Cientistas, ONGs e MP divulgam carta contra mudanças no licenciamento ambiental

risoleta

Por Jornal GGN 

Na semana passada, cientistas, ONGs e o Ministério Público de São Paulo divulgaram uma carta criticando projetos que pretendem mudar o licenciamento ambiental no Brasil e que estão tramitando no Congresso. 

 
O grupo se reuniu na Esalq- USP, em Piracicaba e listou dez críticas para as propostas atuais e outras dez sugestões para mudanças. Para eles, o licenciamento precisa ser melhorado, mas não da maneira proposta pelo projetos de lei. 
 
Ao menos três deles tramitam em regime de urgência: o PL 3729/2004, o PLS 654/2015 e a PEC 65.  O primeiro coloca prazos menores para as análises, tira uma ou mais fases do licenciamento e possibilita que projetos similares sejam analisados em separado, ignorando o conjunto de impactos negativos.
 
Já o projeto no Senado cria um licenciamento “a jato” para empreendimentos de infraestrutura, enquanto a PEC 65 permite que o empreendimento tenha a licença com a simples apresentação de um estudo de impacto ambiental, feito pelo próprio empreendedor, praticamente tirando a existência do licenciamento. 
 
A PEC já foi considerada inconstitucional, mas os outros projetos e o primeiro pode ser votado junto com um dispositivo que traz flexibilizações para a agricultura. O Ministério do Meio Ambiente trabalha em um projeto para a Lei Geral do Licenciamento, que pretende acelerar o processo e também proteger o ambiente.
 
Para o grupo de pesquisadores, ambientalistas e promotores, é preciso tirar o regime de urgência dos projetos e discutir com mais tempo maneiras de aprimorar o licenciamento. 
 
Leia abaixo os pontos e as sugestões colocadas pelo grupo:
 
1. Não à supremacia de interesses privados aos interesses da coletividade;
2. Não à alteração do artigo 225, da Constituição Federal;
3. Não ao autolicenciamento;
4. Não à licença tácita por decurso de prazo;
5. Não à possibilidade de apresentação do Estudo Prévio de Impacto Ambiental como substituto da licença, sem a possibilidade de qualquer contestação administrativa ou judicial;
6. Não à dispensa do Estudo Prévio de Impacto Ambiental, a exclusivo critério do órgão licenciador;
7. Não à possibilidade de dispensa das Audiências Públicas;
8. Não à revogação da previsão de crime culposo, por conduta criminosa do servidor público nos procedimentos de Licenciamento Ambiental;
9. Não à precarização do sistema de gestão ambiental;
10. Não à dispensa de autorização dos municípios para uso e ocupação do solo e nas diretrizes ambientais, para fins de Licenciamento Ambiental.
 
Proposições e alterações legislativas:
 
1. Sim à retirada do regime de urgência na tramitação dos projetos de lei sobre Licenciamento Ambiental no Congresso Nacional;
2. Sim à destinação dos valores arrecadados com a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) para estruturação dos órgãos ambientais e envolvidos (aquisição de equipamentos, informatização, contratação e capacitação de pessoal), de maneira a agilizar o Licenciamento Ambiental;
3. Sim ao regramento objetivo dos requisitos para o licenciamento Ambiental, de maneira a trazer segurança jurídica a empreendedores e à sociedade civil, evitando-se falta de transparência e controle dos atos do poder público;
4. Sim ao cumprimento dos compromissos internacionais de proteção ao meio ambiente assumidos pelo Brasil, como em Paris, durante a COP 21;
5. Sim a intervenção dos órgãos técnicos dos demais entes federativos no procedimento do Licenciamento Ambiental, tais como ICMBIO, IPHAN, FUNAI, Comitês de Bacias Hidrográficas, Conselhos Estaduais e Municipais de meio ambiente;
6. Sim à manutenção do Licenciamento trifásico;
7. Sim à auditoria de todas as etapas do procedimento de Licenciamento Ambiental, por instituições isentas;
8. Sim à publicidade dos documentos e estudos técnicos produzidos durante o procedimento de Licenciamento Ambiental;
9. Sim à educação ambiental como condicionante para emissão das licenças ambientais, a título de contrapartida;

10. Sim à articulação institucional dos órgãos dos SISNAMA no procedimento de Licenciamento Ambiental.

FONTE: http://jornalggn.com.br/noticia/cientistas-ongs-e-mp-divulgam-carta-contra-mudancas-no-licenciamento-ambiental

Tramita no Senado a PEC que vai transformar o Brasil numa zona de sacrifício do capitalismo global. Esse sim é um golpe de mestre!

A imagem abaixo é uma reprodução parcial de uma matéria assinada pelo jornalista André Borges para o jornal “O ESTADO DE SÃO PAULO” e nos dá conta de uma ação que transformará definitivamente o Brasil numa zona de sacrifício ambiental e social do capitalismo global (Aqui!).

zona de sacrifício

A estratégia é tão simples quanto engenhosa. É que a partir de uma emenda à Constituição Federal qualquer empreendimento não poderá ser mais suspenso ou cancelado desde que o empreendedor apresente um Estudo de Impacto Ambiental (EIA).

Para quem não está familiarizado com o processo de licenciamento ambiental, o EIA é atualmente apenas o primeiro passo para que um projeto possa ser avaliado em termos de sua viabilidade social e ambiental. Com o que querem os senadores Blairo Maggi (o maior latifundiário da soja do mundo , do PMDB de Mato Grosso) e Acir Gurgacz (empresário de vários ramos, incluindo o transporte de passageiros, e presidente do PDT de Rondônia), o licenciamento ambiental perderá as poucas e frágeis garantias que possui atualmente para se transformar num mera formalidade.

A consequência disso será o completo desmantelamento do sistema de proteção ambiental brasileiro e objetivamente a liberação de todo e qualquer empreendimento econômico, independente do grau de poluição que cause ou dos danos sociais ambientais que dele possam decorrer. Em outras palavras, estaremos voltando ao Século XVI no que tange ao respeito aos ecossistemas naturais e à maioria da população brasileira.