
Cansados de levar calote em níveis federal e estadual, os professores-tutores da plataforma Cederj resolveram, finalmente, realizar um protesto contra o descaso a que estão sendo submetidos após 3 meses sem receber o salário devido por suas atividades.
Essa situação dos professores-tutores é a mesma a que estão submetidos praticamente todos os trabalhadores terceirizados que atuam no serviço público estadual do Rio de Janeiro, o que expressa uma face especialmente degradante da terceirização.
O caos enfrentado pelos terceirizados é tanto que, cedo ou tarde, teremos um abandono em massa de milhares de postos de trabalho simplesmente porque as pessoas não tem como ir trabalhar sem receber seus salários. Essa realidade funesta ainda não se materializou ainda porque os trabalhadores ficam receosos de abandonar os postos de trabalho e ficar sem receber até os meses em atraso.
E tem cara-de-pau que vem “pedir menos Estado e mais iniciativa privada’ como a solução dos problemas do Rio de Janeiro e do Brasil. Essa situação demonstra é que precisamos menos privatização do Estado e menos precarização dos trabalhadores.
E apesar da jornalista Alessandra Horto ter omitido o fato de que a Universidade Estadual do Norte Fluminense também estar ativamente envolvida na oferta de curso de ensino à distância (EAD) por meio da plataforma Cederj, deixo aqui minha solidariedade aos professores-tutores e aos estudantes que também passam por privações por causa da falta de pagamento de suas bolsas acadêmicas.
Enquanto isso, as cervejarias festejam no Sambódromo as bilionárias isenções fiscais concedidas pelo (des) governador Luiz Fernando Pezão.
Professores-tutores decidem fazer ‘apagão’
Professores-tutores do Rio decidiram em assembleia promover um “apagão” nas atividades da plataforma Cederj em protesto pelo atraso de três meses no pagamento das bolsas e pelas condições precárias de trabalho. De acordo com o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), a ação consiste no ocultamento das atividades de Educação a Distância (EAD) disponíveis online até o próximo dia 18.
A reunião que decidiu pela paralisação aconteceu na sala da coordenação do curso a distância de Licenciatura em Pedagogia (Lipead/Unirio). Carolina Emília, diretora provisória da recém-criada Associação dos Docentes e Profissionais do Ensino a Distância do Rio de Janeiro (Adopead/RJ Seção Sindical do Andes-SN), declarou que a situação está “insustentável”. “Os professores-tutores não recebem as bolsas desde novembro e não recebem nem o dinheiro para poder ir aos polos, para os encontros presenciais que fazem parte dos cursos. Não há estrutura mínima pra fazer o encontro com os alunos. O docente se depara, por exemplo, com uma situação em que se encontra com o estudante em cadeiras de jardim da infância e computadores sem funcionamento”, explica. A docente destaca que os alunos não vão deixar de ser assistidos.
Segundo Leonardo Villela, coordenador do Lipead, “é muito cruel a situação de precarização a que estão sendo sujeitados os professores da EAD e o sistema de bolsas funciona como um mecanismo no qual, por meio da falta de garantia dos direitos trabalhistas, se você paralisa as atividades porque não está recebendo por elas você corre um risco maior de sofrer uma retaliação”.
Os tutores, que fazem parte da nova seção sindical, trabalham nos 32 diferentes polos do Estado do Rio, que contemplam diversas universidades e institutos federais e estaduais, como Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio (Cefet/Rj), Instituto Federal Fluminense (IFF), Universidade do Estado do Rio (Uerj), Universidade Federal do Rio (UFRJ), Universidade Federal Fluminense (UFF), entre outros.