A pergunta do dia: em qual contrato Sérgio Cabral não pegou propina?

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O jornal Folha de São Paulo publicou hoje uma matéria assinada pelo jornalista Ítalo Nogueira onde é informado que a Polícia Federal encontrou indícios de que o ex (des) governador Sérgio Cabral teria recolhido propinas milionárias nos contratos firmados para a realização de obras após as chuvas catastróficas que se abaterem sobre a região Serrana no início de 2011 (Aqui!).

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Essa é uma informação que me causa indignação particular. É que estive em Nova Friburgo logo após o final das chuvas com doações recolhidas na Universidade Estadual do Norte (Uenf) para os moradores da cidade, pude ver todo a destruição que as chuvas causaram, inclusive senti aquele cheiro que cadáveres produzem com grande clareza. 

Agora se confirmam as denúncias que já apareciam logo após as assinaturas dos contratos para obras emergenciais? Ora, qual é o tipo de ser humano que aproveita do sofrimento alheio para cobrar propinas? Certamente um que não deveria  jamais estar ocupando um papel de comando como o que Sérgio Cabral ocupo por dois mandatos.

E pensar que Sérgio Cabral foi completamente endeusado pela mídia corporativa e pelas elites do Rio de Janeiro por tanto tempo. Enganados esses setores não estavam. Então é de se perguntar qual foi o retorno dado a tanto endeusamento.

 

Com prisão decretada, Eike Batista tem muitos segredos para delatar

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O jornalista Ítalo Nogueira é o autor e co-autor de duas reportagens que foram publicadas pelo jornal Folha de São Paulo na manhã desta 5a. feira (26/01) que deverão causar tremores de Bangu até São João da Barra. É que essas reportagens tratam da prisão do ex-bilionário Eike Batista e dos seus negócios escusos com o ex-(des) governador Sérgio Cabral  (Aqui! e  Aqui!).

Que Eike Batista era uma espécie de bola da vez já se sabia desde que o seu império de empresas pré-operacionais ruiu estrondosamente em 2013. E sinceramente nunca entendi direito como Eike conseguiu passar relativamente incólume por todas as fases da operação Lava Jato, dado que suas estripulias já tinham sido bem documentadas no livro “Tudo Ou Nada – Eike Batista E A Verdadeira História Do Grupo X“ de Malu Gaspar  (Aqui!). É que em trechos daquele livro ficou mais do que explicito as íntimas relações que existiram entre Batista e outro personagem que hoje se encontra completamente encrencado com a justiça, o ex (des) governador Sérgio Cabral.

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Em se tratando dos aspectos mais importantes dessa relação, o que reportagem solo de Ítalo Nogueira nos mostra é que o mesmo esquema de contratos fictícios detectado em outros recebimentos de propinas utilizados por Sérgio Cabral foram feitos por Eike Batista para lhe repassar US$ 16,5 milhões numa conta offshore.

Mas esqueçamos um pouco das reportagens da Folha de São Paulo e nos concentremos numa das joias da coroa de latão de Eike Batista, o Porto do Açu. A estas alturas do campeonato, me parece que um dos locais para onde ele dirigirá seus olhos numa eventual delação premiada é justamente o megaempreendimento fincado no litoral de São João da Barra.

Por que digo isso? Ora, porque foram tantos bilhões aplicados ali que não há como acordos escusos entre a dupla Eike Batista e Sérgio Cabral não tenham tido as águas lamosas do Açu como cenário de fundo.  Um desses acordos certamente envolve as escandalosas desapropriações de terras que prejudicaram e continuam centenas de famílias agricultores familiares do V Distrito de São João da Barra, cuja venda sem licitação para Eike Batista resultou numa Ação Civil Pública que corre em segredo de justiça (Aqui!).

Desconfio que muita gente, incluindo políticos e empresários, que vive no eixo Campos dos Goytacazes-São João da Barra amanheceu sobressaltado nesta 5a. feira. É que quem, como eu, já andou pelas estradas empoeiradas que cercam o Porto do Açu já certamente ouviu narrativas mirabolantes de relações pouco republicanas envolvendo os negócios feitos por Eike Batista com poderosos locais.   E quem esqueceria, por exemplo, que em seus tempos áureos  Batista foi presenteado com a maior honraria municipal de São João da Barra, a medalha Barão de São João da Barra pela novamente prefeita Carla Machado?

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Eu particularmente espero que os agricultores humildes, que foram expropriados de pequenas propriedes de onde tiraram seu sustento por mais de uma geração apenas para vê-las transformadas em um grande estoque de terras  improdutivas, tenham agora o seu momento de justiça. Por uma dessas coincidências, estive ontem com um deles, o Sr. Reinaldo Toledo, para pagar-lhe uma visita de ano novo. Lá o encontrei do alto de seus quase 81 anos, em sua costumeira postura altiva e generosa, ainda indignado com  o fato de ainda estar pagando o Imposto Territorial Rural (ITR) da propriedade que lhe foi tomada pela CODIN para ser entregue a Eike Batista.  Espero que a eventual prisão de Eike Batista abra o caminho para a longa e devida destiruição de sua terra.

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