São as mudanças climáticas, estúpido!

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A reedição da combinação de chuvas muito intensas e a ocupação por populações de pobres das áreas desprezadas pela especulação imobiliária está causando mais tragédias neste início de 2023.  Desta vez são os moradores do litoral norte do estado de São Paulo que estão sofrendo os impactos mais devastadores de mais uma demonstração de que o enfrentamento dos desafios postos pelas mudanças climáticas deveria ser prioridade se os governantes tivessem um mínimo de responsabilidade com seus eleitores.

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Como vimos no sul fluminense e na região serrana no mesmo mesmo período de 2022, as chuvas de intensidade acima dos padrões de normalidade castigam a todos, mas os piores impactos ficam sempre sobre os mais pobres. Aliás, em um detalhe curiosamente mórbido, o município de Paraty que foi devastado em 2022 agora está sendo poupado, apesar de ficar distante apenas 70 km de Ubatuba, um dos municípios mais atingidos pelas chuvas de 2023.  Esse detalhe revela mais um vez a confirmação do que os cientistas já previram sobre os padrões espaciais dessas chuvas intensas, qual seja, o lugar inundado de hoje pode ser o poupado de amanhã e vice-versa.

Assim, não adianta que os governantes, como o fez explicitamente o prefeito de São Sebastião, culpem a natureza pelos que estamos vendo neste momento no litoral paulista. É que apesar das chuvas serem um elemento fora do controle da sociedade humana, os componentes sociais e de governança não o são. A verdade é que toda essas catástrofes estão mais do que anunciadas, mas apesar disso, não há nada no Brasil que se assemelhe ao processo de ajuste que o novo padrão climático requer. Passadas as chuvas e enterrados os mortos, o que vemos é a volta das mesmas ações que priorizam padrões tradicionais de fazer política e de governar. Tudo como se o caos de hoje não se repetirá amanhã.

culpa de quem

Por outro lado, há que se mencionar que o governo Lula possui agora um ministério que deverá tratar do ajuste às mudanças climáticas. Até se criou uma Secretaria Nacional do Clima e se indicou um embaixador para a mudança do clima dentro do Ministério das Relações Exteriores.  Essas medidas são importantes, mas de nada adiantarão se tudo continuar no quartel de Abrantes, a começar pela inexistência de orçamentos realistas para o tamanho da tarefa que se apresenta para os desafios colocados pelas mudanças climáticas.

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