
Já vai longe o tempo em que eu tinha tempo para fazer minhas leituras das principais obras de Leon Trotsky. Aliás, essa é uma coisa que eu deveria rapidamente mudar, pois a atualidade do pensamento de Trotsky em várias esferas é uma demonstração de seu brilhantismo intelectual.
Mas em face das manifestações de ontem, onde ficaram novamente explícitas formas de intolerância que remontam aos regimes impostos por Adolf Hitler e Benito Mussolini, não há outra saída para mim a não ser lembrar uma das mais famosas tiradas de Trotsky: a crise histórica da humanidade reduz-se à crise da direção revolucionária. Ainda que esta frase se explicasse no contexto da luta de Trotsky contra a burocracia stalinista, creio que o que vemos hoje, com a crise agônica do neoPT, e a incapacidade de partidos e agrupamentos de esquerda de apresentarem uma direção para a classe trabalhadora brasileira é que possibilita eventos como os de ontem.
Como do ninho do neoPT deverão sair apenas pequenas rupturas do pequeno número de militantes sinceros que ainda restaram ao partido, o problema está realmente nos diversos partidos que se proclamam de esquerda, visto que não consigo ver na maioria deles uma queda pela ação panfletária sem qualquer tipo de enraizamento social. É esse o nó que deverá ser desamarrado , caso queiramos apresentar uma resposta ao projeto de destruição da classe trabalhadora que hoje é movido pelas forças mais retrógradas da direita brasileira não nas manifestações coxinhas, mas dentro do congresso nacional.
E aqui é preciso lembrar outra frase célebre de Trotsky que dizia que “Expor aos oprimidos a verdade sobre a situação é abrir-lhes o caminho da revolução.” Resta saber quem na esquerda brasileira vai conseguir sair do estado de acomodação à crise pós-fim da URSS e começar a dizer a verdade. E a verdade começa por algo simples: a luta de classes em tempos de reação completa só pode ser superada com a organização da classe trabalhadora, dos camponeses e da juventude sob um claro projeto de oposição à burguesia e de todos os grupelhos que se organizam para manter a sua ordem opressora. Entretanto, uma pré-condição para que isto ocorra será ter a capacidade da autocrítica. Ai é que mora o problema!