O descaramento de reclamar de perder uma eleição roubada sob a ótica de Darcy Ribeiro

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No dia de ontem algumas centenas de apoiadores de Jair Bolsonaro foram às ruas pedir, na prática, a intervenção das forças armadas para corrigir um erro curioso que foi a derrota de seu candidato em uma eleição que ele controlou com mão de ferro, além de ter distribuído bilhões de reais com o objetivo explícito de garantir a sua própria vitória.

Em preparação para uma palestra sobre Darcy Ribeiro que talvez nem ocorra, pude visitar alguns dos elementos teóricos que deram suporte às principais obras do criador, entre outras, da Universidade Estadual do Norte Fluminense.  Se estivesse vivo, Darcy certamente reagiria com um misto de alegria e tristeza sobre um mesmo aspecto: a correção de suas análises sobre a natureza da formação e evolução do que chamamos de “povo brasileiro”.

Darcy, como poucos, entendeu a natureza persistente da herança escravocrata que embala parte da nossa população que até hoje permanece inconformada com o fim da escravidão negra que perdurou no Brasil por mais de quatro séculos. É esse sentimento de inconformismo, e que coloca essas pessoas para protestar em frente de quartéis e clamar para que os militares, mais uma vez com já fizeram tantas na história da república brasileira, intervenham para abafar a vontade da maioria.

Há quem diga que todos esses traços que misturam autoritarismo, misoginia, racismo e aporofobia são obra recente de uma extrema-direita empoderada pelas redes sociais.  Se olharmos para o que Darcy Ribeiro já escreveu, veremos que esses traços são persistentes e que explicitam a forma pela qual o Brasil foi constituído.

A pergunta que alguns podem se fazer é se estamos condenados a vivermos como um país que não consegue ultrapassar o seu passado escravagista. Novamente olhando para a receita oferecida por Darcy Ribeiro, veremos que existe esperança sim, mas ela não está na classe média iletrada e feliz em se manter em uma estrutura construída sobre a desgraça alheia. A esperança para Darcy Ribeiro sempre esteve justamente naquele segmento do povo brasileiro que resistiu a séculos de opressão para nos dar o que temos de melhor.

Quanto aos perdedores incomodados, para esses não há esperança, restando trabalhar para que eles aceitem a democracia e a vontade da maioria. Não será fácil, pois se há algo que esses indivíduos desgostam com gosto é viver em uma sociedade democrática.

Mina de lítio da Rio Tinto: milhares de manifestantes bloqueiam estradas em toda a Sérvia

Multidões gritavam slogans condenando o governo de Aleksandar Vučić, que apóia a planejada mina anglo-australiana de US $ 2,4 bilhões

serbiaManifestantes bloquearam uma rodovia no sábado para protestar contra o plano da Rio Tinto de minerar lítio na Sérvia. Fotografia: AFP / Getty Images

Agence France-Presse

Milhares de manifestantes bloquearam estradas principais em toda a Sérvia no sábado, enquanto a raiva aumentava em relação a um plano apoiado pelo governo para permitir que a mineradora Rio Tinto extraísse lítio.

Na capital, Belgrado, os manifestantes invadiram uma grande rodovia e ponte ligando a cidade aos subúrbios enquanto a multidão gritava slogans antigovernamentais enquanto alguns seguravam cartazes criticando o projeto de mineração.

Protestos menores foram realizados em outras cidades sérvias, com pequenas brigas entre manifestantes e contra-manifestantes em Belgrado e na cidade de Novi Sad, no norte, de acordo com relatos da mídia local.

“Eles permitiram que empresas estrangeiras fizessem o que quisessem em nossas terras. Eles nos colocaram em uma bandeja para todos que podem simplesmente vir e levar o que quiserem ”, disse Vladislava Cvoric, uma economista de 56 anos, durante o protesto.

Manifestantes acenam chamas durante uma manifestação em Belgrado contra a proposta do governo para uma mina de lítio.

Manifestantes acenam chamas durante uma manifestação em Belgrado contra a proposta do governo para uma mina de lítio. Fotografia: Zorana Jevtic / Reuters

O tenista sérvio Novak Djokovic compartilhou uma fotografia do protesto no Instagram e comentou que “ar puro, água e comida são fundamentais para a saúde”.

Os protestos seguiram-se a manifestações semelhantes na semana passada, durante as quais homens mascarados atacaram uma reunião em Sabac, no oeste da Sérvia – gerando indignação nas redes sociais e acusações de que o governo estava usando hooligans para reprimir o movimento.

Depósitos substanciais de lítio – um componente-chave para baterias de carros elétricos – foram encontrados ao redor da cidade de Loznica, onde a empresa anglo-australiana está comprando terras, mas ainda aguarda a luz verde final do estado para começar a mineração.

A Rio Tinto descobriu reservas de lítio na região de Loznica em 2006.

A empresa pretende investir US $ 2,4 bilhões (€ 2,12 bilhões) no projeto, de acordo com Vesna Prodanovic, diretora da Rio Sava, empresa irmã da Rio Tinto na Sérvia.

Os críticos acusaram o governo do presidente Aleksandar Vučić de preparar o terreno para apropriações ilegais de terras e ignorar as preocupações ambientais.

As manifestações ocorrem meses antes das prováveis ​​eleições nacionais de 2022, com críticos dos protestos acusando os organizadores de gerar polêmica para minar Vučić antes das urnas.

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Este texto foi escrito originalmente em inglês e publicado pelo jornal “The Guardian” [Aqui!].

A mensagem que vem dos EUA: não basta não ser racista, há que se ser anti-racista

protestos 2Manifestante branco segura cartaz exigindo justiça para George Floyd em frente da Casa Branca em Washington DC.

O episódio do assassinato (porque foi isso exatamente o que aconteceu) de um cidadão negro, George Floyd, por um policial branco na cidade de Minneapolis acabou desencadeando um amplo e massivo movimento de protestos em todo o território dos EUA.

Um aspecto que até agora permanece pouco falado no pouquíssimo que a mídia corporativa está cobrindo este movimento de protestos é o crescente envolvimento de cidadãos brancos não apenas no proteção dos manifestantes negros. O motivo para isso é bastante simples: a polícia estadunidense tende a hesitar mais em usar munição letal em pessoas brancas.

Um dos episódios que já viralizou no tocante à proteção dos manifestantes negros por pessoas de pele branca ocorreu na cidade de Louisville no estado do Kentucky (quando uma linha de proteção foi formada majoritariamente por mulheres brancas para impedir a ação violenta da polícia ver imagem abaixo).

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Esses manifestantes brancos estão levando ao pé da letra o que já disse a filósofa e militante política negra Angela Davis quando afirmou que “em uma sociedade racista não é suficiente não ser racista, pois há que se ser anti-racista”.

Como o Brasil é uma espécie de irmão gêmeo dos EUA no tocante à formação racista de sua sociedade que se escorou na exploração brutal do trabalho escravo negro, o que os manifestantes brancos estão fazendo neste momento para garantir a integridade física dos negros que protestam contra a brutalidade policial poderia ser muito bem repetido por aqui.  

Acabou a revolta no Chile? Não, ela está apenas sendo escondida de nós

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Desde que explodiram as manifestações no segundo semestre de 2019, o caso chileno está causando muita apreensão entre as elites brasileiras. É que o Chile fora apresentado como o modelo de sociedade ideal, sem conflitos e com progresso econômico fincado no modelo neoliberal. A explosão da revolta social causou assombro até na esquerda institucional brasileira que resume seu simulacro de resistência aos limites do congresso e do judiciário.

Subitamente a revolta chilena pareceu contaminar outras países como Equador e Colombia, e arriscava se alastrar também para o Peru. Foi o que bastou para que não mais do que repente, o caso chileno sumisse das telas de TV e dos discursos de todo o espectro político que paulatinamente vai aprovando a imposição de um modelo ultraneoliberal no Brasil.

A mídia corporativa também se uniu a esforço de fazer parecer que as coisas no Chile tinham voltado ao normal, fazendo desaparecer quaisquer menções à continuação dos enfrentamentos nas principais cidades chilenas, incluindo a capital Santiago e a importante cidade portuária de Antofagasta. Mas há também  intensa em outras como Valparaíso ( ver imagens abaixo).

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Mas que pelo menos os leitores deste blog saibam que a situação chilena está longe da normalidade que os defensores do ultraneoliberalismo de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes tentam fazer transparecer.  A verdade é que o Chile não entrou em um processo de conflagração generalizada apenas pela ausência de um estopim final, pois as condições sociais e econômicas criadas por mais de quatro décadas de neoliberalismo são propícias para que isso ocorra (ver vídeo postado no canal do Youtube da Opal Prensa mostrando a primeira manifestação de 2020).

A pergunta que deveria estar na cabeça de todos que percebem a rápida deterioração das condições da maioria dos trabalhadores brasileiros é a seguinte: por que querem esconder a revolta dos trabalhadores e da juventude do Chile?

A minha primeira resposta é: extremo medo de contágio. E não estamos falando do coronavírus.

Chile desiste da COP25

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O governo chileno anunciou ontem pela manhã o cancelamento da realização da COP25 no país. Também foi cancelada a reunião da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC). O motivo é a sequência de manifestações envolvendo parte significativa da população em todo o país. Segundo o canal Futuro, o governo diz que priorizará “as soluções às demandas sociais que surgiram no país neste últimos dias.”  A primeira declaração de Patricia Espinosa, da UNFCCC, foi: “Hoje cedo fui informada da decisão do governo do Chile de não acolher a COP25, tendo em conta a difícil situação que o país atravessa. Estamos atualmente explorando opções alternativas de acolhimento.”

O chileno La Tercera deu destaque para as matérias que saíram nos The GuardianLe MondeEl País e o porteño La Nación. O Washington Post deu destaque para o cancelamento da reunião da APEC, onde Trump pretendia conversar com o líder chinês Xi Jinping. Por aqui, os GloboValorEstadão e a Folha também deram a notícia.

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Este informe foi publicado originalmente pelo Clima Info [Aqui!].

Ricardo Salles queria se tornar uma câmara de livre comércio em Berlim. Mas o Greenpeace não deixou

A reunião do ministro Bolsonaro Salles com BASF, Bayer e VW foi suspensa. O Greenpeace bloqueou o acesso à Câmara de Comércio e Indústria da Alemanha

protesto berlim50 protetores climáticos do Greenpeace bloquearam o acesso à Câmara de Comércio e Indústria de Berlim na segunda-feira de manhã. FONTE:MARIO SCHENK / AMERIKA21

Por Mario Schenck para o Amerika21

Berlin. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, encontrou considerável resistência durante sua visita a Berlim. Um bloqueio da organização ambiental Greenpeace em frente à Câmara de Indústria e Comércio (IHK) e o protesto registrado de ativistas brasileiros do grupo Gira impediram Salles de encontrar representantes de empresas alemãs ontem (30/09). Cerca de 50 ambientalistas haviam se acorrentado na entrada e enrolado um tronco de madeira tropical carbonizado de seis metros de comprimento da Amazônia em frente ao prédio. Ao mesmo tempo, o navio de ação do Greenpeace “Beluga 2” estava ancorado nas proximidades do Spree.

A reunião entre Salles e representantes da BASF, Bayer, VW e outros teve que ser transferida para um local desconhecido. O encontro na embaixada brasileira também não ocorreu por medo de protestos. Anteriormente, o portal investigativo “The Intercept” divulgou a agenda do ministro do Meio Ambiente. Nesse sentido, estavam em pauta reuniões com os ministros alemães de cooperação, Gerd Müller (CSU) e meio ambiente, Svenja Schulze (SPD).

O ministro brasileiro está em turnê há dias nos EUA e na Europa, onde quer suavizar as ondas de protesto após o incêndio na Amazônia. Na preparação,  Ricardo Salles deixou alguma autocrítica no ar. Ele disse que o Brasil não tem problemas com cortes e queimadas. Pelo contrário, o governo cometeu erros na comunicação. “O Brasil não entendeu como se apresentar como pioneiro em proteção ambiental”, disse Salles ao site de notícias de  O Globo . No passado, Salles não escondia o fato de que ele vê a proteção ambiental como um obstáculo ao desenvolvimento econômico quer abrir a região amazônica brasileira para a exploração econômica. Já o debate sobre mudanças climáticas que ele descreveu recentemente como “enigmático”. Além disso, ficou público que Salles cortou os fundos do Ibama para combate a incêndios em 30%. Os equipamentos inadequados do Ibama foram uma das razões pelas quais os incêndios não puderam ser contidos em seu princípio.

Em seu tour que abrange Paris e Berlim, Ricardo Salles  quer promover o controverso acordo de livre comércio entre a UE e a aliança econômica sul-americana Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai). O acordo visa facilitar o acesso ao mercado europeu da indústria brasileira de carne bovina. Em troca, as tarifas para carros e peças de carros da UE serão abolidas. A Alemanha é o maior exportador da UE nos países do Mercosul em termos de vendas de mais de 2,1 bilhões de euros em 2018.

PROTESTO 2Não há acesso ao ministro reacionário do Brasil, Salles. A entrada do IHK foi bloqueada. “Pare o genocídio dos índios” FONTE:MARINA SILVA

“Ambas as indústrias estão destruindo o clima: no Brasil, a selva está queimando para o plantio de mais pastagens, e na Alemanha uma indústria automobilística está buscando novos mercados de vendas para suas máquinas produtoras de CO2”, disse Jürgen Knirsch, especialista em comércio do Greenpeace. Os ativistas do Greenpeace exigiram que a proteção da floresta e do clima não seja sacrificada em nome de interesses econômicos e que a floresta amazônica não fosse desmatada para plantações de soja e gado. O acordo proposto para o Mercosul deve ser suspenso, segundo o Greenpeace.

protesto 3“O acordo do Mercosul com a União Europeia destrói o clima”FONTE:MARIO SCHENK / AMERICA21

A ativista ambiental Marina Dias, do Grupo Gira,  apontou à Amerika21 o fato de que a destruição da Amazônia destrói não apenas um dos biomas mais valiosos, mas também culturas e vidas inteiras. “As políticas destrutivas do governo Bolsonaro se concentram nos povos indígenas, comunidades afro-descendentes de quilombolas e camponeses, que o governo considera um obstáculo ao desenvolvimento e uma riqueza cultural para a humanidade, não apenas o Brasil”, diz Dias. O próprio Salles é um “criminoso ambiental”. No passado, ele violou repetidamente as leis relativas à conservação da natureza.

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Este artigo foi originalmente publicado em alemão no site da revista Amerika 21 [Aqui!].

Protestos até no coração das terras do agronegócio deveriam acender luz de alerta no governo Bolsonaro

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O presidente Jair Bolsonaro está literalmente passando o trator por cima de direitos sociais e estruturas ambientais. E, convenhamos, ele está cumprindo o que prometeu em sua campanha eleitoral, mas muito fingiram que era só discurso para vencer eleição.

Entretanto, tanto êxito não deveria enebriar demais o presidente do Brasil ou seus acólitos dentro dos ministérios e no congresso nacional.

A razão para esse aviso é simples. É que muitos eleitores de Jair Bolsonaro agora estão percebendo que todas as promessas eram, de fato, intenções de governo. E a reação, ainda que esteja passando ao largo das manchetes dos grandes veículos da mídia corporativa brasileira, está se apresentando na forma de protestos em micaretas e festivais de música que estão ocorrendo neste momento em todo o território nacional.

Mas mais do que os protestos entoando o famoso bordão “Ei, Bolsonaro, v.t.n.c.”  em capitais nordestinas, me chamou a atenção de que a mesma manifestação tenha ocorrido no “Festival de Inverno de Bonito” no Mato Grosso do Sul (ver imagem abaixo).

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É que no município de Bonito (MS), o então candidato Jair Bolsonaro teve 52,89% dos votos no primeiro turno e 61,16% no segundo turno das eleições presidenciais de 2018.  Assim, chega a impressionar o fato de que em apenas 7 meses de governo, pessoas (a maioria jovens) estejam aproveitando um festival de música para entoar um bordão nada elogioso.

As placas tectônicas da política brasileira estão se movendo e ninguém deverá ficar surpreso se um terremoto estiver para acontecer. É Bonito quem está avisando.

Quer saber o que acontece no Brasil? Leia a mídia estrangeira!

Não sei quem foi o criador do anúncio publicitário publicado na página oficial da emissora internacional da Alemanha, Deutsche Welle (Voz da Alemanha), na rede social Facebook (ver reprodução abaixo), mas quem o fez mandou uma mensagem poderosa para os brasileiros: esqueça a mídia corporativa nacional se quiser ficar minimamente bem informado.

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É que lendo apenas três reportagens postadas em inglês sobre as manifestações anti-Temer que ocorreram ontem em diversas partes do Brasil não há outra coisa a fazer a não ser notar que são coberturas totalmente opostas ao que se viu ontem e se vê hoje nos grandes veículos da mídia corporativa brasileira.

Nos casos da matéria da agência Reuters para os leitores estadunidenses, do jornal El País para a edição em português, e da rede estatal britânica BBC para os leitores ingleses, o que se vê é a ênfase no caráter pacífico das manifestações e na violência policial injustificada (no caso da PM de São Paulo) contra os que participavam dos protestos (ver reproduções das manchetes logo abaixo).

Eu convido a todo leitor deste blog que procure na cobertura nacional as reportagens sobre o que ocorreu ontem para verificar se a cobertura dada é similar ou não. Mas aviso logo aos navegantes para que não comecem suas buscas com muita esperança de que a mídia brasileira esteja atuando com a mesma imparcialidade e qualidade de apuração. É que se há alguma coisa que os clãs bilionárias que controlam a mídia corporativa brasileira não querem neste momento é que a informação flua de forma qualificada. Na verdade, como articuladores centrais do golpe de estado “light” contra Dilma Rousseff, a última coisa que eles querem é que isso ocorra. 

Felizmente, alguns dos grupos da mídia internacional não apenas possuem sucursais no Brasil, como também estão publicando edições voltadas para o público brasileiro. Caso os protestos continuem e aumentem de tamanho, a presença da mídia estrangeira certamente sofrerá restrições como a imposta a um jornalista da BBC que foi agredido ontem enquanto cobria a violência da PM paulista, apesar de ter se identificado com suas credenciais.  Entretanto, por enquanto é provável que possamos continuar podendo acessar as matérias publicadas por esses veículos.  

Em função do descompasso de coberturas, eu me arrisco a ir mais longe do que foi o anúncio da Deutsche Welle para afirmar que neste momento histórico preciso, nós vamos precisar mais do que nunca da opinião que vem de fora.

Finalmente, para quem quiser ler as matérias citadas da Reuters, do El País e da BBC, basta clicar ( Aqui!Aqui! e Aqui!)

 

A estupidez da repressão aos protestos nos Jogos Olímpicos ganha cobertura internacional

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 O “The New York Times” e o “Washington Post, Dois dos principais jornais estadunidenses publicaram matérias sobre a repressão que está ocorrendo contra os protestos feitos por opositores ao presidente interino Michel Temer nas competições dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro (Aqui! Aqui!) (ver reproduções parciais  nas imagens abaixo).

Essa repercussão internacional mostra que atos de repressão feitos em frente de uma mídia minimamente disposta a mostrar o que está acontecendo é uma grande estupidez. É que melhoria seria deixar quem se dispor a protestar que o faça livremente. Até porque até onde eu vi essas ações são minoritárias. Agora, a repressão truculente não apenas produz péssima cobertura jornalística, mas como também acaba incitando a que outros se juntem ao protesto, como parece já estar ocorrendo, e de forma cada vez mais criativa, como bem mostra a imagem abaixo.

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A verdade é que as circunstâncias conspiram em prol de protestos cada vez mais fortes e organizados dentro e fora das áreas onde as competições estão sendo realizadas. A persistir a repressão, é bem provável que a cerimônia de encerramento seja ainda pior para Michel Temer, caso ele se arrisca a comparecer.

Os ventos da Japuíba ameaçam soprar outras vezes no caminho da tocha olímpica no Rio de Janeiro

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Os protestos que ocorreram no bairro da Japuíba, área onde se concentram amplos setores das classes pobres do município de Angra dos Reis, e que efetivamente resultaram na “extinção” da chamada tocha olímpica surpreenderam as autoridades e organizadores do megavento esportivo organizado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), e ganharam repercussão na imprensa internacional (Aqui!).

Desdes os eventos ocorridos na Japuíba, os órgãos da mídia corporativa tem informado que a área de inteligência do governo federal (se isso lá existe no Brasil) estamos monitorando as redes sociais e convocando organizadores de eventos que incitam novos apagamentos da tocha olímpica.

Pois bem, a partir do que tenho observado nas redes sociais, o que transparece é que se está havendo algum tipo de tentativa de coerção para impedir novos protestos nas cidades em que a tocha olímpica ainda irá passar até o dia 05 de Agosto, o efeito dessas convocações, normalmente feitas pela polícia, não estão desencorajando os que querem protestar. Quando muito eles estão adotando atitudes mais discretas para garantir que novas “Japuíbas” venham a acontecer.

E quem pode condenar esses protestos? Afinal, no mesmo estado em que estão sendo gastos mais de R$ 40 bilhões com esse megaevento esportivo, áreas essenciais do serviço público como escolas e hospitais estão literalmente entregues a ratos e baratas.

Aqui mesmo em Campos dos Goytacazes onde a tocha olímpica deverá passar no próximo domingo (31/07) , eu não me surpreenderei nenhum pouco se os ventos da “Japuíba” também soprassem forte no caminho de passagem da tocha olímpica.  É que condições objetivas para que protestos ocorram não faltam, seja o problema de caráter estadual ou municipal ou de ambas esferas. A ver!