IPT e o atendimento de emergência no Sul

O pesquisador Marcelo Fischer Gramani, do IPT, faz um relato do recente atendimento ao estado do Rio Grande do Sul, no momento em que a região é assolada por chuvas de grande intensidade

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Gramani, do IPT (E), conversa com moradores e autoridades em Teutônia/RS 

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT cumpre mais uma vez um dos seus papéis relevantes, sempre buscando superar os desafios da sociedade com apoio à população por meio da ciência, tecnologia e inovação. A ação foi realizada em apoio à primeira equipe da Defesa Civil do Estado de São Paulo mobilizada neste atendimento. 

“A convocação chegou na madrugada, aos cinco minutos do dia 1º de maio! O Governo do Estado de São Paulo decidiu enviar uma equipe técnica para ajudar o Rio Grande do Sul, assolado pelo maior desastre ocorrido na região. Era urgente a necessidade de profissionais para apoiar as equipes de resposta ao resgate, busca e salvamento. Às 07h30 daquele dia, um grupo de agentes da Defesa Civil de São Paulo e do IPT seguiu para o município de Lajeado.

Durante a viagem recebemos dados meteorológicos, orientações a respeito da segurança dos locais e procedimentos para atender a mais uma emergência, um serviço que o IPT presta à Defesa Civil Estadual há mais de 30 anos.

A situação nos municípios gaúchos atingidos ainda era desconhecida. Chegar no município de Lajeado já não era possível. A ponte que fazia a ligação entre os municípios de Estrela e Lajeado estava obstruída, praticamente coberta pelas águas do rio Taquari… eram 23h15 do dia 1º.

Ficamos isolados em Estrela, cidade castigada pelo impacto das águas da inundação e, naquele momento, sem luz, água e comunicação. Este foi o início de um roteiro de atendimento de emergência de grandes proporções. Aos poucos, com moradores e gestores tendo conhecimento da presença de um geólogo na região, foram chegando os pedidos de vistorias nos morros e nas áreas de baixada.

Trincas, rachaduras, cicatrizes de escorregamentos e água brotando aqui e ali. Intensos escoamentos nas encostas eram as principais evidências, que elevavam o grau de risco. Teutônia, Westfália, Colinas, Roca Sales, Arroio do Meio e Estrela foram os primeiros municípios vistoriados após chuvas da ordem de 730 milímetros, acumulados em apenas quatro dias! Entramos na fase de mitigação dos riscos, preparando as equipes das prefeituras e a população que se encontrava em áreas de risco.

Em paralelo aconteciam as ações de ajuda humanitária! É a fase da assistência e acolhimento, pois começam a chegar nos centros de distribuição milhares de materiais de doação. Nesse momento o geólogo, ou outro profissional, passa a integrar as equipes para vistoriar abrigos, carregar e descarregar caminhões etc.

Tenho no currículo cerca de 120 atendimentos emergenciais em dezenas de municípios fora do estado de São Paulo. Conhecendo a situação, muitas vezes precária, das ocupações no Brasil, precisamos estar prontos para novas situações de emergência que, certamente, virão.”

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