável pela elaboração da PEC, eis que a CNA é parte política diretamente interessada no resultado da mencionada PEC”.

 Ao final da decisão que decretou a prisão preventiva de Sebastião Prado, a Justiça Federal ressaltou que “o objeto da PEC é exatamente poder rever a demarcação de terras indígenas já consumadas como é o caso de Marãiwatsédé, o que justifica a atitude do investigado e demais pessoas, ao tentarem a todo custo – segundo informações do MPF –, permanecer na área da reserva indígena, em total afronta a decisão judicial, transitada em julgado, na mais alta Corte deste País, no caso o Supremo Tribunal Federal”.

Diversas diligências investigatórias ainda estão em curso, sendo que os documentos relacionados à possível participação de parlamentares federais no caso foram remetidos à Procuradoria Geral da República para que sejam adotadas as medidas cabíveis.

Assessoria de Comunicação do Ministério Público Federal no Mato Grosso

O estranho caso da invasão da propriedade rural do deputado Paulo Melo

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Venho lendo informações desencontradas sobre a invasão/assalto à fazenda que o presidente da ALERJ, deputado Paulo Melo (PMDB), possui no município de Rio Bonito.  Há várias questões nebulosas cercando o evento, incluindo a natureza do incidente (invasão ou assalto?) e a lesão sofrida por Paulo Melo que o obrigou a dar entrada neste domingo no Hospital Copa D´Or para passar uma segunda cirurgia por causa de uma fratura no pé que Paulo Melo teria sofrida durante a fuga que realizou para escapar dos invasores.

Este incidente vem num péssimo momento para milhares de servidores que estão esperando que a ALERJ analise e aprove mais de 30 mensagens enviadas pelo (des) governo Pezão para recompor salários. É que com Paulo Melo hospitalizado, as negociações em curso poderá ser completamente descarrilhadas. A ver!

O paradoxo da segurança no Maracanã

Cerca de 150 torcedores chilenos se infiltram no estádio apesar da enorme presença policial

Por PEDRO CIFUENTES

Torcedores do Chile no Maracanã. / MATTHIAS HANGST (GETTY IMAGES)

Isso não é uma festa do esporte? Mas está cheio de metralhadoras e não tem cerveja!”, dizia na quarta-feira à tarde diante do Maracanã Alberto R., um espanhol de Cádiz residente no Rio há um ano e que nunca tinha visitado o templo do futebol brasileiro. Centenas de policiais armados até os dentes, distribuídos em fileiras, vigiavam as redondezas do estádio minuciosamente. A sua presença por si só já havia dissuadido os habituais vendedores de latinhas de cerveja que acompanham qualquer aglomeração festiva no Rio de Janeiro. Os proprietários de bares limítrofes apontavam para os agentes e repetiam “Não posso, não posso, só refrigerantes…” diante dos milhares de pedidos recebidos. Vários helicópteros da polícia sulcavam o céu do Maracanã, e a fragata do Exército permanecia ancorada em Copacabana. 

As baterias de mísseis terra-ar continuavam em alguns terraços do bairro. O tráfico estava interrompido havia seis horas. Vários cordões policiais se espalhavam em um perímetro de dois quilômetros ao redor do estádio para evitar qualquer manifestação por perto. Tudo estava disposto para que o risco fosse “zero”, como havia anunciado recentemente à imprensa o diretor de segurança do Comitê Organizador Local, Hilario Medeiros.

Torcedores do Chile no centro de mídia do Maracanã. / YASUYOSHI CHIBA (AFP)

Mas, como no domingo passado, algo voltou a falhar nas portas do estádio. Se no dia da partida entre Argentina e Bósnia vários vídeos de causar vergonha mostravam 80 torcedores argentinos infiltrando-se no estádio diante do olhar espantado de dois agentes de segurança, ontem 150 chilenos derrubaram uma cerca de segurança perto do setor da imprensa e protagonizaram uma cena surrealista de corre-corre pela ampla sala de imprensa antes que 87 deles fossem controlados pelos serviços de segurança e postos à disposição da polícia. Foi um milagre que não tenha havido vítimas. Poucas horas depois de detidos, as autoridades brasileiras lhes deram 72 horas para abandonar o país. “Não tínhamos entradas, a revenda estava caríssima”, disse um dos invasores à BBC. Outro deles, professor de identidade não revelada, contou que tinha viajado com quatro amigos em um carro desde Santiago do Chile (a 3.800 quilômetros) e não tinham conseguido comprar de revendedores ingressos a preço acessível, apesar de estarem dispostos a pagar 800 dólares (1.780 reais) por cada um deles. As entradas de Espanha e Chile eram vendidas a 3.000 reais (1.350 dólares) nas portas do estádio uma hora antes do começo da partida.

A FIFA admitiu sentir-se “envergonhada” pelo incidente, o segundo do tipo em duas partidas, embora tenha rejeitado qualquer responsabilidade pelo assunto. “Temos de proteger os jornalistas e temos de proteger os torcedores”, afirmou no próprio Maracanã o diretor de segurança da FIFA, Ralf Mutschke. Sua entrevista coletiva à imprensa foi interrompida em várias ocasiões por perguntas iradas de jornalistas brasileiros que falavam de “fiasco da organização”. Outros incidentes em estádios incluíram a ausência de 200 agentes de segurança contratados, durante uma partida em Fortaleza, e a introdução de rojões na Arena Pantanal, de Cuiabá, por ocasião do jogo do Chile com a Austrália. Mutshcke revelou que na quarta-feira no Maracanã foi confiscada “uma mesa inteira de navalhas e rojões”.

Diante dos protestos em particular de vários governos estaduais e do Governo Federal, a FIFA e o Comitê Organizador Local (COL) emitiram uma nota de imprensa na qual garantiram que os torcedores “não conseguiram chegar até as arquibancadas do estádio”, apesar de outras versões afirmarem que alguns foram puxados por compatriotas até as bancadas e conseguiram fugir da perseguição do questionado serviço privado de segurança contratado pelo COL. Este jornal viu um torcedor argentino aproveitar a confusão causada pela invasão e entrar no estádio enquanto fazia fotos dos intrusos com uma câmera não profissional, misturando-se com os jornalistas credenciados.

A segurança do estádio é de competência exclusiva do Comitê Organizador Local, sendo a polícia responsável por cuidar da ordem pública nas ruas ao redor. A partir da próxima partida no Maracanã (Bélgica e Rússia, no domingo), a polícia vigiará também a manutenção da segurança no estádio. Pelo que se viu na quarta-feira, pode esperar-se um aparato de segurança próprio de um estado de exceção.

O Cônsul do Chile no Rio, Samuel Ossa, disse na noite de domingo que os detidos “não são delinquentes, mas fanáticos cuja paixão pelo futebol os levou a cometer um erro”. Mais contundente foi o presidente da Federação Chilena de Futebol, Sergio Jadue, que qualificou o incidente de “completamente condenável” e afirmou que iniciará os trâmites legais para impedir por toda a vida o acesso dos 87 torcedores deportados aos estádios de futebol (dentro e fora do Chile).

FONTE: http://brasil.elpais.com/brasil/2014/06/20/deportes/1403223486_946356.html