Ao contrário do que diz o personagem da charge, o Brasil precisa de toda a ajuda que conseguir e ela está vindo na forma de boicote aos produtos brasileiros
Um dia após o fundo soberano da Noruega cessar suas relações financeiras com a JBS por causa do uso de gado criado em áreas desmatadas ilegalmente na Amazônia, a campanha de boicote aos produtos brasileiros atingiu a expressiva marca de 400 mil aderentes. Considerando-se o tamanho do público alvo e os impactos sociais da pandemia da COVID-19 na Europa, esse número de aderentes a uma campanha de boicote aos produtos brasileiros é uma sinalização de que, apesar das reticências do governo da Alemanha, vão existir crescentes dificuldades para não só ocorrer a ratificação do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, mas para a continuação das trocas comerciais já existentes.
Essa situação tenderá a piorar após o início das grandes queimadas que vão ocorrer na Amazônia em 2020 em poucas semanas. Além disso, o aumento do conhecimento sobre a “passada de boiada” que está sendo feita pelo improbo Ricardo Salles e que está avançando rapidamente no processo de destruição da regulação ambiental construída a duras penas no Brasil, como noticiado hoje pelo jornal Folha de São Paulo.
A pressa para desregulamentar é tanta que o artigo da Folha de São Paulo que apenas “entre março e maio de 2020, o governo Bolsonaro publicou 195 atos no Diário Oficial —entre eles, portarias, instruções normativas, decretos e outras normas — relacionados ao tema ambiental“, sendo que “nos mesmos meses de 2019, foram apenas 16 atos publicados“.
Depois que a casa cair, que ninguém venha alegar inocência. Afinal de contas, já está mais do que claro tanto governos estrangeiros como as grandes corporações financeiros que controlam boa parte dos fluxos de capital não estão apreciando o desmanche ambiental que está ocorrendo no Brasil.