Ao colocar selo de “Cabritzel” em Cláudio Castro durante debate, o editor-chefe do SBT-Rio prestou grande serviço aos eleitores do Rio de Janeiro

humberto nascimento

O jornalista Humberto Nascimento, editor-chefe do SBT-Rio, pôs o selo de “Cabritzel” na testa do governador acidental Cláudio Castro

Apesar de não ter assistido a todo o ontem realizado ontem com os candidatos a governador do estado do Rio de Janeiro, considero que um grande trabalho foi prestado à população fluminense pelo editor-chefe do SBT-Rio, o competente jornalista Humberto Nascimento, que fez uma pergunta a Cláudio Castro que na verdade equivale a um daqueles selos inescapáveis que políticos em campanha se arriscam a ter colocados em suas testes (ver vídeo abaixo).

A verdade é que Humberto Nascimento ao não se restringir a apontar para todas as circunstâncias questionáveis que cercam ações, comandados e aliados do governador acidental Cláudio Castro, mas também oferecer uma síntese disso tudo em um selo, o “Cabritzel”, o editor-chefe do SBT-Rio colocou o mandatário-candidato em uma situação inescapável, pois nada que lhe foi apontado é mentira ou verdade em apuração.

Em fun dessa ação corajosa de Humberto Nascimento é que o selo de “Cabritzel” deverá marcar o resto da campanha eleitoral para governador do estado do Rio de Janeiro.  E o mais revigorante disso tudo é poder verificar que ainda existem jornalistas dispostos a fazer as perguntas difíceis a políticos poderosos. Essa sem dúvida é a principal notícia que saiu do debate de ontem.

Um salve para Humberto Nascimento!

As reinações de Cláudio Castro são expostas em nova reportagem do UOL

Em uma corrida eleitoral apertada, as novas evidências expostas pelo UOL devem azedar a 6a. feira do governador acidental Cláudio Castro

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Uma nova matéria assinada pela dupla Ruben Berta e Igor Mello que foi publicada pelo site UOL é a segunda péssima notícia que o governador acidental do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, está recebendo na manhã desta 6a. feira (a primeira foi o resultado da pesquisa do Datafolha que o colocou em empate técnico com Marcelo Freixa na corrida para o Palácio Guanabara).  É que nesta reportagem são apresentadas informações nada abonadoras sobre o suposto pagamento de propinas a Castro, tanto na condição de vereador como de vice-governador.

O pior, é que as informações de natureza detalhada foram fornecidas por um ex-assessor do próprio Cláudio Castro, o empresário Marcus Vinicius Azevedo da Silva. Um dos fatos descritos na matéria se refere a um caso em que o governador acidental foi filmado portando uma vistosa mochila, a qual seria o veículo de transporte de R$ 120 mil que teriam sido entregues a ele em troca da facilitação de um contrato com o governo do Rio de Janeiro.

A matéria traz ainda detalhes de uma viagem que Cláudio Castro realizou para os EUA com parte de sua família, a qual teria sido também bancada com dinheiro de propina entregue pela mesma empresa envolvida no episódio da mochila.

A verdade é que Cláudio Castro já vem acumulando contra si uma série de denúncias por causa de supostos envolvimentos com o recebimento de propinas, mas até aqui permaneceu relativamente ileso tanto criminal como eleitoralmente.  Mas essas novas evidências aparecem não apenas em um momento sensível da campanha eleitoral, mas podem ser apenas a ponta de um longo iceberg que talvez esteja prestes a atingir a proa do navio de Cláudio Castro.

Não custa nada lembrar que Cláudio Castro ainda não chegou nem perto de explicar o desembolso milionário que ocorreu tanto na Fundação Ceperj como na Uerj para bancar o pagamento de prestadores de serviços que depois se descobriu eram do tipo “Gasparzinho’.  Aliás, se postas juntas, as diversas reportagens escritas por Ruben Berta e Igor Mello servem como uma espécie de mapa para a longa lista de rolos que pairam perigosamente sobre a cabeça de Castro.

O resultado disso tudo é que o estado do Rio de Janeiro pode acabar elegendo um candidato que imediatamente após a sua posse poderá ter o mesmo destino de seus antecessores, inclusive daquele de quem Claúdio Castro herdou o cargo que foi o ex-juiz Wilson Witzel. Essa situação do Rio de Janeiro seria muito cômica se não fosse tão trágica. 

7 de Setembro/2022 sintetizado por uma imagem de Copacabana

A cidade do Rio de Janeiro é um dos bolsões principais dos apoiadores de Jair Bolsonaro, mas também é um local onde ocorrem manifestações de oposição cotidiana, principalmente pelos mais pobres que estão sendo diretamente afetados pelas políticas ultraneoliberais do atual governo.

Por isso, a imagem abaixo me parece uma síntese da tensão social que existe entre os apoiadores de Bolsonaro, que uma minoria, com a maioria, especialmente os mais jovens.

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No frigir dos ovos, nada que já não se saiba, mas é sempre bom ter essas imagens para que não caiamos no conto do vigário das fotomontagens bolsonaristas.

Eleição no Rio de Janeiro tem momento de constrangimento explícito entre Anthony Garotinho e Cláudio Castro

A imagem (constrangedora) mostrada abaixo vem diretamente da convenção estadual do Rio de Janeiro do partido “União Brasil” (UB) e reflete o momento em que o ex-governador Anthony Garotinho declarou seu apoio ao governador acidental Cláudio Castro que se apresenta como candidato para ser eleito para mais quatro anos de (des) governo.

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A cena acima revela com todas as tintas um momento de contrangimento explícito que foi imposto a Anthony Garotinho que teve de fazer um “beija mão” para supostamente declarar apoio a Cláudio Castro a quem dirigia até pouco tempo adjetivos nada abonadores. Garotinho atribuiu sua mudança de postura a uma suposta disciplina pessoa que lhe impõe adotar a postura que lhe foi imposta pela direção do UB.  Acontece que após perambular por outro oito partidos antes de chegar ao UB, a razão real para essa reviravolta deve ser outra. 

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Pela cara de Garotinho e Castro, o momento constrangedor dificilmente se transformará em ação política real por parte do primeiro. Sei lá, apenas um palpite.

A guerra no Rio de Janeiro

Polícia volta a fazer estragos em uma favela. Crimes e situação agravada são denunciados

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Vida normal, mas difícil tornada impossível: protesto contra a operação policial no Alemão (Rio de Janeiro, 21 de julho de 2022)

Por Norbert Suchanek para o JungeWelt

É a quarta operação policial mais mortal da história do Rio de Janeiro contra traficantes nas favelas. Apoiados por dez blindados e quatro helicópteros, cerca de 400 policiais armados com fuzis automáticos invadiram o Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, na última quinta-feira. A “operação” durou 12 horas, durante as quais a polícia estadual e civil do Rio causou estragos no bairro de 13 favelas de mais de 70.000 pessoas. Dezenas de pessoas ficaram feridas e pelo menos 17 pessoas morreram na chuva de balas do ataque policial, incluindo 16 suspeitos de crimes e uma mulher inocente em um carro, segundo a polícia. Um policial foi morto a tiros pelos criminosos que estavam montando as barricadas em chamas.

Na manhã seguinte, quando a polícia estava limpando uma das últimas barricadas do Alemão, houve outra vítima: Solange Mendes, de 49 anos, voltava das compras para casa quando, segundo testemunhas oculares, um policial atirou acidentalmente nela e a atingiu fatalmente na cabeça. Moradores do Complexo do Alemão também relataram inúmeros ataques de policiais que invadiram casas e apartamentos aleatoriamente durante a intensa troca de tiros e os revistaram.

Em seu comunicado, a Associação Nacional das Favelas do Rio de Janeiro criticou duramente a ação policial: “Foi mais uma manhã de terror. Na guerra na Ucrânia e em vários outros conflitos, usar helicópteros para disparar de áreas civis é ilegal é um crime internacional. Mas nas favelas acontece todo dia, como agora no Alemão.” Os helicópteros blindados Águia usados ​​aterrorizavam os moradores. Essa lógica de guerra da polícia carioca não resolve o problema de violência da cidade, ao contrário, o agrava.

Segundo o Coronel Ivan Blaz, porta-voz da Polícia Militar Organizada do Estado, a operação foi uma “operação de perigo iminente” para impedir a propagação do crime organizado. Os narcotraficantes Comando Vermelho, que controla o Alemão, estão mudando suas atividades criminosas, é são responsáveis por vários assaltos a bancos recentes e estão oferecendo abrigo a criminosos de outros estados. Blaz justificou o massacre à mídia dizendo que eles haviam sido atacados pelos criminosos.

Além das 16 pessoas baleadas, a polícia prendeu quatro suspeitos e confiscou uma metralhadora de grande calibre, quatro fuzis automáticos e duas pistolas, segundo o registro oficial da operação. Em maio 25 pessoas morreram em ações semelhantes na Vila Cruzeiro, em maio de 2021 no Jacarezinho 28 e em junho de 2007 também no Complexo do Alemão 19 pessoas. Mas estes são “apenas” os outliers. Há anos, a polícia do estado do Rio de Janeiro é considerada uma das mais violentas do mundo. Os anos mais sangrentos até agora foram 2018, com 1.534 pessoas mortas por serviços de emergência e 2019, com 1.814 mortos. No ano passado, a polícia carioca matou a tiros um total de 1.356 pessoas, segundo dados do Instituto de Segurança Pública.

Para comparação: de acordo com o banco de dados do Washington Post , policiais nos Estados Unidos mataram “apenas” 1.055 pessoas no ano passado, enquanto oito pessoas foram vítimas de violência policial na Alemanha em 2021.

No Brasil, porém, há estados em relação ao número de habitantes em que os policiais disparam ainda mais do que no Rio. Isso mostra as estatísticas do anuário brasileiro de segurança pública apresentadas em 2021. Em 2020, a polícia matou 13 pessoas por 100 mil habitantes no Amapá, 8,9 em Goiás, 8,5 em Sergipe e 7,6 na Bahia. No Rio houve 7,2 mortos a tiros por serviços de emergência por 100.000 habitantes.

O Alemão é muitas vezes referido como a »zona pobre«. Mas é mais um bairro da classe trabalhadora, onde a maioria das pessoas tem empregos mal remunerados, mas regulares, frequenta a escola ou estuda. No entanto, operações policiais como a de quinta-feira os impedem de fazê-lo, e alguns perdem seus empregos como resultado.


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Este texto escrito originalmente em alemão foi publicado pelo jornal “JungeWelt” [Aqui!].

CPI da dívida pública do Rio de Janeiro revela que União é a principal credora, e dívida continua aumentando em vez de diminuir

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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), criada pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) para apurar o montante da Dívida Pública do estado do Rio, realizou na última nesta terça-feira (24), uma oitiva na qual a Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz) apresentou os dados da dívida pública do estado (Aqui! Aqui!) .

Segundo a Sefaz, dos R$ 184 bilhões da dívida pública estadual, 61% têm como credor diretamente a União e 16% estão relacionados a contratos nos quais o Governo Federal é garantidor (ou seja a União detém 77% da dívida pública estadual), enquanto que 25% de toda a dívida está indexada em dólar (suponho que em parte causada pela famigerada “Operação Delaware”.

Por outro lado, ao contrário do que muitas vezes se pensa, a adesão ao chamado Regime de Recuperação Fiscal (RRF) não cessou a atualização do estoque via a aplicação de taxas de juros, o que faz com que, apesar de todos os sacrifícios impostos ao funcionalismo público e aos serviços que eles prestam, o estoque da dívida não só não diminuiu, como aumentou, ainda que estabilizo em vultosos R$ 200 bilhões.

Mas uma coisa está clara com essas primeiras revelações, qual é a razão de que o Ministério da Fazenda sob o comando do banqueiro Paulo Guedes esteja pressionando o estado do Rio de Janeiro a impor ainda mais sacrifícios aos servidores públicos e à população em geral. É que sendo a União sendo a principal ganhadora da hemorragia de recursos pertencentes ao Rio de Janeiro, a decisão é continuar sugando a galinha de ovos de ouro, ainda que sob o risco de uma grave insurreição social causada pela degradação extrema dos serviços públicos, como já está ocorrendo.

Uma coisa é certa, o RRF na verdade é um regime de repressão fiscal que retira toda a autonomia e capacidade de investimento do estado do Rio de Janeiro, tornando o governador e a Alerj uma espécie de rainha da Inglaterra tropical.

Divulgando a 11a. edição do Festival Internacional de Cinema de Urânio

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19 a 29 de maio de 2022 Exibição gratuita ao vivo e online. Museu de Arte Moderna (MAM Rio) Cinemateca. Avenida Infante Dom Henrique, 85 Parque do Flamengo
Exibição de filmes online
Programa e Catálogo do Festival (Baixar português), (Baixar inglês)
QUINTA-FEIRA, 19 DE MAIO – PROGRAMA DE ABERTURA / HISTÓRICO DA BOMBA ATÔMICA
3:30 da tarde
DO SENTIDO DO TODO: A Rede do Físico Hans-Peter Dürr
Alemanha, 2020, Diretor Claus Biegert, alemão com legendas em português, 103 min. (Não ON-line)
17:30
DEPOIS DO DIA DEPOIS
EUA, 2011, Diretor Nathan Meltz. Animação, 6 min, Inglês.
EVENTO DE TELEVISÃO
EUA, 2020, Diretor e Produtor: Jeff Daniels, inglês com legendas em português, 91 min. (Não ON-line)
19h30
TOTEM E ORE
Austrália, 2019, Diretor John Mandelberg, Documentário, 97 min, Inglês, Legendas em português.
SEXTA-FEIRA, MAI 20 – RISCOS RADIOATIVOS
3:00 da tarde
VIZINHO TÓXICO
Canadá, 2021, Diretor: Colin Scheyen, Documentário, Inglês, Legendas em Português, 25 min.
SAM E A PLANTA AO LADO 
Dinamarca/Reino Unido, 2019, Diretor Ömer Sami, Documentário, 23 min, Inglês, Legendas em português 
MEDO PROFUNDO DA PELE (PEUR A FLEUR DE PEAU)
França, 2020, Diretor: Franck Sanson, Documentário, Francês/Inglês, Legendas em português, 55 min.
17:00
O JARDIM
EUA, 2021, Diretor Bill McCarthy, Animação, Inglês, Legendas em Português, 7 min.
BRINCAR COM O URÂNIO
Canadá, 2020, Diretor: Daniel Hackborn, Documentário, Inglês, 10 min.
FOTOGRAFIA E RADIAÇÃO
Canadá, 2018, Diretor: Jesse Andrewartha, Documentário, Inglês, Legendas em Português, 15 min 
TRANSMUTAÇÕES: VISUALIZAÇÃO DA MATÉRIA
EUA/Canadá, 2021, Diretor Jesse Andrewartha, Documentário, Inglês, Legenda em Português, 70 min.
19:00
Mustangs e Renegados
EUA, 2020, Diretor James Anaquad Kleinert, Documentário, Inglês, 127 min
SÁBADO, 21 DE MAI – QUESTÃO NUCLEAR
14h30
ENERGIA NUCLEAR LIVRE PARA O POVO (ATOMLOS DURCH DIE MACHT)
Áustria, 2019, Diretor Markus Kaiser-Mühlecker, alemão com legendas em inglês ou português, 74 min
16:00
O PROJETO SOMBRA
Canadá, 2020, Diretora Teresa D’Elia, Documentário Experimental, inglês, legendas em português, 5 min. 
MIYAKO
EUA/Japão, 2020, Diretores: Maria Victoria Sanchez
Lara & Ari Beser, Documentário e Animação, Japonês com legendas em Inglês ou Português, 5 min.
COBERTURA ATÔMICA
EUA, 2021, Diretor: Greg Mitchell, Documentário, 52 min, Inglês com legendas em português. (Não ON-line) 
NAMIBIA, BRASIL
Brasil, 2006, Diretores: Miguel Silveira e Elias Lopez-Trabada, Ficção, Português, 10 min.
Perguntas e respostas com o diretor brasileiro Miguel Silveira
17:30
GUERRA NUCLEAR E DESARMAMENTO
Conversa e perguntas e respostas com o especialista em armas nucleares Sérgio de Queiroz Duarte,
ex-embaixador brasileiro e ex-Alto Representante da ONU para Assuntos de Desarmamento Nuclear.
DOMINGO, 22 DE MAIO – REJEITOS RADIOATIVOS
3:00 da tarde
GUERREIROS VERDES / ÁFRICA DO SUL: CIDADES TÓXICAS –
França/África do Sul, 2018, Diretor Martin Boudot, francês/inglês com legendas em português. 54 min.
VELHAS MINAS DE URÂNIO, RADIAÇÃO SEM FIM (BRETAGNE RADIEUSE)
França, 2019, Diretor: Larbi Benchiha, Documentário, Francês/Inglês com legendas em português. 52 minutos.
17:00
NA SOMBRA DO TUTUPITA
Groenlândia, 2020, Diretor Inuk Jørgensen, Documentário, Inglês e Groenlandês, Legendas Inglês ou Português, 7 min.
GUERREIROS VERDES / CURSED URANIUM (l’Uranium de la colère)
França, 2021, Diretor: Martin Boudot, Documentário, francês/inglês, legendas em português. 50 min.
O RETORNO DO NAVAJO BOY / EPÍLOGO
EUA, 2000/2011, Direção: Jeff Spitz, Documentário, Inglês com legendas em português, 71 min.
SEGUNDA-FEIRA, 23 DE MAIO – MINERAÇÃO DE URÂNIO
16h00 (horário do Rio)
REUNIÃO ONLINE ZOOM! POVOS INDÍGENAS E MINERAÇÃO DE URÂNIO
Uranium Film Festival reunirá, pela primeira vez na história, Navajo que sofreu por mais de 40 anos por causa da mineração de urânio
e seu patrimônio radioativo e povos indígenas no Brasil que estão ameaçados com uma mina de fosfato de urânio planejada no Ceará.
Idioma: Inglês, Navajo, Português.
QUINTA-FEIRA, 26 DE MAIO – GUERRA NUCLEAR E TESTE DE BOMBA ATÔMICA LEGADO
10:00 da manhã
Triagem Escolar
FLECHA QUEBRADA. ACIDENTE NUCLEAR EM PALOMARES (Operação Flecha Rota. Accidente Nuclear en Palomares)
Espanha, 2007, Diretor: Jose Herrera Plaza, Documentário, Espanhol-Inglês com legendas em português, 96 min.
Perguntas e respostas com os cineastas José Herrera e Jaime García.
3:30 da tarde
4ª GUERRA MUNDIAL – O CORTE DO REALISMO
Nova Zelândia, 2022, Diretor: AK Strom, Sci-Fi-Thriller, Inglês com legendas em português, 87 min.
17:30
O PORÃO (지하실)
Coreia do Sul, 2020, Diretor: Choi Yang Hyun, Produtor: Lee Jieun, Ficção, Coreano com legendas em inglês ou português, 94 min.
 19h30
ROBÔ MONSTRO NÓS
Canadá, 2014, Diretor: Lynn Dana Wilton, Animação, sem diálogo, 22 segundos.
O QUE OS VIAJANTES DIZEM SOBRE JORNADA DEL MUERTO
EUA, 2021, Diretor: Hope Tucker, Documentário experimental, inglês, legendado em português, 14 min.
FILHOS DE CONFIANÇA ESTRATÉGICA
Ilhas Marshall/EUA, 2011, Direção: Stacy Libokmeto, Documentário, Inglês, Marshallês com legendas em português, 26 min.
CIGANO DO MAR: A CÚPULA DE PLUTÔNIO
 2021, Ilhas Marshall/EUA, Diretor Nico Edwards, inglês com legendas em português, 35 min.
SEXTA-FEIRA, 27 DE MAIO – CINEASTAS PREMIADAS
3:00 da tarde
PERSEGUINDO CHERNOBYL
Ucrânia/EUA/Bulgária/Eslováquia, 2020, Diretora Iara Lee, Documentário, Inglês, Russo, Legendas em Inglês ou Português, 57 min.
MÃES DE REFUGIADOS ATÔMICOS
Japão, 2018, Diretor Ayumi Nakagawa, Documentário, Japonês com legendas em português, 65 min. (Não ON-line)
17:30
POEIRA INSTITUCIONAL
– Holanda, 2021, Diretores: Tineke van Veen & Barbara Prezelj, curta-metragem, inglês com legendas em português, 9 min.
A ILHA INVISÍVEL (L’Ile Invisible / 見えない島)
França, 2021, Diretor Keiko Courdy, Documentário, legendas em português, 87 min. (Não online)
19h30
BALENTES – OS valentes (I CORAGGIOSI)
Itália/Austrália, 2018, Diretora Lisa Camillo, Documentário, Italiano com legendas em inglês ou português, 84 min.
SÁBADO, 28 DE MAIO – 35 ANOS CÉSIO 137 ACIDENTE E PERDA DE BOMBAS ATÔMICAS
3:00 da tarde
SEGURANÇA NUCLEAR
Brasil, 2019, Diretor Norbert G. Suchanek, colagem de filme documentário, português, 12 min.
AMARELINHA
Brasil, 2003, Diretor Ângelo Lima, Ficção, Português, 4 min. (Não ON-line)
PARA NÃO ESQUECER
Brasil, 2022, Diretor Gabriel Leal, Documentário, Português, 40 min.
Perguntas e Respostas com Odesson Alves Ferreira, vítima direta do acidente
17:00
JANEIRO 66 (ENERO DEL 66)  
Espanha, 2022, Diretor: Jaime García Parra, Ficção/Comédia, Espanhol com legendas em inglês ou português,14 min. 
FLECHA QUEBRADA. ACIDENTE NUCLEAR EM PALOMARES
 Espanha, 2007, Diretor: Jose Herrera Plaza, Documentário, Espanhol/Inglês com legendas em português, 96 min.
Perguntas e respostas com os cineastas Jaime García Parra e Jose Herrera Plaza 
DOMINGO, 29 DE MAIO – FINAL DO FESTIVAL E CERIMÔNIA DE PREMIAÇÃO
3:00 da tarde
NOSSO AMIGO O ÁTOMO: A ERA DA RADIOATIVIDADE (Notre ami l’atome : Un siècle de radioactivité)
França, 2020, Direção de Kenichi Watanabe, inglês ou francês com legendas em português, 56 min.
 16h10
VALE DOS DEUSES (Dolina Bogów)
Polônia/Itália/Luxemburgo/EUA, 2019, Diretor Lech Majewski, Ficção, Inglês com legendas em português, 126 min. (Não online)
Perguntas e respostas com o diretor Lech Majewski
CERIMÔNIA DE ENTREGA DE PRÊMIOS
com cineastas internacionais, convidados especiais e “Cachaça Magnífica!”

Rio de Janeiro, movimentos sociais e mídia: como ir além da indignação

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Por Luciane Soares da Silva*

Tenho estudado as situações de violência no Rio desde 2005. E gostaria de ofertar uma contribuição para pensar os desdobramentos atuais em dois casos de racismo (um deles de racismo e xenofobia): o caso de Moïse e o caso do sargento que atirou em seu vizinho. No primeiro caso, temos o linchamento de um refugiado político vivendo desde 2011 no Brasil. Morto pela ação brutal de 3 homens. Morto por exigir o pagamento pelo trabalho realizado. No segundo caso, Durval, homem negro de 38 anos, igualmente um trabalhador, foi confundido por seu vizinho, Aurélio, sargento da Marinha. E baleado dentro do próprio condomínio. Acredito que não precisamos recuperar o número de vezes em que um homem negro foi confundido pela polícia. Policiais já confundiram furadeiras, sombrinhas e até moedas de um real com armas. Já alvejaram pessoas inocentes neste estranho hábito de confundi-las com outras. Sempre o mesmo grupo é confundido: os negros.

Estes dois casos têm além do racismo outro ponto em comum: geram comoção social e ganham as redes e a grande mídia. Produzem pressão sobre o Estado. Voltando a 1992, o Jornal Nacional repetiu ad nauseum cenas de uma confusão em Ipanema, classificada como arrastão pela mídia. A Polícia Militar ofereceu outra explicação. Pesquisadores da área também. Mas desde então, não importa. A categoria funkeiro tem sido o motor de manchetes que associam bailes a tráfico. E portanto, chacinas praticadas nestes locais recebem o aval da sociedade. Foi o caso da chacina da Providência, mortes no Turano e recentemente Paraisópolis em São Paulo. Estar em um baile funk libera a sociedade civil para apoiar o extermínio da juventude trabalhadora de periferia.

O caso Tim Lopes é um marco fundamental para compreender a relação entre mídia, cidade e favelas.  O jornalista da rede Globo, premiado e reconhecido por suas matérias investigativas, estava disfarçado na Vila Cruzeiro e foi torturado e morto por ordem de Elias Maluco. Tim faria uma reportagem sobre denúncias envolvendo menores e uso de drogas em bailes. A favela está para a cidade do Rio de Janeiro como uma fonte inesgotável de crime, vícios, desordens e todo tipo de aberração. As manchetes colaboram para banalização de decapitações, corpos carbonizados, furados a balas, mutilados. Impossível que qualquer morador do Rio nunca tenha se deparado com a cena de 10 ou mais pessoas em frente a uma banca de jornal debatendo uma manchete do Povo com um cidadão sem cabeça ou sem as mãos. A questão envolvendo Tim Lopes foi uma ruptura definitiva com tempos menos violentos. A imagem de um homem andando com uma espada, as notícias de incremento cada vez maior das armas, tudo isto mostrava que o Rio entrava em uma nova era. A era da intensificação das mortes por atacado e das execuções bárbaras.

Em 2014, DG, dançarino do programa “Esquenta” apresentado por Regina Cassé, foi morto por uma ação policial no Pavão Pavãozinho. Em julho de 2013, o pedreiro Amarildo sumiu em uma unidade de polícia pacificadora. Sob comando do Major Edson, foi torturado e sua família jamais obteve o corpo. Não se sabe onde está Amarildo. Marcus Vinícius de 14 anos foi atingido em um incursão policial na Maré em 2018.  Usava camiseta da escola. Em maio de 2020, João Pedro e outras quatro crianças perderam a vida durante ação da Polícia Militar. Estes são casos que ganharam notoriedade. Tantos outros não tiveram o mesmo desfecho.

Por outro lado, os casos de linchamento a castigos físicos públicos se tornaram mais comuns nos últimos. Basta lembrarmos do caso de um jovem negro amarrado a um poste, nu, no Flamengo em 2014.

Todos estes casos têm elementos em comum. O fato de gerarem comoção pública é o primeiro. É importante dizer isto porque o número de mortes e violações que não ganham espaço na mídia é bastante expressivo. Recentemente este fato foi debatido na comparação do caso Henry com o caso do 3 meninos de Belford Roxo desaparecidos em dezembro de 2020. Ou seja, a mídia seleciona e dá maior visibilidade para certos casos. Dito isto, vamos ao segundo elemento importante: a mobilização da sociedade civil por justiça. Situações de violência nas favelas são cotidianas, a exigência de justiça pelos mortos e desaparecidos estão presentes na base de movimentos contra a violação dos direitos humanos.

Lamentavelmente a resposta do Estado é limitada. Famílias sem apoio psicológico em seu pós trauma, falta de resolução nas investigações e sobretudo falta de punição são uma constante neste sistema. A exoneração de secretários, a criação de programas como as Unidades de Polícia Pacificadora, o café da manhã na Providência com uma mãe que encontrou seu filho mutilado, em tudo isto funciona a mesma lógica cosmética de uma segurança pública que não pode (porque não quer poder) atacar problemas como eles devem ser atacados.

Em julho de 2013, vi um policial subindo a Rocinha com um tubo de conexão para improvisar um banheiro. Compreendi o que tinha ouvido alguns dias antes: a UPP dependia da crença em sua existência para que funcionasse como política. Não havia efetivo suficiente e nem recursos. Jogar um policial de 18 anos com formação de seis meses em uma favela de 100 mil habitantes? Descobrimos com o sumiço de Amarildo como as práticas da Ditadura seguem vivas dentro destas instituições.

Segundo um dos relatos sobre o caso Moïse, a Guarda foi chamada mas preferiu não se envolver. Talvez porque soubesse quem era o dono do quiosque. Nestas relações de dominação territorial não há a menor possibilidade de cidadania efetiva. O homem comum, trabalhador, será tratado como estabelecido no Código do Império: coisa.  Ou seja, em minha avaliação há um acordo muito tácito em funcionamento entre aqueles que espancam um ser humano até a morte, aqueles que deveriam prover segurança e aqueles que rifam o território por terem as credenciais para isto. Não há espaço para a universalização de direitos. Nossa cordialidade nos obrigada a saber sempre com quem estamos falando.

As manifestações de indignação e luto deverão dar lugar a ações sem trégua dos movimentos sociais e da sociedade civil pela ampliação do debate sobre as instituições de controle. As oficiais e sobretudo, as extra-oficiais.

Entregar dois quiosques para que virem um memorial em homenagem a cultura congolesa e africana, segue a mesma lógica cosmética e diversionista descrita acima. É a lógica da UPP social, é a lógica de renomear as ruas com o nome dos mortos pela polícia. É a lógica do faz de conta. O Estado conta com nosso esquecimento. O Estado conta com nosso medo. E com a mídia em seu trabalho eterno de morder e assoprar. Mantendo altos seus índices de audiência.

É o Fado Tropical de Chico Buarque, que me faz pensar em um torturador sentimental. De tudo isto que trago o verso :

“Oh, musa do meu fado, Oh, minha mãe gentil, Deixo-te consternado,

No primeiro Abril, Não seja tão ingrata, não esqueças quem te amou,

E em tua densa mata
Se perdeu e se encontrou

Ai, esta terra ainda vai cumprir o seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal”.


*Luciane Soares da Silva é é docente da Universidade Estadual do Norte Fluminense  (Uenf), onde atua como chefe Laboratório de Estudos sobre Sociedade Social e do Estado (Lesce), e também participa da diretoria da Associação de Docentes da Uenf (Aduenf).

Agricultores pedem socorro no Rio de Janeiro

Movimento Pequenos Agricultores e Movimento dos Atingidos por Barragem alertam para as perdas da produção camponesa devido as fortes chuvas

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Por Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA)

As intensas chuvas dos últimos 20 dias no estado do Rio Janeiro afetaram a produção de hortaliças, verduras, legumes e tubérculos da agricultura familiar. Até o momento nenhum dos órgãos ligados à Secretaria de Agricultura do Estado do Rio Janeiro fez contato com as famílias produtoras para mensurar e contabilizar as perdas. Além de afetar as famílias produtoras, as perdas afetam de imediato o consumo, pois o ciclo da produção foi interrompido, havendo possibilidade de aumento de preços dos produtos pela diminuição da oferta.

Para os circuitos agroecológicos de comercialização já é possível ver a redução da disponibilidade dos produtos. Bruno Geraldo, coordenador do Raízes do Brasil e militante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), responsável pela logística da produção da Cesta Camponesa, afirma que “já é notável ver as roças vazias devido os estragos das chuvas e diminuição de produtos disponíveis para cesta”.

Segundo a Rosana Martuchelli, presidente da APROLUC (Associação de Pequenos Produtores Rurais de Lúcios e Comunidades Vizinhas) e militante do MPA, “na região do Vale dos Lúcios em Teresópolis a perda foi entre 60 a 70%”. Rosana alerta ainda que todo município foi afetado e a perca para produtores até momento não foi contabilizado.

Em Magé, baixada fluminense, não foi diferente. Matheus Teixeira, presidente da Associação dos Produtores Rurais do Assentamento Fazenda Pau Grande, também militante do Movimento dos Pequenos Agricultores, afirma que muitas famílias perderam batata doce e aipim devido ao excesso de chuvas na região.

No município de Cachoeiras de Macacu, segundo Silas, militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) as chuvas afetaram os assentamentos São José da Boa Morte e Marubaí. “Essas inundações atingiram mais de 300 propriedades rurais, onde são cultivados alimentos que abastecem o CEASA-RJ, e deixou algumas famílias desabrigadas” alerta Silas. A previsão é de que isto possa provocar alta no preço de alguns alimentos como, por exemplo, o aipim.

Em caráter de urgência o Movimento Pequenos Agricultores e o Movimento dos Atingidos por Barragem reivindicam do Governo do Estado:

1) Equipe técnica que contabilize as perdas da produção das famílias;

2) Liberação imediata de seguro safra para famílias que perderam a produção;

3) Liberação de linha de credito especial para as famílias voltarem a investir na produção;

4) Chamada pública emergencial para áreas afetadas no formato de um PAA modalidade doação simultânea para garantir comercialização da produção.

Agricultura Camponesa Familiar para Rio de Janeiro não passar fome!

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Este texto foi inicialmente publicado pelo “Midia Ninja” [Aqui!].

Estudo mostra que percepção de corrupção e falta de transparência diminuem disposição popular de custear adaptação à elevação do nível do mar

slr rio de janeiroO nível do mar na costa brasileira tende a aumentar nas próximas décadas. No Brasil – onde mais de 60% da população vive em cidades costeiras –,  inexistem análises integradas acerca da vulnerabilidade dos municípios litorâneos a este e a outros impactos decorrentes das mudanças climáticas, incluindo o aumento da frequência e da intensidade de chuvas

Começo este 2022 com a informação de que um artigo científico em que participo foi publicado pela revista “Ocean and Costal Management”.  O artigo intitulado “Preferences for sea level rise adaptation: A contingent valuation study in Rio de Janeiro State, Brazil‘ (ou em português “Preferências para adaptação ao aumento do nível do mar: Um estudo de avaliação contingente no Estado do Rio de Janeiro, Brasil“) é produto de uma parceria entre docentes da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e duas universidades sediadas nos EUA (a Fairfield University e a Bryant University).

Artigo 1 2022

O artigo parte do fato de que a elevação do nível do mar tem o potencial de causar graves impactos nos estados costeiros do Brasil. Essa elevação deverá atingir de forma específica o estado do Rio de Janeiro que possui um alto percentual de sua população exposta às consequências do aumento do nível do mar. Neste estudo,  foi um método de avaliação contingente para explorar a disposição dos habitantes do Rio de Janeiro em pagar por políticas de mitigação do aumento do nível do mar . Dado o alto nível de corrupção percebida na máquina pública estadual, o trabalho também avaliou se os habitantes prefeririam que os esforços de mitigação fossem administrados pelo governo estadual ou por uma coalizão mais diversificada de partes interessadas da comunidade. Nossos resultados indicam que os residentes não estão dispostos a pagar impostos de propriedade adicionais para financiar políticas de mitigação do aumento do nível do mar, a menos que os formuladores de políticas sejam transparentes com o uso desses fundos.

Uma consequência prática deste estudo seria aumentar o nível de conscientização sobre os riscos potenciais da elevação do nível do mar  entre os habitantes do Rio de Janeiro. É que apesar de cerca da metade dos participantes do nosso estudo terem mostrado algum nível de preocupação sobre os efeitos da elevação do mar no estado do Rio de Janeiro, fato que é consistente com a porcentagem de entrevistados que acreditam ser provável ou muito provável observar os efeitos da elevação do mar no curto prazo (5-10 anos) . No entanto, mais de 20% de nossa amostra considera que a elevação do nível do mar será um problema no longo prazo (25 anos ou mais), mas não imediatamente. Essa crença pode levar a uma inação míope que deixaria o estado do Rio de Janeiro despreparado para lidar com a elevação do nível do mar e seus efeitos no futuro.

Quem desejar uma cópia do artigo, basta requisitar via o e-mail do Blog do Pedlowski.