Não tenho dúvida cenas das prisões de dirigentes históricos do Partido do Trabalhadores (PT) alimentam o revanchismo das diversas frações da burguesia brasileira, que enxergam nelas uma espécie de revanchismo em relação às derrotas eleitorais que estão sofrendo desde 2002. Já os neopetistas enxergam nela exatamente isso: revanchismo das frações da burguesia brasileira que estariam bem representadas no Supremo Tribunal Federal, Eu, por minha vez, penso que ambos os lados estão sendo cínicos e evasivos, pois enquanto uns sabem que essas prisões vão manter a corrupção intacta, os outros sabem que estão empurrando parte dos seus quadros para o cadafalço para continuarem à frente do leme do Estado burguês brasileiro.
Dos presos pelo STF o caso mais emblemático para mim é o de José Genoíno, figura de proa no PT desde a criação do partido e que, claramente, não enriqueceu com a política como muitos dos seus colegas de direção partidária. Genoíno é um cara de quem pode se divergir, mas nunca chamar de ladrão. E por que então está metido nessa confusão? Se olharmos o papel que ele e sua corrente tiveram na direitização do PT, veremos que Genoíno e sua “radicalidade democrática” deram suporte para o processo de guinada à direita que o PT experimentou já em 1996. Lembro de uma famosa entrevista de Genoíno à Revista Exame que foi publicada um pouco antes da minha volta ao Brasil em 1997, onde ele jogava na lixeira o compromisso com o socialismo em nome, novamente quero lembrar, da “radicalidade democrática”.
A lição aqui deveria ser de que face aos desafios da transformação da sociedade brasileira a única radicalidade efetiva seria a socialista. Mas esses que hoje são mandados para as prisões já deram adeus à radicalidade socialista em nome de uma convivência pacífica com o capital. E quanto ao PT, a defesa pífia de seus principais quadros que vão para a prisão em nome da continuidade de um modelo de governo neoliberal com face humanista, isto é natural. Afinal, se puderam sacrificar ideais, sacrificar quadros políticos é detalhe.
Por fim, é interessante notar que o “algoz” dos petistas, Joaquim Barbosa, foi colocado no STF pelas mãos do grão-mestre do neopestismo, o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva no seu afã de aprofundar a mitigação das questões raciais que pulsam dentro dos conflitos de classe que existem no Brasil. Nada poderia ser mais irônico!
