Enquanto aqui no Brasil o congresso do PT termina numa melancólica reafirmação das políticas neoliberais da dupla Rousseff/Levy, na Grécia o Syriza tenta manter o respeito dos seus leitores ao rejeitar mais medidas draconianas das agências multilaterais que procuram impor pela força, o que no Brasil é feito de forma voluntária por um partido que se diz dos trabalhadores.
A recusa do Syriza em aceitar mais desregulamentação dos direitos trabalhistas e restrições ao pagamento de aposentadorias simboliza a recusa a um receituário que já se provou ineficaz e contraproducente. Por isso, o seu governo é alvo dos mais variados e covardes tipos de pressão por parte do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Central Europeu (BCE).
Uma coisa que a mídia corporativa normalmente omite é que a maioria dos desembolsos feitos pelo FMI e pelo BCE serviram para que os bancos gregos pagassem suas dívidas com bancos europeus, principalmente alemães. Assim, o que está por detrás dessa pressão toda não é solidez dos bancos gregos, mas principalmente do sistema bancário europeu. Se nenhum dos outros motivos existentes servisse para justificar a recusa do Syriza em aceitar mais um pacote de maldades contra o povo grego, essa já seria uma razão mais do que justa.
E se o Syriza não piscar, o final desta semana deverá trazer enormes transformações na ordem econômica que mantem não apenas gregos, mas espanhóis e portugueses, enredados num ciclo vicioso de medidas de austeridade levando a mais pobreza e causando mais depressão econômica. A ver!
