UENF ou “Dr. CAR”? Façam sua escolha…

A UENF de Darcy Ribeiro e Leonel Brizola ameaça repetir Greta Garbo e acabar no Irajá?

car uenf

Por Douglas Barreto da Mata

Eu falo com toda sinceridade que carrego em minha alma:

Gostaria muito de resgatar o respeito e a admiração que tive um dia pela UENF.

Eu sempre invejei muito o debate acadêmico, ainda que tenha sempre expressado isso de forma ácida, e nem sempre polida.

Até com os meninos que acompanhei desde a formação/pós graduação, que chamo de “os que falam javanês”, um grupo das ciências sociais e políticas que fariam Karl Marx pedir para retornar ao útero de sua mãe, para ser abortado.

Não consigo  entender a incapacidade deles não enxergarem aspectos cruciais da realidade que os cercam, e as tolices que veiculam em seus textos, as baboseiras da “busca pela democracia”, ou “patrimonialismo”. 

Afinal, que porcaria é essa? 

Não seríamos tudo e todos nós, imersos no capitalismo, desde a versão Revolução Industrial I até a versão 4.0, um patrimonialismo universal, universalidade essa que não comporta a menor sombra de Democracia, embora dela mimetize aspectos formais de representação e concessões individuais de “direitos”, onde aos mais ricos cabem tais “prerrogativas de cidadania” e aos pobres as obrigações?

Por aqui somos livres (?) para gritarmos em alto e bom som que morremos de fome, como não?

Quando é que a superestrutura, ou como gostam alguns, extra estrutura, de um sistema que reifica (“coisifica”) o trabalho e todas as sócio reproduções daí advindas, poderia não ser patrimonialista, ou por outro lado, poderia ser democrática?

Mais ou menos como buscar um tigre vegetariano, essa é a essência da “sociologia” e da ciência política atuais, e talvez, desde sempre.

Enfim, mesmo assim, admiro a incansável fé que eles portam, adorando a “ciência” como fim, e não como meio, procurando teses de (auto) justificativa e legitimação para suas existências acadêmicas e da própria cátedra de escolha.

Dá medo ir além, eu sei, porque no fim você pode descobrir que tudo pelo que você viveu não faz o menor sentido, ou pior, você passou toda a vida desafiando o óbvio (o óbvio aqui tem nome, materialismo dialético), e chegou a lugar algum, ou pior ainda, serviu a quem dizia combater.

Valha-me Santa Ellen Meiksins Wood, valha-me.

Mas tudo isso é papo para outra hora.

Na verdade, o que me move aqui é outra coisa, mas tem tanta ligação com o ocaso da UENF, como o “javanês” falado por alguns de seus próceres.

Eu diria que foi justamente esse processo de indigência intelectual (vejam bem, não acadêmica, mas intelectual, que é instância bem mais ampla), daqueles que deveriam pensar a Universidade e fazer a Universidade, é que possibilitou que a UENF virasse uma franquia de “social-green washing”.

Ao ler o texto do Marcos Pedlowski (Aqui!) imediatamente pensei nesse termo.

Já disse antes, em outros textos, que as universidades, dentro do sistema capitalista, são estuários de conhecimento para reposição tecnológica necessária aos arranjos econômicos, e talvez, uma construção de uma estrutura teórica que diz desafiar o estamento, mas o revalida, pois que sempre é consentida.

Quando há qualquer perigo nessa relação de compadrio, chamam-se tipos como os que controlam a UENF há algum tempo.

Nestes casos (como da UENF) se transformam em descaradas correias de transmissão do capitalismo mais porco e periférico, aquele que nos devora sem talheres ou serviços de prata, mas com as mãos e unhas sujas, levando nossas vísceras às bocas fétidas de dentes afiados.

É como se disséssemos, exagerando, que a Harvard  University e a UENF fossem a mesma coisa federonta no sistema capitalista, só que a Harvard University o é em sanitário de ouro, ducha climatizada e toalhinhas de linho egípicio 1000 fios, enquanto a UENF é depositada em uma moita do V Distrito de São João da Barra, e para a higiene, folhas de urtiga que sobraram da devastação causada pelo Porto do Açu.

A forma subalterna como se comporta as representações institucionais da UENF, seguido do silêncio omisso da quase totalidade dos seu pares, e por final, o amordaçamento das vozes dissidentes, não permite outra postura senão a que tem desempenhado a atual reitoria:

– Procurar um caraminguá na “pilantropia” empresarial, e assim, oferecer-se para “lustrar” a “biografia corporativa” dos “engolidores de mundos”.

Quem tem carro e já procurou local para lavagem do bólido, com certeza conhece, ou deveria, porque são bons, a franquia “Dr. CAR”.

Nada mais apropriado para associar à nossa ex-Universidade:

DR. SOCIAL & GREEN WASHING.

Tudo é questão de marketing e “brand working” (ops, desculpem, não é trocadilho com o ex-secretário de educação de javanês que saiu dos bancos da UENF para integrar o pior governo da história da cidade).

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