Cartórios de Campos dos Goytacazes registram 1º semestre com mais óbitos e menos nascimentos da história

Nunca se morreu tanto em um primeiro semestre como em 2021. Cidade também registrou crescimento vegetativo negativo pela primeira vez na história
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A pandemia da COVID-19 vem causando um profundo impacto nas estatísticas vitais da população brasileira. Além das quase de 2 mil vítimas fatais atingidas pela doença, o novo coronavírus vem alterando a demografia de uma forma nunca vista desde o início da série histórica dos dados estatísticos dos Cartórios de Registro Civil de Campos dos Goytacazes, em 2003: nunca se morreu tanto e se nasceu tão pouco em um primeiro semestre como neste ano de 2021, resultando, pela primeira vez na história da cidade, em um crescimento vegetativo negativo em um semestre completo.

Os dados constam no Portal da Transparência do Registro Civil (https://transparencia.registrocivil.org.br/inicio), base de dados abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos praticados pelos Cartórios de Registro Civil do País, administrada pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), cruzados com os dados históricos do estudo Estatísticas do Registro Civil, promovido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base nos dados dos próprios cartórios brasileiros.

Em números absolutos os Cartórios campistas registraram 3.055 óbitos até o final do mês de junho. O número, que já é o maior da história em um primeiro semestre, é 54% maior que a média histórica de óbitos de Campos, e 32,5% maior que os ocorridos no ano passado, com a pandemia já instalada há quatro meses no estado. Já com relação a 2019, ano anterior à chegada da pandemia, o aumento no número de mortes foi de 34,6%.

Com relação aos nascimentos, a cidade registrou o menor número de nascidos vivos em um primeiro semestre desde o início da série histórica em 2003. Até o final do mês de junho foram registrados 4.055 nascimentos, número 7% menor que a média de nascidos na cidade desde 2003, e 2% menor que no ano passado. Com relação à 2019, ano anterior à chegada da pandemia, o número de nascimentos caiu 11% na maior cidade do Norte Fluminense.

O resultado da equação mostra que a diferença entre nascimentos e óbitos que sempre esteve na média de 2.380 nascimentos a mais, ficou positiva em 1.000 óbitos, ou seja, mesmo com a pandemia, Campos registrou mais nascimentos do que óbitos no semestre e um aumento de 58% na variação em relação à média histórica. Em relação a 2020, o aumento foi de 45,5%, e em relação a 2019 foi de 56,4%.

“O Portal da Transparência vem sendo usado por toda a sociedade para ter um retrato fiel do que tem acontecido no País neste momento de pandemia”, explica Humberto Monteiro da Costa, presidente da Arpen-RJ. “Os números mostram claramente os impactos da doença em nossa sociedade e possibilitam que os gestores públicos possam planejar as diversas políticas sociais com base nos dados compilados pelos Cartórios”, completa.

Natalidade e Casamentos

Embora não seja a regra, a série histórica do Registro Civil demonstra que o aumento no número de casamentos está diretamente ligado ao aumento da taxa de natalidade em Campos, o que deve fazer com que os nascimentos ainda demorem um pouco a serem retomados, já que no primeiro semestre de 2021 a cidade registrou o sexto menor número de casamentos desde o início da série histórica.

Apenas 10,3% menor que a média histórica de casamentos no primeiro semestre da cidade de Campos dos Goytacazes, o número de matrimônios em 2021 mostra considerável recuperação em relação às celebrações do ano passado, fortemente impactadas pela chegada da pandemia que adiou cerimônias civis em virtude dos protocolos de higiene necessários à contenção da doença. Até junho deste ano os Cartórios celebraram 1.080 casamentos civis, número 30% maior que os 833 matrimônios realizados no ano passado, mas ainda 14% menor que os 1.255 casamentos celebrados em 2019.

Sobre a Arpen/RJ

A ARPEN-RJ, entidade de utilidade pública, nos termos da lei 5462/2009, se destina, entre os objetivos estatutários, a promover o aperfeiçoamento do registro civil de pessoas naturais e de interdições e tutelas no estado do Rio de Janeiro, bem como apoiar as iniciativas nacionais nessa área.

Números discrepantes da pandemia da COVID-19 colocam em xeque a “Fase Verde” adotada em Campos dos Goytacazes

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Já externei neste blog minhas dúvidas sobre a pertinência da adoção da chamada “Fase Verde” em Campos dos Goytacazes, pois informações chegadas de diferente partes do município dão conta de que está ocorrendo um agravamento dos casos de infecção e morte por COVID-19 em áreas onde até recentemente os efeitos da pandemia estavam razoavelmente leves.

A partir dessas dúvidas realizei um levantamento em três fontes de dados (Ministério da Saúde, Secretaria Estadual de Saúde e Prefeitura Municipal ) para verificar inicialmente como anda a totalização de óbitos por COVID-19 em Campos dos Goytacazes.

Na base de dados do Ministério da Saúde, o total de óbitos é de 1.440  e 26.383 casos confirmados (ver figura abaixo).

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Quando verifiquei a base de dados da Secretaria Estadual de Saúde, os dados que apareceram são ligeiramente diferentes, com o total de mortos sendo de 1.449 e os mesmos de 26.383 de infecções (ver figura abaixo).

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Entretanto, ao se acessar a página oficial da Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes na rede social Facebook, o número de mortes causadas por COVID-19 cai para 1.408, enquanto que o número de infecções sobe para 33.925 casos (ver figura abaixo).

FIGURA 3 COVID-19

Aqui fico realmente curioso, pois como podemos ter nos registros da Prefeitura de Campos dos Goytacazes, 7.542 infecções a mais do que o que consta no Ministério da Saúde e na Secretaria Estadual de Saúde, enquanto que o número de mortes a diferença é de 41 mortes a menos em relação aos dados federais e 32 em relação aos dados estaduais.

Além dessas divergências, há que se notar que os dados da Prefeitura estiverem corretos, temos ainda 8.934 casos ativos da COVID-19 no município de Campos dos Goytacazes.

Uma consequência das discrepâncias observadas me parecem óbvia. É que ao se inflar o número de infecções e se diminuir o de mortes, o que temos é a redução da taxa de letalidade da COVID-19 em Campos dos Goytacazes. Com isso, se viabiliza por exemplo a adoção da chamada “Fase Verde”. 

Entretanto, algo ainda mais importante em minha opinião a partir da análise apenas dos dados de infecções e óbitos nas bases analisadas se refere à forma que está se dando monitoramento, investigação e encerramento dos casos de COVID-19 pela Vigilância Epidemiológica de Campos dos Goytacazes. No mínimo, fica evidente que está havendo uma inexplicável incongruência com os dados disponíveis nos níveis nacional e estadual.  A questão importante é do porquê que isto está ocorrendo e por responsabilidade de quem.

 

Campos dos Goytacazes registra mais de 100% de aumento nos óbitos por COVID-19 frente à média da pandemia em no mês de maio

Dados dos Portal da Transparência dos Cartórios de Registro Civil revelam que mesmo com queda nos óbitos em comparação com o mês passado, números ainda estão acima da média

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Com o segundo pior número de mortes desde o início da pandemia da Covid-19 em Campos dos Goytacazes, o mês de maio mostrou queda nos números da doença e com isso, um indício de que a vacinação na cidade começa a surtir efeito. Mas se comparados com a média de óbitos causados pelo novo coronavírus desde a chegada da doença na cidade, o mês que se encerrou registrou aumento de 114% no número de falecimentos, registrando 224 mortes, frente a uma média de 87 óbitos.

Os números de maio só são melhores quando comparados com os números de óbitos registrados em abril deste ano. Na comparação com março, maio aponta aumento de 88% no número de óbitos, enquanto na comparação com abril houve queda de 23,3%. Em números absolutos, maio registrou 224 óbitos causados pelo novo coronavírus, março 119, e abril 292.

Os dados constam no Portal da Transparência do Registro Civil (https://transparencia.registrocivil.org.br/inicio), base de dados abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos praticados pelos Cartórios de Registro Civil do País, administrada pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), e podem ainda sofrer mudanças, uma vez que o prazo legal para envio de óbitos à plataforma nacional pode chegar a até 12 dias do falecimento. 

“É possível acompanhar mês a mês a variação dos dados de óbitos pelo Portal da Transparência dos Cartórios de Registro Civil e o que ela nos mostra é que mesmo com a diminuição de óbitos na faixa etária que já foi vacinada, os números ainda são muito expressivos e estão muito acima da média historicamente registrada do Estado. Portanto, nos mostra o quanto a vacinação tem sido eficaz e por este mesmo motivo, o quanto ela deve ser acelerada para que mais vidas sejam poupadas”, explica Humberto Costa, presidente da Arpen RJ.

Maio/20 x Maio/21

Um ano depois, maio de 2021 registrou aumento de 322% dos óbitos em Campos dos Goytacazes em comparação com o mesmo mês de 2020. Em números absolutos foram 224 mortes no mês passado frente a 53 em maio do ano passado. Na mesma comparação, 18 Estados apresentam números maiores este ano, enquanto nove apresentam redução quando comparados ao mesmo período do ano passado.

Já no Brasil, maio de 2021 registrou um aumento de 71,9% dos óbitos no Brasil em comparação com o mesmo mês de 2020. Em números absolutos foram 49.282 mortes no mês passado frente a 28.667 em maio do ano passado. Na mesma comparação, 18 Estados apresentam números maiores este ano, enquanto nove apresentam redução quando comparados ao mesmo período do ano passado.

Sobre a Arpen/RJ

A Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado do Rio de Janeiro (Arpen/RJ) representa os 179 cartórios de registro civil, que atendem a população em todos os 92 municípios do Estado, além de estarem presentes em todos os distritos e subdistritos, realizando os principais atos da vida civil de uma pessoa: o registro de nascimento, casamento e óbito.

FONTE: Assessoria de Imprensa da Arpen Rio de Janeiro

COVID-19: Brasil já é o 3o. em casos de pacientes em condições críticas

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Com dados disponibilizados pelo site “Worldmeters“, a  tabela abaixo mostra a situação dos 15 países com maior número de casos infecção pelo coronavírus, com um destaque para o Brasil que já subiu para o 12o. lugar em termos de infectados.

quadro geral

Um fato que me chamou a atenção é a discrepância do número total de casos com o de número de doentes em situação crítica (aqueles que requerem a internação em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e até o uso de respiradores mecânicos. É que enquanto no número de infecções o Brasil é apenas o 12o. colocado, o nosso país é o 3o. em termos de pacientes considerados como estando em condição crítica.

Essa discrepância leva à inexorável questão que o eventual colapso das unidades hospitalares que abrigam pacientes em condições críticas terá na quantidade de óbitos. É que segundo um estudo realizado por pesquisadores do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China, a taxa de mortalidade nos casos críticos é de pelo menos 49%.

Contra uma estimativa mais exata do número de mortes que poderão ocorrer no Brasil conspira a alta subnotificação de pessoas infectadas, o que é agravado pelo baixíssimo número de testes que já foram realizados e tiveram seus resultados confirmados.  Nessa variável, o Brasil continua com apenas 62.985 testes realizados, com uma taxa de 296 testes por milhão de habitantes. No caso da Espanha, que é o segundo país com mais pacientes em condição crítica, o número de testes realizados é 930.230, com uma taxa de 19.986 testes realizados por milhão de habitantes. A nota aqui é que a Espanha se encontra em um processo de achatamento da sua curva de novas infecções e de óbitos, justamente porque impôs normas de isolamento social associadas ao aumento do número de pessoas testadas.

Em síntese, a situação do Brasil continua extremamente preocupante, pois, além do número de pacientes em condições críticas, o nosso país não está tomando as medidas necessárias para estimar as principais áreas em condições críticas em termos de novos casos de infecção, o que seria possível com a realização massiva de testes.

Neurologista adverte: “desacredite da versão oficial”. Coronavírus está matando muito mais

O neurologista Marcelo Eduardo Bigal demonstra em vídeo como o número de mortes por coronavírus no Brasil é muito maior do que indicam as estatísticas do governo: “Desacredite da versão oficial: ela é mentirosa”

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247 – O dr. Marcelo Eduardo Bigal, membro de corpo editorial da The Journal of Headache and Pain, membro de corpo editorial da BioMedCentral Neurology e professor assistente de Neurologia da Albert Einstein College Of Medicine demonstra como a epidemia de coronavírus está muito mais disseminada que a versão das autoridades brasileiras. Bigal demonstra como há muitos mais casos de coronavírus que as estatísticas oficiais apontam e que o número de mortes é maior que os números do governo indicam. “Desacredite da versão oficial: ela é mentirosa”.

 Ele também desmonta o mito da cloroquina num vídeo que postou no Facebook -assista abaixo.

Segundo o médico, há “uma enorme definformação”. Na ausência de testes no Brasil -o país é o que menos testa no mundo. O Brasil testa 296 pessoas por milhão; os Estados Unidos testam mais de 7 mil por milhão e, a Alemanha, 15 mil pessoas por milhão.

Bigal demonstra como o número de 4 mortes por coronavírus para cada milhão de pessoas (5 desde esta sexta-feira, 10) esconde a verdade sobre o número de casos fatais no Brasil.

Ele demonstra como a propaganda da cloroquina é uma mistificação disseminada por Bolsonaro. Ele fala em “irresponsabilidade” do governo e recomenda: as pessoas devem tomar cuidado por si próprias, ficar em casa, usar máscara, lavar as mãos e não tocar no rosto.

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Este artigo foi publicado originalmente pelo site “Brasil 247”  [Aqui!  ].

Número de mortes pelo coronavírus está subestimado no Brasil. Mas quanto?

covasCoveiros no cemitério Vila Formosa, em São Paulo.AMANDA PEROBELLI / REUTERS

Já comentei aqui o problema da subnotificação que, no Brasil, é um fato recorrente para diversas doenças, inclusive para a pandemia do coronavírus. A subnotificação implica em outro problema igualmente preocupante que é a diferença entre os que efetivamente morreram pela infecção causada pelo COVID-19 e aquilo que os registros oficiais apontam.

Os números atualizados pelo Ministério da Saúde (ver quadro abaixo) apontam que o Brasil teria até este caso, um total de 1.857 casos confirmados e 941 óbtidos atribuídos ao COVID-19, com o estado de São Paulo liderando o placar nacional em ambos os quesitos.

mortes casos covid

Pois bem, uma reportagem assinada pelo jornalista Carlos Madeiro e publicada pelo site UOL traz a informação que com base nas declarações de óbito registradas nos cartórios, os números oficiais estariam subestimados em cerca de 48%, o que elevaria o número real de mortos pelo COVID-19 para 1.392 óbitos. 

Um complicador para que se chegue a números mais precisos para se estimar com maior precisão o número de infectados pelo COVID-19 e os óbitos resultantes é que o Brasil continua aplicando um número irrisório de testes para confirmar se o coronavírus está presente em um determinada pessoa. Nesse caso a relação entre testes realizados/por milhão de pessoas é de 724. Apenas por comparação, no caso da Alemanha esta relação é de 15.730, o que explica não apenas a baixa letalidade que o COVID-19 está causando entre os alemães, mas também o grau de  precisão com que a pandemia está sendo acompanhada pelo governo alemão.

O maior problema dessa situação toda é que a maioria da população brasileira fica alijada do acesso a informações mais precisas sobre a gravidade que a pandemia causada pelo COVID-19 já alcançou no Brasil. Com isso, é inevitável que haja um relaxamento nas medidas de isolamento social, o que já pode ser facilmente observado em imagens que circulam nas redes sociais.

Por outro lado, este posição “relax” em relação a um vírus letal é estimulado por ocupantes de diferentes postos de governo, começando pelo presidente da república, passando pela maioria dos governadores e de prefeitos que negam a gravidade da pandemia, preferindo tratá-la com uma gripezinha. O problema é que o COVID-19 não é uma mera gripezinha, e seu grau de letalidade está sendo explicitado com assombrosa didática na população dos Estados Unidos da América.

plataforma fpsoFPSO Capixaba, da Petrobras, que produz e armazena petróleo no campo de Cachalote, no Parque das Baleias. Crédito: Agência Petrobras

Uma demonstração do que pode estar nos esperando por causa da postura negacionista e negligente de muitos governantes e de parte considerável da classe empresarial brasileira vem de um  navio plataforma estacionado entre o sul do Espírito Santo e a região Norte Fluminense (o FPSO Capixaba mostrado acima), onde foram registrados 53 casos de COVID-19 entre os trabalhadores que estavam a bordo. 

Imaginemos o que poderá ocorrer quando coronavírus penetrar com força nas áreas mais pobres das nossas regiões metropolitanas? Por isso, há que se rejeitar toda a confusão que ronda os supostos embates dentro do governo Bolsonaro e nos concentrar para aprofundar, e não afrouxar, o isolamento social. Do contrário, será como alertou o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD) em entrevista ao jornal “O TEMPO” quando ele disse que: “se a população achar que nossa curva está tranquila, que não vamos ter pico, preparem-se para virar Milão. Para jogar corpo em campo de patinação, como se faz na Espanha, porque não tem caixão para enterrar, ou como se faz no Equador, onde estão jogando caixão nas ruas“. Simples assim!