Por Márcio Malta*

Durante a copa do mundo a presidenta Dilma Roussef afirmou por várias vezes que quem criticava o evento sofreria de complexo de vira-latas.Até aí nada de novo, afinal o ex- presidente Lula já pronunciara a frase do dramaturgo Nelson Rodrigues por diversas vezes. Só que agora foi instalada uma dicotomia que, segundo os repetidores governistas , quem criticasse a copa seria um coxinha ou estaria afinado com a direita. Como bem asseverou o jornalista esportivo Juca Kfouri, com quem faço coro, é melhor ser vira-lata do que um puxa-saco.Aliás, escrevo esse texto também mobilizado em ressignificar o caráter pejorativo que tem se dado aos pobres vira-latas.
Como defensor dos animais, consciente que sou, amo esses bichos e se fosse escolher um bicho, seguiria tranquilamente a orientaçao dos protetores de que é melhor adotar do que comprar animais.Ou melhor, trabalhando o simbolismo: é melhor ser um vira-lata, afinal estes não são vendidos.Vergonha maior é o silêncio diante de tantos desmandos, como as prisões politicas que rasgam nossa constituição.
*Marcio Malta (Nico) é cientista político, professor da Universidade Federal Fluminense e cartunista. Autor de diversos livros, dentre eles “Henfil: o humor subversivo” (Ed.Expressão Popular,2008) e “Diretas jaz” (Muiraquita,2012).Vencedor do troféu Hqmix 2008, na categoria “Melhor livro teórico”.
FONTE: http://marciomalta.blogspot.com.br/2014/07/sobre-ser-ou-nao-ser-um-vira-lata.html