Em tempos de comodificação da ciência que se traduz em muitos casos em “trash science” não canso de me surpreender com a enxurrada de convites que me chegam para publicar em revistas e conferências de natureza duvidosa. É como se a minha caixa de correio eletrônica tenha se tornado um magneto para todo tipo de publicidade de pseudo ciência e, alguns casos, usando meu nome e sobrenome, o que é incomum.
Vejo o exemplo abaixo que aparenta ser um convite para um congresso mundial sobre Enfermagem e Saúde que deverá ocorrer em Dubai, a cidade mais populosa dos Emirados Árabes Unidos.
O estranho aqui não é que não possuo qualquer ligação com pesquisas na área do evento, mas que a mensagem me tenha sido enviada de forma formal para o meu endereço eletrônico institucional.
Mas ao olhar o convite abaixo a disparidade dos convites ficará ainda mais evidente, já que o mesmo vem dos editores de um periódico na área de Microbiologia que, convenhamos, também passa bem longe dos meus interesses.
A questão que sempre me intriga quando recebo esses convites não é sobre as intenções de quem os envia, mas de quantos pesquisadores brasileiros são atraídos pelos mesmos. É que esses convites da “ciência trash” são. por exemplo, como jogos de futebol, onde time ruim normalmente atrai pouco ou nenhum público. Assim, se os convites continuam chegando é porque o esforço de disseminá-los ainda continua dando lucro.
E depois ainda tem gente que prefere se preocupar em atacar a reputação da “Beall´s List” de editoras e revistas predatórias. É como se atacando o mensageiro se poderia apagar o conteúdo da mensagem. Se for esse o padrão a ser seguido, o Brasil nunca será capaz de produzir ciência com qualidade internacional. Simples assim!


