Tive um dia o prazer de pertencer à mesma corrente estudantil que o atual “jack-of-all-trades” da direita brasileira Demétrio Magnoli. Hoje vejo que a profecia final de George Orwell no livro “A Revolução dos Bichos” se confirmou no plano individual para Demétrio. Ele que é apresentado como intelectual na verdade se presta a um papel de dar o necessário verniz acadêmico para as piores asneiras que a direita brasileira precisa enunciar.
A última de Demétrio é um artigo onde ele analisa a bárbarie cometida contra os povos índigenas do sul do Amazonas na cidade de Humaitá (Aqui!). Demétrio acaba de achar um culpado aparente, qual seja, as políticas “multiculturalistas” que recriam diferenças culturais em nome da terceirização dos serviços de assistência aos povos indígenas. Essa é uma besteira própria de pessoas arrogantes que vivem dentro de escritórios abastecidos com ar condicionado (o preferido atualmente de Demétrio é o estúdio da Rede Globo). Se ele tivesse ido a uma aldeia na vida, coisa que duvido tenha feito, Magnoli saberia que não é fácil apagar milhares de anos de cultura, mesmo após algumas centenas de anos de conquista colonial.
Mas o maior problema de Magnoli não é ignorar a realidade da vida dos índios. Ele comete crime ainda maior quando omite que os verdadeiros culpados pelos enfrentamentos pela crise em Humaitá são políticos aproveitadores que são ou apoiam a mineração e a extração de madeira de forma ilegal dentro dos territórios indígenas.
O interessante é que nesse artigo Demétrio faz um grande serviço ao governo que ele diz querer criticar. É que nunca na história desse país, os povos indígenas estiveram tão desgarnecidos e fragilizados por um governo que preferiu se abraçar com o latifúndio agro-exportador e as grandes mineradoras. Nesse arco de alianças funesto que germinam as sementes da serpente. Mas disso Magnoli não vai falar, pois muitos dos que compõem o seu fã clube de pseudo-idéias estão ganhando com isso. E sendo inteligente como é, Demétrio não vai querer irritar os patrões.