Em audiência pública, secretário estadual de Saúde do MS enfrenta negacionistas da COVID-19 e os chama de “nazistas e fascistas da atualidade”

geraldo resende

Secretário estadual de Saúde do MS, Geraldo Resende, responde de forma dura a manifestantes que impediam realização de audiência pública na Câmara de Vereadores de Campo Grande

Em uma audiência pública realizada para discutir a implantação de um “passaporte da imunidade” no estado do Mato Grosso do Sul, o secretário estadual de Saúde,  Geraldo Resende, resolveu literalmente nome aos bois e chamou manifestantes de “nazistas e fascistas da atualidade” por tentarem se opor aos esforços realizados para conter a continuidade da pandemia da COVID-19, dizendo que a maioria do povo os irá colocar na lata de lixo da história (ver vídeo abaixo).

De quebra, Resende defendeu que se avance na implantação de um passaporte sanitário no Mato Grosso do Sul como forma de proteger vidas e deter a pandemia da COVID-19.

Eu diria, sem conhecer a trajetória do secretário estadual de Saúde do MS que ele disse o que muitos pensam e não têm coragem ou oportunidade de dizer.

Mário Magalhães pergunta: PM apreende ‘Marighella’ em protesto. Queimará livros, como os nazistas?

Por Mário Magalhães

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Reprodução de tuíte da revista “Veja São Paulo” – 1º.julho.2014

Na versão do romance “A menina que roubava livros” para o cinema, as salas de exibição se iluminam com a luz das imagens das imensas fogueiras queimando livros na Alemanha nazista.

Nos tempos de barbárie, nos anos 1930 e 40, os mesmos algozes que incineravam seres humanos vivos em fornos dos campos de concentração eram os censores que destruíam bibliotecas inteiras e proibiam a leitura de um sem-número de obras.

Aqueles tempos se foram, mas parecem ter deixado saudade em alguns intolerantes.

Entre as 18h e as 19h desta terça-feira (1º de julho), a conta da revista “Veja São Paulo” (@VejaSP) no Twitter informou: “Livro encontrado pela polícia em mochila de manifestante na Praça Roosevelt”.

Abaixo da legenda, uma fotografia mostrava a biografia “Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo”.

No fim da noite, o tuíte foi apagado pela @VejaSP. Entre as dezenas de pessoas que generosamente me informaram do episódio, houve quem copiasse e me enviasse a foto, reproduzida  lá em cima.

Escrito por mim e editado pela Companhia das Letras, o livro foi lançado em outubro de 2012. Já teve 38 mil exemplares impressos e recebeu seis prêmios literários e jornalísticos. Vai virar filme dirigido por Wagner Moura e produzido pelo diretor estreante e a produtora O2, de Fernando Meirelles.

Trocando em miúdos: durante um protesto pacífico, a Polícia Militar do Estado de São Paulo apreendeu a biografia “Marighella” que um manifestante carregava na mochila.

O ato na praça Roosevelt, na capital paulista, reuniu centenas de manifestantes que reivindicam a libertação de dois ativistas presos.

Apesar do caráter pacífico do protesto, a PM deteve dois advogados e no mínimo outras quatro pessoas, disparou balas de borracha, lançou bombas de gás e empregou, também contra repórteres, spray de pimenta (leia reportagem da ‘Folha’ clicando aqui).

Manifestantes tiveram as mochilas revistadas e o conteúdo exposto, inclusive o livro.

Por que os policiais militares procederam assim?

É crime ler a biografia de Carlos Marighella (1911-1969)?

Abre-se uma caça às bruxas a quem pretende, gostando ou não do personagem, conhecer a trajetória do revolucionário brasileiro?

Durante décadas, certa historiografia oficial se empenhou em eliminar Marighella da história do Brasil.

Mas livros sobre ele só eram apreendidos durante a ditadura instaurada em 1964.

A PM paulista poderia esclarecer se adotou a política _inconstitucional_ de recolher livros.

Em caso positivo, o que faz com os volumes? Queima-os, como os nazistas?

Ou o procedimento só se aplica à biografia de Marighella?

Se fosse outro o livro não teria sido subtraído do cidadão?

Quem determina, em flagrante ofensa à lei e à democracia, que livro é ou não autorizado?

Por que exibiram a biografia como “troféu de guerra”?

Não está em questão se o livro é bom, ruim ou mais ou menos _cada leitor tem sua opinião, legítima. Ou se o personagem vale ou não uma missa. Mas, sim, o direito à difusão de conhecimento histórico, bem como a liberdade de expressão e o acesso à informação.

Estamos em 2014, mas às vezes não parece.

FONTE: http://blogdomariomagalhaes.blogosfera.uol.com.br/2014/07/02/pm-apreende-marighella-em-protesto-queimara-livros-como-os-nazistas/