
Acompanhando com alguma atenção as análises feitas no “day after” dos “coxinhatos” pelo Brasil afora, vejo ainda alguns analistas e políticos sem mandato se refastelando com o que eles percebem ser a colocação do Partido dos Trabalhadores (PT) como o símbolo da corrupção no Brasil. Alguns mais afoitos, como o “expert” e suposto filósofo Luiz Fernando Pondé, o colunista favorito das noites da Rede Globo, equipara o PT a uma seita que estaria em um anticlímax apocalíptico rumo ao seu juízo final.
Eu diria que nem tanto ao céu, nem tanto à terra. É que mesmo se provadas as principais acusações sendo feitas no âmbito da Operação Lava Jato, o PT não é nem de perto o partido que possua mais políticos barrados pelos variados tipos de crimes na constelação partidária brasileira (ver gráfico abaixo).

Aliás, o PSDB tem bem mais gente enrolada neste momento, a começar pelo governador do Paraná, Beto Richa. MAs depois ainda temos PMDB, PP, PR, PSB, PTB e PSD com mais candidatos barrados. Como outros tantos devem ter passado pelo crivo dos tribunais, não há porque se imaginar que os partidos com mais candidatos barrados sejam que tenham detentores de cargos de caráter mais ilibado.
Mas vá lá, que o mundo dos contos de fadas malvadas que foi criado pela mídia corporativa se transforme em realidade, a retirada de Dilma Rousseff e do PT do controle do governo federal longe de resolver a crise poderá significar um aumento inédito na instalabilidade política no Brasil.
É que usando outra metáfora zoológica, o PT se transformou numa espécie de bode na sala de estar da política brasileira. Se tem alguém que acha que ao retirá-lo de cena as hordas revoltadas da classe média e das elites que foram às ruas ontem serão acalmadas, indico que procurem ver o que efetivamente aconteceu com os senadores Aécio Neves e Aloysio Nunes, e com o governador Geraldo Alckmin e Aloysio Nunes nas mãos dos que deveriam tê-los recebido em glória.
Além disso, alguém acha que se conseguirem tirar o PT do poder, a maioria pobre desse país não vai exigir o mesmíssimo tratamento para todos os outros partidos? E como os pobres não desfilam bebendo champanhe importado, o risco de instalabilidade contínua com a retirada do bode da sala será enorme. A ver!