Panama papers: mais um caso em que a mídia internacional mostra o que a nacional esconde

Hoje o jornalista Fernando Rodrigues, que faz parte de um consórcio internacional de jornalistas que trabalham em documentos de interesse público relativos à crimes financeiros, postou em seu blog a primeira rodada do que ele chamou de “Panama papers” (Aqui!).

Como tem ocorrido em outros casos, o foco foi dado diretamente sobre correntistas que possuem ou possuíam contas secretas em paraísos fiscais, mas que tinham alguma ligação com o rumoroso escândalo da Lava Jato.  A partir desse ângulo, Fernando Rodrigues informou ao seus leitores que a Mossack Ferreira teria criado offshores para pelo menos 57 indivíduos já publicamente relacionados ao esquema de corrupção originado na Petrobras.

Até ai nada de errado. Mas ao ler a notícia da liberação desses documentos no jornal Miami Herald (Aqui!), nota-se que o caso é bem mais complexo do que a questão da abertura de contas para pessoas ligadas à Lava Jato. E os jornalistas do Miami Herald deixam isso claro ao notar que as contas abertas pela Mossack Ferreira envolvem “trapaceiros, políticos e um pedófilo”.

shell game

Mas numa matéria paralela à liberação do “Panama Papers” aparece algo que o jornalista Fernando Rodrigues preferiu não abordar de forma primária, deixando o caso de Joaquim Barbosa em plano secundário. Estou falando da matéria em que o Miami Herald cita como exemplar o caso da aquisição de um apartamento em Miami pelo ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, que abriu uma empresa offshore, a Assas JB1, para comprar o imóvel (Aqui!)

joaquim barbosa

Ainda que Joaquim Barbosa não tenha cometido nenhum crime ao adotar esse caminho curioso para comprar este apartamento em Miami, a questão que se apresenta é a seguinte: por que não está se noticiando de forma mais ampla essa conexão entre um ex-presidente do STF e uma firma cujo trabalho é esconder contas secretas em paraísos fiscais? 

Para mim esse caso torna ainda mais evidente quão escandaloso é termos que recorrer a veículos da mídia internacional para ter acesso a uma cobertura que propositalmente “esquece” de outros ângulos de um determinado caso para manter uma narrativa, no caso a da Lava Jato, seguindo o script que para ela foi traçada.

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